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O Seminario : texto estabelecido por Jacques-Alain Miller PDF

195 Pages·1992·160.48 MB·Portuguese
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quesLacan uesLacan Alcibiades quis subordln r 6 r t 0 objeto de seu desejo, d I , AI Ibr d s, MINARIO e que agalma, 0 bom ·objeto. Como neo reconhecermos, nos analistas, 0 qu sta SEMINARIO e livro 8 em questeo? Isso dito c1aram nt : e 0 n ferencia bom objeto que Socrates tem no ventre.. e Socrates, ali, nao mais que um Involu- e cro daquilo que 0 objeto do desejo. Itxl tabelecid~ por E J'l ques-Alain Miller mesmo para marcar que ele neo passa desse involucro que Alcibiades qUis ma- e, nifestar que Socrates em relac;aoaele, o servo do desejo, que Socrates Ihe esta assujeitado pelo desejo. 0 desejo de So- crates, ainda que 0 conhecesse, ele quis ve-Io manifestar-se em seu sinal, para saber que 0outro, objeto, agalma, estava a sua merce. e Ora, justamente 0terfracassado nessa tentativa que, para Alcibiades, 0cobre de E e vergonha. [...] que, diante de todos, desvelado em seu trac;o0 segredo mais chocante, a ultima mola do desejo, que sempre obriga, no amor, a dissimula-Io um pouco: seu objetivo ea. queda do Outro, A, em outro, a. IlilmlrjlO~mr livro 8 9 788571 102361 a transfer9ncia IJz'EI Jorge Zahar Editor Jorge Zahar Editor CAMPO FREUDIANO Jacques Lacan NO BRASIL , o Colel(ao dirigida por Jacques-Alain e Judith Miller SEMINARIO Assessoria brasileira: Angelina Harari livro 8 a transferencia Texto estabelecido por Jacques-Alain Miller Jorge Zahar Editor Rio de Janeiro TItulo original: Le Seminaire de Jacques Lacan Livre VIII:Le Transfer! (1960-1961 ) Tradu9ao autorizada da primeira edi9ao francesa, publicada em 1991 por Editions du Seuil, de Paris, Fran9a, na cole9ao Champ Freudien, dirigida por Jacques~Alain e Judith Miller Consultor desta versao: Antonio Quinet a transferencia Copyright © 1991, Editions du Seuil 1960-1961 Copyright © 1992 da edi9ao em lingua portuguesa: Jorge Zahar Editor Ltda. rua Mexico 31 sobreloja 20031-144 Rio de Janeiro, RJ tel.: (21) 240-0226 /fax: (21) 262-5123 e-mail: [email protected] site: www.zahar.com.br Versao brasileira de Todos os direitos reservados. Dulce Duque Estrada A reprodu9ao nao-autorizada desta publica9ao, no todo ou em parte, constitui viola9ao do copyright. (Lei 5.988) Revisao de Romildo do Rego Barros Edi9ao para 0Brasil Copidesque: Andre Telles Composi9ao: TopTextos Edi90es Graficas CIP-Brasil. Cataloga9ao-na-fonte Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ. Lacan, Jacques, 1901-1981 L129s 0seminario, livro 8:atransferencia 1960-1961 /Jacques Lacan; texto estabelecido por Jacques Alain-Miller; versao brasileira de Dulce Duque Estrada; revisao dotexto, Romildo do Rego Barros. - Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1992. (Campo Freudiano no Brasil) Tradu9ao de: Le Seminaire de Jacques Lacan, livre VIII: Ietransfert (1960-1961) Inclui bibliografia ISBN: 85-7110-236-8 1. Complexos (Psicologia). 2. Psicanalise - Discursos, conferencias etc. I.Miller, Jacques-Alain. II.Titulo. III.Titulo: ATransferencia. IV.Serie. COD -150.195 CDU - 159.964.2 AMOLADO AMOR Urncomentario sobre 0Banquete de Platao II Cenario epersonagens . . . . . . 27 III A metafora do amor: Fedro . . . 43 IV A psicologia do rico: Pausanias . 57 V A harmonia medica: Eriximaco . 70 VI A derrisao da esfera: Arist6fanes 83 VII A atopia de Eros: Agatao 100 VIII De Episteme a Muthos 115 IX Saida do ultra-mundo .. 