O CONTROLE DE ARMAS APREENDIDAS PELA POLÍCIA RELATÓRIO FINAL DE PESQUISA São Paulo – julho de 2007 ILANUD/BRASIL INSTITUTO LATINO AMERICANO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA PREVENÇÃO DO DELITO E TRATAMENTO DO DELINQUENTE – ILANUD/BRASIL O CONTROLE DE ARMAS APREENDIDAS PELA POLÍCIA ISABEL FIGUEIREDO E EDSON KNIPPEL ILANUD/BRASIL ILANUD/BRASIL RELATÓRIO DE PESQUISA O CONTROLE DE ARMAS APREENDIDAS PELA POLÍCIA Coordenação Geral: Isabel Figueiredo Supervisão Científica: Guaracy Mingardi Pesquisador: Edson Knippel Estagiários: Adriana Rezende Faria Taets Bruno Fabiano Novo Hiche Consultoria: Roberto Maurício Genofre Geraldo Jânio Vendramini Colaboração: Financiamento: ILANUD/BRASIL SUMÁRIO APRESENTAÇÃO ......................................... 1 PROPÓSITOS DO TRABALHO ............................... 2 ASPECTOS METODOLÓGICOS ............................... 6 O CAMINHO DAS ARMAS – DA APREENSÃO A DESTINAÇÃO ...... 9 A. APREENSÃO ............................................... 10 B. ARMAZENAMENTO E DECISÃO ................................. 15 B.1. ARMAZENAMENTO E DECISÃO NA POLÍCIA CIVIL ............ 15 B.2. ARMAZENAMENTO E DECISÃO NA DPC ...................... 18 B.3. ARMAZENAMENTO E DECISÃO NO JUDICIÁRIO ............... 22 C. DESTINAÇÃO .............................................. 32 AS ARMAS APREENDIDAS CHEGAM AO JUDICIÁRIO? ........... 35 A. DADOS CADASTRADOS ....................................... 40 B. CHECAGEM NO JUDICIÁRIO .................................. 47 C. CHECAGEM DAS ARMAS APREENDIDAS NO SINARM ................ 53 ARMAS E PROCESSO PENAL: A VISÃO DO PODER PÚBLICO ..... 58 A. AVALIAÇÃO DO CONTROLE DAS ARMAS NA PERSECUÇÃO CRIMINAL .. 63 A.1. INQUÉRITO POLICIAL .................................. 63 A.2. PROCESSO CRIME – primeira instância ................. 69 A.3. PROCESSO CRIME – julgamento de recurso .............. 75 A.4. PROCESSO CRIME – despacho de remessa dos autos ao 77 arquivo, após o trânsito em julgado ................... CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................. 80 ANEXOS ............................................... 86 ILANUD/BRASIL ÍNDICE DE TABELAS E GRÁFICOS GRÁFICOS 1. ARMAS APREENDIDAS X ARMAS REMETIDAS AO DIPO – 2001/2006 30 2. MOVIMENTO DE ARMAS NO DIPO - 2001/2006 31 3. DESTINO DAS ARMAS DO DIPO 34 4. ARMAS APREENDIDAS X ARMAS CADASTRADAS - DPs 42 SELECIONADOS - 2º SEMs 2001/ 2004 5. TIPOS DE ARMAS CADASTRADAS 43 6. FABRICANTES DAS ARMAS CADASTRADAS 45 7. REVÓLVERES CADASTRADOS POR MARCA 45 8. PISTOLAS CADASTRADAS POR MARCA 46 9. CONDUTORES 46 10. REGISTRO DAS ARMAS NO DIPO 48 11. SITUAÇÃO PROCESSUAL DAS ARMAS (1ª INSTÂNCIA) 50 12. SITUAÇÃO DAS ARMAS – PROCESSOS EM ANDAMENTO 51 13. SITUAÇÃO DAS ARMAS – PROCESSOS FINDOS 52 14. SITUAÇÃO GERAL DAS ARMAS NO JUDICIÁRIO 52 15. REGISTRO NO SINARM DAS ARMAS NUMERADAS 54 16. SITUAÇÃO DAS ARMAS REGISTRADAS NO SINARM 55 17. SITUAÇÃO NO SINARM DAS ARMAS DESTRUÍDAS 56 TABELAS 1. TOTAL DE ARMAS APREENDIDAS 37 2. DISTRITOS COM MAIOR NÚMERO DE ARMAS APREENDIDAS - 38 CAPITAL – 2º semestre 2001/2004 3. CRIMES COM ARMA DE FOGO - DPs SELECIONADOS - 2º 41 semestre 2001/2004 4. TIPO DE ARMAS CADASTRADAS POR DP 43 5. TIPO DE ARMAS NUMERADAS CADASTRADAS POR DP 44 ILANUD/BRASIL ILANUD/BRASIL O CONTROLE DAS ARMAS APREENDIDAS PELA POLÍCIA 1 APRESENTAÇÃO O Instituto Latino Americano das Nações Unidas para Prevenção do Delito e Tratamento do Delinqüente – ILANUD/Brasil concentra suas ações na produção de pesquisas, análises e mecanismos de