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O povo em armas PDF

148 Pages·2013·1.09 MB·Portuguese
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1 O povo em armas 2 O pOvO em armas 3 Nu Núcleo de JOrge mattar villela Antropologia A P da Política Quinta da Boa Vista s/nº – São Cristóvão – Rio de Janeiro – RJ – CEP 20940-040 Tel.: (21) 2568 9642 Fax: (21) 2254 6695 – E-mail: [email protected] Publicação realizada com recursos do PRONEX/CNPq; Ministério da Ciência e Tecnologia; Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico; Programa de Apoio a Núcleos de Excelência A coleção Antropologia da Política é coordenada por Moacir G. S. Palmeira, Mariza G. S. Peirano, César Barreira e José Sergio Leite Lopes e apresenta as seguintes publicações: 1 - A HONRA DA POLÍTICA – Decoro parlamentar e cassação de mandato no Congresso Nacional (1949- 1994), de Carla Teixeira 2 - CHUVA DE PAPÉIS – Ritos e símbolos de campanhas eleitorais no Brasil, de Irlys Barreira 3 - CRIMES POR ENCOMENDA – Violência e pistolagem no cenário brasileiro, de César Barreira 4 - EM NOME DAS “BASES” – Política, favor e dependência pessoal, de Marcos Otávio Bezerra 5 - FAZENDO A LUTA – Sociabilidade, falas e rituais na construção de organizações camponesas, de John Cunha Comerford O povo em armas 6 - CARISMA, SOCIEDADE E POLÍTICA – Novas linguagens do religioso e do político, de Julia Miranda 7 - ALGUMA ANTROPOLOGIA, de Marcio Goldman 8 - ELEIÇÕES E REPRESENTAÇÃO NO RIO DE JANEIRO, de Karina Kuschnir 9 - A MARCHA NACIONAL DOS SEM-TERRA – Um estudo sobre a fabricação do social, de Christine de Violência e política no sertão Alencar Chaves de Pernambuco 10 - MULHERES QUE MATAM – Universo imaginário do crime no feminino, de Rosemary de Oliveira Almeida 11 - EM NOME DE QUEM? – Recursos sociais no recrutamento de elites políticas, de Odaci Luiz Coradini 12 - O DITO E O FEITO – Ensaios de antropologia dos rituais, de Mariza Peirano 13 - NO BICO DA CEGONHA – Histórias de adoção e da adoção internacional no Brasil, de Domingos Abreu 14 - DIREITO LEGAL E INSULTO MORAL – Dilemas da cidadania no Brasil, Quebec e EUA, de Luís R. Cardoso de Oliveira 15 - OS FILHOS DO ESTADO – Auto-imagem e disciplina na formação dos oficiais da Polícia Militar do Ceará, de Leonardo Damasceno de Sá 16 - OLIVEIRA VIANNA – De Saquarema à Alameda São Boaventura, 41 - Niterói. O autor, os livros, a obra, de Luiz de Castro Faria 17 - INTRIGAS E QUESTÕES – Vingança de família e tramas sociais no sertão de Pernambuco, de Ana Claudia Marques 18 - GESTAR E GERIR – Estudos para uma antropologia da administração pública no Brasil, de Antonio Carlos de Souza Lima 19 - FESTAS DA POLÍTICA – Uma etnografia da modernidade no sertão (Buritis/MG), de Christine de Alencar Chaves 20 - ECOS DA VIOLêNCIA – Narrativas e relação de poder no Nordeste canavieiro, de Geovani Jacó de Freitas 21 - TEMPO DE BRASÍLIA – Etnografando lugares-eventos da política, de Antonádia Borges 22 - COMO UMA FAMÍLIA – Sociabilidade, territórios de parentesco e sindicalismo rural, de John Cunha Comerford 23 - O CLUBE DAS NAÇÕES – A missão do Brasil na ONU e o mundo da diplomacia parlamentar, de Paulo de Góes Filho 24 - POLÍTICA NO BRASIL – Visões de antropólogos, de Moacir Palmeira e César Barreira 25 - AS (DIFUSAS) FRONTEIRAS ENTRE A POLÍTICA E O MERCADO – Um estudo antropológico sobre marketing político, seus agentes, práticas e representações, de Gabriela Scotto 26 - ESPAÇOS E TEMPOS DA POLÍTICA, de Carla Costa Teixeira e Christine de Alencar Chaves 27 - A POBREZA NO PARAÍSO TROPICAL – Interpretações e discursos sobre o Brasil, de Marcia Anita Sprandel 28 - O POVO EM ARMAS – Violência e política no sertão de Pernambuco, de Jorge Mattar Villela 29 - A AMBIENTALIZAÇÃO DOS CONFLITOS SOCIAIS – Participação e controle público da poluição industrial, de José Sergio Leite Lopes Rio de Janeiro 2004 4 O pOvO em armas 5 © Copyright 2004, Jorge Mattar Villela agradecimentOs Direitos cedidos para esta edição à Dumará DistribuiDora De Publicações ltDa. Rua Nova Jerusalém, 345 – Bonsucesso CEP 21042-235 – Rio de Janeiro, RJ Tel. (21)2564-6869 (PABX) – Fax (21)2560-1183 E-mail: [email protected] Revisão Mariflor Rocha Editoração Dilmo Milheiros Montar uma lista de nomes para prestar-lhes uma pequena homenagem ao cabo de um trabalho para o qual muitos deles contribuíram de forma inestimável sempre Capa me pareceu um ato desproporcional. Portanto, quero apenas enfatizar para os que Simone Villas-Boas