128 X Agalma . . . . . . . . . . 139 XI Entre Socrates e Alcibiades 152 o OBJETO DODESEJO EADIALETICA DACASTRA<;Ao XII A transferencia no presente . . . . . . . 169 XIII Critica da contra-transferencia ..... 182 XIV Demanda edesejo nas fases oral eanal . 197 XV Oral, anal, genital . 210 XVI Psique e complexo de castra~ao . 220 0 XVII 0 simbolo <I>. . 233 XVIII A presen~a real . . . . . . . . . . . 246 o MITO DE EDIPO HOJE Urn comentario da trilogia dos CoUfontaine, de Paul Claudel XIX 0 niio de Sygne. . . . 261 XX A abje~iio de TureIure 275 XXI 0 desejo de Pensee . . 291 XXII Decomposi~iio estrutural 305 XXIII Deslizamentos de sentido do ideal ... 319 XXIV A identifica~iio por ein einziger Zug .. 333 XXV A angustia na sua rela~iio com 0 desejo 348 XXVI Sonho de uma sombra, 0 homem 359 XXVII 0 analista e seu luto . . . . . . . 370 Nota . 382 Notas de tradu~iio 384 A Schwarmerei de Platlio. Socrates e Freud. Critica da intersubjetividade. A beleza dos corpos. aae Anunciei para este ana que trataria da trapsfurencia em su diSJzarz sulJietiva~su :..p.r:e.tenSsait-ua£aq;,fSuGsexcurs6esJicnLca~ Disnaridade nao e urn termo que tenha escolhido facilmente. Ele sublinha, essencialmente, que aquilo de que se trata vai alem da simples n~ao de uma dissimetria entre os sujeitos. f:le se insur~, se assim posso dizer, desde 0 principio, contra aideia de ue aintersub'etivida §a, por si s6 fomecer 0.9uadro no ffilll-lsejnscreve 0fenQmeno. Para dize-Io, existem palavras mais ou menos c6modas, conforme as linguas. E do term~ que busco algum equivalente para qualificar 0 que a transfe- rencia con tern de essencialmente impar. Nao existe termo para desig- mi-lo, anao ser 0termo imparidade (imparite'), que nao eusual em frances. Sua pretensa situarag, diz ainda meu titulo, indicando desse modo alguma referencia ao esfor~o feito nesses ultimos anos, na analise, para organizar aquilo que se passa no tratamento em tomo da no~ao de situa~ao. A palavra pretensa esta ai para dizer que me inscrevo em faIso, ou pelo menos numa posi~ao corretiva, em rela~ao a esse esfor~o. Nao creio que se possa dizer sobre a analise, pura esimplesmente, que haja ai uma situa~ao. Se houver uma, e uma da qual se pode tambem dizer que nao e uma situa~ao, ou ainda, queiJuna situa~ao bem fa~ Quanto a tudo 0 que se apresenta como~, isso deve se inscrever como referido a esses principios ou, pelo menos, a essa busca de principios que ja se evoca na indica~ao dada por meu titulo dessas diferens:as de abordagem. Em uma palavra, uma justa topologia e aqui Antes de chegar la, quero lembrar urn instante, para os que nao requerida, epor conseguinte, uma retificas:ao daquilo que esUicomumente estavam aqui no ana passado, alguns dos termos em tomo dos quais girou implicado no uso que fazemos diariamente da nos:ao, teorica, de transfe- nossa exploras:ao daquilo a que chamei a etica da psicanalise. rencia. Trata-se de referi-Ia a urna experiencia. Esta, no entanto, conhe- No ana passado, quis explicar para voces - digamos, para me cemos inuito bern, na medidaem que ten amos, de alguma forma, prati- referir a palavra "crias:ao" que dei ha POllCO- a estrutura criacionista cado a experiencia analitica. do ethos humano enquanto tal, 0ex-nihiloque subsiste em seu ceme eque Demorei muito a chegar a este mieleo de nossa experiencia. De constitui, para empregar um termo de Freud, 0nueleo de nosso ser, Kern