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O mais sublime dos histéricos: Hegel com Lacan PDF

231 Pages·1991·1.577 MB·Portuguese
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O MAIS SUBLIME DOS HISTE~R ICOS Hegel com Lacan v Slavoj Ziiek - ' . ~ •• • \ ' I ' ~ n .. Transn1issão da Psicanálise 230 o mais sublime dos histérkos> livra 2,O ea na Teoria de Freude na TécnicadaPsicanálise, Rio, Jorge Zahar Ed., 19851. (1981), LeSéminaire, livreIfL LesPsychoses, texto estabelecido por J. -A Mi- ller, Paris [0Seminário, livro3, As Psicoses,Rio, Jorge Zahar Ed., 19851. — (1983), "Hamlet", inOndear? 26-27, Paris, pp.5-44. Lacisu, Ernesto(1977),Politics and Ideology in the Marxist Theory, Londres. Leda, Ernesto,e Moufte, Chantal (1985),Hegemonyand Socialist Strategy, Londres. Lebrun, Gérard (1972),La Patience duConcept Paris. Lefort, Claude (1981),L'InventionDírnoaatique,Paris. Lenin (1964),Oeuvres,vol. 35, Paris. Luxemburgo,Rosa(1976), "Réforme Sociale ou Révolution?", inOeuvres,I, Paris. Marquet, Jean- François (1973),Libertéet Ftistence, Paris. Marx, Karl (1968),"Grundrisse"I. Chapitrede!Argent, Paris. (1969),Le Capital, livro 1, Paris. 1973), "Die Klassenkãmpfe in Frankreich 1848 bis 1850", in MEW 7, Berlim (RDA). Miller, Gérard (1975),Les Pousse-au-jouir duMaréchalPétain, Paris. Miller, Jacques-Nain (1967), "Action de la Structure", inCahierspourLAnalyse, 9, Paris. (1975), "Matrice", inOmicar? 4, Paris. (1978), "Algorithmes de la Psychanalyses", inOmicar? 16, Paris. — (1980), Cinco Conferencias Caraqueñassobre Lacan, Caracas. (1980a), "Réveil", inOmicar? 20-21, Paris. (1984), "D'Un autre Lacan", inOmicar? 28, Paris. (1982-87), "L'Orientation 1,acanienne", Paris (seminário não publicado). Milner, Jean-Claude (1983),LesNomsIndistincts, Paris. — (1985), DétectionsFictives,Paris. Moe-Mk, Rastko (1986), "Über die Bedeutung der Chimãren für die conditio human", in Wo es war 1, Liubliana. Naveau, Pierre (1983), "Man et le Symptôme", in Perspectives Psychanalytiques sur la Politique,Analytica, Vol. 33, Paris. Nolte, Ernst (1969), ThreeFaces of Fascim,Toronto e Nova York. Regnault, François (1985),DieuestInconscient, Paris. . Rlha, Redo(1986), "Das Dinghafte der Geldware", inWoeswar I, Liubliana. Schelling, Friedrich Wilhelm (1856-61),Sãmdiche Wake, Stuttgart. (1946),Die Weltalter(Urfassungen),Munique. (1977),RecherchessurlaLiberté Humaine, Paris. Searle, JohnR.(1982), Sens et Expression, Paris. (1985),L'Intentionalité,Paris. Sohn-Rethel,Alfred (1970), GeistigeundkõrperlicheArbeit,Frankfurt. ~fïekSlavoj (1983), "Le Stalinisme: Un savoir Décapitonné", inPerspectivesPsychanaly- tiquessurlaPolitique,Analytica, Vol. 33, Paris. (1985), "Sur le Pouvoir Politique et ses Mécanismes Idéologiques", in Omi- car?34, Paris, pp. 41-60. JORGE LUIZ ROCh.+ ~3CONCELLOS Pref. do ()snail R. ■eo LP. SO.M SUMÁRIO Apresentação d edição brasileira 9 OCTAVIO DE SOUZA Introdução: O impossível saber absoluto 13 HECK, COM LACAN I. "O lado formal": a razão entendimento 19 versus o História de uma aparição; Querer-dizer e dizer; Os paradoxos de Zenão; Averdade como perda do objeto. IL A performatividade retroativa ou como o necessário surge docontingente 30 O grão-a-mais, o cabelo-a-menos; O Witzda síntese; A contingência em Hegel; A necessidade como efeito retroativo; Do rei à burocracia. III. Dialética, lógica do significante (1): O Um da auto-referência 44 Titulo original: O "ponto de basta"; A referência-a-si dialética; O Les Plus Sublime Des Hysteriques — Hegel passe universal como exceção; A estrutura subjetivada; Tradução autorizada da primeira edição francesa O "um Um" hegeliano. publicada em 1988 por Point Hors Ligue, de Pads, França IV.Dialética, lógica do significante (2): 0 real da "triad . 