Sergio Roclaw Basbaum O primado da percepção e suas conseqüências no ambiente midiático Tese apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade Cató- lica de São Paulo, como exigência parcial para obtenção do título de Dou- tor em Comunicação e Semiótica – Signo e significação nas mídias, sob orientação do Prof. Doutor. Sérgio Bairon Programa de Estudos Pós-Graduados em Comunicação e Semiótica PUC/SP São Paulo, 2005 Resumo A pesquisa visa examinar aspectos da comunicação contemporâ- nea pelo viés da percepção. Trata-se de uma hipótese que emerge em au- tores tão distintos como Walter Benjamin, Marshall McLuhan e Vilém Flusser, que atribuem grande importância à mediação tecnológica nos modos de perceber o mundo e formalizar o conhecimento. Procura-se verificar em que medida a onipresença da mediação digital - da ordena- ção do poder aos afetos privados - têm dado origem a modos específicos de perceber, significar o mundo e formalizar a experiência. Inquire-se portanto, pela natureza de uma percepção digital nas sociedades contempo- râneas. Para tanto, examina-se a natureza da experiência perceptiva, a partir de Merleau-Ponty - que a define como berço do sentido da experi- ência vivida -, e das pesquisas contemporâneas da antropologia dos sen- tidos (Classen; Howes), que permitem superar o conceito de ponto de vista - que marca a primazia da visão na modernidade - pelo de ponto de experi- ência: o modo como uma cultura percebe e significa o mundo. Em segui- da, examina-se o caráter tecnológico da mediação no Ocidente contempo- râneo, tomando por base Martin Heidegger, Vilém Flusser, Marshall McLuhan e Walter Benjamin. Procedendo a um inventário de manifesta- ções culturais tão distintas como chats, redes, games, VJs, e a arte contem- porânea, conclui-se que a mediação digital tem determinado um novo ponto-de-experiência, característico de uma cultura digital (Gere), em que a visão se integra de modo mais equilibrado aos demais sentidos, intensi- ficando os estímulos sensoriais e alterando noções de tempo e espaço, se- gundo, porém, uma estrutura subliminar inerente à precisão e à eficiên- cia tecnológicas. PALAVRAS CHAVE: comunicação, percepção, tecnologia, experi- ência, sinestesia, cultura digital. Abstract The goal of this research is to examine aspects of contemporary comunication from a perceptual approach. This hipothesis emerges from authors as distincts as Walter Benjamin, Marshall McLuhan and Vilém Flusser, all of which ascribe large importance to technological mediation in the ways we perceive the world and formalize knowledge. We search to verify by which measure the ubiquity of digital mediation - from the ordering of power to private affections - has given origin to specifical ways by which we perceive, signify and formalize our experience. We inquire, therefore, about the nature of a digital perception in contemporary societ- ies. To achieve this, we examine the nature of perception, through the work of Merleu-Ponty, who defines it as the source of the meaning of lived ex- perience, and through the contemporary work of the anthropology of the senses (Classen; Howes) which allow us to overcome the concept of point of view - which defines the primacy of vision in Modern Age -, through the concept of point of experience: the way by which a culture perceives and as- cribe meaning to the world. Next, we examine the technological character of contemporary Western mediation, taking as a ground the works of Mar- tin Heidegger, Flusser, McLuhan and Benjamin. By making an inventory of cultural manifestations as distinct as chats, networks, games, VJs and contemporary artworks, we conclude that digital mediation has deter- mined a new point-of-experience, in which vision has been integrated to other senses in a more balanced form, intensifying sensorial stimuly, altering notions of space and time, ruled, however, by a subliminar struc- ture inherent to technological efficiency and precision. KEYWORDS: communication, perception, technology, experience, synesthesia, digital culture. Sumário Resumo 5 Abstract 6 Agradecimentos 11 Introdução 13 Capítulo I Os sentidos e o sentido da experiência 25 Capítulo II Do ponto de vista ao ponto de experiência 63 Capítulo III Mundo sem ruído: A utopia digital 121 Capítulo IV Da invenção da paisagem ao labirinto de espelhos 175 Capítulo V O primado da percepção digital 217 Conclusão Deus não joga dados 279 Bibliografia 289 Para Tereza e Luiza; Aos amigos – vivos ou mortos; próximos ou distantes.
Description: