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O Trabalho e o Trabalhador aos Olhos de José Saramago PDF

197 Pages·2011·1.8 MB·Portuguese
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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE TEORIA LITERÁRIA E LITERATURA COMPARADA ANDRESA FABIANA B. GUIMARÃES O Trabalho e o Trabalhador aos Olhos de José Saramago Análise de Alguns Procedimentos Literários nos Romances Levantado do chão e A Caverna Versão corrigida São Paulo 2011 2 ANDRESA FABIANA B. GUIMARÃES O Trabalho e o Trabalhador aos Olhos de José Saramago Análise de Alguns Procedimentos Literários nos Romances Levantado do chão e A Caverna Tese apresentada à Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo (USP) para a obtenção do título de Doutor em Letras (Área de concentração: Teoria Literária e Literatura Comparada). Orientadora: Profª Drª Andrea Saad Hossne Versão corrigida São Paulo 2011 3 À Maria Ivone C. Batista Guimarães, minha mãe, e à Andrea Saad Hossne, minha orientadora, por serem meu Pilar. 4 Agradecimentos À Profa. Dra. Cleusa Rios Pinheiro Passos e ao Prof. Dr. Horácio Costa, por suas valiosas sugestões que enriqueceram este trabalho. À Profa. Dra. Ana Paula Arnaut, do Instituto de Língua e Literatura Portuguesas (ILLP) da Faculdade de Letras de Coimbra, que durante minha estadia em Coimbra, empenhou-se em auxiliar-me na busca dos materiais necessários e, principalmente em orientar-me acerca das questões históricas que permeiam a narrativa saramaguiana. A Luiz de Mattos Alves, Suely Maria Regazzo, Maria Ângela Aiello B. Schmidt e Zilda Ferraz, mais que funcionários do Departamento de Teoria Literária e Literatura Comparada, grandes amigos que acompanharam esta (e outras) jornada(s). À minha tia Catarina Delourdes dos Santos, que se fez presente de uma forma singular e especial em minha vida. À minha família (Odair, Flávia Andréia, Ana Maria, vó Rosa) pelo incentivo. À Regina Claudia Garcia Oliveira e Denilson Oliveira, por exercerem com devoção a arte da amizade. Às amigas e companheiras de longa data: Celina Maki Takemura, Beatriz Stranski, Ana Carolina Simões, Luana da Costa, pelo apoio, carinho e dedicação. À família M&M: Julieta C. Santana Nóbrega, Marcos Borges, Mayara Nóbrega, Marina Nóbrega Borges e ao pequeno Miguel, por me deixarem fazer parte desta família. 5 Às minhas amigas-irmãs: Mônica Polli, Erika Sayuri Yokoyama e Érica Alves Cavalcante, pela amizade, cumplicidade e, mais que isso, pelo amor fraternal. A Alex Martins dos Santos pela amizade, dedicação e carinho. À Débie dos Santos Bastos, companheira de muitas viagens. À Mônica R. Paoletti, por me proporcionar o grande encontro comigo mesma. A Sérgio Alves de Oliveira, amigo sempre presente. A Ronaldo Ap. de Oliveira, amigo de longa data, quando ainda não existiam dissertações e teses. Amizade que transpõe as fronteiras do tempo e espaço. Às crianças e adolescentes do Instituto Acaia que me fizeram voltar a enxergar. 6 Resumo Este trabalho objetiva estabelecer relações entre os romances Levantado do chão (1980) e A caverna (2000), narrativas pertencentes a momentos distintos da escrita saramaguiana, mas que retratam, de diferentes maneiras, o homem (o trabalhador), suas relações com o trabalho e, principalmente com a sociedade à sua volta. O primeiro retrata a vida dos camponeses da região do Alentejo em Portugal desde o começo do século XX até logo após o 25 de abril de 1974. Em A caverna vemos o empenho do oleiro que tenta fazer sobreviver a sua tradicional profissão num universo dominado pela produção industrializada. Nesse ambiente, Saramago retrata a transição entre o campo e o mundo marcado pela produção em escala industrial. A análise dos valores éticos e da condição social das personagens decorrentes do sistema em que vivem, das injunções da situação familiar e dos conflitos produzidos por essa situação de interdependência é um dos objetivos deste trabalho. Para tanto, traçamos uma linha comparativa entre os dois romances em questão, cujo fio condutor é a questão do trabalho na sociedade capitalista, num eixo histórico que vai do Portugal salazarista do século XX ao mundo globalizado do século XXI e seus desdobramentos na constituição da narrativa saramaguiana. PALAVRAS-CHAVE: Trabalho, Trabalhador, José Saramago; Narrativa contemporânea, Pós-Moderno. 7 Abstract This work aims to establish relationships between the novels Picked up from the Ground (1980) and The Cave (2000), narratives belonging to different moments of Saramago’s writing, which describe, in different ways, the men (the workers), their relationships with work and especially with the society. The first one depicts the life of farmers in Alentejo’s region in Portugal since early XX century until shortly after April 25, 1974. In The Cave we can observe the commitment of the potter who try to maintain his traditional profession in a universe dominated by industrialized production. In this environment Saramago shows the transition between the countryside and the world marked by industrial-scale production. The objectives of this thesis are the analysis of the ethical values, the social condition and the interrelationship with the space in the constitution of the characters; their paths established by the social system, the injunctions of family situation and the conflicts produced by this interdependence. For this, we draw a comparison between the two- refereed novels, whose main subject is the labor in a capitalist society, in a historical perspective that runs from Portugal under Salazar govern in XX century to the globalized world of the XXI century and its repercussions in the constitution of Saramago’s narrative. KEYWORDS: Labor, Worker, Jose Saramago, Contemporary Narrative, Postmodern. 