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O Jardim das Aflições - De Epicuro à Ressurreição de César PDF

223 Pages·2000·1.144 MB·Portuguese
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O JARDIM DAS AFLIÇÕES 4 OLAVO DE CARVALHO OBRAS DE OLAVO DE CARVALHO 1. Universalidade e Abstração e Outros Estudos. São Paulo, Speculum, 1983 2. O Crime da Madre Agnes ou: A Confusão entre Espiritualidade e Psiquismo. São Paulo, Speculum, 1983 3. Astros e Símbolos São Paulo, Nova Stella, 1983 4. Símbolos e Mitos no Filme “O Silêncio dos Inocentes”. Rio, IAL & Stella Caymmi, 1993 5. Os Gêneros Literários: Seus Fundamentos Metafísicos. Rio, IAL & Stella Caymmi, 1993 6. O Caráter como Forma Pura da Personalidade. Rio, Astroscientia Editora, 1993 7. A Nova Era e a Revolução Cultural: Fritjof Capra & Antonio Gramsci. Rio, IAL & Stella Caymmi, 1994 (1a ed., fevereiro; 2a ed., revista e aumentada, agosto). 8. Uma Filosofia Aristotélica da Cultura: Introdução à Teoria dos Quatro Discursos. Rio, IAL & Stella Caymmi, 1994. 9. O Jardim das Aflições. De Epicuro à Ressurreição de César — Ensaio sobre o Materialismo e a Religião Civil. Rio, Diadorim, 1995. 10. O Imbecil Coletivo: Atualidades Inculturais Brasileiras. Rio, Faculdade da Cidade Editora e Aca- demia Brasileira de Filosofia, 1996 (1a ed., agosto; 2a ed., outubro; 3a ed., abril de 1997 ; 4a, maio de 1997; 5a, janeiro de 1998; 6a, abril de 1998). 11. Aristóteles em Nova Perspectiva. Introdução à Teoria dos Quatro Discursos. Rio, Topbooks, 1996. 12. O Futuro do Pensamento Brasileiro. Estudos sobre o Nosso Lugar no Mundo. Rio, Faculdade da Cidade Editora (1a ed., agosto de 1997; 2a ed., março de 1998). 13. Como Vencer um Debate sem Precisar Ter Razão. Comentários à “Dialética Erística” de Arthur Schopenhauer. Rio, Topbooks, 1997. 14. A Longa Marcha da Vaca para o Brejo & Os Filhos da PUC. O Imbecil Coletivo II. Rio, Topbooks, 1998. OLAVO DE CARVALHO O Jardim das Aflições DE EPICURO À RESSURREIÇÃO DE CÉSAR: ENSAIO SOBRE O MATERIALISMO E A RELIGIÃO CIVIL PREFÁCIO DE BRUNO TOLENTINO Segunda Edição, Revista 6 OLAVO DE CARVALHO Copyright © 1998 by Olavo de Carvalho Capa e planejamento gráfico: Ateliê 19 Assessoria em Comunicação R. das Laranjeiras, 531 / 16 F. (021) 225.1806 Fax (021) 245.2920 Rio de Janeiro RJ CIP-Brasil. Catalogação-na-fonte Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ. Todos os direitos reservados pela TOPBOOKS EDITORA E DISTRIBUIDORA DE LIVROS LTDA. R. Visconde de Inhaúma, 58, gr. 413 – CEP 20091-000 Rio de Janeiro – RJ – Tel.: (021) 233.87178 § 16. Epicuro e Marx................................................................................77 § 17. Comentários à 11ª “Tese sobre Feuerbach”...................................79 PREFÁCIO, POR BRUNO TOLENTINO............................................................9 § 18. A tradição materialista.....................................................................84 LIVRO IV: OS BRAÇOS E A CRUZ..............................................91 O JARDIM DAS AFLIÇÕES CAPÍTULO VII: O MATERIALISMO ESPIRITUAL.....................................93 LIVRO I: PESSANHA.......................................................................19 § 19. A divinização do espaço (I): Pobres bantos.....................................93 CAPÍTULO I: A NOVA HISTÓRIA DA ÉTICA............................................21 § 20. A divinização do espaço (II): O infinito de Nicolau de Cusa...........96 § 1. Introdução. O que Epicuro veio fazer aqui, ou: Biografia deste livro21 § 21. A divinização do tempo (I): A força dos meios..............................107 § 2. As conferências do MASP ...................................................................28 § 22. A divinização do tempo (II): Beaux draps......................................117 § 3. Pessanha e o pensamento Ocidental..................................................31 CAPÍTULO VIII: A REVOLUÇÃO GNÓSTICA..........................................123 LIVRO II: EPICURO.........................................................................51 § 23. Revisão do itinerário percorrido....................................................123 § 24. O véu do templo.............................................................................124 