tanto auxiliaram para a realização deste livro, para aqueles que saíram de seus caminhos para possibilitar sua passagem, que não há, em qualquer hipótese, modo de agradecer suficientemente o que fizeram por mim. Apoio Meu doutorado foi viabilizado materialmente por uma bolsa concedida pelo CNPq. O trabalho de campo não teria sido realizado sem o apoio do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social (PPGAS) do Museu Nacional e do Núcleo de Antropologia da Política (NuAP), ao qual devo também a publicação deste livro e a confecção da tese da qual é uma compilação. Sem essas fontes, este trabalho não teria se realizado. Recorri ao Museu Nacional para o doutorado a conselho do professor Helio R. R. Silva e guiado para a orientação do professor CIP-Brasil. Catalogação-na-fonte. Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ. Marcio Goldman pelo professor Otávio Velho. No PPGAS, contei sempre com a disponibilidade dos funcionários, especialmente da Cristina e da Carla, aos quais V78p Villela, Jorge Mattar O povo em armas : violência e política no sertão de Pernambuco / Jorge agradeço por sua boa vontade e competência exemplares. Mas também da Emília Mattar Villela. – Rio de Janeiro : Relume Dumará : Núcleo de Antropologia Wien, ex-secretária do NuAP. Agradeço também a todos os professores e alunos da Política/UFRJ, 2004 do PPGAS com quem tive contato, fiz cursos, a quem pude falar e de quem pude . – (Coleção Antropologia da política ; 28) ouvir a respeito de suas idéias e projetos, especialmente àqueles mais próximos, Inclui bibliografia meus amigos, como Fernando Rabossi, organizador dos encontros das sextas-feiras, ISBN 85-7316-363-1 Ana Claudia Cruz e Antonio Rafael, não apenas pelo bom encontro que foram na 1. Pernambuco – Condições sociais. 2. Pernambuco – Condições minha vida, mas por sua capacidade intelectual; assim como Marcela Coelho de rurais. 3. Violência – Pernambuco – História. 4. Movimentos sociais – Per- Souza pela amizade, pelos bons momentos de Manu e Heloisa, pelos petits boulots nambuco – História. 5. Antropologia política – Pernambuco. I. Universidade e pelo abstract. A todos eles agradeço também por, sem nenhuma obrigação profis- Federal do Rio de Janeiro. Núcleo de Antropologia da Política. II. Título. III. Série. sional, me ouvirem falar sobre a minha pesquisa. Entre os professores, destacaria aqueles pertencentes ao Núcleo de Antropologia da Política (NuAP), especialmente 04-1990 CDD 981.34 o professor Moacir Palmeira por emprestar seu brilho, conhecimento e clareza de CDU 94(813.4) idéias pela época dos projetos qualificação de tese de cuja banca fez parte, ao lado Todos os direitos reservados. A reprodução não-autorizada do professor Eduardo Viveiros de Castro, a quem essas palavras cabem igualmen- desta publicação, por qualquer meio, seja ela total ou parcial, constitui violação da Lei nº 5.988. te. Tive o privilégio de ter sido orientando do professor Marcio Goldman, de ter 6 O pOvO em armas 7 s umáriO sido aluno de seus cursos. Apenas saber de sua existência no ambiente acadêmico é uma enorme alegria. Dispensável dizer o quanto esta tese deve a seu brilho, sua liberdade e ousadia de pensamento. Durante o período de pesquisa, adquiri inúmeras e infinitas dívidas. Em Recife, junto a Hildo Rosa, o mais dedicado e competente arquivista que jamais conheci; junto a Frederico Pernambucano de Mello, pelo acesso à Fundaj, pelas cartas de recomendação do presidente da AMEPE e pela acolhida simpática e generosa em sua adorável residência. No sertão, o número de pessoas a quem devo é demasiado elevado para serem todas nomeadas aqui. Entre elas, não poderia deixar de agradecer aos juízes e demais serventuários da Justiça das três comarcas em que trabalhei, por me deixarem tão à vontade durante o trabalho; ao dr. João Antas Florentino aPresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 por me ter franqueado sua biblioteca e me presenteado com livros que eu jamais poderia adquirir por minha conta; a seu irmão, dr. Quincas, que me socorreu na introDução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17 hora de uma desesperadora crise renal; ao dr. Assis Timóteo, por ter sempre abertas para mim as portas de seu adorável sítio, por ter me conduzido pela mão na difícil Parte I – as fontes escritas oficiais locais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37 entrada do arquivo de Serra Talhada; a d. Natércia e seu João Flor, pela simpatia, Apresentação das condições de pesquisa: os documentos, o arquivo . . . . . . . 