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O Conceito de Ironia PDF

265 Pages·2017·1.05 MB·Portuguese
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DADOS DE COPYRIGHT Sobre a obra: A presente obra é disponibilizada pela equipe Le Livros e seus diversos parceiros, com o objetivo de oferecer conteúdo para uso parcial em pesquisas e estudos acadêmicos, bem como o simples teste da qualidade da obra, com o fim exclusivo de compra futura. É expressamente proibida e totalmente repudiável a venda, aluguel, ou quaisquer uso comercial do presente conteúdo Sobre nós: O Le Livros e seus parceiros disponibilizam conteúdo de dominio publico e propriedade intelectual de forma totalmente gratuita, por acreditar que o conhecimento e a educação devem ser acessíveis e livres a toda e qualquer pessoa. Você pode encontrar mais obras em nosso site: LeLivros.site ou em qualquer um dos sites parceiros apresentados neste link. "Quando o mundo estiver unido na busca do conhecimento, e não mais lutando por dinheiro e poder, então nossa sociedade poderá enfim evoluir a um novo nível." 1. O CONCEITO DE IRONIA 2. PARTEI 1. PROTÁGORAS 1. O MÍTICO NOS PRIMEIROS DIÁLOGOS PLATÔNICOS COMO INDÍCIO DE UMA ESPECULAÇÃO MAIS ABUNDANTE 2. XENOFONTE, PLATÃO E ARISTÓFANES 3. Esta concepção é necessária 1. 66) Poderia parecer como se a gente pudesse caract 3. PARTE II 1. FRIEDRICH SCHLEGEL O CONCEITO DE IRONIA Constantemente referido a Sócrates Coleção PENSAMENTO HUMANO Volumes já publicados: CONFISSÕES - Santo Agostinho SER E TEMPO (Parte I) - Martin Heidegger SER E TEMPO (Parte li) - Martin Heidegger SONETOS A ORFEU E ELEGIAS DE DUÍNO - R.M. Rilke A CIDADE DE DEUS (Parte I: Livros I a X) - Santo Agostinho A CIDADE DE DEUS (Parte II: Livros XI a XxII) - Santo Agostinho O LIVRO DA DIVINA CONSOLAÇÃO (e outros textos seletos) - Mestre Eckhart O CONCEITO DE IRONIA - S.A. Kierkegaard OS PENSADORES ORIGINÁRIOS - Anaximandro, Parmênides e Heráclito A ESSÊNCIA DA LIBERDADE HUMANA - F.W. Schelling Coordenação Emmanuel Carneiro Leão Conselho Editorial Hermógenes Harada Sérgio Wrublewski Gilvan Fogel Arcângelo R. Buzzi Gilberto Gonçalvez Garcia Marcia C. de Sá Cavalcante S. A. KIERKEGAARD O CONCEITO DE IRONIA Constdntemente referido d Sóemtes APRESENTAÇÃO E TRADUÇÃO Álvaro Luiz Montenegro Valls Petrópolis 1991 1991, Editora Vozes Ltda. Rua Frei Luís, 1OO 25689 Petrópolis, RJ Brasil Este é o vol. I das Obras Completas de Soren Aabye Kierkegaard. A presente tradução é feita diretamente da 3a edição. Título do original dinamarquês: Om Begrebet Ironi med stadigt Hensyn til Socrates, af S. A. Kierkegaard, Kjobenhavn 1841, SV(1) XIII 95. Copidesque Orlando dos Reis Revisão Shirley Nabarrete Nataline Diagramação Daniel Sant’Anna ISBN 85.326.O483-8 Esta obra foi composta e impressa nas oficinas gráficas da Editora Vozes Ltda. em novembro de 1991. SUMÁRIO Apresentação - Álvaro Luiz Montenegro Valls, 7 Teses, 18 Parte I: O ponto de vista de Sócrates concebido como ironia, 21 Introdução, 23 Capítulo I. Esta concepção é possível, 27 Xenofonte, 28 Platão, 36 Considerações preliminares, 37 O abstrato nos primeiros diálogos platônicos se arredonda na ironia, 44 O Banquete, 44 Protágoras, 54 Fédon, 61 A Apologia, 75 O mítico nos primeiros diálogos platônicos como indício de uma especulação mais abundante, 86 Livro I da República, 94 Retrospectiva justificativa, 101 Xenofonte e Platão, 107 Aristófanes, 108 Xenofonte, Platão, Aristófanes, 124 Capítulo II. Esta concepção é real, 127 O demônio de Sócrates, 127 A condenação de Sócrates, 133 l. Sócrates não reconhece os deuses reconhecidos pelo Estado e introduz novas divindades, 134 2. Sócrates seduz a juventude, 144 Capítulo III. Esta concepção é necessária, 156 Apêndice: A concepção hegeliana de Sócrates, 169 Em que sentido Sócrates é fundador da moral?, 172 Parte II: Sobre o conceito de ironia, 209 Introdução, 211 Observações orientadoras, 214 A validade histórico-universal da ironia, a ironia de Sócrates, 224 A ironia após Fichte, 235 Friedrich Schlegel, 247 Tieck, 259 Solger, 264 A ironia como momento dominado. A verdade da ironia, 275 APRESENTAÇÃO O último número de International Kierkegaard Newsletter nos anuncia, à p. 67, a publicação da tradução italiana de O Conceito