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O Despertar do Lírio PDF

340 Pages·2016·4.133 MB·Portuguese
by  SetteBabi A
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Para todas as mulheres espetaculares que engrandecem a minha vida. Agradecimentos Meus amados leitores, vocês fazem histórias e sonhos virarem realidade. Vocês são os melhores leitores que uma autora pode ter. Gente, é sério, dizer obrigada parece tão pouco. Obrigada um milhão de vezes, sintam-se abraçados com todo o carinho e amor. Blogs literários, todos; OBRIGADA! OBRIGADA! OBRIGADA! Laura Aguiar, Cinthia Freire, Sueli Jason Alonso, Thais Turesso; vocês ajudaram a moldar essa história e ainda sobrou espaço para bons papos, carinho e amizade. Obrigada por me aguentarem em meio ao processo de escrita; nas vésperas do natal, no meio das férias ou durante as madrugadas, obrigada por amarem as minhas histórias e o que elas podem se tornar. Adriana Barelli, minha amiga, leitora e assessora para muitas causas, você faz toda a diferença nesse caminho. Juliana Carneiro; sempre existirão algumas linhas reservadas para você, te agradeço por fazer parte. Marina Ávila, a melhor capista do mundo; você continua me surpreendendo. Nair Ferraz, Renata Mello e toda equipe da Novo Século editora, que trabalho espetacular que foi feito nesse romance. Obrigada por espalharem as minhas histórias por todo o Brasil. Mãe, obrigada por estar aqui e pai você sempre será meu herói. Às pessoas mais amadas desse mundo, Hoel e Malu, obrigada por me segurarem com os pés no chão, por viajarem com as minhas histórias, por acreditarem tanto nos meus personagens como eu e por não me acharem maluca quando discuto com vocês sobre a vida deles, como se eles fossem parte da nossa família. E sempre, obrigada, meu Deus, pela vida e pelo dom da escrita. Prólogo Londres, junho de 1845 O Sol se infiltrava de maneira tímida entre as nuvens naquela manhã. Normalmente, as pessoas preferem os dias ensolarados, aqueles em que nada contrasta com o azul do céu. Lilian sempre gostou mais dos dias em que as nuvens eram tingidas pelos raios de Sol. Naquela manhã de junho em Londres, elas estavam perfeitas; enchiam o céu de um brilho recatado, sobressaíam-se entre o dourado, o amarelo e o prata. Cintilavam como o vestido de noiva rosa claro que sua irmã mais velha, Kathelyn, usava. Entre tules e sedas e uma cauda de três metros com flores bordadas em um efeito degradê, Kathelyn parecia uma criatura mística ou uma rainha. Lilian olhou para a irmã, que estava parada em frente à porta da igreja de St. George, em Hanover Square; Kathe esperava o momento certo de entrar, enquanto todos se acomodavam para assistir à cerimônia. Nas ruas, havia uma enorme fila de carruagens, e uma multidão de pessoas se acotovelava e se espremia a fim de conseguir espiar o vestido da noiva, da futura duquesa de Belmont, ou a fim de espiar qualquer coisa que pudesse do casamento mais esperado e comentado de todas as temporadas. – Está pronta? – perguntou Lilian, tentando passar força e confiança para Kathelyn. – Nervosa – Kathe afirmou com um meio sorriso. – Você sabe, ele está aí dentro – ela apontou com a cabeça para a porta –, no altar. – Sim, claro, o famoso duque de Belmont. Lilian arrumou o véu da irmã. – Na verdade – continuou com tom de voz sereno –, quem o viu agora há pouco na sacristia poderia jurar que ele é o homem mais nervoso e inseguro do mundo, e não o duque mais arrogante e controlador da Inglaterra. Os lábios de Kathe esboçaram um sorriso. Lilian queria descontrair a irmã. – Também, pudera, depois do que você o fez passar durante meses até aceitar se casar com ele, é natural que ele pense que você pode evaporar e sumir antes de entrar na igreja. Juro que cheguei a ter pena dele em diversas ocasiões. – Eu também, mas não conte isso a ele – Kathelyn sussurrou com um sorriso mais visível. – Vocês