acordo com a data em que comes:a este seminario, que e aquele no qual unseres Wesens.Quis mostrar que este ethos toma forma em tomo desse oriento alguns de voces ha alguns anos, e no seu oitavo ou decimo ano ex-nihilo, que subsiste num vazio impenetravel. que abordo atransferencia. Verao que este longo atraso nao era sem raziio. Para aborda-Io, epara designar esse carater impenetravel, comecei, Comecemos, pois. como se recordam, por urna critica cujo fim consistia em rejeitar expres- samente aquilo a que me permitirao chamar, ou pelo menos aqueles que me escutaram vao tolerar que eu chame assim, a Schwiirmerei de Platiio. (Schwiirmerel para os que nao sabem, designa em alemao~ Cfilnta~ dirigido para urnentusiasmo qualquer, emais especialmente para No come~o- asuperstilYao. Em suma, trata-se de uma notalYaocritica, acrescentada pe1a Todos me irao logo imputar uma referencia aalguma parafrase da formula historia, na ordem da orientalYao religiosa. 0 termo Schwiirmerei tern, Nocome~oera Verbo. ~~!> 0 1mAnfang wardie Tat,diz urn outro. nitidamente, essa inflexao nos textos de Kant. Pois bern, ,aSchwiirmerei~~ Para urnterceiro, no principio, isto e,no comes:o do mundo humano, de Platiio eter projetado, sobre a uilo a_queeu chama 0vazio im12enetra- ~~,,+'" ~a..ao Bern s.upremo. no principio era apraxis. Eis ai tres enunciados aparentemente incompativeis. Mas na verda- Tal e 0 caminho que, com mais ou menos sucesso, seguramente, numa intenlYaoformal, tentei seguir. 0 que resulta para nos da rejeilYaoda de, do ponto emque nos situamos para aborda-Ia - aexperiencia analitica - 0que importa nao e, de modo algum, seu valor de enunciado, mas sim nOlYaoplat6nica de Bern Supremo como ocupando 0centro de nosso ser? o seu valor de enuncia~ao, ou ainda de anuncio, quero dizer, aquilo pelo Para retomar nossa experiencia, sem duvida, mas com urna visada qual fazem surgir 0 ex-nihilo proprio a toda a crias:ao, e mostram sua critica, procedi em parte do que sepode chamar de conversao aristotelica ligas:ao intima com a evocas:ao da palavra. Neste myel, manifestam com relalYaoaPlatiio. Aristoteles, sem duvida alguma, esta superado para evidentemente que recaem no primeiro enunciado, No come~o era 0 nos no plano etico, mas no ponto em que estamos, ao dever mostrar 0 Verbo. destino historico das nOlYoeseticas a partir de Platao, a referencia aristo- Se evoco isto, epara diferencia-Io do que digo, e 0 ponto de onde telica e certamente essencial. YOUpartir para enfrentar esse termo, 0 mais opaco, este nUeleo de nossa Acompanhando 0 que contem aEticaaNic6maco de passo decisivo 'L\;;\ e experiencia, que a transferencia. II na edificalYao de uma reflexao etica, edificil deixar dever que, se mantern ~Jt<)'o\\c- Entendo partir, quero partir, YOUtentar partir - comes:ando com ano~ao de Bern Supremo, ela altera profundamente 0seu sentido. Por urn todo 0mau jeito necessario - partir hoje disso: que Q termo no come£o ~xaoJnverso, vai faze.::lQ....c~oJlSisllrJla-kOlltrnlpla~s !9D,certamente, um outro sentido em analise. I!§trg~,isto e, da esfera !llais exterior dolDID1do.E ejustamente porque ,No come~o d~p-!