de Ironia (Milano 1989). Em língua francesa este texto já era acessível pelo menos desde 1975, quando as Oeuvres Complètes, das Editions de TOrante, nos proporcionaram a tradução de PaulHenri Tisseau e de sua filha Else-Marie Jacquet-Tisseau. Os japoneses não precisaram esperar tanto para ler a Dissertação de 1841 em sua língua: já em 1935, entre as primeiras versões japonesas, comparece O Conceito de Ironia. Antes disto, quem não lia dinamarquês só tinha acesso a este texto através das duas traduções alemãs de 1929: a de Shaeder e a de Kütemeyer. Adorno, em 1929/30, utilizava a primeira, como o faz também Jean Wahl nos Etudes Kierkegaardiennes, de 1949. Pierre Mesnard, o outro pioneiro de língua francesa, utiliza a segunda para seu longo comentário sobre a Dissertação de 1841, em #e vrai visage de Kierkegaard (Paris 1948). Mais recentemente, Michael Theunissen cita também a tradução de Kütemeyer, além do original dinamarquês, em sua dissertação de 1954, sobre o conceito de seriedade. De lá para cá, todos os pesquisadores de Kierkegaard trataram de aprender a ler dinamarquês, seguindo o bom exemplo do velho Unamuno. Mesmo assim, O Conceito de Ironia não foi imediatamente valorizado como merecia. Até hoje, ainda é comum ver-se a obra de Kierkegaard mencionada sem a Dissertação, sem a polêmica final de O Instante e sem os Papirer. Mas agora, graças ao trabalho meritório de Gregor Malantschuk, ucraniano que adotou como sua a pátria de Kierkegaard, trabalho prosseguido na França por Henri- Bemard Vergote e apropriado no Brasil por Ernani Reichmann, Kierkegaard começa a ser lido inteiro. A presente tradução se baseia na 3a edição dinamarquesa (Samlede Vaerker, Bind I, Gyldendal, Copenhague 1962). O original é de 1841, tendo aparecido uma 2a edição em 19O6, voltando a figurar, no mesmo ano, no volume XIII da primeira edição das Samlede Vaerker e no da segunda edição, em 1930. A tradução foi discutida, frase por frase, com a Profa. Ruth Cabral, a grande animadora deste trabalho. O texto final da tradução foi editado eletronicamente, com o programa Word4, pelos professores Luís Carlos Petry e Mário Fleig. A história da recepção de um autor num outro país depende, para os mortais comuns, das opções e preferências dos tradutores. Os primeiros alemães a traduzirem Kierkegaard eram pastores em luta com sua igreja, daí vermos predominando por muito tempo um Kierkegaard “escritor religioso”(aliás, o “único à altura do destino de seu tempo”, como diz Heidegger em Ser e Tempo). Já os franceses se apaixonaram antes pelo sedutor, pelo literato, pelos chamados romances, de modo que o Kierkegaard de Paris é, durante décadas, muito diferente do alemão. (Daí o mérito da tradução completa de Paul-Henri Tisseau.) Os japoneses, mais prudentes, já na década de 30, ao mesmo tempo em que descobriram Heidegger, trataram de traduzir uma seleção com nove diferentes títulos bastante representativos da produção kierkegaardiana. Em idioma português, a situação ainda é precária e indefinida. Em 1911 aparece em Portugal o Diário do Sedutor. Depois vão surgindo textos esparsos, em Portugal e no Brasil, como O Desespero Humano (por Adolfo Casais Monteiro, em 1936), O Conceito de Angústia (duas traduções), O Matrimônio, O Banquete, Temor e Tremor e mais um ou outro, traduções esporádicas, com títulos às vezes imprecisos, geralmente pertencentes à obra pseudônima, e em geral traduzidas do francês. Recentemente, as Edições 70, de Lisboa, lançaram o Ponto de Vista Explicativo da Minha Obra de Escritor (acompanhado por Dois Pequenos Tratados Ético-Religiosos). Embora confessadamente traduzidos do francês (dos Tisseau), não é pseudônima, e dá uma visão de conjunto da obra. O grande acontecimento, portanto, em língua portuguesa, continua sendo a publicação, na década de 70, dos Textos Selecionados, por Ernani Reichmann, um volume grandioso, com rica seleção (que inclui, além de Notas dos Papirer, textos de J. Climacus, capítulos da Escola do Cristianismo, das Obras do Amor, da Repetição e artigos do Instante), e tudo traduzido a partir do original. Emani Reichmann sonhou durante muitos anos com a tradução do Conceito de Ironia, de modo que o presente trabalho remonta às conversas com ele e Vergote no sítio de