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O Que é o Espiritismo – Allan Kardec PDF

121 Pages·2006·0.52 MB·Portuguese
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http://livroespirita.4shared.com/ A K LLAN ARDEC O que é o Espiritismo NOÇÕES ELEMENTARES DO MUNDO INVISÍVEL, PELAS MANIFESTAÇÕES DOS ESPÍRITOS, COM O RESUMO DOS PRINCÍPIOS DA DOUTRINA ESPÍ- RITA E RESPOSTA ÀS PRINCIPAIS OBJEÇÕES QUE PODEM SER APRESENTADAS. CONTENDO A BIOGRAFIA DE ALLAN KARDEC POR HENRI SAUSSE FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA Departamento Editorial e Gráfico Rua Souza Valente, 17 20941-040 – Rio de Janeiro-RJ – Brasil 2-3 Sumário Biografia de Allan Kardec...................................................9 Preâmbulo........................................................................ 53 CAPÍTULO I Pequena conferência espírita............................................. 57 Primeiro Diálogo — O Crítico ............................................ 57 Segundo Diálogo — O Céptico .......................................... 72 Espiritismo e Espiritualismo............................................ 73 Dissidências.................................................................... 76 Fenômenos espíritas simulados....................................... 78 Impotência dos detratores................................................ 80 O maravilhoso e o sobrenatural....................................... 82 Oposição da Ciência........................................................ 84 Falsas explicações dos fenômenos — Alucinação — Fluido magnético — Reflexo do pensamento — Superexcita- ção cerebral — Estado sonambúlico dos médiuns ....... 92 Não basta que os incrédulos vejam para que se convençam .... 96 Boa ou má vontade dos Espíritos para convencer............. 98 4-5 6 O QUE É O ESPIRITISMO SUMÁRIO 7 Origem das idéias espíritas modernas.............................. 99 Escolhos da mediunidade.............................................. 193 Meios de comunicação................................................... 104 Qualidades dos médiuns ............................................... 197 Médiuns interesseiros.................................................... 109 Charlatanismo .............................................................. 202 Identidade dos Espíritos ................................................ 203 Médiuns e feiticeiros...................................................... 115 Contradições ................................................................. 205 Diversidade dos Espíritos .............................................. 117 Conseqüências do Espiritismo....................................... 206 Utilidade prática das manifestações............................... 122 Loucura, suicídio e obsessão ......................................... 124 CAPÍTULO III Esquecimento do passado.............................................. 127 Elementos de convicção................................................. 131 Solução de alguns problemas pela Doutrina Espírita ........ 213 Sociedades espíritas ...................................................... 133 Pluralidade dos mundos ................................................ 213 Interdição do Espiritismo............................................... 135 Da alma ........................................................................ 215 Terceiro diálogo — O Padre............................................. 136 O homem durante a vida terrena................................... 217 O homem depois da morte............................................. 229 CAPÍTULO II Noções elementares de Espiritismo.................................. 167 Observações preliminares.............................................. 167 Dos Espíritos................................................................. 