Universidade de São Paulo Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas Departamento de Geografia Programa de Pós-Graduação em Geografia Humana LEANDRO FORGIARINI DE GONÇALVES O estudo do lugar sob o enfoque da Geografia Humanista: um lugar chamado Avenida Paulista São Paulo 2010 LEANDRO FORGIARINI DE GONÇALVES O estudo do lugar sob o enfoque da Geografia Humanista: um lugar chamado Avenida Paulista Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Geografia Humana do Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Mestre em Geografia Humana Orientadora: Profa. Dra. Adyr Apparecida Balastreri Rodrigues São Paulo 2010 Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte. Catalogação na Publicação Serviço de Biblioteca e Documentação Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo Gonçalves, Leandro Forgiarini de O estudo do lugar sob o enfoque da geografia humanista: um lugar chamado Avenida Paulista / Leandro Forgiarini de Gonçalves; orientadora Adyr Apparecida Balastreri Rodrigues. – São Paulo, 2010. 266 f. ; il. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. Departamento de Geografia. Área de concentração: Geografia Humana. 1. Geografia humanista. 2. Geografia humana. 3. Topofilia. 4. Lugares urbanos - São Paulo (SP). I. Título. II. Rodrigues, Adyr Apparecida Balastreri. CDD 304.2 FOLHA DE APROVAÇÃO Leandro Forgiarini de Gonçalves O estudo do lugar sob o enfoque da Geografia Humanista: um lugar chamado Avenida Paulista. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Geografia Humana do Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Mestre em Geografia Humana Aprovado em: Banca Examinadora Prof(a). Dr(a).: _____________________________________________________ Instituição: ______________________ Assinatura: ______________________ Prof(a). Dr(a).: _____________________________________________________ Instituição: ______________________ Assinatura: ______________________ Prof(a). Dr(a).: _____________________________________________________ Instituição: ______________________ Assinatura: ______________________ Prof(a). Dr(a).: _____________________________________________________ Instituição: ______________________ Assinatura: ______________________ Prof(a). Dr(a).: _____________________________________________________ Instituição: ______________________ Assinatura: ______________________ À minha avó Helena e ao meu avô Marcelino (in memoriam). AGRADECIMENTOS À Profa. Dra. Adyr Rodrigues, por confiar em mim ao aceitar-me como seu orientando. Por esses anos de convívio e ensinamentos. Pela liberdade a mim concedida, que me permitiu explorar lugares incríveis... Por estimular-me, sempre, a alcançar estes lugares. Pela delicadeza, que lhe é tão particular, com a qual sempre me tratou. Por conceder-me essa oportunidade inesquecível. Por tudo isso, enfim, a minha gratidão e admiração mais sinceras. Aos Profs. Drs. Francisco Capuano Scarlato e Júlio César Suzuki, por suas contribuições tão precisas na ocasião de meu Exame de Qualificação. À Profa. Dra. Lívia de Oliveira, por sua generosidade ao receber-me para compartilhar parte de seu vasto conhecimento Humanista. À desenhista Carla Caffé, ao artista plástico Maramgoní, ao escritor José Arrabal e ao jornalista Jefferson Coppola, por seus relatos pessoais e afetivos que tanto contribuíram para o enriquecimento desta pesquisa. Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), que, em momentos distintos, financiaram esta pesquisa, possibilitando a minha dedicação exclusiva aos estudos. Aos colegas de Pós-Graduação: Marinyl, Jurandir e Lenilton; amigos que levarei pela vida. A cada um, agradeço pela sincera acolhida. Para Marlísio Junior, por todo o auxílio e, sobretudo, por convencer-me de que as coisas só acontecem quando as tentamos. E que devemos tentá-las! Aos meus amigos, por nossas fortalezas secretas. À minha família, pelos lugares-abrigo que construímos juntos. Enfim, tantas pessoas e lugares a agradecer (e a tantas coisas também). Há tantas pessoas, lugares e coisas a dizer... Mas, por onde começar? “Eu sou pertencente à fecundidade e crescerei enquanto crescem as vidas: sou jovem com a juventude da água, sou lento com a lentidão do tempo, e sou puro com a pureza do ar, escuro com o vinho mais noturno e só estarei imóvel quando seja tão mineral que não veja nem ouça, nem participe do que nasce e cresce. Quando escolhi a floresta para aprender a ser, folha por folha, escrevi as lições e aprendi a ser raiz, barro profundo, terra calada, noite cristalina, e pouco a pouco mais, toda a floresta”. “O que nasce comigo”, Pablo Neruda RESUMO GONÇALVES, Leandro Forgiarini de. O estudo do lugar sob o enfoque da Geografia Humanista: um lugar chamado Avenida Paulista. 2010. 266 f. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, 2010. O lugar é uma das mais importantes categorias espaciais da Geografia. Assim como a própria concepção de espaço, a de lugar se inscreve no escopo de diferentes análises geográficas; mas, é à Geografia Humanista que a categoria de lugar está fortemente relacionada. O enfoque geográfico humanista coloca o lugar em situação de destaque, ao tratar sobre a relação afetiva do homem com o espaço e a pluralidade das experiências que transformam este espaço em lugar. Entende-se, a partir dessa perspectiva, que o lugar é uma realização essencialmente sentimental e que são as vivências pessoais e as experiências íntimas que lhe atribuem densidade. Nesse aspecto, o geógrafo humanista Yi-Fu Tuan adota o neologismo “topofilia”, a fim de melhor caracterizar o amor humano pelos lugares. Para o homem, os laços topofílicos fazem transparecer um conjunto de sentimentos entranhados: são memórias, nostalgias, afinidades e valores que subsistem como lembranças do passado, realizações do presente e/ou futuras ações. Para a Geografia, a topofilia é um sopro de Humanismo que está amparado pela concepção do espaço simbólico, relacional e afetivo, e que tem o tempo como categoria intrínseca. A Geografia Humanista reconhece que os lugares dos homens são tão diversos quanto os seus sonhos. Aliás, o ser humano não cessa de sonhar com lugares que dêem espessura e significado à sua existência pessoal. Esses lugares inscrevem-se na intimidade ou na amplidão, pois, assim como os homens, resguardam dentro de si a imensidão e a particularidade. Do mesmo modo que a rua e o bairro são espaços acolhedores e pessoais, uma cidade ou um país também são capazes de comportar tais sentimentos. Por sinal, a urbe engendra apropriadamente a máxima do lugar dos sonhos, porque oferece múltiplas possibilidades de realização pessoal. Os lugares urbanos são espaços de intenso envolvimento, deflagradores de aspirações, conquistas, amores e ódio. Nesse panorama, a Avenida Paulista, um dos lugares-símbolo da cidade de São Paulo, surge como exemplo do quão sentimental pode ser um lugar. Seja por conta de sua importância para a história dessa metrópole, seja por sua relação com a vida dos paulistanos nos dias atuais, a Paulista representa o sonho de um lugar ideal. A Avenida Paulista é um lugar chamado pelo mesmo nome que dá ao povo do estado de São Paulo um sentimento de unidade. Entretanto, não é apenas pelo fato de serem homônimos que se pode dizer que a Paulista é o paulista, e sim porque ambos abrigam um teor de humanidade que lhes é absolutamente análogo. Ora, o lugar, a mais humana das categorias geográficas, reflete toda a diversidade das ações praticadas pelo homem no espaço. De modo que se pode afirmar que lugares são pessoas, porque estas são cada um dos lugares que realizam durante a vida. Palavras-chave: Lugar. Geografia Humanista. Topofilia. Avenida Paulista. Cidade de São Paulo. ABSTRACT GONÇALVES, Leandro Forgiarini de. The study of place under Humanistic Geography focus: a place called Paulista Avenue. 2010. 266 f. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, 2010. Place is one of the most important spatial categories of Geography. As well as the conception of space, the conception of place fits the scope of different geographic analyses; however, the category of place is strongly related to Human Geography. The Human Geographic focus puts place in a prominent situation, by dealing with the affective relationship between man and space and the plurality of experiences which transform this space into place. From this perspective, it can be understood that place is essentially a sentimental realisation and that the personal, intimate experiences are what gives place its density. Thus, human geographer Yi-Fu Tuan adopts the neologism "topophilia" in order to better characterize the human love for places. For men, topophiliac ties bring up a set of deep feelings: these are memories, nostalgia, affinity and values which stand as reminders of the past, of achievements of the present, and/or of future actions. For Geography, topophilia is a breath of Humanism that is supported by the conception of symbolic, relational and affective space, having time as an intrinsic category. Human Geography recognizes that men’s places are as diverse as their dreams. Moreover, human beings do not cease to dream of places which give consistency and meaning to their personal existence. These places fall into vastness or intimacy, because like men, places preserve both immensity and particularity within. Just as the street and the neighborhood are cozy and personal spaces, a city or a country are also able to carry such feelings.Incidentally, the city properly consists the place of dreams axiom, seeing as it offers many possibilities for personal fulfillment. Urban