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Os acordos de financiamento entre a China e Angola PDF

266 Pages·2016·2 MB·Portuguese
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Escola de Sociologia e Políticas Públicas Departamento de Ciência Política e Políticas Públicas Os acordos de financiamento entre a China e Angola: uma reconstrução pós-conflito sem reformas políticas Sofia da Graça Cordeiro Fernandes Tese submetida como requisito parcial para obtenção do grau de Doutor em Estudos Africanos Orientador: Doutor Fernando Jorge de Castro Teixeira Cardoso, Professor com Agregação Fevereiro, 2015 Composição do júri: Presidente: Professora Doutora Helena Maria Barroso Carvalho, Professora Associada com Agregação do ISCTE- Instituto Universitário de Lisboa Vogais: Professor Doutor Miguel Santos Neves, Professor Associado da Universidade Autónoma de Lisboa Professora Doutora Maria Fernanda Pargana Ilhéu, Professora Auxiliar do Instituto Superior de Economia e Gestão Professora Doutora Carmen Isabel Oliveira Amado Mendes, Professora Auxiliar da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra Professor Doutor Luís Nuno Valdez Faria Rodrigues, Professor Associado com Agregação do ISCTE- Instituto Universitário de Lisboa Professor Doutor Fernando Jorge de Castro Teixeira Cardoso, Investigador do Instituto Marquês de Valle-Flôr iii “About the middle of October 1415 (…) a giraffe arrived in Peking. The giraffe came from Malindi, in Kenya. It bore witness that two unlikely peoples had converged. Its arrival was the climax of a slow growth of contact between imperial China and the scattered communities of the East African coast (…) The Chinese set store by history. They have at their disposal an unbroken series of encyclopedic records which successive dynasties have maintained throughout the time, and they draw eagerly on those records for evidence of past Chinese dealings with a particular foreign people. Such evidence, in their eyes, helps to justify China’s dealings with the same people today, and the farther the evidence goes, the richer and stronger they consider the modern relationship to be. African scholars tend to take a rather more skeptical view (…). Their concern is rather to clarify the past than to justify the present: rather to discover their ancestors than to explore a possible encounter between their ancestors and other foreigners before the European came. Philip Snow (1988) The Star Raft: China’s encounter with Africa iv AGRADECIMENTOS Agradeço em primeiro lugar, ao meu orientador Professor Fernando Jorge Cardoso, pela persistência e pelo apoio ao longo de todo o período de planeamento e redação da tese. Agradeço também aos investigadores e aos funcionários do Centro de Estudos Africanos, agora Centro de Estudos Internacionais, nomeadamente à Professora Clara Carvalho, à Fernanda Alvim, ao João Dias e à Eleonora Rocha, pelo suporte logísticos, administrativo e incentivo ao longo de todo o período de redação da tese. Os meus agradecimentos para a Alexandra Magnólias Dias, pelo apoio, amizade, bibliografia aconselhada e partilhada, enquanto docente de Relações Internacionais no ISCTE. Agradeço aos colegas Aline Afonso, Aida Pegado, Maria de Fátima e Cláudio Tomás que, pelas suas temáticas de estudo, partilharam e incentivaram o estudo e o interesse por Angola. Agradeço às colegas de sala Raquel Bertoldo e Aline Nunes, pelo apoio e incentivo enquanto partilhámos o mesmo espaço de trabalho. Em particular à primeira, Raquel, agradeço o apoio e a partilha de experiências, enquanto doutorandas, determinante na fase intermédia e final da tese. Os meus agradecimentos ao Fidel Reis, facilitador de alguns contactos determinantes em Angola e ao Prof. Manuel Alves da Rocha e à Regina Santos da Universidade Católica de Angola, pelas entrevistas que me concederam e pelos respetivos contactos em Angola. Não queria também deixar de referir o Marcus Power da Durham University no Reino Unido, cujo convite para participar na conferência “China and Angola: a strategic partnership, em Janeiro de 2011, me “abriu a porta a Angola”, permitindo-me a primeira viagem a campo. Aos meus entrevistados em Angola, aos quais prometi anonimato, mas que foram fontes essenciais para a realização deste trabalho. Não queria deixar ainda de referir o apoio da Lucy Corkin, da Stellenbosch University em Cape Town, que desmistificou a empresa de realizar trabalho de campo em Angola e à Ana Alves, da Nanyang University em Singapura, pelo apoio e pela oportunidade de