62 Copyright C 1988, Point Hors Ligne Aalingua esua borda;Coincidentia oppositonun; O objeto Copyright C 1991 da edição em lingua portuguesa: é o fiasco; O impossível interdito; Tese-antítese-síntese. Jorge Zahar EditorLtda. rua México 31 sobreloja Onde é que Lacané hegeliano? 76 V. Das Ungeschehenmachen: 20031 Rio de Janeiro, RI As três etapasdo Simbólico;Das Ungeschehenmachen; Todos os direitos reservados. O crime e o castigo; A "bela alma". A reprodução não-autorizada desta publicação, no todo ou em parte, constitui violação do copyright. (Lei 5.988) VI.A "astúcia da razão" ou a verdadeira natureza da teleologia hegeliana 89 Impressão: Tavares e Tristão Lida. O fiascoaustiniano; Sujeito hegeliano versus sujeito fichteano; A "reconciliação"; "O espirito é um osso"; ISBN: 2-904821.20-1 (ed. orig.) "A riqueza é o Si-mesmo". ISBN: 85-7110-153-1 (IZE, RI) 230 o mais sublime dos histérkos> livra 2,O ea na Teoria de Freude na TécnicadaPsicanálise, Rio, Jorge Zahar Ed., 19851. (1981), LeSéminaire, livreIfL LesPsychoses, texto estabelecido por J. -A Mi- ller, Paris [0Seminário, livro3, As Psicoses,Rio, Jorge Zahar Ed., 19851. — (1983), "Hamlet", inOndear? 26-27, Paris, pp.5-44. Lacisu, Ernesto(1977),Politics and Ideology in the Marxist Theory, Londres. Leda, Ernesto,e Moufte, Chantal (1985),Hegemonyand Socialist Strategy, Londres. Lebrun, Gérard (1972),La Patience duConcept Paris. Lefort, Claude (1981),L'InventionDírnoaatique,Paris. Lenin (1964),Oeuvres,vol. 35, Paris. Luxemburgo,Rosa(1976), "Réforme Sociale ou Révolution?", inOeuvres,I, Paris. Marquet, Jean- François (1973),Libertéet Ftistence, Paris. Marx, Karl (1968),"Grundrisse"I. Chapitrede!Argent, Paris. (1969),Le Capital, livro 1, Paris. 1973), "Die Klassenkãmpfe in Frankreich 1848 bis 1850", in MEW 7, Berlim (RDA). Miller, Gérard (1975),Les Pousse-au-jouir duMaréchalPétain, Paris. Miller, Jacques-Nain (1967), "Action de la Structure", inCahierspourLAnalyse, 9, Paris. (1975), "Matrice", inOmicar? 4, Paris. (1978), "Algorithmes de la Psychanalyses", inOmicar? 16, Paris. — (1980), Cinco Conferencias Caraqueñassobre Lacan, Caracas. (1980a), "Réveil", inOmicar? 20-21, Paris. (1984), "D'Un autre Lacan", inOmicar? 28, Paris. (1982-87), "L'Orientation 1,acanienne", Paris (seminário não publicado). Milner, Jean-Claude (1983),LesNomsIndistincts, Paris. — (1985), DétectionsFictives,Paris. Moe-Mk, Rastko (1986), "Über die Bedeutung der Chimãren für die conditio human", in Wo es war 1, Liubliana. Naveau, Pierre (1983), "Man et le Symptôme", in Perspectives Psychanalytiques sur la Politique,Analytica, Vol. 33, Paris. Nolte, Ernst (1969), ThreeFaces of Fascim,Toronto e Nova York. Regnault, François (1985),DieuestInconscient, Paris. . Rlha, Redo(1986), "Das Dinghafte der Geldware", inWoeswar I, Liubliana. Schelling, Friedrich Wilhelm (1856-61),Sãmdiche Wake, Stuttgart. (1946),Die Weltalter(Urfassungen),Munique. (1977),RecherchessurlaLiberté Humaine, Paris. Searle, JohnR.(1982), Sens et Expression, Paris. (1985),L'Intentionalité,Paris. Sohn-Rethel,Alfred (1970), GeistigeundkõrperlicheArbeit,Frankfurt. ~fïekSlavoj (1983), "Le Stalinisme: Un savoir Décapitonné", inPerspectivesPsychanaly- tiquessurlaPolitique,Analytica, Vol. 33, Paris. (1985), "Sur le Pouvoir Politique et ses Mécanismes Idéologiques", in Omi- car?34, Paris, pp. 41-60. JORGE LUIZ ROCh.