places are spaces of intense involvement, trigger of aspirations, achievements, love and hate. In this scenario, the Paulista Avenue, one of the symbolic places of the city of São Paulo, emerges as an example of how a place can be sentimental. Whether it is because of its importance to the history of this metropolis, or because of its relationship to the life of the paulistanos nowadays, Paulista Avenue represents the dream of an ideal place. Paulista Avenue is a place called by the same name that gives the people from the state of São Paulo a sense of unity. However, not only is it for the fact that they are homonyms that it can be said that Paulista is the paulista, but also because both convey a quite similar level of humanity. Therefore, the place, the most human of geographic categories, reflects all the diversity of actions taken by man in space. Thus, it would not be an exaggeration to say that places are people, because the latter are each place that they realize throughout life. Key-words: Place. Human Geography. Topophilia. Paulista Avenue. São Paulo. LISTA DE FIGURAS Figura 1. “Elogio à Dialética”. MAGRITTE, René ............................................................. 29 Figura 2. “O Império das Luzes”. MAGRITTE, René ........................................................ 31 Figura 3. “Aí vem a inundação”. GONSALVES, Rob ........................................................ 39 Figura 4. “Teatro de Shakespeare”. OROSZ, István ........................................................ 61 Figura 5. Perspectiva de revelação da face de Shakespeare ........................................... 62 Figura 6. “Escher na Itália”. OROSZ, István .................................................................... 63 Figura 7. “Aviação da hora de dormir”. GONSALVES, Rob.............................................. 66 Figura 8. “Uma mudança de cenário”. GONSALVES, Rob............................................... 78 Figura 9. Inauguração da Avenida Paulista ...................................................................... 96 Figura 10. Vista da Avenida Paulista, em 1902 ................................................................ 98 Figura 11. Corso ............................................................................................................ 102 Figura 12. Belvedere do Trianon .................................................................................... 110 Figura 13. Panorama da região central da cidade de São Paulo ................................... 111 Figura 14. Fundações do MASP na Avenida Paulista .................................................... 121 Figura 15. Obras da construção do MASP na Avenida Paulista ..................................... 123 Figura 16. Lina Bo Bardi ................................................................................................ 126 Figura 17. Canteiro de obras na região da Consolação, 1970 ....................................... 130 Figura 18. FIESP ........................................................................................................... 133 Figura 19. Demolição do casarão da família Matarazzo ................................................. 149 Figura 20. Pórtico que remete à antiga mansão Matarazzo ........................................... 150 Figura 21. Avenida Paulista, ano de 1911. MARAMGONÍ ............................................. 154 Figura 22. Avenida Paulista. MARAMGONÍ ................................................................... 155 Figura 23. Vista da janela do apartamento de d. Mafalda Marchetti ............................... 158 Figura 24. Senhora Mafalda Marchetti ........................................................................... 161 Figura 25. Ilustração da Casa das Rosas ...................................................................... 163 Figura 26. Ilustração da mansão de Joaquim Franco de Mello ...................................... 165 Figura 27. Ilustração do Cine Gemin .............................................................................. 166 Figura 28. Avenida Paulista a partir da Rua Pamplona. MARAMGONÍ .......................... 168 Figura 29. Avenida Paulista em Cores. MARAMGONÍ ................................................... 170 Figura 30. Ilustração do MASP ...................................................................................... 180 Figura 31. Ilustração da Estação Consolação ................................................................ 183 Figura 32. Ilustração do buraco da Paulista ................................................................... 185 Figura 33. Ilustração do Parque Trianon ....................................................................... 186
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