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O Mundo como Vontade e como Representação PDF

685 Pages·2005·8.31 MB·Portuguese
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ARTHUR SCHOPENHAUER O mundo como vontade e como re resentaf ão p . ....... . Primeiro Torno Quatro livros, seguidos de um apêndice que contém a crítica da filosofia kantiana Ob nicht Natur zulet� sich doch ergründe? Goethe Tradução, Apresentação, Notas e Índices J air Barhoza 2 a reimpressão © 2005 dat radubs;rãaos ilEediirtaoU rNaE SP Direidteop su blicraeçsãeor vàa: dos FundaçEãdoi todraaU NESP (FEU) Pras;daaS é,I 0 8 01001-900 -SãoP aul-oS P Te!.(:O xx1)l 3 242-7171 Fax(:o xxI)l 3 242-7172 www.editoraunesp.com.br [email protected] CIP- BrasCialt.a lognaaçfo ãnot e SindicNaatcoi ondaolsE ditodreeL si vrRoJs, S394m tI. SchopenhaAuretrh,u1 7r8,8 -1860 O mundcoo mov ontaedc eo mor epresenIt 0 atçoãmo/o, A rthSucrh openhauer; tra­ duçãaop,r esentnaoçtãaeosí , n dicdeeJs a iBra rbo-zaS.ã oP aulEod:i toUrNaE SP, 2005. TraduçdãeoD: i e Welt ais Wille und Vorstellung "Quatlriov rsoesg,u iddeou sm a pêndqiucece o ntéacm r ítdiafic lao sokfiaan tiana" ISBN8 5-7139-586-I I. KantI,m manu1e7l24,- 1804. 2.T eordioac onhecime3n. Vtoon.t ad4e. I.d éia (Filoso5f. iÉat)i.c 6a. .T eologfiilao sóf7i, cFai.l osoafilae mlã. .B arbozJaa,i r, I 966-. IIT.í tulo. 05-1572 coo 193 CDU 1(43) Editoarfial iada: 1 •• , -� Aaoclaclón de Edltor1ales Unlversllarlas Asisocação Brasileira de de Aménca Launa y el Carlbe Editoras Unlversltãrlas Sumário Apresentação . 7 Prefácio à primeira edição . 19 Prefácio à segunda edição . 27 Prefácio à terceira edição . 39 Livro primeiro Do mundo como representação . 41 Primeira considera{ão A representação submetida ao princípio de razão: o objeto da _experiência e da ciência Livro segundo Do mundo como vontade . 149 Primeira considera{ão A objetivaçã� da vontade Livro terceiro Do mundo como representação . 233 Segunda considera{ão A representação independente do princípio de razão: a Idéia platônica: o objeto da arte Arthur Schopenhauer Livro quarto Do mundo como vontade . 351 Segunda considerafãO Alcançando o conhecimento de si, afirmação ou negação da Vontade de vida Apêndice Crítica da filosofia kantiana . 521 Índice onomástico 665 Índice de assuntos 669 Apresentação Um livro que embria a g I Nietzsche relata que seu encontro com O mundo como vontade e como re­ presentafão, obra máxima de Schopenhauer, se deu ao entrar num antiquá­ rio em Leipzig, ano de I 86 5, e ter sua atenção chamada para o livro ali ex­ - posto. Comprou-o e teve a sua vida mudada para sempre. Ao iniciar a leitura, não mais conseguiu se desapegar das páginas. Sentia-se embriaga­ do com as revelações ali feitas. Encontrara o seu "primeiro e único educa­ dor", que tinha escrito aquele livro para ele e lhe falava intimamente numa linguagem perfeitamente clara. Sua confiança naquela forma de pensa­ mento foi completa. II O que Nietzsche diz traduz boa parte da experiência de desconcerto e deslumbramento vivida por muitos leitores de O mundo como vontade e como representafão, publicado em I 8 I 8 com data de I 8 I 9. Eu mesmo, ao final da minha graduação em filosofia na Universidade de São Paulo (USP), ca­ sualmente remexendo nas prateleiras da biblioteca da faculdade de educa­ ção, descobri uma edição em francês da obra, tradução de A. Burdeau. Era noite, não tinha nada a fazer no campus universitário nem em meu aloja­ mento estudantil. Pus-me a ler o exemplar encontrado. O tempo passou num átimo e a noite com seus fantasmas foi esquecida. Era difícil largar o livro. A biblioteca ia fechar e tinha de voltar para o meu barulhento quar- 7 Arthur Schopenhauer to, à beira de uma movimentada avenida. Mas a obra não me saía da mente, a ponto de não ouvir mais o barulho dos escapamentos. Fiquei ansioso pelo dia seguinte. E assim, durante quatro dias seguidos de leitura, levei a termo a última página da obra. Tempos depois compreendi perfeitamente o relato de Nietzsche. Dali em diante havia descoberto não só o filósofo "educador" com quem queria dialogar sobre a filosofia, mas um autor que precisava verter para a "última flor do Lácio", e propiciar assim ao público de língua portuguesa uma das prosas mais agradáveis da língua alemã. Só que não sabia alemão. Que fazer? Matriculei-me num curso do Goethe­ Institut São Paulo. Dessa forma, imitando Borges, aprendi alemão com o intuito de ler no original e de traduzir Schopenhauer. Depois do mestrado e doutorado concluídos, nesse ínterim uma esta­ da de três anos na Alemanha (Frankfurt e Gõttingen) como.bolsista do Deutscher Akademischer