Versão Online ISBN 978-85-8015-079-7 Cadernos PDE I I OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Produções Didático-Pedagógicas Ficha para identificação da Produção Didático-pedagógica – Turma 2014 Título: O Ensino da Arte Africana e Afro-brasileira no 1º Ano do Ensino Médio: o diálogo entre culturas na sala de aula. Autor: Lúcia Artioli Nunes Maciel Disciplina/Área: Arte. Ingresso em 2014. Escola de Implementação do C olégio Estadual Dom Pedro I, Ensino Projeto e sua localização: Fundamental, Médio e Profissionalizante. Município da escola: Lidianópolis Núcleo Regional de Educação: Ivaiporã Professor Orientador: Maria Irene Pellegrino de Oliveira Souza Instituição de Ensino Superior: UEL Relação Interdisciplinar: Arte, História, Português, Sociologia, Geografia e Filosofia. Muitas vezes, não há no ambiente escolar Resumo: reflexão sobre a cultura material e imaterial da arte africana e afro-brasileira, mesmo sendo ela uma das bases de nossa sociedade. Diante disto, este projeto pretende compreender e valorizar a arte africana e afro- brasileira a partir das aulas de arte, estimulando os alunos a produzirem e dialogaram com essa cultura. Este projeto também objetiva mudar a realidade atual da escola no que diz respeito ao preconceito étnico e suas manifestações. Espera conseguir mostrar aos estudantes do Ensino Médio a importância de compreender as manifestações culturais de origem africana tão presentes em nosso dia a dia. Para isso se procurará empreender pesquisas, de modo a compreender e ampliar conhecimentos sobre a arte africana dentro e fora da sala de aula, nos muros da escola com desenhos pintados, focando a arte africana com as cores predominantes na estamparia, na construção de desenhos com linhas, texturas, manchas, seja nas vestimentas, nas fachadas, nos muros das casas e da cidade. Vale ressaltar que em busca de viabilizar este projeto também será necessário identificar as potencialidades artísticas e criativas dos alunos, fomentando o diálogo entre culturas para reconhecer a arte africana e afro- brasileira no conteúdo escolar. Neste contexto, serão adotados como referencial teórico a Lei 10.639, Duarte Junior, os DVD´s Arte na escola e os documentos relativos ao ensino de arte e da arte africana, dentre outros materiais. Palavras-chave: Arte africana e afro-brasileira; Ensino de arte; Produção artística. Formato do Material Didático: Digital e Impresso. Público-alvo: Discentes do Ensino Médio. O ENSINO DA ARTE AFRICANA E AFRO-BRASILEIRA NO 1º ANO DO ENSINO MÉDIO: O DIÁLOGO ENTRE CULTURAS NA SALA DE AULA Apresentação Este trabalho tem a finalidade de despertar o olhar para o senso crítico, valorizando a cultura africana e afro-brasileira no espaço escolar. As referências são estamparias, tecelagens, tapeçaria, muros e portais com formas geometrizadas e muitas cores fortes, respeitando os valores das nossas raízes. Além de compreender a importância da cultura africana e afro-brasileira pretende-se levar os alunos a deixarem suas marcas na escola como resultado do processo de aprendizagem e de produção plástica. Assim, a intenção é pesquisar, compreender e ampliar os conhecimentos sobre a Arte Africana dentro e fora da sala de aula (nos muros da escola) com pinturas baseadas na arte africana, suas cores predominantes na estamparia, nos desenhos, nas texturas e manchas. O público alvo desta proposta são os alunos do 1º ano do Ensino Médio no período matutino. Neste momento em que os jovens estão vivendo um processo de contradição com as causas impostas pela sociedade, induzindo à violência, à revolta nas manifestações urbanas com imagens geradoras de repúdio às políticas públicas, se faz necessário contribuir com a tomada de consciência com relação à diversidade. Na atualidade vivemos cercados de imagens que a todo o momento chegam-nos através das comunicações e das tecnologias em outdoors, anúncios, logomarcas, jogos eletrônicos, etc. Invariavelmente, as cores saturadas atraem o olhar, principalmente os olhares mais ingênuos. O que esse olhar ingênuo não percebe é que, em muitos casos, as imagens adotadas pelos meios acima citados tem origem na cultura africana, ou ainda, que muitas dessas imagens dialogam com essa cultura. Nossas origens estão presentes em tantos meios e não nos damos conta disso. Assim, nossa proposta é desmistificar as imagens midiáticas para que os alunos compreendam e valorizem os signos das culturas Africanas e afro- brasileiras. Hernández (2000) destaca que estamos imersos numa avalanche de imagens e que é preciso aprender a lê-las e interpretá-las para compreender e dar sentido ao mundo em que vivemos. Assim, crianças e adolescentes serão capazes de