ebook img

O Desejo e Sua Interpretação PDF

260 Pages·2016·68.02 MB·Portuguese
Save to my drive
Quick download
Download
Most books are stored in the elastic cloud where traffic is expensive. For this reason, we have a limit on daily download.

Preview O Desejo e Sua Interpretação

Jacques Lacan o Desejo e sua Interpreta~ao Publicar;ao nao comercial C) Circular;aointerna daAssociar;ao Psicanalitica dePorto Alegre Nota a esta edi<;:ao A presente vcrsao foi produzida por mcmbros c colaboradores da Asso- cia<;ao Psicanalitica dc Porto Alegre, a partir do texto estabelecido pela Association Freudienne Intcrnationale. Constitui material destinado a circulac;:ao interna e de responsabilidade da Associac;:ao Psicanalitica de Porto Alegre estanda aberto a discussao e in- c1usao. em pr6ximas cdi<;oes, de outras propostas de traduyiio, sugeridas par colegas au que surjalll como efeito da circulayao do texto em nossa lingua. Nesta edi<;ao optou-sc por manter a pontua<;ao francesa, embora difira da portuguesa, por nao termos acesso aoriginais (transcric;:oes esteno-grafadas, gravac;:oes, videos, etc.) que possam esclarecer sobre a fala de Lacan e definir op<;oes quanta as nuances que 0estabelecimento de um texto escrito pemlite. Por isso, deixamos ao leitor a tarcfa de trabalhar com 0que ate aqui foi possi- vel resgatar deste semimirio de Lacan considerando as diversas leituras possi- veis. A versao francesa inclui, em anexo, 0capituloV do texto L'analyse des rives - Manuel pratique destine auxpsychanalystes, de Ella Sharpe, em Ingles e frances, referidos por Lacan em algumas das liyoes. Este capitulo nao foi incluido nesta edic;:ao. Aviso ao leitor II Li<;iio I (12 de novell1bro de 1958) 13 Li<;iio 2 (19 de novell1bro de 1958) .35 LiC;iio 3 (26 de novell1bro de 1958) 53 Lic;ao 4 (3 de dezembro de 1958) 73 ' Li<;iio 5(10 de dezembro de 1958) ; ; 93 Li<;iio 6 (17 de dezembro de 1958) 111 Li<;iio 7(7 de janeiro de 1959) 129 Li<;iio 8(14 dejaneiro de 1959) 149 LiC;ii.o9 (21 de janeiro de 1959) 169 Li<;lio J0(28 de janeiro de 1959) 189 Li<;iio II (4 de fevereiro de 1959) 209 LiC;ii.o12(II de fevereiro de 1959) 229 LiC;iio 13(4 de ll1ar90 de 1959) 249 Li<;:iio 14(II de mar<;o de 1959) 265 Li<;ii.o 15(18 de mar<;o de 1959) , 287 Liyiio 16(8 de abril de 1959) .307 Li<;:iio17(15 de abril de 1959) , 323 Li<;ii.o 18(22 de abril de 1959) 341 Li<;:ii.o19(29 de abril de 1959) .359 Li<;ii.o20 (13 de maio de 1959) ,: .377 Li<;:ii.o21 (20 de maio de 1959) 397 Li<;:ii.o22 (27 de maio de 1959) .415 Lic;;ao23(3dejunho de 1959) : .433 Lic;;ao24(10dejunho de 1959) .449 Lic;;ao25(17dejunho de 1959) 465 Lic;;ao26 (24dejunho de 1959) , .485 Lic;;ao27(1dejulhode 1959) 501 o estabelecimento do texto deste Seminario revelou-se particularmente e dificil. Niio este 0sitio para desenvolver osmotivos numerosos que 0 expli- earn.Indiquemos noentanto que osimportantes comentarios deLacan sobre 0 texto de Ella Sharpe esobre 0de Hamlet que ocupam urn grande numero de lic;;oesaeompanham-se de frequentes inexatidoes nas citac;;oesede traduc;;oes muitas vezes muito livres. Devem evidentemente serrespeitadas mas, por isso, pareceu-nos oportuno dar em anexo 0 texto integral de Ella Sharpe sobre 0 qualseapoia Laean eomuma nova traduyiio0mais proxima possivel dotexto, asvezes mesmo aeusta dasua qualidade litenlria, assim como urneonjunto de notas muito mais importante doque aquele que damos habitualmente. Eneon- trar-se-a, emparticular aversiiodeLetoumeur Iiqual Lacan