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O Dossie Hitler PDF

782 Pages·2007·6.097 MB·Portuguese
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Tradução de KRISTINA MICHAHELLESRevisão técnica de MAURÍCIO PARADA EDITORA RECORD RIODE JANEIRO • SÃO PAULO 2008 CIP-Brasil. Catalogação-na-fonte Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ.D762 / [organizadores] Henrik Eberle e Matthias 2'ed. Uhl; tradução de Kristina Michahelles; revisão técnica de Maurício Parada. - 2" ed. - Rio de Janeiro: Record, 2008.Tradução de: Das Buch Hitler Contém dados biográficos Inclui bibliografia 1. ISBN 978-85-01-07439-3Hitler, Adolf, 1889-1945 - Fontes. 2. Guerra Mundial, 1939-1945 - Alemanha - Fontes. 3. Alemanha - História - 1933-1945 - fontes. 1. Eberle, Henrik, 1970- . II. Uhl, Mathias.07-1267 CDD - 943.086 CDU - 94(43)"1933/1945"Título original em alemão: DAS BUCH HITLERCopyright© 2005 by Verlagsgruppe LUbbe GmbH & Co. KD, Bergisch GladbachTodos os direitos reservados. Proibida a reprodução, armazenamento ou transmissão de partes deste livro através de quaisquer meios, sem prévia autorização por escrito. Proibida a venda desta edição em Portugal e resto da Europa.Direitos exclusivos de publicação em língua portuguesa para o Brasil adquiridos pela EDITORA RECORO LIDA. Rua Argentina 171 - Rio de Janeiro, RJ - 20921-380- Tel.: 2585-2000 que se reserva a propriedade literária desta tradução Impresso no Brasil ISBN 978-85-01-07439-3PEDIDOS PELO REEMBOLSO POSTAL Caixa Postal 23.052 Rio de Janeiro, RJ - 20922-970 EDITORA AFILIADA Sumário: Tentativa de uma explicação, por Horsc Mõller Prefácio dos organizadores 1. Verão 1933-Verão 1934 2. Verão 1934-Fevereiro 1936 3. Março 1936-Outubro 1937 4. Novembro 1937 -Fevereiro 1939 5. Março - Novembro 1939 6. Dezembro 1939-Maio 1941 7. Junho 1941 - Janeiro 1942 8. Fevereiro 1942 - Fevereiro 1943 9. Fevereiro - Verão 1943 10. Verão 1943 - Fevereiro 1944 11. Fevereiro - Junho 1944 12. Julho 1944Janeiro 1945 13. Janeiro - Março 1945 14. Março 1945 15. AbrilMaio 1945 Posfdcio dos organizadores Notas Biografias Bibliografia e indicação das fontes Agradecimentos Fotografias Índice Tentativa de uma explicação Horst Mõller Dois ditadores: Aliança e guerra Que motivos levariam dois ditadores a se interessarem um pelo outro? Por que isso aconteceu justamente com os dois ditadores campeões de brutalidade, seguidores de duas ideologias fanáticas que conduziram a Europa para o precipício no século XX? Teria sido por causa do fascínio que ambos nu triam pelo totalitarismo? Ou talvez por um certo parentesco d'alma de dois poderosos, apesar de toda a inimizade entre ambos? Teria sido pelo desejo de desvendar a técnica de poder do adversário, a fim de aprender um com o outro? Seja como for, devemos - uma fonte ins6lita - à curiosidade de Stalin acerca de Hitler, curiosidade que não arrefeceu nem mesmo quando Hitler cometeu suicídio na Chancelaria do Reich no dia 30 de abril de 1945, eximindo-se dessa forma da responsabilidade pela terrível catástrofe para a qual levou a si pr6prio, o regime nazista na Alemanha e os países vizinhos. Pelo menos uma explicação já pode ser descartada de antemão: o interesse de Stalin por Hitler não foi motivado pelo horror aos seus crimes, pelos quais aparentemente ele não tinha especial interesse - aliás, neste particular, era absolutamente capaz de concorrer com o ditador ale mão. No entanto, Stalin era superior a Hitler no tocante à atitude cautelosa e ao raciocínio calculista. Stalin jamais improvisava. Mesmo assim, pode estar aí o motivo do seu especial interesse por Hitler. Afinal, ele já se enganara completamente a respeito do Führer. Foi durante a primavera de 1941, quan do Stalin ignorou todos os alertas do marechal Zhukov sobre um possível ataque por parte da Alemanha hitlerista, arriscando praticamente, assim, a derrocada total da União Soviética - provavelmente por supor que Hitler tinha