UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MUSEOLOGIA DORA MARIA DOS SANTOS GALAS O SOM DO SILÊNCIO: ECOS E RASTROS DOCUMENTAIS DE VINTE E SEIS ESCULTURAS AFRO DA COLEÇÃO ESTÁCIO DE LIMA v.1 . Salvador 2015 DORA MARIA DOS SANTOS GALAS O SOM DO SILÊNCIO: ECOS E RASTROS DOCUMENTAIS DE VINTE E SEIS ESCULTURAS AFRO DA COLEÇÃO ESTÁCIO DE LIMA Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Museologia da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal da Bahia, como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Museologia e Desenvolvimento Social. Orientador: Prof. Dr. Marcelo Nascimento Bernardo da Cunha Salvador 2015 DORA MARIA DOS SANTOS GALAS O SOM DO SILÊNCIO: ECOS E RASTROS DOCUMENTAIS DE VINTE E SEIS ESCULTURAS AFRO DA COLEÇÃO ESTÁCIO DE LIMA Dissertação apresentada para a obtenção do grau de Mestre em Museologia Contemporânea e Desenvolvimento Social, Departamento de Museologia da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal da Bahia. Aprovada em_________________ BANCA EXAMINADORA Marcelo Nascimento Bernardo da Cunha – Orientador___________________________ Doutor em História Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo SÃO PAULO, Brasil Universidade Federal da Bahia Luiz Nicolau Parés - _____________________________________________________ Doutor em Antropologia da Religião pela School Of Oriental And African Studies University Of London LONDRES, Inglaterra Universidade Federal da Bahia Nirlene Nepomuceno_____________________________________________________ Doutora em História pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo SÃO PAULO, Brasil Universidade Federal da Bahia À Luz do caminho. E ao Paulo, testemunha de minha vida. AGRADECIMENTOS Ao Tempo, que me ensina que a realidade é sempre melhor que a ilusão, pois é nela [realidade] que encontro pessoas que me auxiliam a prosseguir, me ensinam a conhecer e a compartilhar. Assim foi no caminho percorrido na produção deste trabalho. Agora é o momento de reconhecer e ser grata a todos que, de muitas e diferentes maneiras, estiveram presentes nessa caminhada. Sou grata aos meus pais – José (in memorian) e Rosa –, pela possibilidade da vida e educação. Ao Paulo, que inventa e reinventa comigo um amor, com paciência e determinação, aprendendo a conviver e a conhecer a vida. Ao Moisés, filho do coração, por vezes paciente motorista no corre-corre da graduação. À Graça Cavalcanti, pela acolhida carinhosa em Recife. Aos amigos queridos que respeitaram minha ausência com palavras de incentivo. Gratidão e reconhecimento à instrução e orientação acadêmica recebida de todos os professores do curso de Museologia desde a graduação até o mestrado. À professora Sidélia, por seu empenho na implantação do PPGMuseu; à professora Graça Teixeira, coordenadora do MAFRO. Com certeza sem sua “intimação” decisiva eu não teria aceitado o desafio; à professora Joseania Freitas, por ter visto a pessoa que sou em um momento delicado dessa trajetória. Minha gratidão à professora Suely Cerávolo, por tantas coisas... pelo incentivo acadêmico, por me ensinar a pensar sobre a prática da documentação em museus, pela disposição de refazer laços e por me fazer conhecer um pouco mais de mim mesma. Gratidão ao meu orientador, professor Marcelo Cunha, por anos frutíferos de trabalho de pesquisa desde a graduação, baseados em interação intelectual, confiança e respeito; por suas intervenções precisas e por me dar liberdade acadêmica de pensar e ousar dizer o que penso. Ao professor Luiz Nicolau Parés, por sua gentileza e disponibilidade em participar e melhorar este trabalho. Aos professores Bebel Nepomuceno, que me ensinou a corrigir o texto; Alejandra Hernández Muñoz e Carlos Eugênio Líbano, pela atenção e empréstimo de material para pesquisa; Maria do Rosário Carvalho, palavras de incentivo e segurança, e à José Reginaldo Gonçalves por sua interessante visão sobre o museu e os museólogos. À toda equipe do MAFRO, local de aprendizado onde me sinto acolhida desde a graduação, em especial à museóloga Emília Neves. À Zinalva Ferreira e Lara Marques, representando aqui a equipe de estagiários, pessoas dispostas a fazer acontecer mesmo em condições adversas. Grata pela gentileza nos momentos finais deste trabalho. Minha gratidão à museóloga Ana Liberato, diretora da DIMUS no período de desenvolvimento do trabalho, por disponibilizar o