serefere amaioria e dasvezes. Apaginayiio dotexto Ingles adaversiiodeAndre Lorant publicada em1988emAubier,numaedic;;iiobilingue.Recordemos queadeYvesBonnefoy e eontemporanea doseminario. o e principio com efeito sempre 0 mesmo, fomecer urn texto 0 mais proximQ do que foi articulado por Lacan, com as suas suspensoes, as suas r-. \(' ,', incorreyoes sintaticas, mesmo os seus erros, ouseja urntexto destinado Iifor- ('": mayiiodos analistas. E pois acima de tudo urninstrumento de trabalho. e C No que diz respeito ao grafo dito «do desejo», evidente que Lacan 0 introduz sobformas parcelares emnumerosos sitios, fazendo-o sofrer numero- ,r" sas pequenas modificayoes que se destinam a fazer valer slmultaneamente a (I!"~• suautilidade eosseus !imites. Quer dizer que0comentario prima efoieleque determinou aeseolha daqueles que conservamos. ,r, I ("":\ '. r" ;. " ,/.",:., A complexidade dotexto levou-nos autilizar ao maximo aspossibilida- des da tipografia. Eis ascaracteristicas: Os italieos: - referencias bibliognificas (Iivros, artigos, etc.); -aspalavras estrangeiras; (nocaso datradw;:aoportuguesa por-se-ao em italico entre colchetes aspalavras francesas cuja traduyiio emportugues possa trair-Ihes 0sentido); . -salientar asdiferentes ocorrencias deumapalavra porLacan(porexem- plo: ne discordante, on). Os eolehetes []: Quando aparecem tres pontinhos entre colchetes, [...], trata-se de uma palavra que falta. Quando aparece uma palavra entre colchetes, [codigo], trata-se: Este ano vamos falar do desejo ede sua interpretayao. - duma palavra proposta para 0lugar de urn branco na estenotipia; Diz-se que uma amilise euma terapeutica: digamos urntratamento, um -dU111paalavra acrescentada para facilitar a leitura; tratamento psiquico quetoeadiversos niveis dopsiquismo sobre, inicialmente, -ouduma palavra mudada quando concluimos quetinha sidomalperce- isso foi 0primeiro objeto cientifico de sua experiencia, 0que chamaremos os bida, por exeniplo, eehine no Iugar de eehelle; fenamenos marginais ouresiduais, 0sonho, oslapsos, 0chiste (noanopassado insisti nisso); sobre ossintomas por outro lado, se entramos nesse aspecto cu- Osasteriseos * * : rativo do tratamento, sobre os sintomas no sentido amplo, na medida em que - Indicam uma palavra ou fragmento de frase incompreensivel que nao eles se manifestam no sujeito pelas inibiyoes, que elas estao constituidas em se conseguiu elucidar. sintomas esustentadas por esses sintomas. Por outro lado, essetratamento modificador de estruhlras, dessas estru- As aspas inglesas "" : turas que se chamam neuroses ouneuropsicoses que Freud cornetyouna reali- •Indicam atradutyaode uma palavra ou duma frase; dadepor estruturar equalificar como "neuropsicoses dedefesa", apsicamilise, .•Sublinham uma palavra, um exemplo gramatical, uma expressao; -Indicam uma citatyaofeita por Lacan de forma aproximativa. intervem para tratar em diversos niveis com essas diferentes realidades feno- E menais na medida emque el~spoem emjogo 0desejo. nomcadamente sob As aspas ou comas «» : essarubrica dodesejo, como significativos dodesejo que os fenomenos que ha -Indicam as citatyoesexatas extraidas de textoscitados por Lacan, que pouco chamei residuais, marginais, foram inicialmente apreendidos por Freud, foipossivel reencontrar everificar. nos sintomas que vemos descritos de uma ponta a outra do pensamento de E Freud. aintervenyao daangustia, sefizermos dela 0ponto chave dadetermi- a texto dos sonhos eos seus comentarios