os mesmos parâmetros de raciocínio de poder que ele pr6prio. Essa superestimação de Hitler era proporcional à subavaliação, por parte de Stalin, da fanática ideologia racista do ditador alemão. Seja como for, não só apenas os dois ditadores entre si, mas também os historiadores se interessaram pelas suas diferenças e semelhanças e pela in fluência que tiveram sobre o século XX—tanto a influência que ambos exer ceram em comum quanto aquela em que foram antagônicos entre si. Esse interesse da historiografia gerou até mesmo uma biografia dupla dos extre mos neles personificados - hostis entre si e, no entanto, parecidos. Refiro me ao grande historiador inglês Alan Bullock, que publicou em 1952 a primeira biografia em bases científicas sobre Hitler. Durante décadas, o livro foi a principal obra de referência. Mais tarde Bullock publicou outro li vro sobre Hitler e Stalin juntos.1 Os paralelos não existiam apenas nas técnicas de poder semelhantes, mas também no fato de que, desde 1939, suas vidas estiveram interligadas na prá tica, e essa interligação era mais forte do que sua oposição ideológica. A coo peração parcial entre Hitler e Stalin marcou a primeira fase da Segunda Guerra Mundial, logo depois do ataque conjunto contra a Polônia. Sua adversidade ideológica básica levou à reviravolta secular da guerra depois do ataque ale mão à União Soviética, no dia 22 de junho de 1941. Aquela guerra, como Andreas Hillgruber constatou em 1965 em sua importante obra Hitlers Strategie. Politik und Kriegfohrung (A estratégia de Hitler, política e condução bélica), foi planejada e conduzida para ser uma "guerra de destruição ideológicà'. Ao ato "diplomático" - o Pacto de Não-Agressão teuto-soviético de 23 de agosto de 1939 com o Adendo Secreto (o Pacto Hitler-Stalin) - seguiu-se imediatamente o ato militar. O pacto serviu como preparativo para a guerra2 e abriu caminho para que Hitler pudesse cumprir o planejado ataque à Polônia, já com menor risco. Stalin imitou Hitler e, de certa forma, favoreceu a expan são alemã rumo ao leste pela expansão correspondente da União Soviética rumo ao oeste: a divisão da Polônia entre os ditadores foi selada definitivamente quando Stalin, depois do bem-sucedido ataque alemão de 1° de setembro de 1939, não hesitou e mandou o Exército Vermelho invadir a Polônia oriental no dia 17 de setembro. Os maus-tratos infligidos aos prisioneiros poloneses e à população civil pelos dois lados eram semelhantes, ainda que os motivos deStalin não fossem de ordem racial, e sim política e imperialista. Stalin tampouco hesitou em imitar Hitler ao incorporar outras partes da Europa Oriental que Hitler não queria para si, como os Estados Bálticos e partes da Finlândia. Ainda no início da guerra, o regime de terror das forças de ocupação ale mãs encontrou analogias no Exército soviético. O caso mais emblemático é o de Katyn, na Polônia oriental, onde, depois da invasão soviética por ordem de Stalin e decisão do Politburo do Partido Comunista, foram assassinados 25.700 oficiais e civis poloneses pelo NKVD (Comissariado do Povo para as Ques tões Internas). Quando, em fevereiro de 1943, soldados alemães descobriram milhares de cadáveres, Stalin tentou atribuir a matança às forças alemãs que ocupavam o país. Nenhuma das duas hipóteses era despropositada, pois cri mes deste tipo cometidos pelos invasores freqüentemente eram atribuídos ao adversário e instrumentalizados pela guerra mútua de propaganda. Já naquela época a União Soviética violou a Convenção de Genebra de 1929 que definia o tratamento a ser dispensado aos prisioneiros de guerra: como a União Sovié tica não tinha declarado guerra à Polônia, o Exército Vermelho não tratou os soldados poloneses presos em respeito a princípios humanitários, e sim como criminosos, enviando-os para campos de concentração. "As pessoas na zona de ocupação soviética eram submetidas às condições mais duras. A sovietização era