avaliaç ão sobr e o sistema de Justiça Criminal brasileiro, com o intuito de contribuir para uma bem sucedida implementação de programas de prevenção ao cri me e respeito aos direi tos humanos. Para tanto, tem como parâmetro as diretrizes e recomendações das Nações Unidas para Prevenção ao Crime, Justiça Criminal e Direitos Humanos, e busca envolver e co- responsabilizar os governos locais e a sociedade na busca de soluções e na formulação de políticas públicas. O relatório de pesquisa ora apresentado traduz a retomada pelo Instituto da questão do desarmamento e bus ca contribuir para o fortalecimento dessa política pública, considerada fundamental para a construção de uma sociedade mais segura e humana. ILANUD/BRASIL O CONTROLE DAS ARMAS APREENDIDAS PELA POLÍCIA 2 PROPÓSITOS DO TRABALHO As armas de fogo são o principal instrumento utilizado na prática de homicídios no país, fato que, por si, justifica a implementação de uma política pública voltada ao controle de armas. Soma-se a isso o fato de que muitos autores de homicídios são pessoas comuns e que as armas usadas em boa parte dos crimes violentos tiveram origem legal e eram propriedade de “cidadãos de bem”. Assim, é sustentável que o desarmamento civil é política pública imprescindível para a redução no número de crimes violentos praticados no país. Foi nesse sentido que o governo federal publicou, em 2003, o Estatuto do Desarmamento. Dentre outras medidas, o Estatuto endureceu as exigências legais para compra de armas e tornou seu porte, em regra, proibido. À edição do Estatuto seguiu-se uma campanha nacional pelo desarmamento que, embora tivesse como meta inicial arrecadar 80 mil armas, recolheu mais de 460 mil armas até outubro de 2005. Os primeiros resultados da política de desarmamento já se fizeram notar: segundo dados do Ministério da Saúde, houve redução do número de internações hospitalares ocasionadas por arma de fogo nos Estados de São ILANUD/BRASIL O CONTROLE DAS ARMAS APREENDIDAS PELA POLÍCIA 3 Paulo e Rio de Janeiro e houve queda no número de mortes causadas por armas de fogo. Com relação ao número de mortes, importa ressaltar que a queda foi maior nos Estados em que houve maior arrecadação de armas: recuo médio de 14,5% nos que arrecadaram mais de 150 armas por 100 mil habitantes contra aumento médio de 2% nos demais Estados Esses resultados positivos indicam o acerto da proposta de desarmamento civil e corroboram a conveniência de seu monitoramento. A idéia da pesquisa ora apresentada se sustenta, nesse sentido, na necessidade de monitoramento contínuo e avaliação permanente de políticas públicas de combate ao crime violento. Para tanto, neste trabalho, focou-se falhas e óbices que devam ser sanados para otimizar a implementação do Estatuto, particularmente no controle de estoque de armas apreendidas pelas instituições policiais. Inicialmente buscávamos testar a hipótese de que a polícia é uma das grandes responsáveis pelas armas ilegais em circulação, seja quando negligencia o controle de armas, seja quando fornece armas que alimentam a criminalidade. Nessa linha de raciocínio, tínhamos a polícia como ator fundamental da alimentação do mercado ilegal de armas de fogo a partir de três comportamentos básicos: a) não fiscalizar fronteiras, permitindo a entrada de armas contrabandeadas no país; b) possibilitar – por ação ou omissão – que as armas da própria corporação sejam negociadas no mercado informal; e c) ILANUD/BRASIL
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