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O fantasma da máquina PDF

386 Pages·1969·4.468 MB·Portuguese
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1 2 osebodigital.blogspot.com O Fantasma da Máquina 3 4 Arthur Koestler O Fantasma da Máquina Tradução de Christiano Monteiro Oiticica e Hesiodo de Queiroz Facó Zahar Editores Rio de Janeiro 5 Título original: The Ghost in the Machine Publicado na Inglaterra por Hutchinson & Co. (Publishers) Ltd, Londres Copyright © 1967 by Arthur Koestler capa de Érico 1969 Direitos para a língua portuguesa adquiridos por ZAHAR EDITÔRES Rua México, 31 - Rio de Janeiro que se reservam a propriedade desta tradução Impresso no Brasil 6 Aos Membros e Funcionários (1964-65) do Centro de Estudos Avançados das Ciências Behavioristas 7 8 PREFÁCIO Em um livro anterior, The Act of Creation, tratei da arte e da des- coberta científica, da glória do homem. O presente volume termina com um exame do dilema do homem e assim se completa um ciclo. A criati- vidade e a patologia da mente humana são verso e reverso de uma mes- ma medalha cunhada nas oficinas da evolução. A primeira é responsável pelo esplendor das nossas catedrais; a segunda, pelas gárgulas que as enfeitam e nos lembram que o mundo é cheio de monstros, demônios e súcubos. Estes refletem o laivo de insânia que percorre a história da nossa espécie, indicando que em alguma seção da sua linha ascendente até a preeminência houve algo de errado. Tem-se comparado a evolução com um labirinto de becos sem saída, e não, é nada estranha nem improvável a suposição de que a estrutura mental originária do homem, embora su- perior à de qualquer outra espécie viva, se ressinta de um erro intrínseco ou deficiência que o predispõe para a autodestruição. Investigar as causas dessa deficiência é tarefa que começou com o Livro do Gênese e desde então se faz sem solução de continuidade. Cada idade oferece um diagnóstico, desde a doutrina da queda do homem até a hipótese do instinto de morte. Embora as respostas sejam inconcluden- 9 tes, vale a pena apresentar as perguntas. Estas têm sido formuladas na terminologia específica de cada época e de cada cultura, e assim é inevi- tável que nos nossos dias sejam expressas na linguagem da ciência. Mas acontece que, embora pareça paradoxal, a ciência de tal maneira se ator- doou, no curso do século passado, com as suas próprias conquistas, que se esqueceu de fazer as perguntas adequadas, ou recusou-se a fazê-las sob o pretexto de não terem sentido e, de qualquer modo, não interessa- rem ao cientista. Essa generalização sem dúvida não se refere aos cientistas indivi- dualmente, mas à corrente ortodoxa e dominante nas ciências da vida na época contemporânea, da Genética evolutiva à Psicologia experimental. Não podemos ter a esperança de chegar a um diagnóstico sobre o dilema do homem, enquanto a idéia que tivermos dele fôr a de um autômato de reflexos condicionados, fruto de mutações ocasionais. O eminente bio- logista Sir Alister Hardy escreveu recentemente: “Cheguei à convicção, e espero persuadir-vos, de que é inexata a visão que se tem presentemente da evolução”. Outro notável biologista, W. H. Thorpe, nos fala de “uma subcorrente de pensamento no espírito de dezenas, talvez centenas de biologistas que, nos últimos vinte e cinco anos, encaram com ceticismo a doutrina ortodoxa atual.” Tendências igualmente heréticas se evidenciam nas demais ciências da vida, do estudo da Genética ao do sistema nervoso e, assim, ao da percepção, da linguagem e do pensamento. No entanto, esses diversos movimentos de não-conformismo, cada um com o eixo de interesse firmado no seu campo específico, ainda não oferecem contri- buição suficiente para constituir uma Filosofia coerente. Nas páginas que se seguem tentei juntar os pedaços soltos dos fios de idéias que se vão estendendo à margem da ortodoxia e tecer com êíes um padrão representativo do todo num arcabouço, unificado. Isso impor- ta em acompanhar o leitor numa viagem cujo itinerário é longo e às vezes tortuo- so até chegar à nossa meta: o problema do dilema humano. A via- gem se fará através da Primeira Parte do livro, que trata precipuamente da Psicologia, e da Segunda Parte, que concerne à evolução. Embora se tornem necessárias excursões em domínios aparentemente distantes da matéria central, espero que estes não se revelem desprovidos de interes- se em si mesmos. Talvez alguns leitores, sòlidamente entrincheirados no campo humanístico da guerra fria entre as duas culturas, fiquem desalen- tados com uma aparente deserção para o campo inimigo. É embaraçoso 10

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