170 Comunicação com o mundo invisível ............................. 174 Fim providencial das manifestações espíritas................. 187 Dos médiuns................................................................. 188 6-7 Biografia de Allan Kardec* Minhas senhoras, meus senhores: Muitas pessoas que se interessam pelo Espiritismo ma- nifestam muitas vezes o pesar de não possuírem senão muito imperfeito conhecimento da biografia de Allan Kardec, e de não saberem onde encontrar, sobre aquele a quem chamamos Mestre, as informações que desejariam conhecer. Pois é para honrar Allan Kardec e festejar a sua memória que nos acha- mos hoje reunidos, e um mesmo sentimento de veneração e de reconhecimento faz vibrar todos os corações. Em respeito ao fundador da filosofia espírita, permiti-me, no intuito de tentar * Seu verdadeiro nome é Hippolyte Léon Denizard Rivail, conforme estu- do de autoria de Zêus Wantuil, inserto em Reformador de abril de 1963, pp. 95/6, intitulado “Kardec e seu nome civil”. — Nota da Editora. 8-9 10 O QUE É O ESPIRITISMO BIOGRAFIA DE ALLAN KARDEC 11 corresponder a tão legítimo desejo, que vos entretenha alguns Eis aqui a esse respeito um documento positivo e oficial: momentos com esse Mestre amado, cujos trabalhos são uni- “Aos 12 do vindemiário* do ano XIII, auto do nascimento versalmente conhecidos e apreciados, e cuja vida íntima e de Denizard Hippolyte-Léon Rivail, nascido ontem às 7 horas laboriosa existência são apenas conjeturadas. da noite, filho de Jean-Baptiste-Antoine Rivail, magistrado, Se fácil foi a todos os investigadores conscienciosos intei- juiz, e Jeanne Duhamel, sua esposa, residentes em Lião, rua rarem-se do alto valor e do grande alcance da obra de Allan Sala no 76. Kardec pela leitura atenta das suas produções, bem poucos “O sexo da criança foi reconhecido como masculino. puderam, pela ausência até hoje de elementos para isso, pene- trar na vida do homem íntimo e segui-lo passo a passo no “Testemunhas maiores: desempenho da sua tarefa, tão grande, tão gloriosa e tão bem “Syriaque-Frédéric Dittmar, diretor do estabelecimento preenchida. das águas minerais da rua Sala, e Jean-François Targe, mes- Não somente a biografia de Allan Kardec é pouco conhe- ma rua Sala, à requisição do médico Pierre Radamel, rua Saint- cida, senão que ainda está por ser escrita. A inveja e o ciúme -Dominique no 78. semearam sobre ela os mais evidentes erros, as mais grossei- “Feita a leitura, as testemunhas assinaram, assim como ras e as mais impudentes calúnias. o Maire da região do Sul. Vou, portanto, esforçar-me por mostrar-vos, com luz mais “O presidente do Tribunal, verdadeira, o grande iniciador de quem nos desvanecemos de ser discípulos. (assinado): Mathiou.” Todos sabeis que a nossa cidade se pode honrar, a justo título, de ter visto nascer entre seus muros esse pensador tão O futuro fundador do Espiritismo recebeu desde o berço arrojado quão metódico, esse filósofo sábio, clarividente e pro- um nome querido e respeitado e todo um passado de virtudes, fundo, esse trabalhador obstinado cujo labor sacudiu o edifí- de honra, de probidade; grande número dos seus antepassa- cio religioso do Velho Mundo e preparou os novos fundamen- dos se tinham distinguido na advocacia e na magistratura, tos que deveriam servir de base à evolução e à renovação da por seu talento, saber e escrupulosa probidade. Parecia que nossa sociedade caduca, impelindo-a para um ideal mais são, o jovem Rivail devia sonhar, também ele, com os louros e as mais elevado, para um adiantamento intelectual e moral glórias da sua família. Assim, porém, não foi, porque, desde o seguros. começo da sua juventude, ele se sentiu atraído para as ciên- Foi, com efeito, em Lião, que, a 3 de outubro de 1804, cias e para a filosofia. nasceu de antiga família lionesa, com o nome de Rivail, aquele que devia mais tarde ilustrar o nome de Allan Kardec e con- quistar para ele tantos títulos à nossa profunda simpatia, ao nosso filial reconhecimento. * Veja-se Reformador de abril de 1947, pág. 85. 