39 pelos empréstimos da D20 que tanto auxiliaram em difíceis viagens pelas duras estradas sertanejas. Leonardo Gominho me cedeu gentilmente algumas das cartas caPítulo 1 de sua preciosa coleção. Luiz Andrelino dispensou-me horas de seu tempo em con- Correspondências e relatórios de delegados municipais: versas sobre o passado da família e de Serra Talhada. Geraldo de Biinha, um dos o povo em armas como ameaça e proteção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45 melhores colaboradores de pesquisa que um antropólogo pode desejar em campo, 1.1. O relatório de Souza Leão – 1928 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45 levou-me a lugares onde sozinho eu jamais poderia chegar. 1.2. O relatório do delegado regional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52 Mas há três grupos de pessoas que merecem um parágrafo à parte. Dois são da fazenda Ema, embora já não residam lá. Um deles é a casa do Açude Novo: caPítulo 2 seu Gregório, d. Dodô e seus filhos; d. Dulce e seus filhos. O outro é a casa do Correspondências dos delegados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63 Jericó, pessoas cuja generosidade é sem par: d. Ernesta, d. Bezinha e seus irmãos. Os microgrupos de base familiar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86 O terceiro é de Floresta, da fazenda Pocinhos: Nilda, suas irmãs e mãe. Devo a essas pessoas, em primeiro lugar, o privilégio de as ter conhecido e, em segundo, caPítulo 3 a possibilidade de ter penetrado num mundo próprio que não é o meu. Não há, Correspondência de juízes de direito e municipais para chefes portanto, meios disponíveis para um justo agradecimento. de polícia e secretários gerais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101 No ambiente familiar, agradeço a minha mãe, d. Léa, a minha irmã Eliane e a 3.1. Júri popular e impunidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101 minha sobrinha Viviane pela atenção e carinho que dedicam a Heloisa, minha filha 3.2. Insegurança . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105 mais velha. A minha sobrinha Ana Carolina agradeço por hospedar a Bela. À minha Conclusão da Parte I . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107 prima Mary eu não tenho como agradecer por uma vida de bondade dedicada a mim e, agora, a minhas filhas. Sem ela minha vida intelectual não teria sido viável. Mas nenhuma alegria seria possível nem a existência suportável sem a compa- Parte II – Processos crime De triunfo, Vila bela e floresta . . . . . . . . . . 109 nhia da Ana cuja inteligência e a competência intelectual são detalhes relevantes de Apresentação das condições de pesquisa nos arquivos e dos um brilho extraordinariamente intenso. Não sei como agradecer a sorte de estarmos documentos pesquisados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109 juntos, na mesma margem do rio, durante o combate. O processo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110 Os processos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115 8 O pOvO em armas 9 a presentaçãO caPítulo 4 Mulheres, insultos, intrigas e propriedade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131 4.1. Processos envolvendo mulheres . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131 4.2. Processos envolvendo insulto ou pilhéria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 147 Marcio Goldman 4.3. Processos envolvendo intrigas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 164 4.4. Processos envolvendo propriedade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 173 caPítulo 5 Roubos e ações policiais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 187 5.1. Processos resultantes de roubos e furtos ou de suas alegações . . . . . . 187 5.2. Processos envolvendo ações policiais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 191 Este livro encara de frente duas grandes questões que já há alguns anos se torna- caPítulo 6 ram presença quase obrigatória em qualquer trabalho que pretenda fazer parte da Grandes questões e política . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 205 antropologia social ou cultural: a história e a política. Essa verdadeira onipresença, 6.1. Processos envolvendo grandes questões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 205 entretanto, não significa que os principais problemas levantados pela abordagem 6.1.1. Cassimiro Honório x José de Souza . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 205 antropológica desses campos tenham sido resolvidos. Bem ao contrário, pode-se 6.1.2. Pereiras x Carvalhos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 208 legitimamente suspeitar que quanto mais os antropólogos falam de história e de 6.1.3. Lampião . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 229 política maior é o risco que correm de não falarem como antropólogos, ou seja, 6.1.4. Ferraz x Menezes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 234 de perderem ao menos uma das características que distinguiriam a disciplina: o 6.2. Processos envolvendo política . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 240 fato de levar realmente a sério o que os nativos pensam, fazem e têm a dizer. Pois Conclusão da Parte II . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 251 como fazê-lo quando se sabe que os documentos históricos revelam aquilo que os nativos não sabem? Ou quando nos confrontamos com processos e decisões que consiDerações finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 263 escapam completamente do controle desses mesmos nativos e que eles muitas vezes parecem sequer entender? bibliografia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 277 O problema, no primeiro caso, é que aquilo que se denomina em geral conhe- cimento histórico consiste sempre em um conjunto de práticas objetivantes que Documentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 291 procuram impor uma série de interpretações como fatos supostamente objetivos e indiscutíveis. O que significa que, frente à história, a posição do antropólogo deveria ser ou abster-se ou incorporar todas as diferentes descrições e interpre- tações a sua análise. Não se trata aqui nem de nenhuma veleidade pós-moderna, ou desconstrucionista, mas de radicalizar uma posição clássica da antropologia, que remonta a Malinowski, e que sustenta simplesmente que “a história não é, pois, nunca a história, mas a história-para”, segundo uma célebre expressão de Lévi-Strauss dificilmente superável em termos de concisão e precisão. Em outros termos, uma antropologia histórica deveria ser sobretudo uma antropologia da história, e poder-se-ia delas dizer o mesmo que Michel Foucault diz da política: em lugar de abordá-las em si mesmas, tratar de decodificá-las por meio de filtros oriundos de outros campos. Ora, em certo sentido, esse trabalho de decodificação da política poderia ser 10 O pOvO em armas apresentaçãO 11 a própria definição de uma antropologia política em sentido estrito, ainda que esta Por outro lado, o caráter em geral microscópico dessa concepção de poder expressão venha conotando há muito tempo coisas bem diferentes. A própria in- não deixou de produzir estranhos efeitos. Em primeiro lugar, um certo risco de, ao corporação da política como objeto ou como área da antropologia passa, como se ser aplicada sobre qualquer relação social, perder de vista o caráter estruturante da sabe, por não ter ocorrido muito cedo na história da disciplina, tendo acontecido, política. Ou, a fim de evitar essa armadilha, um afastamento da perspectiva antro- supostamente, apenas na década de 1940. Por outro lado, devemos reconhecer pológica e a busca de refúgio junto aos modelos macroscópicos da sociologia e da que a questão do poder esteve no centro da própria constituição da antropologia. ciência política – de quem a antropologia seria assim uma espécie de auxiliar menor. E isso no duplo sentido de que, em parte, são questões de ordem política que Mais sério do que isso, entretanto, são os riscos gerados pelo caráter poten- motivaram os trabalhos que viriam a ser considerados fundadores da disciplina, cialmente tentacular de uma concepção formalista de política: como observou e de que a antropologia se constituiu a partir de uma “grande divisão” separando Balandier, ela tende quase inevitavelmente a se tornar “maximalista”, ou seja, sociedades “políticas” e “não-políticas”. As primeiras, em especial as ocidentais, a confundir o social e o político. O efeito dessa confusão é paradoxal: enquanto dotadas de Estado, estariam territorialmente organizadas e se fundariam a partir as concepções substantivistas da política sempre buscaram relacionar o que con- de um contrato entre indivíduos livres que cedem sua soberania àqueles que os cebiam como um domínio da sociedade com suas outras dimensões (economia, representam. As segundas, “sem