+ ~3CONCELLOS Pref. do ()snail R. ■eo LP. SO.M SUMÁRIO Apresentação d edição brasileira 9 OCTAVIO DE SOUZA Introdução: O impossível saber absoluto 13 HECK, COM LACAN I. "O lado formal": a razão entendimento 19 versus o História de uma aparição; Querer-dizer e dizer; Os paradoxos de Zenão; Averdade como perda do objeto. IL A performatividade retroativa ou como o necessário surge docontingente 30 O grão-a-mais, o cabelo-a-menos; O Witzda síntese; A contingência em Hegel; A necessidade como efeito retroativo; Do rei à burocracia. III. Dialética, lógica do significante (1): O Um da auto-referência 44 Titulo original: O "ponto de basta"; A referência-a-si dialética; O Les Plus Sublime Des Hysteriques — Hegel passe universal como exceção; A estrutura subjetivada; Tradução autorizada da primeira edição francesa O "um Um" hegeliano. publicada em 1988 por Point Hors Ligue, de Pads, França IV.Dialética, lógica do significante (2): 0 real da "triad . 62 Copyright C 1988, Point Hors Ligne Aalingua esua borda;Coincidentia oppositonun; O objeto Copyright C 1991 da edição em lingua portuguesa: é o fiasco; O impossível interdito; Tese-antítese-síntese. Jorge Zahar EditorLtda. rua México 31 sobreloja Onde é que Lacané hegeliano? 76 V. Das Ungeschehenmachen: 20031 Rio de Janeiro, RI As três etapasdo Simbólico;Das Ungeschehenmachen; Todos os direitos reservados. O crime e o castigo; A "bela alma". A reprodução não-autorizada desta publicação, no todo ou em parte, constitui violação do copyright. (Lei 5.988) VI.A "astúcia da razão" ou a verdadeira natureza da teleologia hegeliana 89 Impressão: Tavares e Tristão Lida. O fiascoaustiniano; Sujeito hegeliano versus sujeito fichteano; A "reconciliação"; "O espirito é um osso"; ISBN: 2-904821.20-1 (ed. orig.) "A riqueza é o Si-mesmo". ISBN: 85-7110-153-1 (IZE, RI) VII. "O supra-sensível é o fenômeno como fenômeno", ou como Hegel ultrapassa a Coisa-em-sikantiana 103 Kant com McCullough; O ne expletivo; "O supra-sensível Para Renata é o fenômeno como fenômeno". VIII. Os dois Witz hegelianos permitem-nos apreender porque o saber absoluto é separador 110 A reflexão significante; A falta no Outro; O ato simbólico; "... esse vazio integral que também se chama o sagrado"; O "saber absoluto" separador. Os IMPASSES Pós-HEGELIANOs IX. O segredo da forma-mercadoria: por que Marx inventou o sintoma? 131 Marx e Freud: a análise da forma; O inconsciente da forma-mercadoria; Marx como inventor do sintoma; O caráter fetichista da mercadoria; Os "sujeitos supostos...". X. A ideologia entre o sonhoe a fantasia: primeira tentativa de delimitar o "totalitarismo" 149 O real na ideologia; Mais-gozar e mais-valia; A fantasia totalitária, o totalitário da fantasia. XI. Psicose divina, psicose política: segunda tentativa de delimitar o "totalitarismo" 159 "Raciocina... mas obedecer; A obscenidade da forma; Kant com Kafka; "A lei é a lei"; A escolha forçada; O Mal radical; A pré-história divina. XII. Entre as duas mortes: terceira e última tentativa de delimitar o "totalitarismo" 177 A segunda morte; Benjamin: a revolução como repetição; A "perspectiva do juizo final"; O corpo totalitário; "O Povo não existe". XIII. O basteamento ideológico: por que Lacan não é "pós-estruturalista"? 