analisar os significados da imagem, os motivos que levaram à sua realização, como ela se insere na cultura da época, como é consumida pela sociedade e as técnicas utilizadas. A Arte A arte desde os nossos orgânicas e geométricas primórdios nos revela que o homem encontradas na natureza. sempre buscou signos para registrar suas marcas, sua história, gerando uma simbologia tão necessária à produção de sentidos e à necessidade de relacionamento com os grupos. Assim, sabemos que os primeiros registros ditos artísticos falavam de cotidiano, de caça, de convivência, de formas Figura 1: Cavalo pintado em parede da caverna de Altamira, na Espanha. Fonte: http://www.alunosonline.com.br/educacao- artistica/arte-rupestre.html Entre o ontem e o hoje o homem foi descobrindo inúmeros suportes e o que em nosso passado esteve nas paredes das cavernas, na contemporaneidade encontra-se nos muros e a história da arte está à nossa disposição para compreendermos todas essas transformações. Figura 2: Grafite – arte contemporânea. Fonte: h ttp://www.brasilescola.com/artes/grafite.htm De posse desta concepção de transformações nas manifestações artísticas, elabore breve pesquisa sobre os diferentes períodos artísticos pelos quais as mais famosas civilizações do planeta já passaram (não esqueça de acrescentar a nossa: o Ocidente). Faça uma síntese dos resultados obtidos. As pinturas rupestres marcam um passo essencial na maneira como os humanos veem a si mesmos e o mundo. Que marco é este? Para responder a esta questão elabore um texto expositivo que contenha os seguintes tópicos: 1 – primeiros locais onde se encontrou as pinturas rupestres; 2 – a localização das pinturas rupestres no Brasil; 3 – quando, aproximadamente, foi o período de produção de tais tipos de pinturas; 4 – expor sobre as principais características; 5 – quais materiais e técnicas os historiadores identificaram na produção deste período; 6 – expor como os historiadores descrevem o homem antes e depois da produção de pinturas e artes rupestres em geral. Os grafites são uma produção cultural contemporânea que reflete toda uma conjuntura histórica, econômica e social. Produza agora um novo texto expositivo, versando sobre o grafite. Para atender a esta atividade siga os seguintes tópicos: 1 – primeiros locais onde se registrou; 2 – onde se concentra a atividade de grafiteiros no Brasil; 3 – a partir de quando se iniciou tais tipos de pintura; 4 – expor sobre as principais características; 5 – quais materiais e técnicas são utilizadas na produção de grafites; 6 – contexto histórico, social e econômico do surgimento do grafite, assim o de sua perpetuação. De posse dos dois textos expositivos construídos nas duas atividades anteriores, construída uma resposta argumentativa em torno das seguinte problematizações: 1 – Como a arte rupestre e o grafite se relacionam quanto a materiais e técnicas? 2 – A visão que o homem tinha de si e sobre o mundo foram modificadas no lapso entre as pinturas rupestres e a produção de grafites? A Cultura Africana e Afro-brasileira Trabalhar com a cultura africana e afro-brasileira é ter seus valores e sua influência em nosso país, considerando uma cultura rica que contribuiu de forma significativa EM NOSSA FORMAÇÃO. Entretanto, a história nos mostra inúmeros casos de preconceito, maus tratos e discriminação dos valores dessa cultura. Em função da necessidade de compreendermos nossas origens para banirmos da sociedade esses acontecimentos, o governo federal promulgou a Lei nº 10.639/2003 que alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação - LDB no 9.394/96 a qual passou a vigorar acrescida dos seguintes artigos 26-A, 79-A e 79-B: Art.26-A – Nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares, torna-se obrigatório o ensino sobre história e Cultura Afro-Brasileira. Parágrafo Primeiro – O conteúdo programático a que se refere o caput deste artigo incluirá o estudo da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinente á História do Brasil. Parágrafo Segundo - Os conteúdos referentes à História e Cultura Afro- Brasileira serão ministrados no âmbito do currículo escolar em especial, nas áreas de Educação Artística e de Literatura e Histórias Brasileira. Art.79-B - O calendário escolar incluirá o dia 20 como “Dia Nacional da Consciência Negra”. (BRASIL, 1996). Nesta diversidade cultural “Mestre Didi” afirma que faz parte dos ancestrais do universo imaginário o culto aos espíritos, aos Orixás, que transcende ao Sagrado, e que a entidade espiritual dá força à natureza, à sabedoria, à representação ao ritual, à recreação e à simbologia com a mãe “Terra”. O Mestre artesão confecciona suas obras utilizando produtos da