Estado”, “primitivas” etc., se organizariam sobre parentesco, religião…), o formalismo político tem a má tendência de reduzir todas a base de relações de sangue e de grupos de status apoiados sobre o parentesco, a essas dimensões às relações de poder e, desse modo, eximir-se de investigar a descendência, a aliança. experiência total da qual a política é apenas um aspecto. Sob o argumento de “de- Tudo isso é bem sabido mas na medida em que a antropologia nascente se -substancializar” a política, assistimos assim, há algumas décadas, a uma reificação atribui como objeto justamente as sociedades “não-políticas”, deve-se sublinhar que sem igual do político. é a partir desse “isolamento” do político (no duplo sentido de que ele é delimitado Devemos observar, igualmente, que os estudos sobre fenômenos políticos têm e obliterado) que a antropologia constrói seus objetos preferenciais: o parentesco, ocupado uma posição central no desenvolvimento da antropologia nos últimos contraface do político nas sociedades sem Estado, a religião, derivada do parentesco anos. No caso da antropologia feita no Brasil, esses estudos apresentaram notá- por meio da exogamia e do totemismo, e, pouco mais tarde, a economia primitiva, veis avanços, especialmente no campo que convencionamos denominar, a partir deduzida da exogamia por meio da troca e da reciprocidade. A antropologia poderá, de meados da década de 90, “antropologia da política”. O termo, cunhado por desse modo, reencontrar o político, mas definindo-o primeiramente apenas por suas Moacir Palmeira, visava precisamente evitar conceber a política como domínio funções e, mais tarde, por sua dispersão. ou processo específicos, definíveis objetivamente de fora. Tratava-se, ao contrário, No primeiro caso – que passa por ser a fundação de uma antropologia política de investigar fenômenos relacionados àquilo que, “do ponto de vista nativo”, é – temos uma definição substantivista, no sentido de que a política é um domínio, considerado como “política”. ou um “subsistema” social específico. Quando, na década de 1940, os estrutural- Ora, todas as investigações indicam que desse ponto de vista (“nativo”) o -funcionalistas britânicos sustentam a existência do político em sociedades des- que pode ser definido como política está sempre em relação com o restante das providas de Estado, sentem-se ainda obrigados a encontrar uma instituição – as experiências vividas. É nesse sentido que uma antropologia da política deve pro- linhagens – que desempenharia as funções políticas que em outras sociedades são ceder sempre por meio da ampliação do campo de análise, fazendo aí entrar o que preenchidas pelo aparelho de Estado. normalmente se exclui da política: os faccionalismos, as segmentaridades, as redes A crítica a esse modelo sistêmico e ainda macroscópico não tardou muito e sociais, certamente; mas também o parentesco, a religião, a arte, a etnicidade... Não já na segunda metade da década de 1950 seus ecos podem ser ouvidos: de Max para desvendar supostas relações entre subsistemas relativamente autônomos; mas Gluckman aos processualistas, passando por Leach e parte da antropologia mar- tampouco para revelar que atrás de tudo isso estariam ocultas relações de poder xista, a idéia da política como área específica das relações sociais é substituída que ao mesmo tempo motivariam os seres humanos e seriam a explicação de tudo pelo princípio formalista (no sentido que o termo possui na antropologia econô- o que eles fazem. A tarefa é mais modesta: elaborar teorias etnográficas capazes mica) de que a política é um aspecto de qualquer relação social. Essa crítica, sem de devolver a política àquilo que Paul Veyne denomina “quotidianidade”, “essa dúvida, possibilitou novas abordagens da política, efetuadas de um ponto de vista espécie de tédio universal existente em toda cultura”. Em outros termos, trata-se antropológico e sem o pressuposto de que existiria algum tipo de particularidade apenas de reinserir a política na vida e evitar cuidadosamente as sobreinterpretações da política pensada como subsistema social específico. e literalizações que, em última instância, são as armas dos poderes constituídos. 