UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ LUCAS PYDD NECHI O NOVO HUMANISMO COMO PRINCÍPIO DE SENTIDO DA DIDÁTICA DA HISTÓRIA: REFLEXÕES A PARTIR DA CONSCIÊNCIA HISTÓRICA DE JOVENS INGLESES E BRASILEIROS CURITIBA 2017 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ LUCAS PYDD NECHI O NOVO HUMANISMO COMO PRINCÍPIO DE SENTIDO DA DIDÁTICA DA HISTÓRIA: REFLEXÕES A PARTIR DA CONSCIÊNCIA HISTÓRICA DE JOVENS INGLESES E BRASILEIROS Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Paraná, Linha Cultura, Escola e Ensino, como requisito à obtenção do título de Doutor em Educação. Orientadora: Prof.ª Dr. ª Maria Auxiliadora Moreira dos Santos Schmidt CURITIBA 2017 Aos jovens, com a esperança de tempos mais humanos. AGRADECIMENTOS A felicidade só é real se partilhada. Mesmo com tantas horas de trabalho solitárias em Curitiba, Londres e Bochum, posso afirmar que esta tese só se tornou real por ter sido compartilhada. A imensa gratidão me faz sentir que escrevemos a muitas mãos. À minha orientadora Dolinha, a gratidão e o reconhecimento por ter me aberto as portas da Educação Histórica, do mundo e de tantas experiências de aprendizado inimagináveis anteriormente. Pelo exemplo de amor ao trabalho, dedicação e respeito ao conhecimento. À Jörn Rüsen, pela acolhida em sua residência, pelas aulas, broncas e, acima de tudo, pelo exemplo de humanidade. À Inge Rüsen, pelos cafés e bolachas na melhor companhia. À Arthur Chapman, por ser o melhor anfitrião que Londres pode oferecer, pelas supervisões, ensinamentos, pela paciência, cumplicidade e, sobretudo, pela amizade. À minha mãe Carim, pelo apoio incessante, em forma de palavras e de gestos concretos (como o apartamento cedido e reformado secretamente). A meu pai Osmar, pela torcida intensa e pelo carinho. Ao Cauê, por ser a pessoa que é, com o maior coração do mundo. À Grazi, por me aceitar como família instantaneamente. A Beth e ao Luiz, pela torcida e pela paciência. A Irene, pelo amor que emana em todos os detalhes e palavras. Ao Victor, pela torcida, parceria em tardes de estudo e por me inspirar a valorizar a Educação mesmo em tempos difíceis. Aos respeitáveis integrantes da confraria do “Bar do Munhava”: Minas, Cassi, Vô, Boleta, Batata, Pupim, Minero, Sade e suas respectivas esposas e companheiras. Pela amizade, expressa diariamente através de críticas, questionamentos e muito amor incondicional. Aos queridos amigos da Pastoral: Waldis, Kga, Oliva, Cenora, Luizão, Mano, Andrey e Paul. O amor jamais acabará. Aos de todas as horas: Gãs, Frango e Camila (Binina), Pulenta, Diogo e Be (e Vini) e Rafaela. Menções honrosas e gratidão eterna ao Kutianski. Pela parceria, cafés, cervejas, risadas, críticas, reflexões e debates. Enfim, pelo apoio irrestrito nos momentos mais difíceis. À Fah. Sempre. À Tati Gaya, por me acolher em todos os momentos, incondicionalmente, e transformar angústias em esperanças. À Kah. Pela sintonia e amor fraterno reconfortante. À Saruze e ao Pina, pela torcida distante, mas sempre significativa. Aos professores Ana Urban, Geyso Germinari, Estevão Martins e Rosi Gevaerd, pelas críticas no processo de qualificação e pelo auxílio na inscrição no doutorado sanduiche. Aos colegas pesquisadores e professores do LAPEDUH, por cada instante partilhado nas angústias e lutas pela educação pública de qualidade. Especialmente ao Thiago, Andressa, Lidi, Deyvid, João, Solange e Adriane. À Sol pela leitura crítica. Aos amigos do IoE: Marina, Igor, Sara, Jelena, Francesca, Xime, Hideyo, Natalia, Jaque e Dabliu. Por terem me ensinado tanto sobre amizade e paixão pelo trabalho, mesmo em frias terras. À Maria Georgiou. Um dos melhores presentes que a Educação Histórica me trouxe. Exemplo de pesquisadora, professora e ser humano. Aos amigos do John Adams Hall, sobretudo Marcelo, Simone e Luciana, por terem feito o Brasil ficar menos distante. A Marcela e Sarah, por transformarem uma cozinha partilhada em um lar. Aos casais amados de Londres, Carime e Trosso, Gabi e Robson. Ao casal amado de Paris, Lalau e Luiz. Ao grupo de pessoas que se revezaram para oferecer apoio emocional, conselhos e esperança: Cris Mazolla, Regina Bley, Amanda Barbosa, Cris Arns, Ana Zeferino, Dani Barriquello, Marília Gago e Jé Andrade, cada uma a sua maneira. À Bianca, pelas logísticas de viagem e por me dar de presente duas grandes amigas, Débora e Thaís. Aos responsáveis pela minha saúde física e mental, Everton e Karina. Aos integrantes da Secretaria do PPGE, por todo auxílio. À Capes pelas bolsas que tornaram não só o doutorado possível, como também a maior experiência de formação de minha vida. Ao amigo e professor Eduardo Pinholi, e demais professores que cederam suas aulas para a pesquisa. Aos jovens participantes. Ao Alvin, o cão, por ter me ensinado a voltar a ver o mundo com o coração. A Aninha, Denise e Julyana por terem tirado o Alvin da rua e me provocado a dividir a vida. Todo amor e gratidão a cada um de vocês! Muito obrigado! “Ele voltou à mesa, molhou a pena e escreveu: Ao futuro ou ao passado, a uma época em que o pensamento seja livre, em que os homens sejam diferentes uns dos outros e que não vivam sós - a uma época em que a verdade exista e o que for feito não possa ser desfeito.” (Orwell, G. 