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O futuro é muito tempo PDF

377 Pages·2016·12.9 MB·Portuguese
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Nesta mesma colecçao JORGH AMADO Conversas com Alice Raillard I /6 dc \(tivii/hm de I9SO. o unindo eslremeeen: l.onis .Mlhnsser. o célehiv lihisofo iiinrxisln. o uiesire inconlesindo de Ioda ninn '^ernçdo de inleleeliuiis e íielirisins /lolílieos. es/rnn_í>nlnrn a snn jimlirin innlher. Ilelene. nincndo de ninn crise de deiiiêncin. \no honre processo, item condenação: considerado iniiupnldrel. encerrado nnin hospício psirpiidlrico. ahalen-.se sohre ele niiia pesada cortina de silêncio. Pnlrelanlo. com a crise do marxismo, os sens Urros, (pie tinham sido rerdadeiros hreridrios. transformaram-se em peças de mnsen. Onando Althn.s.ser morren. em Ontnhro de IhdO. jd ha mnito tinha morrido na memória das piuites (' do tempo. ,SVi (pie então .se de.scohre (/ne. durante e.s.ses í/c: <tiios. .Mthn.s.ser não ce.s.sara de rejlectir. de pensar, de escretvr. / ipie no meio do .sen espólio, dactiloprafido por ele. pronto para pnhiicação. lutt ia um documento trópico e extraordinário em <pie o f 'iloso/ó. como tpie respondendo no proce.sso ipie não tere. explicara o .sen crime e merpnlhara nas raízes mais fniidíts da sna demêncict: este () ruuiro é MliíIo Tniipo, /;' esta extraordinária e dramática con/i.s.sáo /lóstiinut de .Mthn.s.ser — a cpie se junta na juvsente edição nm ontro eshoço antohioprálico inédito. Os IsiUos, redipido em I9M)— . (pie as lidtçéies . l.S. l se orpnlham de apora aju e.sentar (to leitor jiortiipnês. fioncos me.se.s de/xiis do retnmhante sucesso ohtido pela edição oripinal francesa. LOUIS ALTHUSSER O FUTURO É MUITO TEMPO SEGUIDO DE OS FACTOS EDIÇÃO ORGANIZADA E APRESENTADA POR OLIVJER CORPET E YANN MOULIER BOUTANG TRADUÇÃO MIGUEL SERRAS PEREIRA 1 ^ ASA l I 1 { B A 1 U R A I III 1.0 ( IRK.INAI I. A\ E.MR DL Rh I.ONGI FMPS l‘-)‘í2. Idiuun^ IMS ( )))UH I. \( I A I) \ ( OI K (, ' J0.4() MACHADO i ' S>c7vniAi-ii Oí- kc'!.-!'' :Klo^ [ikIov n- llirt-Jt' índice 9 Apresentação. O FLJTURO É MUITO TEMPO 19 301 OS FACTOS APRESENTAÇÃO L ouis Althusser morreu a 22 cie Outubro de 1990. Os dois textos autobio­ gráficos publicados neste volume foram descobertos, cuidadosamente guar­ dados nos seus arquivos, quando estes últimos nos foram confiados, em Julho de 1991, no Institut Mémoires de 1’Edition Contemporaine (IMEC), juntamente com a missão de garantirmos a valorização científica e editorial do fundo. Dez anos separam a redacção dos dois textos. Dez anos a meio dos quais, no dia 16 de Novembro de 1980, o destino de Louis Althusser soçobra no impensável e no trágico com o assassinato de sua mulher, Hélène, no seu apar­ tamento da École Normale Supérieure, na rue dTJlm, em Paris. A leitura destas duas autobiografias — cuja existência, sobretudo no tocante a O Futuro é Muito Tempo, se tornara quase um mito — levou Fran- çois Boddaert, sobrinho de Louis Althusser, e seu único herdeiro, a decidir a sua publicação como primeiro volume da edição póstuma de numerosos iné­ ditos descobertos no Fundo Althusser. A edição compreenderá, além desses textos, o seu Journal de captivité {Diário de Cativeiro) escrito por altura do internamento do Autor num stalag na Alemanha entre 1940 e 1945, depois um volume de obras mais estritamente filosóficas, e por fim um conjunto de tex­ tos diversos (políticos, literários...) e de correspondência. Para preparar esta edição, recolhemos vários testemunhos, por vezes divergentes, de amigos de Louis Althusser que num momento ou noutro conheceram ou se cruzaram com a história destes manuscritos, tendo-os alguns deles lido, na totalidade ou em parte, numa