Austauschdienst (DAAD)/Serviço Alemão de Intercâm­ bio Acadêmico, iniciei em 2001 a presente versão. Agora, em 2005, tenho o prazer de oferecer ao público de língua portuguesa uma das obras filo­ sóficas mais marcantes do pensamento ocidental, imprescindível para o vislumbre do horizonte em que se movem as chamadas filosofias do im­ pulso com sua reflexão sobre o irracional e o inconsciente, bem como a crítica a esse irracional que também passa por uma crítica da razão, esta que não mais define o homem como uma substância essencialmente pen­ sante. Nesse sentido, desmascara-se o narcisismo racional do homem, pois ele não só se vê despido da primazia de uma razão legisladora que o conduz a um bom télos mas também descobre o fundo sem fundamento da própria natureza. Um fundo volitivo, insaciável, desejante, sem objetivo final definido, o que torna a existência absurda em sua ânsia de viver e ob­ ter satisfação de desejos. Uma existência que é comparável a um negócio que não cobre os custos do investimento, pois ao fim sobrevém, como re­ compensa aos esforços, a morte. A bancarrota é certa. Para enegrecer mais ainda esse cenário, a Vontade, coisa-em-si dos fenômenos do mundo, é uma autodiscórdia, crava os dentes na própria carne, o que se espelha no mundo diante de nós como a luta de todos contra todos. "Toda vida é so­ frimento." E mesmo que os desejos sejam satisfeitos e levem ao alívio do sofrer, contra cada desejo satisfeito existem dez que não o são; e o desejo 8 O mundo como vontade e como representação satisfeito sempre volta ao fim da fila, exigindo nova satisfação, com o que a ilusão se renova. Se os desejos são satisfeitos muito rapidamente, sobre­ vém o tédio; se demoram, sobrevém a necessidade angustiosa. O primeiro é mais comum às classes sociais ricas; esta última, às classes sociais po­ bres. Paliativos contra tal estado de coisas são sobretudo os narcóticos e as viagens de turista. Em ambos os casos o homem tenta fugir de si mes­ mo, da própria condição, do seu "maior delito" - ter nascido. A razão é impotente para mudar esse estado de coisas; Schopenhauer a aponta como secundária em relação ao querer cósmico, é um mero momento dele, e nis­ so o filósofo revoluciona a tradição, para a qual o querer era um momen­ to do racional, como Descartes exemplarmente indica em suas Medita§Ões metafísicas. O homem, assim, perde a proteção da faculdade racional, e os demônios do mundo são revelados, vê-se nitidamente o inferno do sofri­ mento e da irrazão, comprovados pelas guerras e violências em seus aspec­ tos mais tenebrosos. O pano de fundo da filosofia schopenhaueriana, como se vê, é o pessi­ mismo metafísico. Este, entretanto, não impede uma espécie de otimismo prático, proporcionado pela eficiência da sabedoria de vida em nos desviar de males. Otimismo no qual, em certa medida, pode-se incluir a alegria da fruição estética da natureza e da arte, autêntico bálsamo para a existência fundamentalmente sofredora do ser humano. Foi esse papel conferido pelo autor ao belo, que por instantes nos resgata do sofrimento, por con­ seguinte o lugar da estética em sua (ilosofia, o que a levou a ser primeiro recebida e assimilada com entusiasmo por artistas. Uma fortuna receptiva que se deu também no Brasil, como o demonstram os seus dois leitores mais famosos, Machado de Assis e Augusto dos Anjos, que não apenas o citam nominalmente em crônicas, poemas, mas também se aproximam vá­ rias vezes em suas obras, conscientemente, de sua cosmovisão, num diálo­ go que muitas vezes confunde as fronteiras da literatura com as da filoso­ fia. Quem leu O mundo e Quincas Borba ou Memórias póstumas de Brás Cubas de Machado de Assis concordará que, em muitos momentos, há ali um diálo­ go rico .e original da literatura com a filosofia. Quanto a Augusto dos Anjos, há um poema seu intitulado "O meu Nirvana'', referência ao nirva­ na schopenhaueriano da negação da Vontade ocasionado pela intuição da 9 Arthur Schopenhauer Idéia; outro momento, o da poesia "Monólogo de uma sombra", elogia o papel balsâmico da arte, tema da estética de O mundo. Nos meios acadêmicos a recepção de Schopenhauer se deu com reti­ cências. Isso se deve em grande parte, a meu ver, a três fatores: sua crítica à razão (as universidades costumam ter grande apreço às formas de pensamen­ to que indicam a razão como princípio do mundo, pois isso significa a en­ tronização do homem como coroa da criação, o que lhe salvaguarda sua dig­ nidade de pessoa e seu pretenso poder em face da natureza e dos animais); o irracional como princípio do mundo (gera desconforto ao nosso narcisis­ mo saber que