Torna-se cada vez mais tensa madrugada, a noite perversa. As aranhas suspensas em fios invisíveis voltam a lutar entre si, espécies bem raras de trapezistas noturnas e guerreiras. Por um instante abandonam a mortalha do Escritor – a roupa negra que o levará para a eternidade – e envolvem-se na luta renhida. Debatem-se em voos rasantes próximos, muito próximos do nariz do homem ali enfeitiçado mas sem rezar, embora o sono lhe pese nos olhos. Agora reza, insistentemente reza, para que o sono leve ao sonho, ainda que tenha de sonhar com outras aranhas, com outras mortalhas, com outros voos.