10-11 12 O QUE É O ESPIRITISMO BIOGRAFIA DE ALLAN KARDEC 13 Rivail Denizard fez em Lião os seus primeiros estudos e -se notar pelo Sr. Rivail, em quem adivinhou, sob a franca e completou em seguida a sua bagagem escolar, em Yverdun comunicativa alegria do homem amável, o pensador sábio (Suíça), com o célebre professor Pestalozzi, de quem cedo se e profundo, que aliava grande dignidade à mais esmerada tornou um dos mais eminentes discípulos, colaborador inteli- urbanidade. gente e dedicado. Aplicou-se, de todo o coração, à propaganda O registro civil nos informa que: do sistema de educação que exerceu tão grande influência sobre a reforma dos estudos na França e na Alemanha. Muitíssimas “Amélie-Gabrielle Boudet, filha de Julien-Louis Boudet, vezes, quando Pestalozzi era chamado pelos governos, um proprietário e antigo tabelião, e de Julie-Louise Seigneat de pouco de todos os lados, para fundar institutos semelhantes Lacombe, nasceu em Thiais (Sena), aos 2 do Frimário do ano ao de Yverdun, confiava a Denizard Rivail o encargo de o subs- IV (23 de novembro de 1795).” tituir na direção da sua escola. O discípulo tornado mestre A senhorita Amélia Boudet tinha, pois, mais nove anos tinha, além de tudo, com os mais legítimos direitos, a capaci- que o Sr. Rivail, mas na aparência dir-se-ia ter menos dez que dade requerida para dar boa conta da tarefa que lhe era con- ele, quando, em 6 de fevereiro de 1832, se firmou em Paris o fiada. Era bacharel em letras e em ciências e doutor em medi- contrato de casamento de Hippolyte-Léon-Denizard Rivail, di- cina, tendo feito todos os estudos médicos e defendido retor do Instituto Técnico à rua de Sèvres (Método de Pestalozzi), brilhantemente sua tese*. Lingüista insigne, conhecia a fundo filho de Jean-Baptiste Antoine e senhora, Jeanne Duhamel, e falava corretamente o alemão, o inglês, o italiano e o residentes em Château-du-Loir, com Amélie-Gabrielle Boudet, espanhol; conhecia também o holandês, e podia facilmente filha de Julien-Louis e senhora Julie-Louise Seigneat de exprimir-se nesta língua. Lacombe, residentes em Paris, 35 rua de Sèvres. Denizard Rivail era um alto e belo rapaz, de maneiras O sócio do Sr. Rivail tinha a paixão do jogo; arruinou o distintas, humor jovial na intimidade, bom e obsequioso. Ten- sobrinho, perdendo grossas somas em Spa e em Aix-la- do-o a conscrição incluído para o serviço militar, ele obteve -Chapelle. O Sr. Rivail requereu a liquidação do Instituto, de isenção e, dois anos depois, veio fundar em Paris, à rua de cuja partilha couberam 45.000 francos a cada um deles. Essa Sèvres no 35, um estabelecimento semelhante ao de Yverdun. soma foi colocada pelo Sr. e Sra. Rivail em casa de um dos Para essa empresa se associara a um dos seus tios, irmão de seus amigos íntimos, negociante, que fez maus negócios e cuja sua mãe, o qual era seu sócio capitalista. falência nada deixou aos credores. No mundo das letras e do ensino, que freqüentava em Longe de desanimar com esse duplo revés, o Sr. e Sra. Paris, Denizard Rivail encontrou a senhorita Amélia Boudet, Rivail lançaram-se corajosamente ao trabalho. Ele encontrou professora com diploma de 1a classe. Pequena, mas bem pro- e pôde encarregar-se da contabilidade de três casas, que lhe porcionada, gentil e graciosa, rica por seus pais e filha única, produziam cerca de 7.000 francos por ano; e, terminado o seu inteligente e viva, ela soube por seu sorriso e predicados fazer- dia, esse trabalhador infatigável escrevia à noite, ao serão, gramáticas, aritméticas, livros para estudos pedagógicos su- * Ver Reformador de março de 1958, pág. 67. periores; traduzia obras inglesas e alemãs e preparava todos 12-13 14 O QUE É O