Curitiba, nos inícios dos anos 80, bem como à leitura de Sens et Répétition, Essai sur 1‘Ironie Kierkegaardienne (Paris, Cerf/0rante 1982), obra inigualável de Vergote. Perseguindo as intuições de Malantschuck, Vergote conseguiu mostrar algo que mesmo autores perspicazes não pareciam ver: que a leitura da Dissertação de 1841, sobre o conceito de ironia constantemente referido a Sócrates, é essencial para a compreensão da obra do autor dinamarquês, que a si mesmo se denominava, com alguma ironia, o “mestre da ironia” (pois a dissertação lhe deu o título de “Magister”). A prova do que foi dito acima se encontra nas páginas de Sens et Répétition. Mas não custa levantar algumas interrogações. Suponhamos que a obra kierkegaardiana começasse com a Alternativa. Sua primeira página, no prefácio de Victor Eremita, iniciaria com a seguinte suposição: “Talvez, caro leitor, alguma vez já duvidaste da exatidão da famosa tese filosófica, segundo a qual o exterior é o interior, e o interior, o exterior. Talvez tu mesmo tenhas guardado um segredo ...”. Pode-se perguntar: de onde Kierkegaard teria tirado esta dúvida quanto ao axioma hegeliano? Não teria sido de sua dissertação sobre a ironia, resumida em quinze teses, das quais a última afirma “como toda filosofia inicia pela dúvida, assim também inicia pela ironia toda vida que se chamará digna do homem”? Parece que seria interessante ver como a ironia se baseia na distância entre o interior e o exterior, entre o pensamento e a palavra, entre a proposição e o sentido (“Mening”: o que se tem em mente). Mas isto tudo está explicado na dissertação sobre a ironia. E é possível ir mais longe. Como se sabe, o primeiro volume de A Alternativa se movimenta de um Don Juan mozartiano até um Sedutor que reflete em seu diuturno diário. Pergunta: não seria possível buscar na dissertação as estruturas filosóficas, literárias e psicológicas da figura do sedutor, quando se sabe que este trabalho dedica duzentas páginas àquele que foi condenado em Atenas por seduzir a juventude? E será que o polemista grego, que o autor da dissertação se esforça por retratar, não ajudou a formar o crítico do hegelianismo e da moderna sofística, o crítico da cristandade? Assim, quando Sócrates afirma: “Só sei que nada sei”, não fornece aí um modelo distante, mas real, para a afirmação do último panfleto de Kierkegaard, o n° 10 de O Instante: “Eu afirmo, e tenho de afirmar, que não sou cristão”? Não haverá ironia nesta frase? Por que não procurar no trabalho de 1841, antecipada como numa abreviatura, a crítica do romantismo, cuja superação a obra kierkegaardiana desenvolve? E como não apreciar nestas páginas, escritas por um jovem com menos de trinta anos, uma inteligência brilhante medindo forças com o grande mestre Hegel, admirado e respeitado como professor, mas flagrado pela agudeza do olhar irônico em passagens confusas, em que o mestre se apóia em citações duvidosas, mistura anacronicamente as questões e às vezes perde sua objetividade, por orgulho, inveja ou rancor, como ao menosprezar as pesquisas do colega Schleiermacher sobre a cronologia dos diálogos de Platão? Como não admirar, nesta dissertação, a grande abertura da obra kierkegaardiana, inaugurada com um mergulho em Platão e em Hegel, resumindo dez anos de investigação sobre Sócrates e Platão, sobre Kant, Fichte, Solger e Hegel? Mas convém interromper este questionário. O leitor atento poderá verificar a hipótese de interpretação aqui sugerida: O Conceito de Ironia constantemente referido a Sócrates contém a verdadeira plataforma, o programa em seus aspectos temáticos e metodológicos que se desenvolverão ao longo da produção kierke-gaardiana. E não é demais insistir: assim como Kierkegaard certa vez afirma que o diário é “do Sedutor”, e não “de um sedutor”, porque ali se encontra “o método”, aqui se poderia dizer: a dissertação expõe o método do irônico, o método socrático que será depois aplicado a serviço da idéia kierkegaardiana. Aí está a plataforma inicial, a abertura da obra, que ao mesmo tempo é chave de interpretação para a obra, inclusive a polêmica final, dramatizada nas ruas de sua cidade. Ninguém negará que se trata de um trabalho acadêmico, mas, convém notar, sobre a ironia ... E o autor não renunciou