organizada enquanto luta de classes, cujas víti mas eram as elites burguesas, notadamente as de nacionalidade polonesa. O regime de terror da polícia secreta soviética chefiada por Lavrenti P. Beria é objeto de pesquisa da nova historiografia polonesa desde os anos 90. Assim, existem hoje claros indícios de que, em suas conseqüências, pouco se diferen ciava da política assassina conduzida do lado adversário por Heinrich Himmler com seu aparato de SS e polícia..."3 Com o ataque duplo contra a Polônia e a divisão da Europa Oriental em uma esfera de poder alemã e outra soviética, os dois ditadores se tornam vizi nhos, geograficamente falando. A barbarização inimaginável da guerra, que tinha um único objetivo - o aniquilamento do inimigo-, excluiu de ante mão qualquer tipo de harmonização de interesses, ou seja: quem não saísse vitorioso tinha de ser destruído. A vitória militar decidiu sobre o destino dos ditadores, e depois do maior erro militar de Hitler-oataque à Rússia Soviética-esta última aliou-se a países ocidentais ideologicamente contrários, como Estados Unidos e Grã-Bretanha. Essa constelação gerou ódio no plano pessoal? Embora isso pareça mais do que lógico, tanto as Conversas de Hitler à mesa quanto os diários do ministro de Propaganda do Reich, Joseph Goebbels, contêm vários relatos testemunhais diferentes. É bastante elucidativa a afirmação generalizante de Hitler sobre os comunistas, poucas semanas depois do ataque à União Soviética: "O pacto com a Rússia jamais me obrigou a assumir uma outra postura em relação ao perigo que vem de dentro. Mas prefiro mil vezes os nossos comunistas a, por exem plo, um Starhemberg.4 Eram homens de natureza robusta, os quais, se tives sem passado mais tempo na Rússia, teriam voltado totalmente curados."5 No dia 23 de março de 1942, Hitler afirmou que era preciso reconhecer em Stalin uma virtude: ele não permitia aos judeus se aproximarem das artes.6 No dia 11 de abril de 1942, ele elogiou seu antípoda dizendo que somente através da vio lência seria possível formar uma comunidade, e que, "se Stalin, nos últimos anos, aplicou ao povo russo os mesmos métodos que Carlos Magno usou em relação ao povo alemão, então, considerando o nível cultural dos russos não se deve condená lo por isso". Ele afirmou ainda que Stalin agira daquela maneira "por entender ser necessário unir os russos em uma estrutura de Estado rígida, a fim de assegurar a existência política de todos os povos reunidos na União Soviética".7 De fato, Hitler viu em Stalin um gênio8 que tinha de eliminar necessaria mente o marechal Mikhail Tukhatchevski a fim de consolidar o seu poder, uma vez que havia um fosso intransponível entre os oficiais czaristas antigos e ele próprio.9 De seu jeito particular, Stalin era "genial", achava Hitler, e era preci so nutrir um "respeito incondicional" por ele. Na opinião de Hitler, suas po líticas econômica e social também mereciam reconhecimento. 10•Liderança carismdtica"-Apreço pessoal na guerra de extermínio?Ainda mais significativa é a afirmação de que "se Churchill é um chacal, Stalin é um tigre".11 De fato, chamam a atenção em todas as observações de Hitler o ódio e o desprezo com que tratava os estadistas democráticos de sua época,como Churchill ou Roosevelt, ao passo que só muito raramente se manifesta va criticamente em relação a Stalin. Esta "afinidade de almas" baseava-se ideo logicamente na exaltação do despotismo carismático que t:ranscendia o plano das ideologias e, por isso, esvaziava seus conteúdos em vista da glorificação do respectivo déspota. Não foi nenhum acaso que, nos anos logo após a Primeira Guerra Mun dial, um Oswald Spengler rendesse homenagem a um socialismo de Estado baseado em um séquito de seguidores, que ele considerou como uma herança prussiana e que incluía a disposição bélica. Exatamente nesse aspecto se mani festava, segundo Spengler, a funcionalidade do Estado.12 "É preciso existir um