<riencia analitica, vamos lembrar, foi 0 arnor. esta esfera, que era para Aristoteles urn existente absoluto, incriado, e Este come~o algo diferente da transparencia propria da enuncia~ao, que incoITuptivel, e para nos decisivamente volatilizada na pulverizalYao das dava seu sentido as formulas de agora ha pouco. Eum come~o espesso, galaxias, ultimo termode nossa investigalYao cosmologica, que se pode um come~o confuso. Eurn com~o, nao de cria~ao, mas de forma~ao. tomar a referencia aristotelica como ponto critico daquilo que esta na Logo chegarei ao ponto historico, onde nasce, do encontro de urn homem tradilYaoantiga da nOlYaode Bern Supremo. eurna mulher, deJoseph Breuer eAnna O.no caso inaugural dos "Studien Fomos sendo levados, por este passo, a ficar contra a parede, a iiber Hysterie", onde nasce aquilo que ja e a psicanalise, e que a propria parede sempre a mesma desde que urna reflexao etica tenta se elaborar. Anna batizou com 0 termo talking-cure, ou ainda limpeza de chamine, Era-nos preciso assumir ou nao algo de que a reflexao, 0 pensamento chimney sweeping. etico, nunca puderarn sedesembaras:ar, asaber, que soexistem born, good, Gute e prazer a partir do Bern. E restava-nos buscar 0 princlplO do freudiano. Eno seio daquilo que alguns devoces batizaram deentre-duas- Wholtat, do bem-estar, e 0que dele se infere permite dizer que talvez ele mortes -, termo muito exato para designar 0campo onde searticula como nao seja simplesmente a B.A., a boa a9ao, ainda que elevada itpotencia tal tudo 0que acontece no universo tra9ado por SOfocles, enao apenas na kantiana da maxima universal. aventura do Edipo rei - que se situa este fenomeno do qual creio poder Se devemos levar a serio a demincia freudiana da falacia das satis- dizer que introduzimos urn ponto de referencia na tradi9ao etica, na fa90es ditas morais, na medida em que ali se dissimula uma agressividade reflexiio sobre os motivos eas motiva90es do Bem. Este ponto de referen- que atua furtando itquele que a exerce 0 seu gozo, ao mesmo tempo em cia, designei-{) adequadamente como sendo 0 da beleza, na medida em que repercute sem cessar, sobre seus parceiros sociais, os seus maleficios que esta adorna, ou melhor, tern por fun9ao constituir a ultima barreira - 0 que e indicado por essas longas condicionais circunstanciais e antes doacesso a coisa ultima, Ii coisa mortal, nesse ponto em que a exatamente 0equivalente ao "Mal-estar na civiliza9ao" na obra de Freud. medita9ao freudiana veio fazer sua ultima admissao sob 0 termo pulsiio de morte. Deve-se uestionar atraves de ue meios 0 erar honestamente com os <jesejos. Isto e, como preservar_o desej~Q., a_rela ao do desej2....c0!ll Pe90-lhes perdiio por este longo desvio, que nao e mais que urn o ato? .0 desejo enco.nlIa comumente, no ate antes Q.se.!!...£olapsoque a breve resume no qual acreditei dever tra9ar aquilo que dissemos no ano passado. Essa digressiio era necessaria para recordar, na origem do que ~ua realiza9ao, ena melhor das hi oteses 0ate so a res~nta_a.odesej~a 'pr~eza, seu gesto heroico. Como preservar, digo, do desejo a es~, temos a dizer agora, aquilo em que nos detivemos relativamente Iifun9ao !!quilo a que se pode chamar de uma rda9ao simples, ou salubre? da beleza. Com efeito, nao precise evocar, para amaioria de voces, 0 que Deixemos de rodeios uanto ao significado de r[tilu~ no sentido constitui 0 termo "belo", "beleza", neste ponto de inflexao que chamei da experiencia freudiana ignifica livr , tiio livre quanto possivel dessa a Schwdrmerei platonica. infec9ao, que e, aos nossos olhos - mas nao somenle aos nossos olhos, Provisoriamente, a titulo de hipatese, vamos considerar que esta aos olhos desde sempre, desde que se abrem itreflexao etica - a bas constitui, no nivel