ao uso dela, durante todo o tempo. Se o seu temperamento era polêmico, segundo Martensen até com tendências sofísticas, os examinadores da tese logo se deram conta de que seria inútil pedir ao autor que a reescrevesse numa linguagem mais bem-comportada. O estilo irreverente e brincalhão foi mantido na publicação, de modo que a erudição acumulada, erudição que o autor sabe não ser boa companhia para a ironia, dá uma impressão de recurso retórico ambíguo e inquietante. O estilo acadêmico tem um quê de fingido ou teatral, faz-nos desconfiar de uma máscara que o estudante Kierkegaard estaria adotando para alcançar o objetivo de terminar seu curso, como prometera ao pai. Seguindo este raciocínio, até dizer se ousaria que a Dissertação, embora trabalho acadêmico, não deixa de ser, num certo sentido, obra pseudônima (caracterizada, aliás, até por um certo sujeito impessoal “man”, que ocorre a toda hora). A ironia trabalha com o mal-entendido. A própria banca examinadora experimentou isto na carne. O orientador da tese, Prof. F.C. Sibbern, não entendeu bem a ligação da primeira com a segunda parte, enquanto outros pareceres falaram até de dois trabalhos distintos, um sobre Sócrates e outro sobre o romantismo. Não perceberam que a dualidade se dá, para o autor, entre o fenômeno e o conceito. Sócrates é a manifestação primeira, pela qual a ironia veio ao mundo e habitou entre nós. Encarna a pergunta sem resposta. Chega à idéia de dialética, mas não desenvolve a dialética da idéia (o que só começará com Platão, como se pode ver na passagem do primeiro livro para o segundo da República). Sócrates, filósofo cuja vida, existência, personalidade são mais importantes do que qualquer possível doutrina sua, conforme o testemunho insuspeito de Hegel, chegou somente à idéia vazia do bem, o bem como um universal, mas abstrato. Neste sentido, não possui nenhuma positividade. Aparta- se da vida da Pólis grega, ao procurar conhecer-se a si mesmo. Apesar de sua cultura, só possui o negativo, ele é negatividade absoluta e infinita, pois reduplica em sua vida esta idéia vazia. Isto explica por que ele não contrai laços, de modo que suas relações não passam de experimentais, provisórias. Não se compromete com a família, nem com os rituais da democracia ateniense, nem com os amigos como Alcebíades, e se intromete, sem ter autoridade para tanto, na educação dos filhos dos outros. Para Sócrates, nada é sério, ou talvez apenas o nada seja levado a sério. Escolhe a morte com indiferença, e se o temor da morte é, conforme Hegel, o início da sabedoria, Sócrates não conhece a sabedoria, nem o temor. O Sócrates retratado por Kierkegaard resiste certamente às interrogações de um Nietzsche. Vale a pena comparar. Mas é a partir desta manifestação completa, na história humana, da idéia da ironia (ou “do irônico” como Kierkegaard gosta de dizer), que serão avaliadas as formas modernas, pós-fichteanas, do que costumamos chamar a ironia romântica. As intenções do romantismo são bem reconhecidas e valorizadas, mas a ironia daquele artista que pretende construir e destruir mundos terá de ser avaliada a partir do conceito pleno fornecido por Sócrates. E se esta ironia romântica não é séria, o autor da dissertação sobre o conceito da ironia tem condições de questionar também o direito da seriedade hegeliana para condenar os abominados românticos do círculo dos irmãos Schlegel. A investigação sobre o conceito de ironia introduz a questão da seriedade. E se torna inevitável a pergunta: quanto vale a seriedade de Hegel, que na Estética chega a citar Catão, o censor, para criticar os românticos? O sistema é sério, a especulação é séria? Convém interromper agora esta apresentação, pois Kierkegaard concedia a um Hilário Bogbinder que não se deve levar a mal que um encadernador “deseje ser útil aos seus semelhantes, para além dos limites de seu mister”; mas, em sua percepção privilegiada das coisas tortas e das armadilhas da ironia, não deixaria de rir da pretensão de um tradutor de resumir o texto que acabou de traduzir.

Description:
I das Obras Completas de Soren Aabye Kierkegaard. A presente numa louvação que suba aos céus, embora o irônico esteja consciente de que.
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