natyaodos sintomas, mas na medida em que esta ou aquela atividade que vai Fomos levados apar emrelevo asdiferentes partes dotexto daseguinte entrar nojogo dos sintomas.e erotizada, digamos melhor, quer dizer, tomada manelra: no mecanismo do desejo. Enfim, 0 que significa realmente 0 termo defesa a - 0proprio texto do sonho em «itaIico +negrito » proposito dasneuropsicoses, anao seruma defesa contra que? Contra algo que -as associayoes relativas ao sonho em «negrito » ainda nao eoutra coisa senao 0desejo. -0comentario de Freud ou de Ella Sharpe entre «». E noentanto essa teoria analftica nocentro da qual basta indicar que se CayaOquanta a maturayao da libido, que parecem apesar de tuclotanto mais situa anOyaOde libido, que nao eoutr.acoisa senao aenergia psiquica dodese- surpreendentes que elasseproduzam no seio de uma doutrina que foiprecisa- jo, e alguma coisa, se trata de energia, em que, ja 0 indiquei de passagem, mente aprimeira nao so apOl'em relevo, mas mesmo a explicar 0 que Freud E lembrem-se outrora da metafora da fabrica, certas conjunyoes do simbolico e classificou sob 0 titulo deRavafement de fa vie amoureuse1. asaber que se do real sac necessarias para que subsista mesmo anOyaOde energia. Mas nao com efeito 0 desejo parece arrastar consigo urn certoquantum com efeito de quero aqui, nem parar nem insistir. Essateoria analitica repousa entao comple- amor, ejusta eprecisamente, emuito frequentemente de urnamor quese apre- tamente sobre esta nOyaOdelibido, sobre aenergia dodesejo. Eisquedesde ha senta apersonalidade como conflituoso, de urn amor que nao se confessa, de algum tempo, nos avemos cada vezmaisorientada nadireyao dealguma coisa urnamor que serecusa mesmo aseconfessar. que esses mesmos que sustentam essanova orientayao, articulam eles proprios POI'outro lado,sereintroduzimos tambem essapalavra "desejo", alionde muito conscientemente, pelo menos para os mais conscientes dentre os que termos como "afetividade", como "sentimento positivo" ou "negativo", sac retomaram Fairbairn (ele 0escreveu varias vezes, porque elenao para dearti- empregados correntemente -num~ especie de abordagem envergonhada, se cularnemdeescrever, nomeadamente nacoletanea quesechamaPsychoanalytic pode-se dizer, das foryasainda eficazes',enomeadamente para arelayao anali- Studies o/the Personality') que ateoria modem ada analise modificou alguma tica, para atransferencia- parece-me que pelo simples fato do emprego dessa coisa no eixo que Freud lhetinha dado de inicio fazendo ouconsiderando que palavra, uma clivagem se produzira que tera pOl'si mesma algo de esclare- alibidoja nao epara nospleasure-seeking, como seexprime Fairbairn, queela cedor. e eobject-seeking. Isto quer dizer que 0senhor Fairbairn 0 representante mais Trata-se de sab'er se a tram;ferencia e constituida, nao mais por uma tipico dessa tendencia modema. afetividade oupor sentimentos positivos ounegativos, com 0que esses termos o quesignifica essa tendencia orientando afunyao da libido em funyao comportam de vago edevelado, mas trata-se, eaqui senomeia 0 desejo expe- . de urnobjeto que Iheseria de algum modo predestinado, ealguma coisa aque rimentado por um so termo, desejo sexual, desejo agressivo em relayao ao ja fizemos alusao cernvezes, eda quallhes mostrei sobmil formas asinciden- analista, quenosaparecera imediatamente eaprimeira vista. Esses desejos nao cias na tecnica enateoria analitica, com 0que acreditei por varias vezes poder saotudo natransferencia, epor