de uma aventura senao psicologica, ao menos indivi- movedi9a de lodo estabelecimento social en uanto tal. -- dual, 0 efeito de urn luto que se pode bem dizer imortal, ja que esta na Isso Sllpoe; decerto, que a psicanalise, em seu proprio manual de propria origem de tudo 0que se articulou a partir dai, em nossa tradi9ao, opera90es, nao respeita este ponto cego, essa catarata inventada recente- sobre aideia de imortalldade - do luto imortal daquele que encamou esta e mente, essa praga moral, essa forma de cegueira constituida por uma certa aposta de sustentar sua questiio, que a propria questiio de todo falante, pratica do ponto de vista dito sociologico. Poderia lembrar aqui 0 que no ponto em que ele a recebeu, essa questiio, de seu proprio demonio, significou a meus olhos certo encontro recente com 0 resultado, vazio e segundo nossa formula, sob urna forma invertida. Estou falando de Socra- escandaloso ao mesmo tempo, desta pesquisa que pretende reduzir uma tes - Socrates posto, assim, na origem, vamos dize-Io sem demara, da experiencia como a do inconsciente itreferencia de dois, tres, ate mesmo mais longa transferencia - 0que daria aessa formula todo 0seu peso - quatro modelos sociologicos - mas minha irrita9ao, que foi grande, ja ja conhecida pela historia. passou, eyou deixar os autores de tais exercicios cairem nas arapucas que ~do..fazUos sentir Que0segredo de Socrates estara PQ.Ltrlis_de os quiserem recolher. !!!do 0 ue diremos este ano sobre a transferencia. Devo esclarecer que, falando nesses termos de sociologia, nao me refiro certamente ao nivel de medita9ao em.que se situa a reflexao de urn Levi-Strauss - consultem seu discurso inaugural no College de France - que se refere expressamente a uma medita9ao etica sobre a pratica e Este segredo, Socrates 0 confessou. Mas nao porque se 0confessa que social. A dupla referencia a uma norma cultural, por urn lado, mais ou urn segredo deixa de ser um segredo. Socrates pretende nada saber, senao menos miticamente situada no neolitico, e itmedita9ao politica de Rous- e saber reconh c~que 0amor, saber reconhecer infalivelmente, nos diz se·au, por outro lado, eali suficientemente indicativa. Mas deixemos isso, ele - passo ao testemunho dePlatiio, emespecial no Lisis, paragrafo 204 que nao nos interessa absolutamente aqui. c -,1all onde os encontra, QIUk-.es.tli0amante....!Londeesta 0amado. Vou recordar apenas que foi pelo vies da referencia propriamente Sao multiplos os casos dessa referencia de SOCratesao amor, e nos etica, constituida pela reflexao selvagem de Sade, que foi sobre os cami- reconduzem ao nosso ponto de partida, na rnedida em que pretendo hoje nhos insultuosos do gozo sadiano que lhes demonstrei urn dos acessos acentua-Io. De fato, por pudico ou inconveniente que seja 0veu mantido, possiveis it fronteira propriamente tragica na qual se situa 0 Oberland semidescartado, sobre 0 acidente inaugural que desviou 0 eminente Seria urn curioso denominador comurn entre Freud e Socrates, Breuer de dar toda uma continuidade a primeira experiencia, no entanto Socrates sobrl( 0 qual voces sabem que tambem tinha que lidar, em casa, sensacional, da talkingcure,ebem evidente que se tratava de uma historia com uma dona-de-casa nada comoda. A diferen9a entre os dois, para ser de amor. Que essa historia de amor nao tenha existido apenas pelo lado sensivel, seria a mesma que AristOfanes nos apresenta entre a vistosa da paciente tambem nao