arquivo e facilitar a realização da pesquisa naquele espaço. Às pessoas que desde a graduação auxiliam a construir minha vida acadêmica: À Cremilda Sampaio, por me fazer ouvir o silêncio que envolve a Bahia. À Edenice Ornelas e Sandra Kroetz, equipe unida e animada do Projeto de Iniciação Científica; Adiane Candeias e Soraia, colegas da equipe de conservação do MAFRO: trabalhamos e rimos bastante. Aos colegas desta primeira turma do PPGMuseu, especialmente à Fátima Silva, funcionária da Diretoria de Museus, que facilitou o acesso aos arquivos e locais de pesquisa indispensáveis ao desenvolvimento deste trabalho; à Daniela Moreira e Val Cândido, pelo material de pesquisa, e à Anna Paula Silva: nossas conversas a respeito da Museologia auxiliaram a sedimentar algumas ideias desenvolvidas aqui. À presença amiga e eficiente de Patrick, secretário do Departamento de Museologia. Ao pessoal da Fundação Pierre Verger onde, já na linha de chegada e ainda sem conclusão, encontrei D. Cici, com gentileza, disposição e o conteúdo que eu precisava; sem seu depoimento as lacunas seriam maiores. À coordenadora do Solar Ferrão, Dina César, e à sua equipe; à Maria Fernanda e Albino Oliveira, funcionários do Museu do Homem do Nordeste, e à Rinaldo Carvalho e Tânia Borges, do Museu do Estado de Pernambuco. À professora Mariza Soares, por sua disposição em me receber no Museu Nacional do Rio de Janeiro; aos funcionários do IPHAN, Luciano Barbosa, do Núcleo de distribuição de publicações, e Márcia Almeida, da Biblioteca Aloísio Magalhães, pela atenção e presteza em disponibilizar o material pedido; ao museólogo Júlio Chaves, do Museu Théo Brandão, de Maceió. Minha gratidão a todos os professores e colegas que mesmo não sendo citados nominalmente aqui fazem parte da minha vida acadêmica, com os quais aprendo a conhecer e a me reconhecer. A função daquele que descreve será a de combater as dificuldades do caminho, por grandes e surpreendentes que sejam, e as dificuldades da escrita. [...] ‘Até o inefável tem nome’, disse Pedro Salinas, e é o mesmo que afirmar que o que não se nomeia não existe e só compreendemos o que existe. Jorge Urrutia 2000 GALAS, Dora Maria dos Santos. O Som do Silêncio: Ecos e Rastros Documentais de Vinte e Seis Esculturas Afro da Coleção Estácio de Lima. 342 f. 2015. Dissertação (Mestrado) – Departamento de Museologia - Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2015. RESUMO Esta dissertação apresenta os resultados de uma investigação que teve como campo o Museu Afro-Brasileiro da Universidade Federal da Bahia e a Coleção Estácio de Lima, com o objetivo de produzir conhecimento e organizar as informações obtidas sobre vinte e seis esculturas da citada Coleção em uma abordagem etno-estética. A discussão que se apresenta como pano de fundo é baseada em estudos da cultura material em museus, a antropologia da arte, a análise de categorias ocidentais utilizadas para tratar os objetos etnográficos e o estudo de termos. Nesta pesquisa, realizada por meio de análises bibliográfica e documental, recorremos a inventários, catálogos e fichas de registro de objetos e instrumentos de controle de acervo e ao Manual de Normas: Documentando Acervos Africanos, com intenção de mapear práticas e tendências da área e compilar os termos recorrentes a objetos africanos e afro-brasileiros, compondo um esboço de glossário para esses acervos etnográficos, que constam em apêndice ao final deste trabalho. A análise imagética teve por objetivo encontrar indícios que permitissem inferências e associações estilísticas, contribuindo para a interpretação das esculturas, sendo realizada em banco de imagens, catálogos de museus e de coleções de arte africana, sites de museus, objetos expostos em instituições museológicas e por meio de depoimento oral. Disso resultou a iconografia das vinte e seis esculturas e a iconologia de algumas delas para as quais foram encontrados registros de sua história em reportagens de jornais locais. Com base no conhecimento construído acerca das esculturas e respeitando a polissemia dos objetos foram estabelecidas categorias possíveis para a organização da informação ao final da análise e interpretação das mesmas. A investigação da trajetória institucional da Coleção Estácio de Lima apontou as controvérsias e incertezas que cercam sua formação e o muito que ainda deverá ser investigado sobre ela; destacou a necessidade de que os acervos etnográficos sejam estudados também enquanto representantes das práticas e discursos do museu ao longo do tempo e revelou a ainda frágil estrutura da documentação museológica enquanto prática essencial ao exercício da Museologia. Palavras-chave: Documentação Museológica. Acervos Afro-Brasileiros. Coleção Estácio de Lima. Museu Afro-Brasileiro GALAS, Dora Maria dos Santos. The Sound of Silence: Echoes and Traces documentary of Twenty-six African Sculptures in the Estacio de Lima's Collection. 