issomesmo atransferencia necessita serdefini- a aidesignar como acarretando desvios praticos, alguns nao sem incidencias pe- daporoutra coisa quepOl'referencias mais oumenos confusas nOyaOpositiva rigosas. ounegativa de afetividade; e enfim de modo que se pronunciamos apalavra e Aimportancia doque quero Ihesassinalar para lhes fazer abordar hoje0 desejo, 0ultimo beneficio desse usa pleno isso que nos nos questionaremos: e, problema em suma esse velamento dapropria palavra "desejo" que aparece oque e0desejo? emtoda amanipulayao daexperiencia analitica, edealgum modo qual impres- Essa naoseraumaquestao aqual teremos oupoderemos responder. 5im- sao, eu nao diria de renovayao, eu diria de estranheza, nos produzimos ao plesmente, seeunaoestivesse aquiligado peloque eupoderia chamar 0encon- reintroduzi-la; quero dizer que [se] no lugarde falar de libido ou de objeto trourgente quetenho comminhas necessidades praticas experienciais, ter-me- genital, falamos de desejo genital, parecer-nos-a talvez imediatamente muito ia permitido uma interroga<;:aosobre 0 tema do sentido dessa palavra desejo, mais dificil de considerar como evidente que 0desejo genital esuamaturayao junto daqueles que forammais qualificados para thevalorizar 0use, ouseja, os impliquem por siso esta especie depossibilidade, oude abertura, oudepleni- poetas eos filosofos. Nao 0 farei, primeiro porque 0 usa da palavra desejo, a e tude de realizayao sobre 0 amor que parece assim ter-se tornado doutrinal de transmissao do termo eafunyao dodesejo na poesia, alguma coisa que, eu uma certa perspectiva da maturayao dalibido -tendencia erealizayao eimpli- 2FREUD, Sigmund.: (1912)«Uberdieallgemeinste Emiedrigung desLiebeslebens» inBeitrage IFAIRBAIRN W.R.D.: «Arevised psychopatologyojthe psychoses andpsychonevroses», !.J.P. zur Psych%gie des Liebeslebens, segunda parte, G.W. VIII, pp. 78-91. Trad. froin La vie vol.XXII, 1941,pp. 250-279. sexue/le, Paris, 1969,P.U.F., pp.55-65. diria, reencontraremos depois se prosseguirrnos bastante longe em nossa in- paran6s0problema. Tiveapreocupayao delhesescrever aliemcimaestas tres vestigayao. Seeverdade, como e0 quesera todo acontinuayao domeu desen- palavras: pleasure-seeking, object-seeking. Namedida emqueelasprocuram 0 volvimento este ano, que a situayao e profundamente marcada, depositada, prazer, em que proeuram 0 objeto, e assim que desde sempre se eolocou a fixada auma certa funyao da linguagem, auma certa relayao dosujeito com 0 questao para areflexao epara amoral-entendo amoralte6rica, amoral quese significante, a experiencia analitica rios levara, pelo menos assim 0 espero, enuncia em preceitos eemregras, em.operayoes de filesofos, muito especial- bastante longe nessa explorayao paraquetenhamos todo0tempo paraajudarrno- mente diz-se, de etieistas. JaIhes indiquei: notem depassagem que nofimdas nos talvez com uma evocayao propriamente poetica que pode dela ser feita, e contas a base de toda amoral que se poderia ehamar "fisiealista", se poderia igualmente compreender mais profundamente, no fim, a natureza da criayao veremque 0terrnoternomesmo sentido, emque nafilosofia medieval, fala-se poetica nas suas relayoes com 0desejo. de teoria fisiea doamor, nosentido em queprecisamente ela eoposta ateoria Simplesmente, farei notar que asdificuldades nopr6prio fundo dojogo extatiea doamor.. de ocultayao que voces verao estar nofundodisso que anossa experiencia nos Abase detoda amoral que se.exprimiuate agora, ateurneertoponto, na