• ' ESFI GE • • • • , r--., · - - . · l ..., .· ... c; .,. ~ J ~ ~ " . • '·,. r .- ' , ~ • ..... .J ~ • ; r • • ~ .. - ... • - ti- ~ .. • ' - ' • •1 •• / {' ' • .. .. , - • 4 -~ • • • Título original: Le Symbolisnw du Temple Chritien Éditeur C Guy T~daniel, Traduçlo: Eduardo Saló Revislo da traduçlo: Ruy Oliveira • • Capa de EdiçOes 70 ' Depósito legal n. • 130482198 ISBN 972-44-0638-S Todos os direitos reservados para a Ungua portuguesa por . Edições 70 . . . EDIÇÕES 70, LDA. Rua Luciano Cordeiro, 123- 2.• Esq.•- 1069·1 S1 LISBOA I Portugal Telefs: (01) 3158752-3158753 . Fax: (01) 3158429 . · ·- .. , • • • • • • • Esta obra esté protegida pela lei. Nlo pode ser reproduzida no todo ou em parte, qualquer que seja o modo utilizado, incluindo fotocópia e xerocópia, sem autorizaçlo do Editor. p~via Qualquer transgresslo i lei dos Direitos do Autor será passfvel de procedimento judicial. • • • • • j • • • • • • • • • ediçoes70 • • «Abri-me as portas da justiça, para que eu entlf! e • dê graças ao Senhor! Esta é a porta do Senhor; por onde podem entrar os justos. .. A pedra rejeitada pelos construtores tomou-se a pedra angular. Foi o Senhor quem fez isto, e é admirável a nossos olhos. (Salmo 117) t • • • 9 . NOTA À SEGUNDA EDIÇÃO FRANCESA ~ . • • • • . • • . . . . . .. , ' ~ • I ......_ ' \ ' . ' ' " • •• • . • • • • • • • • • • j l • • • I • ' • •, .. \ ' J { ' \I I·> • l '. ~t • • t • t ' , . . \' . I • ) .. ' • f'• •C',•\ • • • • 1 • \ . • ' • I I I .. j \ t• ) )Jt ' • • l ' • • r ~ ' Há vários anos que nos chegavam pedidos, de França e do estrangeiro, para a reedição do nosso estudo o simbolismo do sob~e templo cristão. · . . Com efeito, a actualidade do ensino de que fizemos eco neste livo continua tão viva como na época em que o publicámos pela primeira vez, se ainda mais. Na vewlade, a situação da arte religiosa, em não especial dtJ arquitectura, a que aludimos em /962 na nossa lntKJdução, longe de ter melhorado, agravou-se. O fenómeno não passa, de ~esto, de uma consequência da alarmante deterioração da e da teologia litu~gia na Igreja do Ocidente. Essa .deterioração, que é antiga, acelerJu-se brusccunente nos últimos anos. e está a transformal'-se, ante os nossos olhos, numa verdadeira der10cada. E seria mau se minimizássemos a importancia deste estado de coisas no que se à arte: pois, como já ~efe~ o dissemos mas nunca é de mais tepetir. o domfnio da alfe constitui um campo de actividade privilegiado da subversão, poque a obra de arte é um meio particularmente eficaz para penetrar na alma e agir sob ela, ~e tanto para o mal como para o bem. . Toma-se, poltanto, utgente recordar o que é a verdadeira arte sacra. Até porque estão a su'8ir, em compensaç4o aqui e ali, Deus seja louvado, cada vez mais vivas de à anarquia e à subversão manifestaç~es ~esistência e ouve-se um apelo premente à recuperação dos dados tradicionais. base e condiçao de uma . . · ~estauraçdo. Desde 1962, data da primeira edição, tivemos conhecimento de muitos documentos susceptfveis de ou precisar diversos pontos escla~ecer do simbolismo do templo. Se quiséssemos tê-los todos em conta, te riamos que reescrever todos os capltulos. Mas reescle\ltr um livro e quebrar 11 assim, com frequência, o ritmo que o anima e que é o da inspiração inicial constitui um empreendimento sempre a"iscado. Por conseguinte, contentámo-nos em corrigir alguns e"os, acrescentar algumas notas e completar substancialmente a bibliografia. Esta segunda edição foi ainda enriquecida com ilustrações, graças à amabilidade das Éditioru de la Maisnie, a quem agradecemos p10jundamente terem pen1aitido que o presente livm iniciasse uma nova ca"eira. J. H . • • • ' I • • • • • • • • "" l • .. J \ • • I • • .. . . • " • • • • t • , l • • • • • • • •, • • • • • • I , ,. • • • • • ' • • - " • • l • • • • I • • • • • I • ' • I o • • • t • I ,, ... • • ~ \ \ I • I • • • • • I i • • • • • • : . ' , • - ~ \. . • . . • ( • • • \ . • • • • •,• . .• I• ~· ., • . • I • • • • • \ • • • • \ # . I • • • "\ ~ • I . . ) • • • ) •. .• .. .. , ... . . • . • • • • • • •• \" • • • • • • • • • • • ) • • • • • , .. .. • • • •• • ' ( • • • • • I t • ' I I 1 ... •• • .. • • • • ,• t • • I • • • . • - • • • ' .; ' , I • ' • • • •• • .. ' . I • . I \ ' ' l • •• • \ ") • \ .•, • • .. \ • I l '• I . ' . . • . . \ • • • • \ õ , ... • • •• }t ./ . ... • •t •'· '•-- f • .. • ( . • ...