342 pages. 2015. Thesis (Master) - Department of Museology - Faculty of Philosophy and Human Sciences, Federal University of Bahia, Salvador, 2015. ABSTRACT This thesis presents the results of an investigation that had as fieldwork the Afro-Brazilian Museum of the Federal University of Bahia and Estacio de Lima Collection and aimed to produce knowledge and organize information gathered on the twenty-six sculptures of the mentioned collection in an ethno-aesthetic approach. The backdrop discussion is based in material culture studies in museums, anthropology of art, analysis of Western categories employed to treat ethnographic objects and the study of terms. This survey was conducted through bibliographical and documentary analysis. For this we turned to inventories, catalogs, registration forms of objects and collection's records and the Policy Manual: Documenting African Archives, intending to map practices and trends in the area and compile a recurring terminology to African and Afro-Brazilian objects, composing a preliminary study of a glossary on these ethnographic collections which is listed in the appendix at the end of this work. The imagery analysis aimed to find evidence that would allow inferences and stylistic associations contributing to the interpretation of the sculptures and it was carried out using image databases, catalogs of museums and African art collections, museums sites, objects displayed in museum institutions and through oral testimony. This resulted in the iconography of the twenty-six sculptures and the iconology of some of them whose records of their history were found in reports of local newspapers. Based on the knowledge built about the sculptures and respecting the polysemy of objects, possible categories were established to organize the information in the conclusion of the analysis and interpretation. The investigation of the institutional trajectory of Estacio de Lima Collection pointed out the controversy and uncertainty surrounding its formation and how much it should still be investigated; It indicated the need to study ethnographic collections because they also represent the practices and discourses of the museum over the time and revealed the still fragile structure of the museological documentation while being an essential practice to exercise the Museology. Keywords: Museological Documentation. Afro-Brazilian Collections. Estacio de Lima Collection. Afro-Brazilian Museum. LISTA DE QUADROS Mapeamento das noções de Inventário e Catálogo por alguns Quadro 1 56 autores ................................................................................................. Figura 1 Representação das relações associativas entre três termos.................. 58 Cruzamento das entradas para os termos: catálogo, inventário e Quadro 2 59 documento........................................................................................... Síntese do pensamento de alguns teóricos sobre Museu e Quadro 3 67 Museologia.......................................................................................... Síntese do pensamento de alguns teóricos sobre Museu e Quadro 4 70 Museologia no Brasil........................................................................... Quadro 5 Exemplo de aplicação das Normas do AFRICOM: Estatueta EL052 117 Quadro 6 Extrato da composição temática e coleções do MAFRO em 2013..... 129 Quadro 7 Esquema Classificatório do MAFRO/UFBA entre 2010 e 2013........ 134 Quadro 8 Síntese da Identificação da Coleção Estácio de Lima no MAFRO.... 154 Cruzamento da Identificação das esculturas da Coleção Estácio de Quadro 9 154 Lima no Museu da Cidade e no MAFRO............................................ Quadro10 Estrutura de organização das informações das vinte e seis esculturas 270
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