8 SUMÁRIO Considerações Iniciais 10 1. Levantado do chão: um olhar para os trabalhadores do Alentejo 22 1.1. José Saramago e a metaficção historiográfica: os imprecisos limites 22 1.2. A constituição da família Mau-Tempo 27 1.3. O lugar da opressão e o despertar para uma nova realidade 36 1.4. O percurso narrativo: as condições de trabalho e a opressão 41 1.5. O percurso histórico e a metaficção historiográfica 76 2. A caverna: a fase universal (a estátua e a pedra) 81 2.1.O processo de construção identitária: os nomes 85 2.2. A experiência do espaço, do tempo e a condição pós-moderna 107 2.2.1. Os espaços internos 107 2.2.2. A olaria 116 2.2.3. O centro comercial e a convergência dos espaços 123 2.3. Mundos do trabalho: a olaria, a arte popular, o artesanato e a produção industrial 133 3. Levantado do chão e A caverna: aproximações 149 3.1. A constituição dos núcleos familiares: Os Mau-Tempo e os Algor 149 3.2. O percurso dos personagens: consonâncias e dissonâncias 158 3.3. Algumas reflexões sobre o narrador 160 Considerações finais 170 Bibliografia 174 Anexos 185 1. Museu do Pontal (imagens) 186 2. Prefácio de José Saramago ao livro Terra de Sebastião Salgado 189 3. Músicas de Chico Buarque (CD Terra) 195 9 “A tolerância e a intolerância são pois os dois degraus de uma escada que não tem outros. Do primeiro degrau, que é o seu, a tolerância lança para baixo, para a planície onde se encontra a multidão de tolerados de toda a espécie, um olhar que desejaria ser compreensivo, mas que, muitas vezes, vai buscar a equívocas formas de compaixão e de remorso a sua débil razão de ser. Do alto do segundo degrau a intolerância olha com ódio a confusão dos estrangeiros de raça ou de nação que a rodeiam, e com irônico desprezo a tolerância, pois claramente vê como ela é frágil, assustada, indecisa, tão sujeita à tentação de subir ao segundo e fatal degrau quanto incapaz de levar às consequências extremas o seu perplexo anseio de justiça, que seria renunciar a ser o que tem sido – simples permissão, aparente benevolência – para se tornar em identificação e igualdade, isto é, respeito. Ou igualância, se uma palavra nova faz falta, ainda que tenha tão bárbaro som... Tolerantes somos, tolerantes iremos continuar a ser. Mas só até ao dia em que tê-lo sido nos venha a parecer tão contrário à humanidade como hoje nos parece a intolerância. Quando este dia chegar – se chegar alguma vez –, começaremos a ser, enfim, humanos entre humanos.” (Saramago, 1999, p.306-7). 10 CONSIDERAÇÕES INICIAIS “Todo homem é uma ilha (...) é necessário sair da ilha para ver a ilha, que não nos vemos se não nos saímos de nós.” (Saramago, 1997, p.40-1) O Neo-Realismo português configura-se pela dominância de referências ideológicas que se articulam com a História e com os cenários sociais contemporâneos. Segundo Reis (1989), esse movimento desenvolveu-se em Portugal entre os finais dos anos 30 e 50 do século XX, período em que se vivia o tempo histórico e político do salazarismo, assim como a recepção de toda bagagem ideológica e cultural do marxismo. Para o crítico, esse movimento designa na Literatura Portuguesa: (...) uma projeção, no domínio da criação literária, de orientações culturais ideologicamente fundadas no materialismo histórico e dialético; uma análise, através da literatura, da dialética das transformações sociais e em particular da luta de classes, num quadro econômico-social capitalista; uma denúncia das contradições que afetavam esse cenário econômico-social: a exploração do homem pelo homem, a luta pela posse da terra, a sobrevivência de mecanismos de exploração quase feudais. (idem, p.16). Pode-se afirmar então, que ao movimento neo-realista ligam-se escritores, críticos e ensaístas que seguiam os ideais marxistas, que manifestavam certo distanciamento em relação ao legado modernista, enunciando assim uma linguagem artística comprometida e anti-esteticista. Os textos (poemas, narrativas, textos doutrinários etc.) desse período, apresentam uma voz contra a supressão da liberdade política e a forte repressão na qual o país estava mergulhado. Algumas figuras são representativas desse momento como Alves Redol, Afonso Ribeiro, Soeiro Pereira Gomes, Manuel da Fonseca, Carlos de Oliveira, Vergílio Ferreira dentre outros.

Description:
Prefácio de José Saramago ao livro Terra de Sebastião Salgado. 189. 3. percurso analítico deixando-nos conduzir por Cipriano e sua furgoneta, . longos braços, laboratórios químicos, refinarias de petróleo, cheiros fétidos,
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