~ '\ " ,. ..•.. ) ~ . ' l • • • • . \ • t ••• • ' ' \ • • ~ • • • \ • \• • .\ I ' • 12 , • INTRODUÇÃO • • .... • • • • . I • • • • , • I • I ' • • • .1 .. • , • • •' • J . • • ' • • • • • • • .. .. - ... • , I " r .... . ~ h)J. I ' • -~ • • • : • •• • . . . . . .. . ..... , , • I 'f , J '( ' • • .-' t I . "', t t f 1 • • ' . J : l, • .._.. .. .. ,. ..•. • t '.f • • • • ••• • J . , . - . " ,. ' . • • -· • t;. ' i ~ • • - I • • • .. • t .. • r , • I ' • J ' • - • I ' o . , . • • • • • ~ I • & • • . . , • i • 11 • • I • I I • • . - • • • L • ' f • l • "\ • • • • • • • ~ •• ~ • • # I • • • J , - - -. .. . .. . ' . • ' • • • .. • • ' • o I • • olC• • "t. \ .,. ( ,.. . . • . , .r • . • • r- .' • • • . I • • "t • t • •'.; • • • - t ~ r • . . i; • • • • • , " " ..... • 1 • • • • • , • • • • • • • • • • • O problema da arte sacra levanta-se hoje com acuidade; prova de que esta arte .deixou de existir apesar dos esforços laboriosos desenvolvidos por alguns para nos fazer crer no valor das produções mais discutíveis neste domínio. 1àlvez exista hoje uma arte religiosa, mas não uma sacra. Na verdade, entre essas duas noções, mais do arte que uma cambiante, há uma diferença radical. Em compensação, a nossa época é, ao mesmo tempo, paradoxalmente, confrontada com as tnais numerosas revelações e testemunhos jamais vistos, relativos à arte sacra autêntica. Enquanto historiadores da arte, como Mâle e Focillon, inventariavam e analisavam as riquezas das nossas catedrais, etnólogos, historiadores das religiões e arquitectos como· Éliade, Mu,s, Coomaraswamy, Schwaller de Lubicz, Hambidge, Moesse), Ghyka, etc., estudavam os edifícios sagrados do Extremo-Oriente, da Índia, do Egipto e da Antiguidade Clássica, abrindo perspectivas até então insuspeitadas quanto ao próprio significado desses monumentos e à sua .concepção. suas·conclusões, observadas igualmente nos nossos próprios edifícios As religiosos, em particular nos revolucionariam totalmente da Idade Média, as nossas maneiras os compreende.; deploravelmente dominadas desde de a época romântica pelo sentimentalismo, o moralismo e o estetismo, ou seja, por uma concepção individualista e «literária» arte sacra. da Ora, são essas precisamente as características da religiosa, e profana, arte evidentemente, enquanto a verdadeira arte sacra 6 de natureza, não sentimental ou psicológica, mas ontológica e cosmológica. Essa sacra arte surgiu então. já nio à semelhança da arte modema, como resultado dos sentimentos, das fantasias e até do «pensamento» do artista, mas como tradução de uma realidade que ultrapassa lmgamente os limites da 13 • individualidade humana. É precisamente essa a característica própria da arte sacra: ser uma arte supra-humana. Afigura-se-nos urgente transpor para os factos as consequências desta redescoberta do sentido e dos princípios da arte de numa época em que se tantas construi~ e~guem igrejas que. se porventura satisfazem certos «sriobs•. preocupados cm se situarem na «vanguarda», não satisfazem de modo algum a verdadeira intelectual nem a imensa maioria do povo. élite Para tal, tomar-se-ia necessário antes de mais, recordar a superior dignidade da arte, que a tradução, no plano sensível, da Beleza ideal, ~ porquanto a Beleza é uma for rn a do Di vi no, um atributo de Deus, «Um reflexo da Beatitude divina» Schuon), assim como da Verdade divina, (F. fundamento do Ser. Eis a razão por que o Belo segundo a forma ~' platónica, esplendor do Verdadeiro». A sacra o veículo do arte «O ~ Espírito divino; a forrna artística perntite assimilar directantente e não de uma for1na discursiva, através da razão as verdades transcendentes e supra-racionais. Convém não esquecec que a arte aliás, pode igualmente veicular influências nefastas: a fealdade das formas, quando é de uma dete1·nlinada espécie, é uma manifestação de satanismo, esse pólo invertido da Beleza divina, como é o caso de algumas produções da arte religiosa contemporânea mais ou menos derivadas do su•·realismo, cujo carácter «demoníaco» ninguém contesta, e é mesmo afinnado pelos r>. seus próprios autores Para avaliar o verdadeiro alcance da arte sacra, impõe-se captar a sua causa primeira, que é o Verbo criador; uma vez que a criação implica justaanente o dom da fornta, podemos que afiJ'It1ar o Verbo é o Artista supremo, oomo princípio formal