e duvidoso. lontra, de que nos mostrou 0 perfil, e urn perfil de doninha lisistratesca, Nao basta dizer, nos termos deliciosamente contidos que SaDos da qual devemos farejar, nas replicas de AristOfanes, 0poder de mordida. nossos, como faz 0 Sr. Jones em certa pagina de seu primeiro volume da Simples diferen9a de odor. biografia de Freud, que Breuer teria sido vitima do que se chama - diz Jli basta desse assunto. Penso que existe ai apenas urna referencia ele - uma contra-transferencia urn pouco acentuada. Eclaro que Breuer ocasional, e que este dado quanta a vida conjugal nao e de modo algum amou sua paciente. Nao precisamos de urna prova mais evidente disso do indispensavel, fiquem tranqililos, a boa conduta de voces. Devemos que aquela que, em casos semelhantes, e asaida bem burguesa, 0 retorno procurar mais longe 0misterio de que se trata. aurn fervor conjugal reanimado, aviagem urgente aVeneza, tendo mesmo /!.. difere~.a-de...Breuer, e qualquer que seja sua causa, a conduta :: como resultado 0 froto de uma nova garotinha acrescentada a familia, adotada orFreudfazdele 0senhor dotemivel pequeno deus. Ele escolhe, ~~~ sobre a qual, com muita tristeza, Jones nos indica que 0fim, muitos anos como Socrates servi-Io l2ara s~ir-=-se dele. Ai,~servir-se dele de .~. " depois, deveria se confundir com a catastrofica irruP9ao dos nazistas em Eros - ainda era preciso sublinha-Io - come9am ara nos os problemas. Viena. I~ Pois servir-se dele para que? Nao se deve ironizar sobre esses tipos de acidentes, a nao ser, E justamente nesse ponto que era preciso recordar-Ihes os pontos! ~ certaQlente, no tocante ao que podem apresentar de tipico quanto a urn 5 de referencia de nossa articula9ao do ana passado - ~rvir-se d~pJlra .~ .. certo estilo proprio as rela Oesditas bur uesas com 0amor. Eles revelam 7 a carencia, a necessidade de urn despertar dessa incuria do cora9ao que 9~~em? Sabemos que 0 dominio de Eros vai infinitamente mais longe i {0 \que qualquer campo que possa ser coberto pelo Bern. Pelo menos, tao hem se harmoniza com 0tipo deabnega9ao no qual se inscreve 0dever vamos partir dessa premissa, e e nisso que os problemas que a transfe- ~. burgues. J rencia nos coloca so fazem aqui come9ar. Essa, alias, e uma coisa '" Nao e isso 0 importante. Pouco importa que Breuer tenha resistido perpetuamente presente em meu espirito - e no de voces, na medida c<; • ou nao. 0 que devemos, antes, bendizer nesse momenta e 0 divorcio, ja em que e lingua gem corrente, discurso comum sobre a analise, dizer, ~ '" inscrito com mais de dez anos de antecedencia, entre Freud e ele. Isso se a respeito da transferencia ue nao se deve de nenhuma ma eira nem ~ '1. passa em 1882, serao necessarios dez anos para que aexperiencia de Freud preconcebida, nem ermanente colocar como nrimeiro termo do fim . atinja a obra dos Studien iiberHysterie escritos com Breuer, quinze anos para que Breuer e Freud se separem. Estli tudo ai. apequeno Eros, cuja de SllaJl9jo_o !>em p'retenso ou nao ~sJlli-l2aciente.,..!!ll!-s Qrecisamente £seu ero_s. [(malicia abateu 0 primeiro no auge de sua surpresa, obrigando-o a fugir, encontra seu senhor no segundo, Freud. E por que? Nao creio que deva deixar de recordar mais uma vez aqui, 0 que reline, no ponto maximo do escabroso, ainiciativa socratica eafreudiana, Eu poderia dizer - deixem que me divirta por urn instante - que e porque, para Freud, 0 caminho da retirada estava bloqueado. Esse aproximando suas saidas na duplicidade de termos desta expressao con- elemento pertence ao mesmo contexto daquele que conhecemos desde que densada:.