ESPIRITISMO BIOGRAFIA DE ALLAN KARDEC 15 os cursos de Levy-Alvarès, freqüentados por discípulos de far. Seu nome era conhecido e respeitado, seus trabalhos jus- ambos os sexos do faubourg Saint-Germain. Organizou tam- tamente apreciados, muito antes que ele imortalizasse o nome bém em sua casa, à rua de Sèvres, cursos gratuitos de quími- de Allan Kardec. ca, física, astronomia e anatomia comparada, de 1835 a 1840, Prosseguindo em sua carreira pedagógica, o Sr. Rivail po- e que eram muito freqüentados. deria viver feliz, honrado e tranqüilo, estando a sua fortuna Membro de várias sociedades sábias, notadamente da reconstruída pelo trabalho perseverante e pelo brilhante êxito Academia real d’Arras, foi premiado, por concurso, em 1831, que lhe havia coroado os esforços; mas a sua missão o chama- pela apresentação da sua notável memória: Qual o sistema de va a uma tarefa mais onerosa, a uma obra maior, e, como estudo mais em harmonia com as necessidades da época? teremos muitas vezes ocasião de o evidenciar, ele sempre se mostrou à altura da missão gloriosa que lhe estava reservada. Dentre as suas numerosas obras convém citar, por or- Seus pendores, suas aspirações, tê-lo-iam impelido para o dem cronológica: Plano apresentado para o melhoramento da misticismo, mas a educação, o juízo reto, a observação metó- instrução pública, em 1828; em 1829*, segundo o método de dica, conservaram-no igualmente ao abrigo dos entusiasmos Pestalozzi, ele publicou, para uso das mães de família e dos desarrazoados e das negações não justificadas. professores, o Curso prático e teórico de aritmética; em 1831 fez aparecer a Gramática francesa clássica; em 1846 o Manual dos Foi em 1854 que o Sr. Rivail ouviu pela primeira vez falar exames para obtenção dos diplomas de capacidade, soluções nas mesas girantes, a princípio do Sr. Fortier, magnetizador, racionais das questões e problemas de aritmética e geometria; com o qual mantinha relações, em razão dos seus estudos em 1848 foi publicado o Catecismo gramatical da língua fran- sobre o Magnetismo. O Sr. Fortier lhe disse um dia: “Eis aqui cesa; finalmente, em 1849, encontramos o Sr. Rivail professor uma coisa que é bem mais extraordinária: não somente se faz no Liceu Polimático, regendo as cadeiras de Fisiologia, Astro- girar uma mesa, magnetizando-a, mas também se pode fazê- nomia, Química e Física. Em uma obra muito apreciada resu- -la falar. Interroga-se, e ela responde.” me seus cursos, e depois publica: Ditados normais dos exames — Isso, replicou o Sr. Rivail, é uma outra questão; eu na Municipalidade e na Sorbona; Ditados especiais sobre as acreditarei quando vir e quando me tiverem provado que uma dificuldades ortográficas. mesa tem cérebro para pensar, nervos para sentir, e que se Tendo sido essas diversas obras adotadas pela Universi- pode tornar sonâmbula. Até lá, permita-me que não veja nis- dade de França, e vendendo-se abundantemente, pôde o Sr. so senão uma fábula para provocar o sono. Rivail conseguir, graças a elas e ao seu assíduo trabalho, uma Tal era a princípio o estado de espírito do Sr. Rivail, tal o modesta abastança. Como se pode julgar por esta muito rápi- encontraremos muitas vezes, não negando coisa alguma por da exposição, o Sr. Rivail estava admiravelmente preparado parti pris, mas pedindo provas e querendo ver e observar para para a rude tarefa que ia ter que desempenhar e fazer triun- crer; tais nos devemos mostrar sempre no estudo tão atraente das manifestações do Além. * Houve engano dos biógrafos. Não foi em 1829, mas em 1824. Ver (cid:127) Reformador de 1952, págs. 77 e 79. — Nota da Editora. Sem título-1 14-15 14/2/2006, 08:39 16 PEQUENA CONFERÊNCIA ESPÍRITA CAPÍTULO I 17 Até agora, não vos falei senão do Sr. Rivail, professor Carlotti, mas noutro tom. O Sr. Pâtier era funcionário público, emérito, autor pedagógico de renome. Nessa