"O ÚLTIMO HOMEM "foi escrito por Mary Shelley em 1826 e publicado na Inglaterra em três volumes logo após à morte de seu marido, construindo uma visão do futuro, descrita a partir de um manuscrito profético, onde é apresentado o final da humanidade. O protagonista da história, Lionel Verney, filho de uma família nobre lançada à pobreza, pela rudeza e orgulho desmedido, ao longo da narração é transformado, psicológica e emocionalmente, através de suas relações com amigos e familiares e da terrível guerra que assola o mundo, cujas conseqüências levariam a Humanidade à destruição: uma praga que gradualmente mata a todos, homens e mulheres, sendo Verney o único humano imune que testemunha a gradual destruição de todos a sua volta. O ÚLTIMO HOMEM caracteriza-se como uma obra que pretende rejeitar por completo o romantismo shelleyiano do século XIX, e em uma visão mais ampliada do próprio marido da autora: Percy Shelley. Ambientado no século XXI, o romance apresenta seis personagens cujas vidas, independente de tempo e localização, estão entre a suposta última geração de humanos sobre a superfície da Terra, destruída por uma praga incontrolável: o narrador e último sobrevivente, Lionel Verney; sua irmã, Perdita, esposa de Lorde Raymond, aventureiro, herói, membro da nobreza, e finalmente, chefe de estado da Inglaterra (esta uma república governada por um lorde protetor eleito); Adrian, Conde de Windsor, filho do último rei da Inglaterra; a irmã de Adrian, princesa Idris, que desafia sua mãe, a condessa de Windsor e casa-se com Lionel; e Evadne, uma princesa grega, amada por Adrian, mas que o rejeita em favor de sua paixão por Raymond, o que resulta em um romance adúltero. A vida dos personagens é apresentada em um contexto no qual os interesses pessoais e domésticos são substituídos pelas exigências políticas, e estas suplantadas por uma praga incontrolável que engolfa toda a espécie humana. As características dos personagens relacionam-se com as pessoas que conviveram com a autora: Mary e seu marido Percy, Lorde Byron e sua amante Claire Clairmont são facilmente identificáveis ao longo do romance. A própria autora nota que n’ O ÚLTIMO HOMEM é possível encontrar Byron e Percy Shelley espelhados nos personagens de Lorde Raymond e do Conde Adrian. Na introdução do livro, um narrador desconhecido afirma ter encontrado na caverna da sibila Cumana, sacerdotisa de Apolo, um manuscrito escrito por esta última, sobrevivente à destruição dos livros proféticos dessa sibila ocorrido por acidente em 83 a.C. num incêndio no senado romano.