£ocrates~ ~btm,_escolhe servH a Eros p~selY.ic~c-de1e., temos acesso asua correspondencia com anoiva, 0desses amores intran- servindo-se dele ao mesmo tempo. Isso 0levou muito longe, reparem: urn sigentes dos quais era sectario. Ele encontra mulheres ideais, que lhe muito longe que nos esfor9amos para camuflar fazendo urnpuro esimples respondem com modos de porco-espinho, Sie streben dagegen, como acidente daquilo que eu chamava ha pouco de base movedi9a da infec9ao ele escreve no sonho da inje9ao de Irma, no qual as alusoes a sua social. Mas acreditar nele nao sera fazer-lhe urna injusti9a, negar-lhe propria mulher nao sao evidentes, nem confessadas - elas saDsempre raziio? Acreditar que ele nao sabia perfeitamente que estava indo contra docontra. A Frau Professor aparece, em todo caso, como urn elemento a corrente de toda aquela ordem social, em meio Iiqual se inscrevia sua do objetivo permanente a nos confiado por Freud, de sua sede, e e pratica quotidiana? Nao era seu comportamento na verdade insensato, e ocasionalmente objeto dos deslumbramentos de Jones, que no entanto, escandaloso, mesmo levando-se em conta todo 0 merito com que mais a acreditar em minhas informa90es, sabia 0 que significa deixar correr tarde, a dev09ao de seus discipulos tentou revesti-Io, valorizando suas frouxo. faces heroicas? Eclaro que so puderam faze-lo deixando de registrar aquela que e uma caracteristica principal em Socrates, e que 0 proprio como agua da nascente, aintersubjetividade. Eu teintersubjetivo, tume Platao qualificou com um termo tornado celebre entre os que se aproxi- intersubjetiv;ls pela barbicha, e 0 primeiro que rir leva um tapa, e bem maram do problema de Socrates: sua~a ordem da cidade. merecido.1 No la~o social, as opini6es nao adquirem um lugar se nao sao Dizem: quem niio ve que Freud ignorou que nada ha aIem disso na comprovadas por tudo 0que assegure 0equilibrio da cidade, e apartir dai constante sadomasoquista? 0 narcisismo expllca tudo. E dirigem-se a Socrates nao apenas nao tem seu lugar nela, mas nao 0 tem em lugar mim. 0 senhor nao esteve quase aponto de sustentar isso? Epreciso dizer nenhum. 0 que ha de espantoso se uma a~ao, tao vigorosa em seu carMer que naquele tempo eu ja estava resistente a fun~ao de sua ferida, ao inclassificavel que ainda vibra, e tem seu lugar ate em nossos dias, 0que narcisismo, mas pouco importa. E me dirao tambem que meu Socrates ha de espantoso no fato de que ela tenha levado apena de morte? Isto e, intempestivo deveria mesmo ter retomado, tambem ele~a essa intersub- da forma mais clara, a morte real, infligida numa hora previamente jetividade. Em suma, so houve um erro, 0 de violar a marcha, pela qual escolhida, com 0 consentimento de todos, e para 0 hem de todos - e sempre convem nos orientar, das massas, que todos sabem que e preciso afinal, sem que os seculos pudessem jamais esclarecer se a san~ao era esperar para que se faya amenor altera~ao no terreno dajusti~a, pois elas justa ou injusta. Dai, aonde vai 0destino de Socrates? Um destino que nao chegarao la, necessariamente, amanha. Eis como e regido 0 espanto, e excessivo considerar - parece-me - nao como extraordinario, mas lan~ado na conta da falta. Os erros jamais passarao de erros judiciarios. como necessario. Isso, sem prejuizo de motiva~oes pessoais, do tipo que se possa Freud, por outro lado, nao e seguindo 0 rigor de seu percurso que constituir em mim pela necessidade, que sempre tenho, de exagerar, eque descobriu apulsao de morte? 