195 A "arbitrariedade" do significante; o Um e o impossível; Lacan versus o "pós-estruturalismo";"Não existe metalinguagem". XIV.A nomeação e a contingencia: Hegel à anglo-saxônica 208 Kripke hegeliano; Descritivismo versus antidescritivismo; Ato de linguagem, ato real; o performativo impossível; I e a. Bibliografia...............................................................................................228 VII. "O supra-sensível é o fenômeno como fenômeno", ou como Hegel ultrapassa a Coisa-em-sikantiana 103 Kant com McCullough; O ne expletivo; "O supra-sensível Para Renata é o fenômeno como fenômeno". VIII. Os dois Witz hegelianos permitem-nos apreender porque o saber absoluto é separador 110 A reflexão significante; A falta no Outro; O ato simbólico; "... esse vazio integral que também se chama o sagrado"; O "saber absoluto" separador. Os IMPASSES Pós-HEGELIANOs IX. O segredo da forma-mercadoria: por que Marx inventou o sintoma? 131 Marx e Freud: a análise da forma; O inconsciente da forma-mercadoria; Marx como inventor do sintoma; O caráter fetichista da mercadoria; Os "sujeitos supostos...". X. A ideologia entre o sonhoe a fantasia: primeira tentativa de delimitar o "totalitarismo" 149 O real na ideologia; Mais-gozar e mais-valia; A fantasia totalitária, o totalitário da fantasia. XI. Psicose divina, psicose política: segunda tentativa de delimitar o "totalitarismo" 159 "Raciocina... mas obedecer; A obscenidade da forma; Kant com Kafka; "A lei é a lei"; A escolha forçada; O Mal radical; A pré-história divina. XII. Entre as duas mortes: terceira e última tentativa de delimitar o "totalitarismo" 177 A segunda morte; Benjamin: a revolução como repetição; A "perspectiva do juizo final"; O corpo totalitário; "O Povo não existe". XIII. O basteamento ideológico: por que Lacan não é "pós-estruturalista"? 195 A "arbitrariedade" do significante; o Um e o impossível; Lacan versus o "pós-estruturalismo";"Não existe metalinguagem". XIV.A nomeação e a contingencia: Hegel à anglo-saxônica 208 Kripke hegeliano; Descritivismo versus antidescritivismo; Ato de linguagem, ato real; o performativo impossível; I e a. Bibliografia...............................................................................................228 APRESENTAÇAO À EDIÇÃO BRASILEIRA O interesse que Slavoj Zizek está destinado a despertar no público brasileiro ultrapassa em muito o círculo restrito dos iniciados na teoria psicanalítica de Lacan. Podemosmesmoafirmar que os efeitos de seu trabalho já se fizeram sentir, com grande repercussão, na abordagem critica da realidade social brasileira. Em seu artigo "Pouvoir Politique et Mécanismes Idéologi- ques", não incluído neste volumemas cujos argumentos teóricos são retomadosquase na integra em vários artigos aqui presentes, o autor apresenta a Critica da Razão Cínica de Peter Sloterdijk, onde é defendida a tesede que adefinição clássica marxista de ideologia,que poderiaser definida de modo elementar por um "issoelesnão sabem, mas eles o fazem", já não é mais capaz de darcontado modo efetivo pelo qual a ideologia encontra sua eficácia em nossos tempos. A inocência ideológica que pressupõe uma diferença de nível entre as determinações efetivas da ação social e a representação que dela faz o agente em sua "falsa consciência" sucede-se, com uma evidência cada vezmaior, ummodooperatórioda ideologia que procede segun- douma "razãocínica" que pode ser formulada nos termos de um"eles sabem muito bem o que fazem, e noentanto eles o fazem". Diferen- temente da "falsa