natureza, dando originalidade e significados, assim, a continuação da obra não perde a identidade, perpetua com a alma de artista e religioso. Quando falamos em cultura popular é preciso lembrar que ela não é um conceito definido pelas ciências humanas, mas poderíamos pensar a cultura popular como a interação entre pessoas de uma mesma sociedade. Isso nos leva a refletir sobre o aspecto dinâmico da cultura, pois no meio social ocorrem mudanças cotidianamente. Além disso, existem várias origens, pois em uma comunidade há uma diversidade de territórios de origem que influenciam as ações individuais e estas por sua vez se refletem nas outras pessoas. Em todos os lugares que o ser humano existe, onde o mesmo é um ser racional e útil, ouvimos falar da cultura, mas afinal o que é cultura? Pode-se afirmar que ela é uma propriedade básica fundamental na formação ética do sujeito presente em toda a sociedade peculiar. Pensando assim os (PCN- Arte-1997) asseguram: A educação em arte propicia o desenvolvimento do pensamento artístico e da percepção estética, que caracterizam um modo próprio de ordenar e dar sentido à experiência humana: o aluno desenvolve sua sensibilidade, percepção e imaginação, tanto ao realizar formas artísticas quanto na ação de apreciar e conhecer as formas produzidas por ele e pelos colegas, pela natureza e nas diferentes culturas (BRASIL, 1997, p. 19). É preciso lembrar que a arte africana, assim como todas as outras, é um reflexo das histórias, dos mitos e das crenças. Em especial o continente africano é muito rico em todas as manifestações e influenciou inúmeros artistas da Europa e da América. No Brasil, todos bem sabemos que a arte africana foi trazida pelos escravos, durante o período colonial, mas o mais interessante é que muitos elementos artísticos acabaram por se fundirem às manifestações indígenas e portuguesas, dando origem à arte afro-brasileira (TODOS..., 2009). A Arte Africana é a responsável, ou melhor, é a base da chamada Arte Afro-brasileira, daí a necessidade de apontar algumas manifestações mais características dessa cultura, tais como, as esculturas em marfim, madeira; a tecelagem rica em detalhes, os utensílios em cerâmica, os artefatos com fibras naturais, etc. Martins (2011) nos revela aspectos relevantes sobre a Arte Africana: As manifestações artísticas africanas deram-se predominantemente em áreas rurais, submetidas a uma consciência tribal e a um senso estético derivado em grande medida de aspectos espirituais da vida comunal. A Arte Africana despreocupa-se com a reprodução mimética da realidade em favor de um ponto de vista estilizado acerca dela. O aspecto comunal dessa arte tem como intuito o reforço de um coletivismo ligado à imposição de saberes, de valores e de estéticas entre os membros da comunidade. Inúmeras são as manifestações da arte africana que podem contribuir para o desenvolvimento discente, por isso apresentamos algumas pinturas murais características dessa arte. Figura 3: Vila Tiébélé, Oeste da África. Fonte: http://oglobo.globo.com/economia/imoveis/uma-vila- africana-onde-as-casas-se-transformam-em-obras-de-arte-13342309 Figura 4: Casa. Fotógrafa Rita Willaert. Figura 5: Casa. Fotógrafa Rita Willaert. Fonte: O Globo. Fonte: O Globo. Figura 6: Pintura Mural feita pelas mulheres da tribo Ndebele - África do Sul Fonte: artesvisuaisnaescolaclasse4.blogspot.com Figura 7: Batik javanês sobre shantung borretes de seda pura Fonte: http://eloafricanidade.com.br/projeto_tecnica.php Produza um resumo desta seção. Em seguida, também redija uma síntese do seu resumo. Observe as figuras 3, 4, 5 e 6. Por meio de um texto descritivo, escreva minuciosamente as características que estão presentes nestas imagens. Em seguida, realize uma pesquisa sobre as pinturas murais africanas. Aqui, siga o seguinte roteiro: 1 – tipos de murais existentes; 2 – materiais utilizados; 3 – técnicas de pintura; 4 – significado cultural dos murais para aquela comunidade; 5 – a preservação da cultura comunitária em torno dos murais perante o avanço do cultural maquinizada e de massa. Sintetize seus resultados. Quem é Mestre Didi? Empreenda uma pesquisa biográfica sobre este brasileiro. Apresente os resultados em uma linha etária. Destaque as obras produzidas e suas características. Observe a figura 7. Escreva uma descrição quanto a formas, cores e distribuição de imagens. Em seguida, pesquise sobre o batik. Redija uma síntese que abarque origem, características, materiais utilizados, técnicas de produção e função simbólica. Construa um quadro comparativo entre as pinturas rupestres, os grafites, as pinturas murais e o batik.
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