0 que etambem algo de muito escandaloso, deve ser creditada a meu gosto por fazer bonito. Caimos de pe. Euma ainda que menos custoso, sem duvida alguma, para 0individuo. Sera essa tendencia perversa. Logo, minha sofistica pode ser superflua. Vamos uma verdadeira diferen~a? recome~ar, entao, a partir do A, e retomarei, ao desembarcar, a for~a Alogica formal repete ha seculos, nao sem raziio em sua insistencia, da litot~ para dar indica~oes, sem que voces fiquem nem um pouco que Socrates e mortal, e que deveria portanto morrer um dia. Mas nao e espantados. o fato de que Freud tenha morrido tranqiiilo em sua cama que nos importa aqui. Do que all se tra~ou, esforcei-me no ana passado para lhes mostrar a convergencia com a aspira~ao sadiana. Aideia da morte eterna deve ser aqui distinta da morte, na medida em que ela faz doproprio ser seu desvio, - sem que possamos saber se ha nisso senso ou nao-senso, e tambem da A intersubjetividade DaDseria aquilo que e 0 mais estranho ao encontro /,-,J ;:.,'" outra, asegunda, ados corpos, aqueles que acompanham sem compromis- analitico? Ali, basta que ela apare~a para que fujamos, certos de que e ..,~'" so Eros - Eros pelo qual os corpos se unem, para Platao, numa sOalma, ~itli-Ia. ~ experienc,ia .freudiana estanca desde Queela !2urge._E-.r?~"'';'' para Freud, sem alma nenhuma, mas mesmo assim num so - Eros flor~sce a~nas em sua ausencla. "'l . enquanto une unitivamente. o medico e 0 paciente, como se diz para nos, essa famosa rela~ao Decerto, podem me interromper neste ponto. Para onde os conduzo? da qual tanto se escarnece, irao se intersubjetivar em beneficio de um Este Eros, vao concordar comigo, e realmente 0 mesmo nos dois casos, deles? Talvez, mas pode-se dizer que nesse sentido ambos nao vao muito mesmo que nao nos agrade. Mas essas duas mortes, para que bater na longe. Ele me diz isso para me consolar, oupara me agradar, pensa um. mesma tecla do ana passado? Ainda esta pensando nisso? Para nos fazer Ele estd querendo me enrolar? pensa outro. Arela~ao pastor-pastora, ela atravessar 0 que? 0 rio que as separa. Estaremos na pulsao de morte, ou propria, se assim se estabelecer, estara se estabelecendo mal. Estli conde- na dialetica? Respondo-Ihes: sim. Sim, se uma levar aoutra para faze-Ios nada, se ficar nisso, anao levar anada. Enisso, justamente, que essas duas chegar ao espanto. rela~6es, mCdico-paciente, pastor-pastora, devem diferir a todo custo da Concordo, de bom grado, que me perco, que nao tenho que condu- negocia~ao diplomatica eda emboscada. zi-Ios aos ultimos impasses, que fazendo-o de saida irei espantli-Ios, seja o que se chama 0 paquer, 0 paquer da teoria, queira ou nao 0 Sr. nao 0 estiio, com Freud, senao com Socrates. Henri Lefebvre, nao deve ser procurado na obra do Sr. yon Neumann Sem duvida, esses proprios impasses, se nao quiserem se espantar como, no entanto, ele afirmou recentemente - 0 que faz com que, em com nada, vai-se provar avoces que sao simples de resolver. Basta que vista da minha henevolencia, eu so possa deduzir dai uma coisa: que ele tomem como ponto de partida algo simples como um "bom-dia", claro so conhece da teoria de yon Neumann 0titulo que figura no catlilogo das

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