12 O pOvO em armas apresentaçãO 13 O povo em armas situa-se, assim, na confluência da história e da política, e sua ausência ou demissão. O que existem são forças, e as forças do Estado podem ambas se aproximam devido ao tratamento antropológico que recebem: a política tanto se opor quanto se compor com aquelas contra-estado (por exemplo, o bando sendo tratada do “ponto de vista nativo”, os documentos históricos sendo analisa- de Lampião, que ora pode ser perseguido pela polícia, ora capturado pelo Estado dos a partir da experiência de nove meses de trabalho de campo (cujos resultados, a fim de perseguir a Coluna Prestes). esperamos, serão logo publicados). Além disso, contudo, outro elemento catali- Antropologia, história, política, filosofia… Este livro comporta, sem dúvida, sador é também mobilizado, a saber, a filosofia ou, mais precisamente, uma certa uma dimensão interdisciplinar. Mas essa interdisciplinaridade não é certamente filosofia, aquela que, grosso modo, está associada aos nomes de Michel Foucault, aquela denunciada há muito tempo por Roland Barthes e que consistiria na falsa Gilles Deleuze e Félix Guattari (entre outros). idéia de que disciplinas já bem constituídas deveriam ser convocadas para dar Do primeiro, o livro aproveita uma série de idéias. Primeiramente, que o conta de objetos igualmente preexistentes cuja suposta complexidade exigiria uma poder não funciona simplesmente opondo os comportamentos legais que aceitaria colaboração multidisciplinar. Ao contrário, como sugeria Barthes, se a noção de aos ilegais que reprimiria, mas instaurando um modo de gestão mais fino que or- interdisciplinaridade faz algum sentido é apenas na medida em que serve, por um ganiza “ilegalismos”, fazendo com que o mesmo comportamento (andar armado, lado, para desestabilizar as disciplinas constituídas e, por outro, para fazer emergir por exemplo) possa ser ora reprimido, ora tolerado, ora instrumentalizado pelas novos objetos. camadas dominantes. Em seguida, que o poder nem está concentrado nem emana O povo em armas é justamente um desses objetos: não simplesmente uma de um centro (o Estado ou “os coronéis”, por exemplo), distribuindo-se, ao con- enorme quantidade de gente armada perambulando pelo sertão na ausência do trário, por todo o corpo social, segundo regras e padrões que é preciso analisar. controle estatal. Mas o fato de que um número significativo de homens relativa- Em terceiro lugar, que a investigação histórica não tem a menor necessidade de se mente bem armados obedeceu durante muito tempo ao comando de alguns poucos concentrar em um período e pode proceder por meio da análise de um problema: sem que nenhuma revolta significativa tenha ocorrido. Que mecanismos de poder, o período (assim como, na investigação etnográfica, o lugar) é apenas um meio no que operações políticas podem ter produzido e sustentado tal situação? E basta qual o problema se desenrola e pode ser captado (donde a importância da escolha pensar um pouco sobre o que acontece hoje nas grandes cidades brasileiras para do período e/ou do lugar – o vale do Pajeú na Primeira República, por exemplo). nos darmos conta de que esse fato algo misterioso interpela cada um de nós, e Finalmente, que os documentos não são descrições passivas do que realmente sublinha a artificialidade de todos os recortes de tempo e lugar. aconteceu mas, como qualquer político bem sabe, meios de impor determinadas versões como se fossem fatos, armas de luta que como tal devem ser analisadas (em especial no caso de materiais como correspondências entre políticos ou pro- cessos legais, que, evidentemente, têm por função primeira intervir no real e não simplesmente retratá-lo). De Deleuze e Guattari, mais um conjunto de idéias é aqui operacionalizado. Primeiro, que as segmentações que cortam todo corpo social (e não apenas as “so- ciedades segmentares”) não obedecem necessariamente a uma forma arborescente, mas podem perfeitamente se desenvolver em “rizoma” (por exemplo, que ninguém está preso à família a que pertence como a uma espécie de destino, e que é sempre possível a um indivíduo ou grupo traçar uma transversal que o conecte a outras partes da grande formação rizomática). Em seguida, que as grandes unidades ou instituições que estamos acostumados a analisar (o Estado, o coronelismo…) não são nem a única realidade nem, talvez, a mais interessante, uma vez que essas formações molares são apenas, como na microfísica, o resultado de equilíbrios parciais, transitórios e instáveis de processos que transcorrem em um plano mo- lecular. Finalmente, que nesse plano molecular não existem oposições simples entre o que seria o Estado e aquilo que a ele se oporia e só se desenvolveria na 14 O pOvO em armas 15 A meio caminho, entre o primeiro