época, porém, da de certa idade, homem muito instruído, de caráter grave, frio e sua vida, de 1854 a 1856, um novo horizonte se rasga para calmo; sua linguagem pausada, isenta de todo entusiasmo, esse pensador profundo, para esse sagaz observador. Então produziu-me viva impressão, e, quando ele me convidou para o nome de Rivail se obumbra, para ceder o lugar ao de Allan assistir às experiências que se realizavam em casa da Sra. Kardec, que a fama levará a todos os cantos do globo, Plainemaison, rua Grange-Batelière no 18, aceitei com solici- que todos os ecos repetirão e que todos os nossos corações tude. A entrevista foi marcada para a terça-feira* de maio, às idolatram. 8 horas da noite. Eis aqui como Allan Kardec nos revela as suas dúvidas, “Foi aí, pela primeira vez, que testemunhei o fenômeno as suas hesitações e também a sua primeira iniciação: das mesas girantes, que saltavam e corriam, e isso em condições tais que a dúvida não era possível. “Eu me encontrava, pois, no ciclo de um fato inexplicado, contrário, na aparência, às leis da Natureza e que minha ra- “Aí vi também alguns ensaios muito imperfeitos de escri- zão repelia. Nada tinha ainda visto nem observado; as expe- ta mediúnica em uma ardósia com o auxílio de uma cesta. riências feitas em presença de pessoas honradas e dignas de Minhas idéias estavam longe de se haver modificado, mas fé me firmavam na possibilidade do efeito puramente mate- naquilo havia um fato que devia ter uma causa. Entrevi, sob rial; mas a idéia, de uma mesa falante, não me entrava ainda essas aparentes futilidades e a espécie de divertimento que no cérebro. com esses fenômenos se fazia, alguma coisa de sério e como “No ano seguinte — era no começo de 1855 — encontrei que a revelação de uma nova lei, que a mim mesmo prometi o Sr. Carlotti, um amigo de há vinte e cinco anos, que discor- aprofundar. reu acerca desses fenômenos durante mais de uma hora, com “A ocasião se me ofereceu e pude observar mais atenta- o entusiasmo que ele punha em todas as idéias novas. O Sr. mente do que tinha podido fazer. Em um dos serões da Sra. Carlotti era corso de origem, de natureza ardente e enérgica; Plainemaison, fiz conhecimento com a família Baudin, que eu tinha sempre distinguido nele as qualidades que caracteri- morava então à rua Rochechouart. O Sr. Baudin fez-me zam uma grande e bela alma, mas desconfiava da sua oferecimento no sentido de assistir às sessões hebdomadárias exaltação. Ele foi o primeiro a falar-me da intervenção dos que se efetuavam em sua casa, e às quais eu fui, desde esse Espíritos, e contou-me tantas coisas surpreendentes que, longe momento, muito assíduo. de me convencerem, aumentaram as minhas dúvidas. — Você um dia será dos nossos — disse-me ele. — Não digo que não, “Foi aí que fiz os meus primeiros estudos sérios em Espi- respondi-lhe eu —; veremos isso mais tarde. ritismo, menos ainda por efeito de revelações que por observa- ção. Apliquei a essa nova ciência, como até então o tinha feito, “Daí a algum tempo, pelo mês de maio de 1855, estive, em casa da sonâmbula Sra. Roger, com o Sr. Fortier, seu magnetizador. Lá encontrei o Sr. Pâtier e a Sra. Plainemaison, * Esta data ficou em branco no manuscrito de Allan Kardec. — Nota do que me falaram desses fenômenos no mesmo sentido que o Sr. Autor. Sem título-1 16-17 14/2/2006, 08:39 18 O QUE É O ESPIRITISMO BIOGRAFIA DE ALLAN KARDEC 19 o método da experimentação; nunca formulei teorias precon- os habitantes de todas as classes e condições, podendo cada cebidas; observava atentamente, comparava, deduzia as con- qual nos ensinar alguma coisa e nenhum deles podendo, indi- seqüências; dos efeitos procurava remontar às causas pela vidualmente, ensinar-nos tudo. Cumpre ao observador for- dedução, pelo encadeamento lógico dos fatos, não admitindo mar o conjunto, com o auxílio dos documentos