publicar uma primeira impressão sobre o trabalho empírico em Angola. Os meus agradecimentos à colega Maria Amélia Valle Flôr do ISEG, que com o seu pragmatismo, comentários e espírito positivo foi uma peça-chave para a conclusão do presente trabalho. Os meus agradecimentos à FCT, cuja bolsa com a referência SFRH/BD/60744/2009 financiou e permitiu a realização da presente dissertação. v Last but not least, um agradecimento especial ao meu marido, Rui Domingos, cujo incentivo, apoio, paciência e, até mesmo “pressão”, foram essenciais para que este trabalho tenha chegado a bom porto. À Clara e à Leonor, que foram fontes de inspiração e de motivação, e espero, possam ficar orgulhosas com a mãe. vi Resumo Esta tese pretende clarificar o papel da China, enquanto financiador do processo de reconstrução pós-conflito em Angola. Ao longo do período de guerra, o governo de Angola manteve uma relação conturbada com as instituições de Bretton Woods, em particular a partir de 1989, data em que o país acedeu como membro de pleno direito ao Fundo Monetário Internacional e ao Banco Mundial. O governo angolano mantinha contudo a expetativa de que a reconstrução pós-conflito seria financiada a partir da convocação de uma conferência de doadores, partindo do pressuposto de que desta forma os países poderiam compensar o país pela respetiva participação na guerra civil angolana. Adicionalmente a realização de uma conferência de doadores em Bruxelas em 1995 a favor de Angola teria dado sinais de que seria disponibilizado financiamento internacional para a reconstrução. No entanto em 2002 as expetativas do governo angolano não foram satisfeitas: a forma crítica como a comunidade internacional via a governação de Angola, assim como a reorientação das prioridades geopolítica da União Europeia e dos Estados Unidos, traduziram-se no adiamento sucessivo da conferência de doadores. O objetivo do presente trabalho é o de clarificar de que forma os acordos financeiros do governo angolano com a China permitiram a reconstrução pós-conflito sem reformas políticas, a par da consolidação do poder do MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola). Adicionalmente o presente trabalho visou entender a dinâmica empresarial privada com origem na imigração chinesa para Angola. Tomando como ponto de partida as relações Estado a Estado, com o intuito de clarificar quais os atores, e os respetivos objetivos, a análise foca as burocracias e as dinâmicas internas em Angola com o fim de entender em que medida os acordos bilaterais se relacionam com o investimento privado chinês em Angola. Palavras-chave: reconstrução pós-conflito; Angola; China; recursos naturais; financiamento para o desenvolvimento; ajuda pública ao desenvolvimento; empresas privadas chinesas, investimento direto Chinês; investimento direto estrangeiro. vii Abstract The subject of the thesis is the analysis of the role of China, as a financier of post-conflict reconstruction in Angola. Angola had through wartime period managed a tempestuous relationship with the Bretton Woods institutions, since 1989, when it became a full member of the International Monetary Fund and the World Bank. However the Angolan government nurtured an expectation that post-war reconstruction in Angola would be supported by a donor conference, assuming that external powers should redeem for their participation in the Angolan Civil War. Furthermore a donor conference held in Brussels in 1995 by European Union initiative was perceived as a sign that at least European countries were predisposed to gather such a conference. However Angolan expectations did not meet with external approval in 2002. Angolan perceived levels of (bad)-governance as well as the reorientation of geopolitical priorities for both the European Union and the United States, materialized in a continuous postponing of the Angolan donor conference. This work aims to better understand how the financial agreements of the Angolan government with China paved the way for a post conflict reconstruction with no political reforms, along the continuous grip on power by the MPLA (Popular Movement for the Liberation of Angola). Furthermore, it aims also to understand the private entrepreneurial dynamics created on the side of immigrant Chinese entrepreneurs in Angola. Starting from an analysis at the state level (international system) understanding the actors, political goals and objectives guiding Angolan and Chinese political leaders, the analysis goes down to Angolan internal bureaucracies