consciência" que poderia ser esclarecida por um esforçocrítico-ideológico quedesmascararia overdadeirosentido de uma prática ideológica, o cinismo atual mostrar-se-ia irredutível diantedo argumento critico, na medida emque busca sua legitimida- de no próprio ato de tornar manifesta a discordância entre a prática e os principios que procuram justificá-la. Longede aceitar a postura cínica como uma reduçãododesco- nhecimento inerente a toda ideologia — o que deixaria a razão desarmada diante de agentes sociais que se utilizam da ideologia 9 APRESENTAÇAO À EDIÇÃO BRASILEIRA O interesse que Slavoj Zizek está destinado a despertar no público brasileiro ultrapassa em muito o círculo restrito dos iniciados na teoria psicanalítica de Lacan. Podemosmesmoafirmar que os efeitos de seu trabalho já se fizeram sentir, com grande repercussão, na abordagem critica da realidade social brasileira. Em seu artigo "Pouvoir Politique et Mécanismes Idéologi- ques", não incluído neste volumemas cujos argumentos teóricos são retomadosquase na integra em vários artigos aqui presentes, o autor apresenta a Critica da Razão Cínica de Peter Sloterdijk, onde é defendida a tesede que adefinição clássica marxista de ideologia,que poderiaser definida de modo elementar por um "issoelesnão sabem, mas eles o fazem", já não é mais capaz de darcontado modo efetivo pelo qual a ideologia encontra sua eficácia em nossos tempos. A inocência ideológica que pressupõe uma diferença de nível entre as determinações efetivas da ação social e a representação que dela faz o agente em sua "falsa consciência" sucede-se, com uma evidência cada vezmaior, ummodooperatórioda ideologia que procede segun- douma "razãocínica" que pode ser formulada nos termos de um"eles sabem muito bem o que fazem, e noentanto eles o fazem". Diferen- temente da "falsa consciência" que poderia ser esclarecida por um esforçocrítico-ideológico quedesmascararia overdadeirosentido de uma prática ideológica, o cinismo atual mostrar-se-ia irredutível diantedo argumento critico, na medida emque busca sua legitimida- de no próprio ato de tornar manifesta a discordância entre a prática e os principios que procuram justificá-la. Longede aceitar a postura cínica como uma reduçãododesco- nhecimento inerente a toda ideologia — o que deixaria a razão desarmada diante de agentes sociais que se utilizam da ideologia 9 apresentação tr le o maissublimedos hiubicos tempo, antes dos novos ares que passaram a soprar do Leste europeu como simples meio de manipulação, em relação ao qual ocupariam — uma situação comparável com a do Brasil. Tanto IS quanto aqui, uma posição soberana, na intenção declarada de obter poder e gozo os sistemas politicos colocados em xeque pela sociedade civil procu- —, Slavoj Ziïek vai mostrar, retomando a lógica do significante ravam (ou procuram) encontrar os meios de sua sobrevida através de através dos conceitos de sintoma e fantasia, como o cínico, apesar de uma prática politico-social que tem no cinismo sua razão preponde- desmascarar o sintoma ao encontrar justificativa para sua ação na rante. Certamente esse fator é um importante componente da força inversão do sinal de valor da crítica marxista, ainda assim deixa que podemos extrair da leitura destas páginas. aparecer o seu calcanhar de Aquiles ao desconhecer a fantasia que O que também fica claro é que a relação da psicanálise com o estrutura a realidade social. Desse modo, a vanglória do cínico de- estudo critico