esperam há cinco anos por este momento, Kathe. Foram idas e vindas, um filho antes do casamento, muito sofrimento, muitos escândalos e tantos desentendimentos até chegarem aqui. – Lilian suspirou. – Vocês merecem toda a felicidade do mundo. Kathe sacudiu a cabeça em afirmativa. – E vamos concordar que ele fez um excelente trabalho. – Ela ajeitou as saias do vestido da irmã, que abriam em finas camadas sobrepostas. Não descansou até conseguir que as mesmas pessoas que a rechaçaram anos atrás lhe prestassem reverência. Conseguiu restabelecer sua imagem… E até mesmo a rainha confirmou presença no almoço após a cerimônia. Ouviu os murmúrios das pessoas que gritavam “Felicidades ao casal!” e “Viva a futura duquesa!” ao passar na rua. Kathe acenou para um grupo de pessoas. – Afinal, ele é um duque, e um daqueles muito teimosos, na verdade. – Acho que ele tem um enorme poder de persuasão. – Lilian estava com o filho de quatro anos, Paul, que cochilava em seu colo. Ela o aconchegou. – Ele se aproximar da rainha, que ama as óperas, e sugerir que nada poderia ser mais encantador do que uma futura duquesa com um talento de soprano profissional. – Paul se mexeu um pouco e ela colocou a cabeça do filho no ombro. – Meu Deus, ele está um chumbo! – exclamou e deu alguns tapinhas nas costas do menino, soltando o ar pela boca de uma vez. – Convencer a rainha em pouco tempo de que você enriqueceria o baile de aniversário dela com uma apresentação exclusiva foi incrível. Volto a repetir: ele é um homem indubitavelmente convincente – Lilian terminou em tom de voz descontraído. – Ou irresistivelmente atraente. Pelo menos eu não consigo me concentrar em metade das palavras que meu futuro marido diz quando ele usa o seu tom persuasivo – Kathe afirmou com um olhar malicioso. As duas jovens riram, divertidas. – Sim, eu sei o que você acha dele, mas acredito que todo esse esforço de Belmont também serviu para provar que ele a ama com loucura. E, Jesus, nunca vi um pai tão devotado antes. Os olhos de sua irmã ficaram ainda mais azuis, cheios de lágrimas. Ela própria se emocionou. – Sei que ele a fará muito feliz. Lilian tirou um lencinho da bolsa e enxugou com ele o rosto de Kathe. – Eu já estou – a irmã disse junto aos sinos da igreja que preencheram com o anúncio do matrimônio o ar primaveril. – Você também já está atrasada, e eu vou me sentar. Apesar de o primeiro banco estar reservado para a família, do jeito que está isso aqui – jogou uma olhada sobre as centenas de pessoas na frente da igreja –, não duvido nada que tenha briga por lugares. Kathelyn abaixou as pálpebras, e os lábios dessa vez desenharam um sorriso natural e descontraído que iluminou todo o seu rosto. Lilian deu um beijo afetuoso na testa da irmã, voltou a ajeitar Paul em seu colo com algum esforço, girou o corpo e saiu em direção ao interior da igreja. Sentia-se realizada com a felicidade de Kathe. Os anos passaram e elas não eram mais meninas inocentes; entretanto, Lilian ainda encontrava tanta satisfação em ver a irmã feliz que era difícil colocar esse sentimento em palavras. Kathelyn tinha vida e coragem suficientes para arriscar tudo por seus sonhos, e vê-la feliz deixava Lilian tão ou mais satisfeita do que se fosse ela própria a vivenciar aquela alegria. Caminhou com passos curtos o mais rápido que conseguiu até a primeira fileira de bancos reservada à família; sentou-se com o rosto transpirando o cansaço de carregar o filho adormecido nos braços, cumprimentou com a cabeça alguns conhecidos e se acomodou, relaxando as costas no encosto de madeira. Respirou o aroma das centenas de rosas que decoravam a St. George. Comprovou que só não havia mais rosas do que pessoas lotando os bancos, pois, espremendo-se entre vestidos de seda, joias e uniformes de gala, todos queriam uma melhor vista do altar. Afinal, não é todo dia que um duque se casa em Londres. Ainda