and dynamics to understand in what extent the bilateral deals are or are not totally interlinked with private Chinese investment in Angola. Keywords: post-conflict reconstruction; Angola; China; natural resources; resources for infrastructure; IDE, Official Development Aid; development financing; Chinese private enterprises; Chinese investment viii ÍNDICE DE QUADROS Quadro I.1 Guião de entrevista Fevereiro de 2011…………………………………………. …….15 Quadro I.2 Guião de entrevista, novembro de 2012………………………………………………...16 Quadro I.3 Categorização dos entrevistados ……………………………………………………… 20 Quadro 2.1 Programa de Reconstrução e de Reabilitação do governo de Angola………. ….52 Quadro 3.1 Lista de Secretários-gerais do Partido Comunista Chinês desde 1978 ……………………………………………………………………………………………….106 Quadro 4.1 APD por setores dos países do CAD em 2012 ………………………………………147 Quadro 4.2 Matriz comparativa entre a cooperação dos países do CAD e a cooperação Chinesa …………………………………………………………………………………………………..185 Quadro 5.1 Quadro síntese das linhas de crédito Angola-China ……………………………...172 Quadro 5.2 Linhas de crédito bilaterais contratadas pelo governo de Angola entre 2004-2010………………………………………………………………………………………… …195 Quadro 6.1 Número de projetos de investimento chineses e montante aprovado por projeto,1994-2010………………………………………………………………….. ……..216 Quadro 6.2 Tipologia de empresários chineses em Angola …………………………………... 222 ÍNDICE DE FIGURAS Figura 2.1 Receitas petrolíferas versus mercado petrolífero …………………………………… ..54 Figura 3.1 Evolução do consumo de petróleo versus crescimento do PIB na China…………78 Figura 3.2 Evolução das exportaçãos angolanas de petróleo bruto por parceiros selecionados ……………………………………………………………………………….. 83 Figura 4.1 Repartição geográfica da ajuda chinesa entre 1954 e 2009 ………………………...145 Figura 5.1 Exportações angolanas por parceiros selecionados………………………………..197 Figura 6.1 Projetos aprovados de investimento chinês (1994-2010) …………………………..214 Figura 6.2. Investimento em equipamento versus investimento monetário …………………...214 Figura 6.3 Investimento chinês por setores (1990-2010) ………………………………………...215 Figura 6.4 Investimento chinês por províncias (1990-2010) …………………………………….217 ix GLOSSÁRIO DE SIGLAS ANIP – Associação Nacional de Investimento Privado APD – Ajuda Pública ao Desenvolvimento BEI – Banco Europeu de Investimentos BM – Banco Mundial CAD – Comité para a Ajuda ao Desenvolvimento CNOOC - China National Offshore Oil Corporation ECP – Estratégia de Combate à Pobreza ENE- Empresa Nacional de Energia EU – European Union FMI – Fundo Monetário Internacional FNLA – Frente Nacional de Libertação de Angola FOCAC – Forum on China-Africa Cooperation GRN – Gabinete de Reconstrução Nacional HLF - High Level Forum on Aid Effectiveness IDE – Investimento Direto Estrangeiro IFC – International Finance Corporation (Banco Mundial) IFI – Instituições Financeiras Internacionais MINCOM – Ministério do Comércio da China MINPLAN – Ministério do Planeamento de Angola MPLA – Movimento Popular de Libertação de Angola OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento ODM - Objetivos de Desenvolvimento do Milénio OEM – Original Equipment Manufacturing ONG – Organização não-governamental ONU – Organização das Nações Unidas PAR – Programa de Assistência à Reconstrução PCC – Partido Comunista Chinês PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento PRR – Programa de Reconstrução e de Reabilitação RPC – República Popular da China SAFE - State Administration of Foreign Exchange SEF – Serviço de Estrangeiros e Fronteiras SIGFE – Sistema Integrado de Gestão Financeira do Estado Sinopec- China Petroleum and Chemical Corporation x SOE – State Owned Enterprises Sonangol – Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola SSI – Sinopec Sonangol International TAAG - Transportes Aéreos de Angola TVE – Township and Village Enterprises UE - União Europeia UNCTAD – United Nations Conference on Trade and Development UNDP- United Nations Development Program UNITA- União Nacional para a Independência Total de Angola URSS – União das Repúblicas Socialistas Soviéticas ZEE – Zonas Económicas Especiais xi

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Os meus agradecimentos à colega Maria Amélia Valle Flôr do ISEG, que com o seu pragmatismo viii. Abstract. The subject of the thesis is the analysis of the role of China, as a financier of post-conflict movimentos socialistas-marxistas na África austral e por uma política de apoio direto à
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