CAPÍTULO II: COSMOLOGIA DE EPICURO..............................................37 § 25. Leviatã e Beemoth..........................................................................130 § 4. Uma profissão-de-fé epicurista. A matéria segundo Epicuro............37 § 5. Um piedoso subterfúgio.....................................................................40 LIVRO V: CÆSAR REDIVIVUS....................................................134 § 6. A imaginação dos deuses. A eviternidade..........................................41 CAPÍTULO IX: A RELIGIÃO DO IMPÉRIO...............................................135 § 7. Epicuro crítico de Demócrito.............................................................42 § 26. De Hegel a Comte..........................................................................135 CAPÍTULO III: ÉTICA DE EPICURO............................................................45 § 27. Translatio imperii. Breve história da idéia imperial. ....................137 § 8. O remédio de todos os males..............................................................45 § 28. O Império contra-ataca..................................................................151 § 9. A abolição da consciência..................................................................46 § 29. Aristocracia e sacerdócio no Império americano (I).....................154 CAPÍTULO IV: LÓGICA DE EPICURO........................................................53 § 30. Aristocracia e sacerdócio no Império americano (II)....................164 § 10. A fumaça e o fogo.............................................................................53 § 31. De Wilhelm Meister a Raskolnikov................................................168 § 11. O convite ao sono.............................................................................54 § 32. As novas Tábuas da Lei, ou: O Estado bedel.................................174 § 12. A Servidão Voluntária......................................................................57 CAPÍTULO X: NA BORDA DO MUNDO...................................................182 § 13. Dos cães de Pavlov ao lava-rápido cerebral...................................59 § 33. Retorno ao MASP e ingresso no Jardim das Aflições.....................182 CAPÍTULO V: A ÍNDOLE DO EPICURISMO..............................................67 § 14. Porcarias epicúreas.........................................................................67 Post-scriptum. LÁPIDE: DE TE FABULA NARRATUR.........................................201 § 15. A fuga para o jardim........................................................................71 BIBLIOGRAFIA..............................................................................................203 LIVRO III: MARX...........................................................................133 ÍNDICE ONOMÁSTICO...................................................................................213 CAPÍTULO VI: A SUBSTITUIÇÃO DO MUNDO.........................................77 8 OLAVO DE CARVALHO NOTA DO AUTOR À SEGUNDA EDIÇÃO A pesar dos elogios de Antonio Fernando Borges, Vamireh Chacon, Roberto Cam- pos, Josué Montello, Herberto Sales, Leopoldo Serran e muitos outros, este livro não mereceu do público a atenção que se concedeu generosamente a seu irmão menor, O Imbecil Coletivo. Vai para a segunda edição após dois anos, quando o com- panheiro teve quatro em seis meses. No entanto é dos dois o melhor e o único que constitui propriamente um livro, coisa unida e coesa, com começo, meio e fim, en- quanto O Imbecil não passa de uma coletânea de notas de rodapé que não couberam no rodapé. Solicitando humildemente a parcela de audiência a que julga ter direito, O Jardim comparece limpo e correto, melhorado em detalhes de linguagem e sem as gralhas mais visíveis da primeira edição. Mas não aumentado: se há um livro em que o autor disse tudo o que nele queria dizer, é este. Só repito o apelo a que o leitor não o leia de viés e saltado, mas pela ordem dos capítulos — e peço que entenda isto como receita médica, que, cumprida mal ou im- precisamente, trará mais dano que benefício. OLAVO DE CARVALHO O JARDIM DAS AFLIÇÕES 9 nadamente neste último, como a tampa que subitamente abandona a