fase ou noutra da respectiva 7 L O I I S A L T U [’ S S E R redacção. Reunimos de igual modo documentos de todo o tipo (agendas, notas, recortes de jornais, cartas...) que muitas vezes se encontravam dispersos nos arcjuivos, mas que podiam ser\ ir de indícios, ou até de provas ou referên­ cias acerca das «fontes» utilizadas por Louis Althusser. O dossier preparatório integral desta edição, incluindo evidentemente os próprios manuscritos e as diferentes versões ou acrescentos, poderá ser consultado, o que permitirá aos investigadores especializados o estudo da gênese das duas autobiografias. Por­ tanto. limitar-nos-emos a indicar aqui os dados principais sobre a história dos textos que esclarecem esta edição, as características materiais dos manuscritos e os critérios adoptados para a sua transcrição, sabendo que as circunstâncias de pormenor da sua redacção serão longamente relatadas e analisadas no segundo volume da biografia de Louis Althusser ’. A análise dos documentos e dos testemunhos até aqui reunidos permitem adiantar com segurança os pontos seguintes: a redacção de O Futuro é Muito Tempo foi despoletada, ainda que o projecto de uma autobiografia seja muito anterior, pela leitura, no Monde do dia 14 de Março de 1985, de um «bilhete» de Claude Sarraute intitulado «Petite faim». (Mnsagrado essencialmente ao assas­ sínio antropofágico de uma jovem holandesa pelo japonês Issei Sagawa e ao êxito que conheceu em seguida no Japão o liv ro onde este narrava o seu crime, depois de ter sido repatriado na sequência de uma declaração de improcedência e de uma breve estadia num hospital psicjuiátrico francês, o artigo de Cdaude Sarraute evocava de passagem outros «casos»: «[...] Nos media, assim que descobrimos um nome de prestígio imiscuído num processo suculento — Althusser. Thibault d Orléans — transformamo-lo em grande acontecimento. A vítima? Não merece três linhas sequer. A vedeta é o culpado [ ..].» Após a publicação deste «bilhete», diversos amigos de Louis Althusser aconselharam-no a protestar junto do jornal contra a alusão a um «processo suculento». Mas ele seguiu o conselho de outros amigos, que embora criticas­ sem a maneira como a coisa fora feita, achavam que, em todo o caso, Claude Sarraute punha em evidência um ponto essencial, e para ele dramático: de Veja-sc \un i.h;r liorr.wí., toiiis Althusser. une biograpbie. tomo i, Cirasset, 1992. 8 A l’ R R S E T .4 Ç A O tacto, a ausência de «processo», devido à improcedência de que «beneficiara». \o dia 19 de Março de 1985, escreve a um dos seus amigos mais chegados, Dominique Lecourt — mas não chega a enviar-lhe a carta — que não poderá v oltar a aparecer na cena pública» sem antes se ter explicado sobre o que lhe aconteceu, quer dizer, sem ter escrito «[...] uma espécie de autobiografia, na qual entrariam [as suas] explicações sobre o drama e o seu "tratamento" tanto policial e judicial como hospitalar, bem como naturalmente a sua origem», Esta preocupação de escrever uma autobiografia não é sem dúvida uma novi- viadc: já em 1982, por exemplo, ao sair do seu primeiro internamento poste­ rior ao assassínio, redige um texto teórico sobre o «materialismo do encontro», que começa do seguinte modo; «Estou a escrever este livro em Outubro de 1982, ao sair de uma provação atroz tjue durou três anos, e cuja história, quem sabe, talv^ez um dia conte, se ela puder servir para esclarecer outros, quer sttbre as suas circunstâncias quer sobre o que suportei (a psiquiatria, etc,). Porque estrangulei a minha mulher, que era tudo para mim neste mundo, no decurso de uma crise intensa e imprevisível de confusão mental, em Novembro de 1980, a minha mulher que me amava a ponto de só querer morrer