Não é todo dia que se quer ouvir uma crocante fuga de Bach mas todos os dias se quer comer. A fome é o único desejo reincidente, pois a visão acaba, a audição acaba, o sexo acaba, o poder acaba – mas a fome continua. Sentar-se à mesa com os amigos, saborear o seu prato preferido e se entregar ao prazer de comer, louca e apaixonadamente. Depois? Depois a morte. Mas isso só parecia acentuar a delícia de sabores irrecusáveis, o paladar em estado de exaltação, a bênção de um destino escolhido.
“O Clube dos Anjos”, de Luis Fernando Verissimo, é uma insólita e bem-humorada celebração da gula. O livro conta a história de dez homens que se entregaram a esta afinidade animal, a fome em bando – sem temer a morte. Na verdade, a perspectiva de morrer só aumentaria,