mais um duque que demorou cinco anos para se casar com sua noiva; Arthur, o nono duque de Belmont, e sua irmã Kathelyn finalmente alcançavam o merecido final feliz. As portas da igreja se abriram e Kathelyn desfilou pela nave, parecendo uma criatura onírica que abria caminho entre uma nuvem cor-de-rosa de tecido e brilho de flores em movimento. Lilian percebeu que, enquanto sua irmã caminhava, seu futuro cunhado, o duque de Belmont, e não apenas por uma vez, enxugou, com toda a sua discreta pose aristocrática, uma lágrima no canto dos olhos. Olhou ao redor e constatou que a sociedade era mesmo muito estranha. As mesmas bocas que condenaram o casal e que foram responsáveis pela ruína de sua irmã e de sua família anos atrás agora o felicitavam e sorriam como se nunca houvessem dito uma frase maldosa a respeito dessa união. Lembrou-se das palavras dos folhetins de fofoca do reino; há dois meses, desde que o casamento fora anunciado, não escreviam sobre outro assunto. Tudo é esquecido quando a própria rainha abençoa uma situação. Fechou os olhos ao entender que esse não era apenas o final feliz de sua irmã, esse era o sonho de sua mãe e de seu pai realizado. Mas eles não estavam presentes para desfrutá-lo; morreram antes de ver Kathelyn receber o título de duquesa. Lilian poderia ficar triste com essas lembranças, porém, naquele dia não havia espaço dentro dela para qualquer outro sentimento que não fosse a alegria dessa realização. Voltou sua atenção para o altar. Ela poderia se fixar no discurso do bispo se não estivesse tão encantada com a maneira apaixonada com que seu futuro cunhado olhava dentro dos olhos de sua irmã, se não estivesse tão atenta aos movimentos das mãos do duque que não abandonavam o corpo de Kathelyn. Suspirou ao notar que ele percorreu a lateral do rosto dela com as costas dos dedos de maneira quase devocional. Em seguida, ele tocou-a no braço e, então, enlaçou-a pela cintura, como se precisasse ter certeza de que ela era de verdade. Lilian sorriu, e algumas lágrimas de contentamento escaparam de seus olhos. – Aceito, com toda a minha alma. Ouviu a voz forte do duque de Belmont ecoar na igreja, trazendo-a de volta para as juras trocadas. – Eu os declaro marido e mulher. O bispo finalizou o sacramento. Belmont segurou os ombros de Kathe, virou-a de frente para ele e a beijou nos lábios. Um beijo apaixonado. As bochechas de Lilian arderam. Deus, que coisa mais inadequada! Levou as mãos até os olhos de Paul, o filho que ainda dormia inocentemente no seu colo. Ele nem se mexeu. Ouviu murmúrios indignados e risadinhas abafadas se espalharem entre os convidados. Não fora um beijo muito longo, mas, Jesus, estavam na igreja de St. George, na frente da mais alta nata da sociedade londrina. Sabia que, com esse gesto pouco convencional, Arthur, seu recente cunhado, e Kathelyn acabaram de garantir alguns meses a mais de notícias em todos os folhetins do reino. Mesmo odiando os escândalos e as fofocas de qualquer tipo, especialmente os vinculados à sua família, Lilian não conseguiu deixar de sorrir por pura satisfação ao assistir a mais aquela cena. Saiu da igreja acreditando que nunca se viu na Inglaterra casal tão apaixonado. Saiu com a certeza de que um amor dessa magnitude era para poucos; apenas para os mais audaciosos. Ela sabia que jamais viveria algo nem de perto parecido. Nunca precisou de algo assim, tão latente e passional. Imaginou como deveria ser inquietante se converter em um objeto de tanta adoração e desejo de um homem. Sentiu o estômago se contrair. Não, definitivamente a paixão não era algo de que precisava para ser feliz. Afinal, não nascera para as emoções muito fortes e descontroladas. No fundo, não lamentava; pelo contrário, ficava até mesmo um pouco aliviada. Era uma viúva, e viúvas não sonham com beijos na boca diante do altar.

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