por não poder viver, e eu, na minha confusão e na minha inconsciência, sem dúvida "lhe prestei esse serviço”, do qual, sem se defender, ela morreu.» O texto con­ tinua depois com considerações filosóficas e políticas sem vxtltar a estas pri­ meiras alusões autobiográficas. Em Março de 1985, decidido desta vez a contar a «história», do seu pró­ prio ponto de vista, Louis Althusser escreve a vários amigos no estrangeiro, pedindo-lhes que lhe enviem todos os recortes de textos saídos na imprensa a seu respeito a partir de Novembro de 1980. Faz a mesma coisa quanto à imprensa francesa e reúne ou pede aos amigos que lhe forneçam uma abun­ dante documentação tanto sobre os problemas jurídicos da improcedência e sobre o artigo 64.“ do Código Penal de 1838 como sobre a questão das perita- gens psiquiátricas. Pede além disso a algumas pessoas mais chegadas que lhe comuniquem os seus «diários» correspondentes a estes anos, ou que lhe con­ tem os acontecimentos cuja recordação, sob certos aspectos, perdeu. Interroga o seu psiquiatra e o seu psicanalista acerca dos tratamentos que seguiu, os medicamentos que tev e de tomar (por vezes passa «a limpo» as suas explicações l o V / ,v A L r H V S S f. R e interpretações), regista em folhas soltas ou agendas um conjunto global de factos, de acontecimentos, de afirmações, de reflexões, de citações, de frases isoladas, em suma, de indicações tanto factuais e pessoais como políticas ou psicanalíticas. Os seus arquivos conservaram os vestígios de todo este trabalho de elaboração que serviu para a redacção de O Futuro é Muito Tempo. Segundo toda a probabilidade, a redacção propriamente dita e o bater à máquina do texto ocuparam apenas algumas semanas, dos últimos dias de Março a fins de Abril ou começos de Maio de 1985. No dia 11 de Maio, dá a ler a Michelle Loi um manuscrito, sem dúvida já completo, e a 30 de Maio passa à máquina uma versão de um novo texto teórico intitulado «Que fazer?». Logo na segunda página, alude à autobiografia que acaba de completar; <derei presente um primeiro princípio fundamental de Maquiavel que comentei lon­ gamente no meu pequeno livro: O Futuro é Muito Tempo «Pequeno» é uma figura de estilo porque o texto tem perto de trezentas páginas e constitui, tanto quanto sabemos, o manuscrito mais longo que alguma vez foi escrito por Louis Althusser, cuja obra publicada se distribui até aí por opúsculos e compi­ lações de artigos. No dia 15 de Junho, presa de uma crise hipomaníaca pro­ funda, será de novo hospitalizado em Soisy. Tal parece ter sido o calendário da redacção de O Futuro é Muito Tem­ po — um calendário que corresponde exactamente à datação de certos factos ou acontecimentos referidos no corpo do texto (por exemplo: «Há quatro anos, durante o governo Mauroy», p. 15 do original francês, ou: «Apenas há seis meses, em Outubro de 84», p. 119 do original, ou ainda: «tenho sessenta e sete anos», p. 272). Os retoques posteriores parecem ter sido de somenos. O número das pessoas que pôde ler o todo ou uma parte significativa deste manuscrito limitou-se a uns poucos amigos chegados, entre os quais se destacam Stanislas Breton, Michelle Loi, Sandra Salomon, Paulette Táíeb, André Tosei, Hélène Troizier, Claudine Normand. Sabe-se de resto que o Autor evocou por div-ersas vezes a sua existência na presença de alguns editores e que lhes expressou o seu desejo de ver publicado o manuscrito, sem contudo o mostrar, pelo menos na totalidade. Tudo indica portanto que Louis Althusser tomara precauções extremas para que este manuscrito, ao contrário do que em geral acontecia com os seus outros textos, não «circulasse». Aliás, nos seus 10

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