descobrini, ja aparecem nisto por exemplo que precisamente seve bem napo- tradiyao filos6fica, consisteem suma nisso que se poderia chamar a tradiyao esia 0quanto arelayao poetica com 0desejo seacomoda mal, sepode-se dizer, . hedonista que consiste emfazer estabelecer uma especie deequivalencia entre a pintura do seu objeto. Diria que a esse respeito apoesia figurativa -evoco esses dois terrnos doprazer edoobjeto, nosentido em que 0 objeto e0objeto quase as"rosas eos lirios" dabeleza- ternsempre alguma coisa que nao expri- natural da libido, nosentido emque eleeurnbeneficio, em sintese, aadmitir 0 me 0desejo senao noregistro de uma singular frieza, que pelo contnirio alei prazer na categoria dos bensprocurados pelo sujeito, atemesmo arecusar-se a propriamente falando desse problemada evocayao dodesejo, seencontra numa isso apartir do momento em que se tern esse mesmo criterio, na categoria do poesia quec)lriosamente seapresenta como apoesia quesechama "metafisica", soberano bem. e para aqueles que leem 0 ingles, tomarei aqui apenas areferencia mais emi- Esta tradiyao hedonista da moral e uma coisa que seguramente nao e nente do!;poetas metafisicos da literatura inglesa, John Donne, para que aela eapaz de parar de surpreender senao apartir do momenta em que se esta de sereportem para constatar 0quanto emuito precisamente 0problema daestru- algum modo implicado nodialogo daescola, emque nao mais seapercebe dos .tura das relayoes dodesejo que aieevocada num poema celebre, por exemplo, seus paradoxos. Porque no final das contas 0que M de maiscontrario a isso TheExtasieJ ecujo titulo indica bastante osesboyos, emque direyao seelabora que chamaremos aexperieneia da razao pratica, que esta pretensa convergen- poeticamente, pelomenos noplano lirico,aabordagem poeticadodesejo quando cia do prazer edobem? No fim das contas, se olharrnos de perto, se se olhar ele e procurado, visado ele mesmo propriamente falando. Deixo de lado isto por exemplo, 0que essas coisas contam emArist6teles, 0que equen6s vemos que seguramente vai muito mais longe para presentificar 0 desejo, 0jogo do se elaborar? E esta muito claro, as eoisas sac muito puras em Arist6teles4• E E poeta quando elese arrna daayao dramatica. preeisamente adimensao sobre certamente alguma eoisa quenao chega arealizar esta identificayao doprazer e aqual teremos que voltar esse ano. Anuneio-lhes desdeja porque tinhamo-nos do bem senao no interior do que chamarei uma etiea de mestre, ou.alguma aproximado delanoana passado, eadireyao da eomectia. Mas deixemos aios coisa cujo ideal adulador, os terrnos da temperanya ou da intemperanya, ou poetas. So os nomeei aqui atitulo de indieayao liminar epara dizer-lhes que seja, algtima coisa que diz respeito ao dominio do sujeito emrelayao aos seus nos os reeneontraremos mais tarde, mais ou menos difusamente. pr6prios habitos. Mas ainconsequencia desta teorizayao erealmente impressi- Quero parar mais ou menos no que foi a esse respeito a posiyao dos onante. Sevoces relerem essas passagens celebres que concemem precisamen- fil6sofos, porque creio que ela foi muito exemplar do ponto em que se situa te ao usa dos prazeres, verao ai que nada entra nessa 6tiea moralizante que [nao] seja doregistro desse dominic, de uma moral demestre, doque 0mestre JDONNE,1. (1573-1631): "TheExtasie". inPoemes,(trad. J.Fuzier eY.Denis), ed.bilingue, e Paris, 1962, Gallimard, pp. 172-177. Aortografia original "The Ecstasy" (N. d.E.). 