e o segundo andar, havia uma gran- de janela emoldurada de quadrados de vidro cor laranja, púrpura, azul, vermelho (…) Douglas ficava literalmente fascinado junto daquela janela, a observar o mundo e a vida através dos quadrados multicores. De um momento para o outro era um mundo todo azul, um céu azul, trens azuis e cães azuis correndo. Douglas mudava de lugar. Agora era um mundo ambarino. Douglas mudou de lugar mais uma vez. O vidro vermelho fazia coisas ao sr. Koberman. E durante um terrível momen- to, Douglas quase se convenceu que podia ver o interior de Koberman. E o que viu fê-lo apoiar-se com força contra o quadrado vermelho e piscar os olhos. Ray Bradbury 16 O pOvO em armas 17 i ntrOduçãO A estrada que liga Serra Talhada a Triunfo é íngreme e sinuosa. Os 35 quilômetros que separam as duas sedes municipais fazem o viajante subir ou descer 500 me- tros. As curvas são acentuadas, algumas de até 180 graus. É uma estrada perigosa, cenário de inúmeros acidentes. Mães, filhas, irmãs, pais, filhos e irmãos choram com muita freqüência os parentes perdidos ali. Famílias peregrinam a Recife para visitar os feridos. A situação agrava-se nos fins de semana, quando muita gente acorre a Triunfo em busca de piscinas, bode na brasa, cerveja e diversão. A cada curva um abismo fica para trás sem que haja proteções e os motoristas, muitas vezes embriagados de álcool ou de cansaço, andam na mão proibida ou despencam metros abaixo. As placas de sinalização, freqüentemente crivadas de muitos tiros – porque boa pontaria é um recurso importante – estão retorcidas e enferrujadas; as faixas entre as duas pistas, em boa parte do trajeto, há muito se apagaram. A viagem, feita no carro da linha, é lenta, desconfortável, apertada, insegura, composta de incontáveis paradas e enervantes desvios. O silêncio da paisagem é cortado pelas músicas escolhidas pelos motoristas: sertanejo, brega, forró eletrônico. Apesar da música alta, sempre carregada no agudo, as pessoas conversam. O carro da linha é um lugar privilegiado de observação. Esta viagem em particular está sendo feita na tarde do dia 2 de outubro de 2000, dia seguinte às eleições municipais. As vitórias e as derrotas foram já decretadas na noite anterior, para os casos de Triunfo e de Santa Cruz da Baixa Verde – cuja sede situa-se entre Serra Talhada e Triunfo, nesta mesma estrada – desde a varanda da casa que serve como Fórum da Comarca de Triunfo, da qual Santa Cruz é termo, entoadas pela voz feminina e descomprometida da promotora pública, após a conta- gem testemunhada por ela, pelo juiz de direito, pelo técnico designado para cumprir a tarefa e por alguns representantes da sociedade civil local. Do alto da varanda via-se a multidão e nela a expectativa de cada um, esperando ouvir o nome do seu candidato a prefeito e, na lista dos vereadores, o daquele a quem dera o seu voto. No dia 2, comemorações feitas, tristezas esquecidas, os vitoriosos comentavam as eleições, a festa que se seguiu, freqüentada por derrotados e vencedores. Os elei- 18 O pOvO em armas intrOduçãO 19 tores dos candidatos não eleitos, embora lentamente, começavam a desaparecer, um Querendo saber das condições reais de vingança, perguntei se eram muitos os a um, até que o tema da política fosse abandonado, pouco a pouco. Mas naquele dia homens nas duas famílias antagonistas. Ele disse que as duas famílias eram “fraqui- ainda muitos dos derrotados mantinham-se contrariados e os vitoriosos, eufóricos. nhos”. Porém, considera que talvez ainda haja vingança, afinal: “uma pessoa assim, Do ponto de vista dos eleitores vitoriosos sempre se pode tirar algum proveito da ser furado e ver o outro que furou e não fazer nada, também é fraqueza demais. É vitória, quanto mais não seja divertindo-se à custa dos derrotados. ser mole demais, né?”. Eu concordei e perguntei como acontecera o incidente. Ele contou o diálogo reproduzido acima. Na avaliação do motorista, tratava-se apenas – Quem votou em Fanão é corno. de pilhéria, uma brincadeira para aproveitar-se da condição temporária de vence- – Como é? dor. Mas o eleitor de Fanão sentiu-se ofendido e “começou a furar”. Depois disso, – Quem votou em Fanão é corno! a família toda do agressor fugiu para São Paulo retornando tempos depois. Eram – Só que eu votei em Fanão e não sou corno seis irmãos e duas irmãs, além do casal de pais. Era gente de “muita ignorância”, – Se votou em Fanão, então é corno! quer dizer, que “quer logo brigar, que quer logo ser mais do que os outros, sabe?”