recolhidos de como válida uma explicação, senão quando ela podia resolver diferentes lados, colecionados, coordenados e confrontados todas as dificuldades da questão. Foi assim que sempre pro- entre si. Eu, pois, agi com os Espíritos como o teria feito com cedi em meus trabalhos anteriores, desde a idade de quinze a os homens: eles foram, para mim, desde o menor até o mais dezesseis anos. Compreendi, desde o princípio, a gravidade da elevado, meios de colher informações e não reveladores exploração que ia empreender. Entrevi nesses fenômenos a predestinados.” chave do problema tão obscuro e tão controvertido do passado A estas informações, colhidas nas Obras Póstumas de e do futuro, a solução do que havia procurado toda a minha Allan Kardec, convém acrescentar que a princípio o Sr. Rivail, vida; era, em uma palavra, uma completa revolução nas idéias longe de ser um entusiasta dessas manifestações e absorvido e nas crenças; preciso, portanto, se fazia agir com circunspe- por outras preocupações, esteve a ponto de as abandonar, o ção e não levianamente, ser positivista e não idealista, para que talvez tivesse feito se não fossem as instantes solicitações me não deixar arrastar pelas ilusões. dos Srs. Carlotti, René Taillandier, membro da Academia das “Um dos primeiros resultados das minhas observações Ciências, Tiedeman-Manthèse, Sardou, pai e filho, e Didier, foi que os Espíritos, não sendo senão as almas dos homens, editor, que acompanhavam havia cinco anos o estudo desses não tinham nem a soberana sabedoria, nem a soberana ciên- fenômenos e tinham reunido cinqüenta cadernos de comunica- cia; que o seu saber era limitado ao grau do seu adiantamen- ções diversas, que não conseguiam pôr em ordem. Conhecen- to, e que a sua opinião não tinha senão o valor de uma opinião do as vastas e raras aptidões de síntese do Sr. Rivail, esses pessoal. Esta verdade, reconhecida desde o começo, evitou-me senhores lhe enviaram os cadernos, pedindo-lhe que deles o grave escolho de crer na sua infalibilidade e preservou-me tomasse conhecimento e os pusesse em termos —, os arran- de formular teorias prematuras sobre a opinião de um só ou jasse. Este trabalho era árduo e exigia muito tempo, em virtu- de alguns. de das lacunas e obscuridades dessas comunicações; e o sá- bio enciclopedista recusava-se a essa tarefa enfadonha e “Só o fato da comunicação com os Espíritos, o que quer absorvente, em razão de outros trabalhos. que eles pudessem dizer, provava a existência de um mundo invisível ambiente; era já um ponto capital, um imenso campo Uma noite, seu Espírito protetor, Z., deu-lhe, por um mé- franqueado às nossas explorações, a chave de uma multidão dium, uma comunicação toda pessoal, na qual lhe dizia, entre de fenômenos inexplicados. O segundo ponto, não menos im- outras coisas, tê-lo conhecido em uma precedente existência, portante, era conhecer o estado desse mundo e seus costu- quando, ao tempo dos Druidas, viviam juntos nas Gálias. Ele mes, se assim nos podemos exprimir. Cedo, observei que cada se chamava, então, Allan Kardec, e, como a amizade que lhe Espírito, em razão de sua posição pessoal e de seus conheci- havia votado só fazia aumentar, prometia-lhe esse Espírito mentos, desvendava-me uma fase desse mundo, exatamente secundá-lo na tarefa muito importante a que ele era chama- como se chega a conhecer o estado de um país interrogando do, e que facilmente levaria a termo. Sem título-1 18-19 14/2/2006, 08:39

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far. Seu nome era conhecido e respeitado, seus trabalhos jus- tamente apreciados, muito antes que ele imortalizasse o nome de Allan Kardec Allan Kardec, convém acrescentar que a princípio o Sr. Rivail, longe de ser um ces, nos contos fantásticos de almas do outro mundo e no tea- tro que
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