1111111 ill I 1'111111 I'll plllli ill I Iplllllli 11111111 WI/IIlN, Iril' 'iPliliw.lIIlLl "II Ill- palticipa na experiencia freudiana pode tambem encontrar-se a vontade nos 11111111111111111111111 VIIIII III' 1111 • III II iJlltlIl, Ll 'cja, a J118J1cjeaouso doseu textos daquele que escreveuDe Servitute humana6, epara quem toda arealida- II tv\ t I'll 111'111 1111 tI IIjo, V ellS v'1',0 aque ponto 0 proprio Aristoteles de humana se estrutura, se organiza em funyao dos atributos da substiincia Itv. r' '(llih "1' Lll<.: \J Inuil lucido emuito consciente de que 0 que resulta divina. k:ssa lcori:.::ay,omoral pratica e teorica- e que os em8ullw. (epithemia), os Masdeixemos deladopor hora,prontos aaivoltar, este fragmento. Quero desejos se apresentam rapidamente para alem deurncerto limiteque eprecisa- dar-Ihes urnexemplo muito mais acessivel, esobre 0qual encerrarei essa refe- mente 0 limite da mestria edoeuno dominio daquilo aque elechama nomea- rencia filosofica concernindo nosso problema. Tomei-o aqui ao nivel 0 mais damente abestialidade. Osdesejos sac exilados docampo proprio do homem, acessivel, ate mesmo 0 mais vulgar aque podem tel'acesso. Abram 0 diciona- a se seadmitir que0homem seidentifica realidade domestre, eventualmente e rio do encantador finado Lalande, Vocabulaire Philosophique, que esempre, mesmo alguma coisa como as perversoes. E alias, existe a esse respeito uma devo dizer, em qualquer especie de exercicio dessa natureza, 0 de fazer urn concepyao singularmente moderna pelo fato que alguma coisa nonosso voca- Vocabulario, sempre uma das coisa~ mais delicadas e ao mesmo tempo das bulario poderia muito bem traduzir-se pelo fato de que 0mestre nao poderia . mais frutuosas, de tal modo alingu'lgem edominante quando se trata de pro- serjulgado por isso,0que equivaleria quase adizer que,nonosso vocabulario, blemas. E certo que aoorganizarum Vocabulario se farasempre alguma coisa ele nao poderia ser reconhecido como responsavel. Esses textos merecem ser de sugestivo. Aqui, encontraremos isto: "Desejo: Begehren. Begehrung -nao relembrados. Voces se esclarecerao ao aise reportarem. eintitilrelembrar 0quearticula 0desejo noplano filosofico alemao- tendencia No.oposto dessa tradiyao filosofica, ha alguem que eu gostaria tambem espont(mea econsciente para umfim conhecido ou imaginado. 0desejo re- de nomear aqui, nomear como a meus olhos 0percursor dessa alguma coisa pousapois natendencia daqual eleeumcasoparticular emaiscomplexo. Por que eu creio ser nova, que nos eprecise considerar como nova, digamos, no outro lado ele opoe-se avontade (ouavolic;ao)na medida emque elasupoe a progresso, 0 sentido de certas relayoes do homem consigo mesmo, que e0 da mais: 1°acoordenac;ao.pelo menos momentaneamente. das tendencias; 2°a analise queFreud constitui, eEspinosa, porque apesar detudocreio que enele, oposic;aodosujeito edoobjeto; 3°aconsciencia dasuapropria eficacia; 4°0 em todo 0 caso com urn acento bastante excepcional, que se pode ler uma pensamento dos meios atraves dos quais se realizara 0Jim desejado". Estes formula como esta: 0desejo eapropria essencia dohomeml. Para nao isolar 0 avisos sao muito tHeis,noentanto haque notal'que num artigo quequer definir principio da formula de suacontinuayao acrescentaremos: Na medida em que odesejo, ha duas linhas para situa-Io em relayao it tendencia, eque todo esse ela econcebida apartir de algumas de suas ajeic;o~s.concehida como deter- desenvolvimento se refere it vontade. E efetivamente a isto que