. Mas, apesar disso, concluiu, não eram temidos em Jatiúca. Após cerca de 40 minutos de viagem, vindo de Serra Talhada, o carro da Meu interlocutor acrescentou que um dos filhos de Antonio Grosso, um antigo linha entrava em Jatiúca, a antiga Lage, sede de um dos distritos de Santa Cruz homem disposto de Jatiúca, era genro do agredido. Em sua avaliação, acha que da Baixa Verde. Algumas mulheres jogavam baldes de água para lavar o sangue este filho (F1) podia ter mandado algum recado para quem “furou” seu sogro. Mas que manchava a calçada em frente a suas casas. Ao passo que as ondas de água disso não está certo, apenas calcula. Sabe que o agressor dissera que “na família de rosada desciam meio-fio abaixo a curiosidade das pessoas dentro do carro aumen- Antonio Grosso só tinha ele de homem e, mesmo assim, já tinha morrido”. Acon- tava, junto ao horror expresso em cada rosto. Após a pilhéria lançada sobre ele, tece que o irmão de F1, F2, é um afamado pistoleiro que “já matou até prefeito um eleitor do candidato a prefeito derrotado de Santa Cruz desferiu duas facadas na Bahia”. E depois retifica: “não sei se foi o prefeito ou o filho do prefeito. É um naquele que o desmoralizara. Como se costuma dizer: “ninguém gosta de ficar cabra arroxado”, quer dizer, implacável, impiedoso. É um homem que “mata e por baixo”. Curiosidade e horror são as duas faces de uma população posta entre tem quem mate pra ele”. E o motorista se admira: “ôxh, mandar recado pro filho uma realidade social ao mesmo tempo pacífica e violenta, sangrenta e tranqüila. de Antonio Grosso!”. Além disso, F1 e F2 são parentes de um afamado pistoleiro, Este foi um dos raros casos de violência ligada à política de que tive conhe- fiel auxiliar de um prefeito das proximidades, explica o motorista. F2 e o auxiliar cimento, ao longo dos 40 dias que passei no Vale do Pajeú por ocasião do período do prefeito teriam mandado um recado ao agressor: ele e sua família tinham três eleitoral daquele ano. Nada mais me foi relatado sobre este incidente naquela dias para ir embora para não morrerem “um depois do outro, como as galinhas”. época, entre outros motivos porque poucos dias depois terminaria este meu período Ainda segundo o motorista, que seguiu cantando loas ao tal filho de Antonio de pesquisa de campo. Grosso, todos fugiram, deixando terras e a modesta casa onde viviam e que não Cerca de um ano depois, estava eu de volta ao Sertão de Pernambuco, mais conseguiram vender a tempo. uma vez cumprindo o trajeto de Triunfo a Serra Talhada, agora no sentido inverso A despeito da precisão das avaliações e dos relatos de meu generoso informante ao precedente, mais uma vez dentro de um carro da linha. Ao invés de subir a momentâneo, a história por ele contada em seus mais inesperados desdobramentos, encosta, estava descendo. Num raro caso, não havia superlotação. Curiosamente acrescentada sua referência ao filho de Antonio Grosso, interessa a este trabalho, ao estávamos só eu e o motorista que fazia assim uma viagem fracassada do ponto mesmo tempo que confere sentido à sua forma, e isto por lista de fortes motivos. de vista econômico. Descobri que ele era de Jatiúca e não pude deixar de abordar Em primeiro lugar, mas não em ordem de importância, a história, desde o sangue na o assunto para saber de seus desdobramentos: calçada, testemunhado por mim mesmo, até as avaliações do motorista, apresenta J: – E o rapaz que foi furado, ficou assim mesmo? uma relação entre política, parentesco e violência, entre avaliação e perspectiva. M: – Foi. O que foi furado veio pra cá e disse que se encontrasse eles, matava. Em seguida, porque mostra um exemplo de retaliação violenta a um insulto sofri- do. Quer dizer, permite uma observação em ato de inúmeras histórias que conheci O motorista disse também que o agredido fora beber em um bar em Santa através de relatos escritos nos processos-crime das três comarcas, ocorridos entre Cruz portando uma arma e fora preso, embora não tenha informações se fora ou 120 e 50 anos atrás. Depois, porque mostra uma determinada relação com os atos não constituído processo contra o rapaz. violentos. Ele destaca modos de interação social nos quais ajustes violentos, para

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O povo em armas : violência e política no sertão de Pernambuco / Jorge. Mattar Villela. emboscada” mataram seu irmão Alexandre, o inspetor.
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