da sociedade não se constitui como um subproduto monstra ter fôlego curto, pois a realidade que ele acredita controlar obtido sob a forma de uma "contribuição" oriunda de uma disciplina e usufruir com o exercício arrogante do poder, na verdade lhe reserva que se ocuparia principalmente do individuo. Sua conexão com esse o papel de instrumento de um gozo que lhe escapa, e que só pode ser campo é direta, pois a lógicaque procedeà formaçãodos fenômenos indicado através dos desvios da astúcia da razão. Teríamos aqui um clínicos é a mesma que informa os impasses com que toda sociedade exemplo vivo, em outro contexto, da observação que Hannah Arendt se defronta, e é isso que o autor demonstra com uma ironia corrosiva fazia sobre o papel dos administradores do imperialismo capitalista e uma acuidade poucas vezes encontrada em trabalhos com o mesmo nos domínios ultramarinos, onde os ideais cívicos da Europa não propósito. precisavam ser levados em consideração: "A mera exportação da O encontro de Hegel com Lacan,propiciado na primeira parte violência transformava em senhores os servos — porque eram servos deste volume, é ocasião para adentrarmos numa exposição da lógica esses administradores—sem lhes dar a mais importante prerrogativa do significante rica em indicações para a saída dos impasses em que do senhor: a possível criação de algo novo". o senso insiste em nos acuar. A discussão da validade da tese avançada, É importante pensar na possibilidade de diferenciação entre a de um Hegel lacaniano, inédita tanto para hegelianos quanto para uma ideologia e a modalidade de relacionamento que um sujeito pode lacaàianos, é um dos desafios maiores que este texto apresenta. A entreter com ela. A novidade do cinismo está nesse segundo fator, segunda parte é dedicada, principalmente, à apreciação do totalita- enquanto a criação do novo está na produção de uma modificação do rismo e à questão que ele coloca para o progresso da democracia. Na próprio edifício ideológico. Senhor infecundo, o cínico, diante de demonstração do impossível contra o qual a democracia se choca, valores ideológicos que desmoronam, deixando vir à tona um aspecto encontramos outro desafio, este, certamente, muito mais dificil de ser de seus verdadeiros determinantes, comparece com uma postura de enfrentado. desistência de produção de uma novidade no campo político-ideoló- gico que possa reordenar a sociedade, satisfazendo-se em prolongar OCTAVIO DE SOUZA um banquete que dá mostras de terminar. Sabemos a função de desmascaramento que a noção de "razão cínica" desempenhou em nosso meio, através de Jurandir Freire Costa, principalmente em seu artigo "Narcisismo em Tempos Som- brios", onde junto à idéia de uma "cultura do narcisismo", teve papel fundamental para uma crítica de nosso momento social. Podemos considerar esse trabalho como um dos momentos maiores onde um psicanalista demonstra a potência de crítica dos impasses sociais que podem derivar desua disciplina, despertandoa sociedade para a busca de caminhos que possam evitar o pior. Prova disso é a repercussão por eleencontrada em meios muito mais amplos que os dos teóricos da psicanálise e afins — coisa rara no Brasil e praticamente inexisten- te no chamado primeiro mundo. É interessante notar nesse sentido que, iugoslavo, Slavoj 'Lifek é oriundo de um pals onde o socialisme real da doutrina estatal provocava — pelo menos até bem pouco

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