se reduz 0 minada edominada por qualquer uma desuas ajeic;oesajazer alguma coisa. discurso sobre 0 desejo nesse Vocabulario, com a pequena diferenya que se Ja se poderia fazer muita coisa a partir da! para articular 0 que nesta acrescenta ainda: "Enfim segundo certos filosojos. hQainda na vontade urn formula ainda resta, se posso dizer isto, irrevelado; digo irrevelado porque, "fiat" de uma natureza espeCial irredutivel as tendencias, e que constitui a bem entendido, nao sepode traduzir Espinosa apartir de Freud, eleenomini- liberdade... Hli nao seique ar de ironia nestas ultimas linhas, esurpreendente mo muito singular, dou-Ihes como urntestemunho muito singular. Sem d(lVida de ve-lo surgir nesse autor filosofico. Em nota: "0 desejo ea tendencia ase pessoalmente tenho talvez mais propensao aisso que qualquer outro eemtem- procurar uma emoc;iioja experimentada ouimaginada. eavontade natural de pos muito antigos pratiquei muito Espinosa. No entanto nao creio que seja por umprazer (citac;aodeRauheRevault d'Allones)", este termo devontade natu- isso que ao rele-Ioa partir ciaminha experiencia parece-me que alguern que ral tendo todo 0 seu interesse de referencia. Ao que Lalande pessoalmente acrescenta: "Esta definic;aoaparece muito limitada porque elanaolevasufici- 5SPINOZA: L'Ethiquedemontrlie selon I'ordregeometrique etdivisee encinqpartie. IIIpartie: De la nature et de I'origine des affects. Definition des affects, 1.(Texto original e trad. B. Pautrat) Paris, 1988, Seuil. entemente em conta aanterioridade de certas tendencias em relar;:iioas emo- interpretayao. 18.aligayao interna, aligayaodecoerencia na experiencia anali- r;:oescorrespondentes. 0desejo parece ser essencialmente 0desejo de urnato tica dodesejo edesua interpretayao, apresenta emsimesma alguma coisaque oude urnestado, semque eleseja necessario emtodos oscasos darepresenta- somente 0Mbito nosimpede dever:0quanta esubjetivaja por sisoainterpre- r;:iiodo carater afetivo dessefim ".Penso que isto quer dizer do prazer, oude tayaododesejp, ealguma coisaquesejadecertaforma ligadademodo interno, alguma outra coisa. Seja 0 que for, n~o deixa de per 0problema de saber do assimparece, amanifestayao dodesejo. Vocessabem dequeponto devista,eu que e'que setrata,se edarepresentayao doprazer, ouseedoprazer. Certamen- naodiria nospartimos, noscaminhamos, poisnao edehoje queestamos juntos te nab penso que atarefaa que se procede pela via do Vocabulaire para tentar -quero dizer queja hacinco anos quetentamos designar os contornos dacom- apreender a significayao do desejo seja uma tarefa simples, tanto mais que preensao por certas articulayoes de nossa experiencia. Voces sabem que esses talvez atarefa, voces nao atenham mais pelatradiyao para aqual ela serevela contomos vem este ana convergir no problema que pode ser 0 problema do absolutamente preparada. ponto deconvergencia detodos essespontos, alguns afastados unsdosoutros, Finalmente 0 desejo euma realidade psicologica rebelde atoda organi- dos quais quero de inicio poder prep.araraabordagem. zayao, eno final das contas, seria pela subtrayao dos caracteres indicados para, Apsicanalise -e nos caminhamos juntos ao longo desses cinco anos- a a ser osda vontade que nos poderiamoschegar nos aproximar doque eareali- psicanalise nos mostra essencialmente isso a que chamaremos a tomada do dade do desejo? homem no constituinte dacadeia significante. Que esta tomada esta semduvi- Teremos entao 0 contnirio do que abandonamos, a