que domina o caos ou «luZ», que ilumina as «trevas».A perfeição do Verbo, afil'lna Dionísio, o Areopagita, é «forma enforanante em tudo o que é infol'ane»; ·mas acrescenta:· «Enquanto princípio forntal, não deixa de ser informe em tudo o que tem forma, porque transcende toda a forma». O objectivo da arte consiste precisamente em a imagem da Natureza divina ~velar impressa no criado; mas oculta realizando objectos visíveis que nele~ ane sejam símbolos do Deus invisível. Por conseguinte, a sacra como é que um prolongamento da Encarnação, da descida do divino ao criado e, a esse respeito, poderíamos à arte em geral a justificaçlo dos ala~gar ícones dada pelo ll Concflio de Niceia: «0 Verbo indefinível Pai do • t• . .. ... . ' • • .... • • 1.. .., • I • I ,. 'f• ' I • •• _..,~ • .A.. • • • • • .I '"'". ' i ... \ <#' • t ,_I ' T • ..1 ~ • ••• • "'4 I . , ,1 ... ,. n , .. , • ... .__"' r ... '·~> 'y•· ~ , . a .. ; ,,,. ,... , .. , • f. i ..., • f J tA 4 .. • ' " 1 • 1 Esse carácter demoníaco do surrealismo 6 provado antes de mais, pela • { ) «mentira- que ele difunde quanto ao seu objecto; aquilo que ele pretende atingir e a que chama «SUIIealidade», não passa, pelo conttário, de uma «SUb-realidade», uma miragem do nada, uma queda no caos infra-humano, no «inconsciente» que Gide, bem inspirado dia, denominou «covil diabo». ·· · · do n~esse ~ 1 • , ., .. :: 14' definiu-se tomand<r.se carne·-.. Reintegrando a imagem maculada na sua fo1tna primitiva, penetrou-a de.B eleza divina. Confessando esta realidade, em obras e actos.» ... · ·. , .} r~produzimo-la ~ · ~ -~· t· · ·q - \ • _. '"'· - .., ::; q· . · , É obvi.o que, .numa arte assim .concebida, com um valor quase -·: 1 I «sacramental», o. artista não guiar pelas· suas próprias pode deix~se inspiracões; o seu a-.balbo não.c onsiste em exprimir a sua personalidade, mas a em procurar uma. forma perfeita que corresponda protótipos a sagrados de inspiração celeste. Significa isto que. arte é·s acra. não pela intenção,_s ubjectiva,, dQ arti.sta, mas se_u conteúdo objectivo ._ pelo e este, por seu turno, não passa do conjunto de visões correspondentes, no domínio das forntas sensíveis, a leis cósmicas que exprimem princípios universais. Assim,. a estética liga-se hierarquicamente à cosmologia e, através desta à ontologia e à metafisica ..E sta ordem deternlina hi~quica o,c arácter essencial da arte sacra que consiste em sers imbólica, ou seja, em traduzir através de imagens polivalentes a correspondência que une as diversas ordens de realidade, em através visível, o invisível expri~ ~o e de a ele conduzir o homem. ,·: .;· , _ :t .. ~ _~.. ~ c •• · :--· : .•• ) ·., • ., · . Nesta perspectiva, e para voltarn1os ao.objecto mais .preciso deste Uvro, _uma igreja não é simplesmente ummonumento: é um santuário, um templo. A sua finalidade não é apenas «reunir fiéis», mas.c riar para · . eles um ambiente que peltnita à Graça a sua melhor manifestação; e consegue-o na medida em que consegue canalizar para o mas~ interio~ num jogo subtil de influências, que tem um fim. a comunhão com o ·Divino · ,:o fluxo· das sensações, dos sentimentos e. das ideias. O santuário das grandes épocas . e é a ele que devemos reportaFnos para recolhet·ntos um ensinamento confortne aos princípios, eventualm~nte aplicáveis a novas produções é um «instrumento» de recolhimento, de alegria, de sac.rifíçio e de elevação. Em primeir;o lugm; pela combinação ha.nnoniosa de mil símbolos que se fundem no símbolo total que é ele próprio e em seguida oferecendo-se como um receptáculo aos símbolos o ,templo constitui com esta última a mais prodigiosa da litwgia, encantação que o homem pode preparar para tomar consciência descida da da Graça, da epifania do Espírito l corporeidade. Falámos da lituwia, porque nio se pode separá-la do templo que foi feito para ela, e esperamos mostrar a profunda unidade preside à de um e de outra. qu~ o~ganização . , Ao definirem o espírito do nosso estudo, estas observações preliminara convencerão desde logo os nossos leitores de que não pretendemos impri~ um -lhe tom polémico. Os «debates» sobre a arte sacra são já .· e continuarão catamente a sê-lo por muito tempo, e pensamos que poderio sem ' até prolongar-se indefinidamente c qualquer utilidade, se nlc começannos por recordar a verdadeira natureza dessa arte. em particular no 15 • •