PETER GAY O ESTILO NA HISTORIA GIBBON, RANKE, MACAULAY, . BURCKHARDT Tradução: DENISE BOTTMANN SBD * GECGRAFi SBD-FFLCH-USP m u 138966 COMIANHIA D\S DEDALUS - Acervo - FFLCH-GE O estilo na historia : 21 00017684 ^/^ÍX-OCUA.Ío^ (jQr~-c L ^ c > ' •'i- (y't- ‘t o } . <2 4 S 3V O G 2 ? S ¿ P Dados de Catalogação na Publicaçáo (cip) internacional (Câmara Brasileira do Livro, sp, Brasil) t (3 ~~ Gay, Peter, 1923- O estilo na história : Gibbon, Ranke, Macaulay, Burck- hardi S Pctcr Gay; traduçáo Denise Botumnn. — S3o Paulo ; Companhia das Letras, 1990, Bibliografia. rsBN 85-7164-132-3 1. Burckhardt, Jakob Christoph, 1818-1897 2, GJb- bon, Edward, 1737-1794 3- Historiografia 4* Macauiay, Thomãs Babington Macaulay» Bario, 18001859 5. Ran- ke, Leopold von, 1795-1886 I. Título, cdd-907.202 90-1385__________________________________ -907,2 índices para catálogo sistemático: 1. Historiadores : Biografia e obra 907.202 2: Historiografia 907,2 Copyright © 1974 by Peter Gay Título original: ^¡tyle in bistory Capa: Hélio de Almeida índice remissivo: Beatriz CaUterari de Miranda Revisào: Marina Tronca Elisa Braga Vera Lúcia de Freitas 1990 Editora Schwarcz Ltda. Rua Tupit 522 01233 — Sáo Paulo — sp Telefone: (011) 826-1822 Fax: (011) 826-5523 \ A Bob Webb Amigo, colaborador; estilista É uma grande verdade, Stylus virum arguit, que nosso estilo nos trai. Robert Burton, Anatomy of melancboly h b s^h b k S ÍNDICE Prefácio ................................................................. 11 Introdução: O estilo, da maneira à matéria ............. 17 1. Gibbon: Um cínico moderno entre políticos antigos 33 O estudioso ....................................................................... 33 O ironista......................... 48 2. Ranke: O crítico respeitoso .......................................... 63 O dramaturgo ................................................................... 63 O cientista ......................................................................... 69 O religioso ......................................................................... 77 3. Macaulay: Sibarita intelectual ....................................... 95 O acrobata ......................................................................... 95 O filho ........................................................................ 109 O liberal ............................................................................. 120 4. Burckhardt: O poeta da verdade ..............•................ 131 O condottiere .......... 131 O poeta .................................................... 151 Conclusão: Sobre o estilo na história ....................... 167 Notas .............................................................. 197 Bibliografia ........................................................................ 215 índice remissivo .......................................... 235 PREFACIO Embora pequeno, este livro tem uma longa história. Ao longo dos anos, atravessei muitas vezes o terreno intelectual por ele anunciado, e fiz vários levantamentos de diversas pers pectivas. E meu interesse pelo estilo é muito anterior à mi nha decisão de tornar-me historiador. Interesso-me por ele até onde a memória alcança. Ademais, tenho tido muita sor te com meus leitores. Quando comecei a escrever meus pri meiros textos sérios, no início dos anos 1950, encontrei crí ticos atentos, que também eram amigos íntimos — Richard Hofstadter e Henry Roberts. Meu primeiro editor, Christo- pher Herold, embora eu o conhecesse bem menos, ensinou- me tanto quanto eles; os três eram francos, minuciosos e, ao mesmo tempo, encorajadores. Pensando neles com afeto e dor — pois são falecidos —, lembrei-me várias vezes, ao con cluir este livro, da frase final de Sir Ronald Syme, em Taci tas [Tácito]: “Os homens e as dinastias passam, mas o estilo perdura”. Não é um grande consolo; a perda de um amigo é irreparável. Mas apraz-me pensar que o estilo de meus ami gos deixou algumas marcas nas páginas que se seguem. O trabalho que exige o estilo, mesmo dos que o prati cam com a máxima elegância, foi-me dado a conhecer no ve rão de 1954, quando eu dividia uma casa com os Hofstad- ters e ficava observando Dick a elaborar a Introdução à sua l 1 obra The age of Reform [A época da Reforma], e a rever to do o manuscrito para à editora. Foi no mésmo verão que li pela primeira vez Mimesis [Mímese], de Erich Auerbach. Fqí uma revelação, e durante anos procurei uma oportunidade de aplicar aos textos históricos as lições dessa obra-prima inspi rada, ao mesmo tempo filológica e sociológica. Tal oportuni dade surgiu no começo dos anos 1960, quando .eu oferecia, há vários anos, o curso de historiografia para os estudantes de doutorado recém-ingressados. Algumas das idéias detalha damente desenvolvidas neste livro foram vislumbradas pela primeira vez naquele curso, de maneira bem diferente e, pen so eu, sob uma forma bem mais primitiva. Naquela época, o estudo do estilo histórico constituía basicamente um estudo das limitações impostas ao historiador pela classe e pela na ção. O campo era dominado pelos relativistas, em dívida di reta para com Kart Marx e Karl Mannheim, ou indireta, atra vés da leitura de Charles Beard. Era uma época de desconfian ça. A seguir, a análise historiográfica foi se tornando gradual mente mais refinada e, em certa medida, mais otimista. Em minhas aulas, comecei a desenvolver uma espécie de realis mo perspectivado, com a idéia de que ós objetos de estudo histórico são realmente isso — objetos —, a serem estudados e compreendidos, e que a objetividade, embora difícil, é pos sível. No final dos anos 1960, minha leitura talvez mais pro veitosa sobre historiografia não pertencia diretamente a esse campo, e sim à filosofia; tenho uma dívida especial para com os textos lógicos e epistemológicos de Cari Hempel e Emest Nagel e as aulas espirituosas e iconoclastas de J. t. Austin. No ano letivo de 1970-1971, reuni minhas idéiis sobre o estilo histórico numa série de três palestras, entre os arredores ins piradores e hospitaleiros das Universidades de St. Andrews e Utrecht, Tais palestras, bastante reescritas e ampliadas, cons tituem o núcleo deste livro. Incorporei à Conclusão várias pas sagens de uma Conferência de Professor Visitante, que apre sentei na primavera de 1971 no Churchiíl College, Cambridge.