nao coordenayao, daligada aofate dohomem, mas queestatomada nao ecoextensiva aessefato mesmo momentanea, das tendencias, aoposiyao dosujeito edoobjeto, seriarn nosentido que 0homem fala sem duvida, mas para falar eletern queentrar na verdadeiramente retiradas. Ao mesmo tempo estariamos ai perante uma ten- linguagem en,oseudiscurso preexistente. Eudiria que esta leidasubjetividade dencia sem consciencia de sua pr6pria eficacia, sem pensar aspalavras atraves que a analise poe especialmente em relevo, sua dependencia fundamental a das quais ela realizani 0 fim desejado. Em suma, seguramente estamos aqui linguagem ealgo detalmodo essencial que literalmente nisto escorrega todaa num campo no qual em todo caso a analise trouxe certas articulayoes mais psicologia *neles mesmos* [?]. precisas, visto que no interior dessas determinayoes negativas, aanalise dese- Diremos que haumapsicologia que eservida, na medida emquepossa- nha tnuito precisamente aonivel, aesses diferentes niveis, apulsao, namedida mos defini-Ia como a soma dos estudos referentes ao que em sentido amplo em que ela ejustamente isto: a nao-coordenayao, mesmo momentanea, das podemos chamar uma sensibilidade na medida em que ela efunyao damanu- tendencias, 0fantasma namedida emqueeleintroduz uma articlllayao essenci- tenyao de uma totalidade, ou de uma homeostase -em suma, as funyoes da ai, ou mais exatamente uma especie completamente caracterizada no interior sensibilidade em reJayao a urn organismo. Verao que ai,tudoesta implicado, dessa vaga determinayao da nao oposiyao dosujeito edo objeto. Estara preci- nao somente todos osdados experimentais dapsicofisica mas igualmente tudo samente aqui este ana 0 nosso objetivo de tentar definir 0 que e 0 fantasma, isso que pode colocar, na ordem mais geral, a entrada emjogo da nOyaOde talvez mesmo urn pouco mais precisamente do que a tradiyao analitica nao forma quanta it apreensao dos meios demanutenyao da constancia doorganis- chegou ate aqui adefinir. mo. Todo urn campo da psicologia esta aqui inscrito, ea experiencia propria Quanto ao resto, ultimos termos do idealismo [e do] pragmatismo que apoia esse campo no qual ainvestigayao prossegue. aqui estao implicados, de momenta nao reteremos mais que uma coisa: muito Mas asubjetividade da qual se trata, na medida em que 0homem eto- precisamente 0 quanto parece dificil situar 0desejoe analisa-lo em funyao de rnadonalinguagem, namedida emque etornado, quer queira ounao, equeele referencias puramente objetais. eai tornado para aJemdo saber que tern dela, e uma subjetividade que nao e Vamos parar aqui para entrar propriamente falando nostermosnos quais imanente auma sensibilidade, na medida emque aqui 0termo "sensibilidade" eu pense poder este ana articular para voces 0 problema de nossaexperiencia, quer dizer 0 par estimulo-resposta, pela seguinte razao, equ~ 0 estimulo ai e na medida em que eles sac nomeadamente os do desejo, do desejo e de sua dado em funyao deurncodigo que impoe sua ordem anecessidade que aideve

Description:
Sempre acompanhando as publicações de Lacan na França, a Zahar lança agora o Livro 6 dos consagrados Seminários de Lacan: O desejo e sua interpretação. Sobre ele Jacques-Alain Miller diz: "O que Lacan mostra? Que o desejo não é uma função biológica; que ele não é coordenado a um objeto
See more

The list of books you might like

Most books are stored in the elastic cloud where traffic is expensive. For this reason, we have a limit on daily download.