marmita, esperava-me um convite a bem outro tipo de investigações: as que se ocupam de verificar o real a partir da inteligência e dos fatos, nunca a partir dos fatos PREFÁCIO segundo a intelligentzia. Sedimentado através dos séculos pela perspicácia de uma nobre linhagem, esse método de investigar o como e o porque do ser-no- mundo, viga mestra de todo esforço de verificação filosófica, tem a vantagem de respeitar os dados do real, inclusive os pressupostos do saber acumulados BRUNO TOLENTINO pela tradição, em vez de buscar substitui-los, dados e fatos, pelo mundo-como- D e quando em quando na vida do espírito desanuvia-se aquele céu plúm- idéia, inevitavelmente sempre a idéia do mundo mais em voga a um certo mo- mento. No momento esse lapso de um tempo mental que não acaba de acabar- beo e baixo em que Baudelaire via a tampa da marmita na qual, segundo se é ainda, e outra vez acabo de constatá-lo até à exaustão, de estirpe marxis- ele, ferve a humanidade. São raros esses momentos, mas de uma clareza pró- ta, de marca universitária e de cunho dogmático-materialista, os três insepa- pria a desnudar como nunca os pólos extremos de uma velha e enfumaçada ráveis elementos da doutíssima Trindade que se propõe a recriar o mundo. questão: ver ou não ver. Quem quer que tenha lido de cabo a rabo este livro Contra tudo isso, e em particular contra a espécie de Gabinete do Dr. Ca- há de convir que vive um destes momentos privilegiados. Tanto mais se, como ligari em que se vai transformando entre nós a veneranda idéia de Universi- eu, tiver suado frio por semanas sob o peso das centenas de impenetráveis dade, insurge-se com toda a lucidez o vigor deste livro. Obra eletrizante, rica e páginas que nosso mais reputado e menos aspeado filósofo atual, o anestesia- complexa, mas de fácil leitura justamente por causa e não a despeito da formi- dor de gerações uspianas, Dr. Gianotti, dedicou recentemente às investigações dável erudição em que se firma. A esse respeito, uma advertência apenas, úni- do surrado materialismo lingüístico de Wittgenstein. Não estou desmerecendo ca justificativa à intrusão de um prefácio em obra tão límpida, perfeitamente do esforço de ninguém, estou celebrando meu alívio de que a tampa da marmi- capaz de tudo dizer por si mesma. Que o leitor leve em conta o caráter, não ta se tenha afastado de mim o bastante para deixar-me perceber, não tanto tanto do autor, ou mesmo de suas idéias, mas da tarefa que se propôs. Refratá- aonde leva o labirinto lingüístico do vienense em sua versão paulistana (c’est rio à leitura transversal ou salteada a que às vezes incita, o argumento central assez que Quintilien l’ait dit... ), mas onde começam meus inadiáveis proble- deste aflitivo jardim evolui à maneira de um crescendo para desafiadoramente mas de brasileiro acuado há décadas pela futilidade do ininteligível. Soube-o elucidar-se apenas nas duas partes finais: “Os Braços da Cruz” e “Cæsar enfim graças à claridade que, paradoxalmente, fui encontrar na lição de trevas Redivivus” são a sístole e a diástole do coração vivo desta obra alarmante. deste livro, O Jardim das Aflições. Assim, dos dados de um problema aparentemente sem maior importância no Com efeito, achei-me no pólo oposto à perplexidade em que vivia durante a plano das idéias (que importa, a quem de fato pense o mundo, o sufocante leitura ⎯ que digo?! durante a suadíssima mineração que empreendi nas du- mundinho dos cortesãos e doutores de mais uma trópica Bizâncio?), o autor ras e obscuras galerias sublinguais daquele celebrado duo: o ascético autor extrai uma estonteante exposição de significações, numa visão inquietante do do Tractatus (ou das Investigations?) e o ex-Papa Doc, atual Papa pálido da sentido universal da aventura da inteligência moderna. Inclusive, ou sobretu- enrubescedora tropa-de-choque investigada neste jardim de aflições. Afortu- do, de seu sentido cuidadosamente oculto. 