líder que resuma e melhore as qualidades criativas do povo com vistas à sua situação histórica..." Segundo Spengler, este líder de um Estado "estruturado com base em ordem e obediência" deveria corporificar a sinergia das forças do povo e representar seus verdadeiros valores e objetivos. Os exemplos históricos por ele apontados revelam que os conteúdos ideológicos não tinham tanta importância para fins de avaliação: "A União Soviética era Lenin, a África do Sul era Rhodes, Mussolini é a Itália."13 Portanto, não se trata aqui de saber até que ponto o nacional-socialismo se encantava pela ideologia inimiga do bolchevismo e, por isso, podia ser compreendido como reação à missão global da Revolução Russa de outubro de 1917. Nem mesmo o papel exemplar que Stalin e os excessos de brutalidade bolchevique tiveram para Hitler é o ele mento preponderante neste caso,14 e sim o princípio político de uma ditadura que ambos tinham em comum, entre cujos instrumentos estava o exercício de um poder cujos limites eram determinados apenas pelo respectivo ditador. Este tipo de liderança germinou, no período entre as guerras, no solo fértil de um pensamento antidemocrático que se voltava contra o Estado liberal de direito e as diferentes formas que este assumiu na Europa. Havia, sim, um parentesco entre a autonomeação dos bolcheviques de Lenin da Revolução de outubro de 1917 como a vanguarda social, política e intelectual que, enquanto minoria, tinha a consciência social "certa", e a teoria das elites do economista e sociólo go italiano Vilfredo Pareto, que influenciou o fascismo italiano de Mussolini. Na prática, esse paradoxo entre princípios semelhantes de poder e ideologias antagônicas gerou violentos combates de rua entre comunistas e nacional-socialistas, bem como as ações conjuntas de destruição da democracia de Weimar, fosse através da instrumentalização de minorias para obstruir vota ções no Parlamento ou na forma de manifestações organizadas de comum acor do ou enfrentamentos com a polícia. Aquilo que, à primeira vista, parece uma sobrevalorização paradoxal de Stalin por Hitler, mesmo durante a guerra de extermínio, pode ser descrito como "espírito de camaradagem entre ditadores" (Percy Ernst Schramm). No entanto, a questão é mais profunda e está enraizada na crença na onipotência do ditador e a violência como instrumento determinante do exercício do Po der. E, para ambos, combate e guerra eram leis motrizes da História, luta de classes para os comunistas e conflito racial para os nacional-socialistas, como já apontou Hannah Arendt.15 A maneira como Stalin, por um lado, e Hitler e seu porta-voz Goebbels, por outro, avaliavam um problema que ambos tinham no exercício do seu poder -- o papel do corpo tradicional de oficiais e do generalato -- também é carac terística para as conseqüências práticas desse tipo de compreensão do poder. Além da declaração citada de Hitler, podem ser encontradas, por exemplo, no diário de Goebbels, várias descrições positivas a respeito de Stalin, que reve lam o seu papel de exemplo para o ditador alemão. Num trecho, Goebbels escreve que Stalin era "um calculista muito frio (... ) que acima de tudo sabe avaliar corretamente as possibilidades e os efeitos no seio de um grande movi mento popular".16 Em outro trecho, Goebbels explica que Stalin agiu correta mente ao mandar assassinar o grupo de generais reacionários, comentando ainda que o mesmo deveria ter sido feito na Alemanha. Sintomaticamente, depois do atentado do dia 20 de julho de 1944 Stalin reagiu com incompreensão ao fato de que Hitler ainda não tinha mandado eliminar as tradicionais elites militares. Não existem dúvidas de que Hitler e Goebbels acompanharam aten tamente as técnicas de exercício de poder empregadas por Stalin. Da mesma forma, Stalin estava fortemente interessado no sistema de dominação de Hitler. Por isso, o NKVD

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