há algo em nós que não é nós mesmos, um fundo abismal e in­ sondável que nos tem em vez de nós o termos); e, talvez para surpresa de muitos, o estilo literário de Schopenhauer, de agradável leitura (isso gera desconfiança em face do rigor conceitua! e da profundidade de pensamen­ to; aliás, o filósofo já se antecipava respondendo que um lago suíço, lím­ pido, parece raso, mas uma prospecção dele revela as suas profundidades). _,. Indicar, porém, um princípio irracional do mundo e mostrar o papel secundário da razão na natureza humana não significa ser irracionalista; ao contrário, identidificar o inimigo pode conduzir a estratégias de com­ bate, que a própria razão fornece quando vislumbra o todo da vida e o co­ nhecimento conduz à redenção e negação desse próprio irracional, como no caso da ascese ou do nirvana budista. Ademais, a sabedoria de vida nos aju­ da a enfrentar com prudência a eclosão do irracional na vida prática coti­ diana. Já o estilo claro, em contraste com a tradição alemã de filosofia e próximo da britânica, apenas evidencia a honestidade intelectual de pensar e expor claro, em vez de esconder-se em obscuridades estilísticas que não significam, necessariamente, profundeza de pensamento, ao contrário, na maioria das vezes significa ausência dela. O insucesso de Schopenhauer nos meios acadêmicos se prefigurou na época em que ele leu suas preleções na Universidade de Berlim, em I 820, ofuscadas totalmente pelas de Hegel, a tal ponto que teve de desistir da carreira universitária, mas não de uma perseguição filosófica estilístico­ conceitual àquele que disse que "todo racional é real, todo real é racional", o que constitui um modo de ver o mundo situado no antípoda de Scho­ penhauer. Entretanto, fora dos muros acadêmicos, o pensamento do filó- 10 O mundo como vontade e como representação safo de Frankfurt já repercutia nas concepções de A origem da tragédia, de Nietzsche, no par conceitua! apolínio (princípio de razão: espaço + tem­ po + causalidade: formas bem definidas da obra de arte, o belo, e das coi­ sas do mundo) e dionisíaco (Vontade: o caótico e a embriaguez da criação: a música, a dança) de Nietzsche, bem como, em tal filosofia, o posterior conceito de Vontade de poder, cunhado a partir da leitura do conceito de Vontade schopenhaueriano; E. von Hartmann empreende uma tentativa estranha de unificá-lo com Schelling e Hegel; e a psicanálise de Freud ab­ sorve por completo a teoria dos impulsos inconscientes, do papel nuclear da sexualidade na vida humana, do retorno ao inorgânico etc. de O mundo. Nos meios acadêmicos franceses o autor passa despercebido e até hoje ainda se encontra envolvido em penumbra. O mesmo não se dá na Alema­ nha, para o que em muito contribuiu sua recepção pela Escola de Frank­ furt. Quanto à Inglaterra, graças ao do!1í1 nio da filosofia analítica, o desti­ no de qualquer filosofia continental é quase sempre a má compreensão e conseqüente assimilação falha, se bem que em referência a Schopenhauer tenhamos lá a exceção de B. Magge. Ora, como o Brasil tem uma tradição filosófica acadêmico-uspiana marcadamente francesa, era natural que, num primeiro momento, também importássemos de lá a penumbra a en­ volver o pensamento schopenhaueriano. Isso começa a mudar com uma tese doutoral defendida na Alemanha, de Muriel Maia, e publicada em I 991 pela Vozes, A outra face do nada. Em 1994 vem a lume pela Edusp/ Fapesp, baseada em tese doutoral defendida no Brasil, de Maria Lúcia Cacciola, Schopenhauer e a questão do dogmatismo. A partir daí os estudos scho­ penhauerianos ganham significativo incremento entre nós, a ponto de bi­ anualmente realizar-se numa cidade brasileira um colóquio em torno do pensamento do autor de O mundo, fórum privilegiado para discutir as mais diversas e instigantes temáticas filosóficas, não só relacionadas a Schope­ nhauer, mas também a um espectro de autores e temas que de algum modo permitem a prática da autêntica filosofia (que, como ensinava o ve­ lho e bom Platão, é essencialmente diálogo. _.,_..,.. Como se nota pelo impacto nos autores antes citados, Schopenhauer, de fato, está na base do pensamento contemporâneo. Ora, se ele abre o ho­ rizonte para as filosofias do impulso como a de Nietzsche e a psicanálise 11

Description:
Schopenhauer edificou uma visão de mundo que moldou o pensamento moderno, sendo fundamental para a constituição dos sistemas filosóficos e científicos de autores como Nietzsche, Freud, Wittgenstein e Popper, sem falar de seu impacto na obra de escritores como Tolstoi, Jorge Luis Borges, Thomas
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