10 OLAVO DE CARVALHO Só que, à diferença de compêndios bem mais ao gosto do dia, este livro não gundo sua Teoria dos Quatro Discursos, proposição de seu ensaio pioneiro, é resíduo de tese de doutoramento nem se propõe a enfeitar a carreira de mais Uma Filosofia Aristotélica da Cultura (IAL & Stella Caymmi Editora, Rio, um philosophe local cevado na massuda monotonia dos gabinetes à la page. 1994). Segundo o Aristóteles de Olavo de Carvalho, da esquematização objeti- Ao contrário, tudo o que aqui vai tem a ver ⎯ e urgentemente ⎯ comigo, com va que atribui a um conjunto de dados sensíveis uma figura dotada de sentido você, leitor, com os que somos e continuamos a ser submetidos a uma contínua (Poética), emanariam interpretações discordantes fortalecidas no confronto barragem de slogans e esoterismos a transpirar intenções nem lá tão ocultas das vontades que as apoiam (Retórica). Sobre essa massa crítica do acúmulo assim. Claro, o olhar que põe tudo isto a nu vem do olho agudo de um filósofo dos esforços retóricos seria então possível o exame dialético que, confrontan- nato, ou seja, de um sujeito que não pode não pensar, por menos que assim do e hierarquizando, indicaria o sentido de uma solução racional (Dialética). fazendo consiga caber nos moldes, invariavelmente alienígenas, de um conhe- Só então tornar-se-ia factível estabelecer métodos e critérios propriamente cido e bem mancomunado establishment. Passamos a ver claramente o que por científicos, capazes de levar a questão a uma resolução maximamente exata estas bandas nos vem tapando a mente e sufocando o espírito, graças à cora- (Lógica). A tarefa específica do filósofo seria, portanto, a de colher as ques- gem intelectual de um erudito que não se esconde atrás do que sabe, antes nos tões ao nível retórico e elaborá-las em hipóteses formais para as entregar à convida a examinar com ele o que investiga, expõe, explica. O que certa gente busca de uma solução lógico-científica. quer e persegue com uma obstinação de cachorro magro, o que andou e anda Nada de estranhar, assim, que trabalho tão ímpar, e em última análise tão fazendo em nome da inteligência como desdentados leões de circo, ficará per- aterrador quanto o estrilo de um despertador à meia-noite, parta de impres- feitamente claro ao longo do passeio em que nos guia a agudeza da leitura que sões subjetivas para, através do combate retórico, montar as oposições que só Olavo de Carvalho faz da história das idéias no Ocidente. Graças a sua ine- na conclusão (naquelas duas últimas partes, ou Livros, no sentido agostini- xaurível erudição e incontornável honestidade intelectual, torna-se enfim pos- ano) vai-se definitivamente elaborar, um tanto paradoxalmente à maneira de sível dar esse passeio para fora das brumas do obscurantismo idealista doublé um tutti orchestrale, num conjunto de investigações dialéticas. Longe de consti- de pedantismo acadêmico. E dá-lo com toda a clareza através de um assusta- tuírem um empecilho ao entendimento, a gênese como a elaboração da obra dor pomar de aflições, ou seja, de imposturas orquestradas como filosofia e aqui ajudam muito o leitor: a mim pareceu-me muitíssimo estimulante progre- penduradas ao nada como amoras de mentirinha. O leitor, ao acompanhar um dir através da “multiplicidade de temas e planos que faz a trama compósita filósofo de verdade em sua minuciosa e exaustiva investigação de um embuste, deste livro”, como nos adverte uma nota do autor. O qual, nisto ao menos, só tem a perder suas ilusões a respeito da seriedade dos donos da hora, por acha-se logo em excelente companhia: no Ocidente a filosofia pós-helênica detrás de suas cátedras como abutres encapuzados em togas e títulos. teve muito cedo entre seus cumes obras como as Confissões de Santo Agosti- Mas que o leitor não se apresse, não há como tomar esta obra apenas co- nho, para citar apenas um “compósito” que à primeira vista pouco tem de mo a hábil ampliação de um panfleto. Há que lê-lo até seu eletrizante gran ostensivamente filosófico, como o entendem os “atuais” pupilos do Dr. Cali- finale para perceber todo o escopo deste livro singular. Seu método de compo- gari. A pedantaria engordaria bem mais tarde, a presente identificação entre sição, à primeira vista paralelo aos procedimentos sinfônicos de um Sibelius, filosofia e adiposidade de jargão é fenômeno tão moderno quanto os enlatados por exemplo, calca-se no entanto em modelos bem mais antigos e prováveis. É de supermercado. talvez o primeiro esforço de Olavo de Carvalho para pensar em público se-

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