1984) RESUMO O Novo Humanismo é uma proposta do campo da Teoria da História, desenvolvida pelo filósofo e historiador alemão Jörn Rüsen, que defende a promoção da dignidade humana como tarefa fundamental da História. Nesta tese buscou-se, como objetivo geral, analisar o desenvolvimento da Consciência Histórica de jovens brasileiros e ingleses, estudantes do último ano de Educação Básica, a partir de suas narrativas em relação aos elementos do Novo Humanismo e sua aproximação com a Aprendizagem Histórica. Utilizou-se uma abordagem qualitativa referenciada em aspectos etnográficos, cujos dados foram coletados através da aplicação de questionários em 40 jovens de Curitiba, no Brasil e, 38 jovens de Londres, na Inglaterra, com média de 17 anos de idade. A pesquisa foi qualificada pela concessão de bolsa do Programa de Doutorado Sanduíche no Exterior (PDSE – CAPES), que proporcionou: sessões de orientação, na Alemanha, com o historiador Jörn Rüsen, a aplicação dos questionários em escolas públicas de Londres, e onze meses de participação no Special Research Program no Institute of Education – University College London, sob supervisão do professor Arthur Chapman. As questões do questionário foram divididas em blocos por temas integrantes do processo de orientação temporal: Mudança, Identidade Histórica e Ação. Obteve-se, como resultado geral, que muitos elementos do Novo Humanismo permeiam a Consciência Histórica dos estudantes no momento em que tomam decisões. Em relação à Mudança, contudo, muitos sujeitos da pesquisa demonstraram dificuldade em articular o passado e a História com seu contexto de vida presente e suas intenções de futuro. Quanto à Identidade Histórica as narrativas apresentaram um número grande de motivações humanistas, entremeadas por muitas preocupações de ordem prática relacionadas ao mercado de trabalho. Quanto à Ação, de maneira bem equilibrada, os jovens se dividiram entre aqueles que consideram que suas decisões podem ter consequências a ponto de marcarem a História da Humanidade, e outros que acham que seus feitos só trazem consequências para si mesmo e pessoas de convívio próximo. A pesquisa defende a inclusão do Novo Humanismo como princípio de sentido da Aprendizagem Histórica, apresentando dois ensaios teóricos para isto: um quadro estrutural de leitura dos aspectos teóricos do Novo Humanismo e consequências e desafios para o ensino de História, referenciados nas matrizes do Pensamento Histórico e da Didática da História com a inclusão do princípio humanista. Palavras-chave: Novo Humanismo; Aprendizagem Histórica; Ação; Identidade Histórica; Mudança. ABSTRACT The New Humanism is a proposal within History Theory, developed by the German philosopher and historian Jörn Rüsen, who defends the promotion of human dignity as the fundamental task of History. In this thesis, the general objective was to analyze the development of the Historical Consciousness of Brazilian and English students in the last year of their Basic Education, from their narratives in relation to the elements of the New Humanism and its approach to Historical Learning. A qualitative approach was used, based on ethnographic aspects. Data were collected through the application of questionnaires in 40 young people from Curitiba, Brazil and 38 young people from London, England, with an average age of 17 years. The research was qualified by the International Scholarship Program (PDSE - CAPES), which provided: guidance sessions in Germany with the historian Jörn Rüsen, the application of the questionnaires in public schools in London, and eleven months of participation in the Special Research Program at the Institute of Education - University College London under the supervision of Professor Arthur Chapman. The questions of the questionnaire were divided into blocks by themes that are part of the process of temporal orientation: Change, Historical Identity and Agency. It has been as a general result that many elements of New Humanism permeate students' Historical Consciousness at the moment they make decisions. Regarding Change, however, many research subjects have shown difficulty in articulating past and history with their present life context and their future intentions. As for Historical Identity, the narratives presented a great number of humanistic motivations, interspersed with many practical concerns related to the labor market. As for the Agency, in a well-balanced way, young people were divided between those who considered that their decisions could have consequences to the point of marking the History of Humanity, and others who think that their deeds only have consequences for themselves and people of close contact. The research advocates the inclusion of the New Humanism as a principle of meaning of Historical Learning, presenting two theoretical essays for this: a structural framework for reading the theoretical aspects of the New Humanism and consequences and challenges for the teaching of History, referenced in the Matrices of Historical Thinking and History Didatics with the inclusion of the humanist principle. Keywords: New Humanism; Historical Learning; Agency; Historical Identity; Change.
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