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O Capitalismo Tardio PDF

420 Pages·37.611 MB·Portuguese
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ERNEST MANDEL O Capitalismo Tardio* Traducao de carlos Eduardo Silveira Matos, Regis de Castro Andrade e Dinah de Abreu Azevedo 'Traduzldo de Laた Cap“allsm Londres,Verso Edlton,1978(2 a impressao,1980)Essa vers5o do ongnal Der Spat_ kap詭lおrnus rVersuch einer nnarおllschen Erklattngl para O inglos por」 ois De Bres leva o mOntO de ter sido atuallza‐ da pelo Autor,conforlne ele declara na lntroducaO a essa edicao A presente tradu゛ o fOi Outro“im confrontada com a2a ediφ。。nglnal alema da suhrkamp Verlag,Frankfun am Maim,1973 Inlroducaο Um dOs prOp6Stos centais deste livЮ O fornecer uma interpretacao marxista das causas da longa onda de crescirnento rapido na ccOnornia capitalsta internacio― nal no p6s―guerra, que pegou de surpresa cconomistas marxistas e naO marxistas; e, ao mesmo tempo, verificar os lirnites inerentes desse perrodo, quc asseguravam a sua substituicaO por Outra longa onda de crisc econOnlica c social crescente para o capitalismo mundial, caracterizada por uma taxa bastante mais baixa de cresci― mento global. Ern 1970/72, quando este trabalho fol inicialrnente escrito e publica― do em alemao, suas teses basicas ainda apareciam, para muitOs leitores, cOmo naO_cOmprOvadas empiricamente ou duvidosas, e foram recebidas cOm ceticismo generalizado__apesar dos sinais premonit6rios da quebra dO sistema moneErio in― ternaclonal a partir de 1967 e da exp10saO pOpular na Franca cm malo de 1968. HOie,SaO poucOs Os que duvidam quc o momento crrucO de renuxo no desenvOlvi― mento econOrnico do p6s― guerra cstaa para tras, c naO diante de n6s, c quc a ``longa expansao" seia agora uma coisa do passado. A crenca na permanencia dO crescirnento rdpido e dO pleno emprego no scio da ``cconornia nllsta'' provOu ser um rnito. Este livro tenta cxplicar por quc isso foi necessariamentc assirn, c quais as consequOncias provaveis da dinarnica real do capitalismo de p6s― guerra, dentrO dO quadro de referOncia das categorias rnarxistas classicas. Ao reexaminar O CapitalismO Tardio para a edi95o em lrngua ingicsa,procura― mos resistir a tentacaO de acrescentar a cle novos c extensos materiais, para mos― trar a confi111lacao, pe10s fatos, de nossos argumentos iniciais PreferimOs, em vez dissO,c9rrigir ou esdarecer exposicOcs SubsidiariaS e atualizar as cstatヽicas perti― nentes. Todas as renex6es adiclonais serao reservadas para a discussaO internacio― nal quc asOra se instaura acerca das contrad196es gerais e das tendencias a longo prazo do capitalismo mundial em sua prescnte fasc,para cuia COmpreensao O Ca― piralismO Tardio apresenta certo nimero dc hip6teses novas. Se elas se mostrarao suficientes e cocrentes,ou nao,s6a hisbria podera lulgar. Nao temOs mOtivo para terner o seu veredicto. Pois 0 0●etiVO fundamental do presente tabalho ё justamento o de oferecer uma interpretacaO da hisbria do modo de producaO capitalista no sOculo XX, ca― paz de mediar as leis dO mo宙 mento do“ capital em gerar'com as formas fenome― nais concretas dos“muitos capitalピ '.QuaiSquer tentatvas de restringir a analise unicamente a cstas■lumas,Ou de deduzl-las diretamento a partir do p五 meirO,care― 4 1N「RODUcA0 cem de justificagao metOdO16gica ou esperanca de O対lo praticO. Deveria ser claro, para um maEttsta,quc a luta de classes entre o capital e o trabalho,o papel do Es― tado burguOs e da ideologia do capitalismo tardio,a estmmra cOncreta e muttvel do comOrclo mundial e as foI11las predorninantes de superlucros― ―todos esses ele― mentos precisariarn ser incorporados a qualquer expos19aO das sucessivas fases his― 6ricas do desenvol宙mento do capitalismo,e mesmo da fase contempoぬ nea,de capitalismo tardio.Procurando cump五 r esses obicuvOs,O presente ttabalho assu― miu uma estrutura nao sem relacao ao planO quc Marx inicialmente proietOu para O Capital__quer dizer, ocupa― se do capital em geral; concorrencia; cに dito; capl― tal por ac6es; propriedade territoriat ttabalho assalanadO; estado; comё rcio exte― nor e mercado mundial(em Cuia parte inal Marx pretendia induir as cnses ecOn6- rnicas mundiais).Eu nao segut entretanto,cada secao desse plano,dO qual,inclusi‐ ve,a■lima versao de o capital de Marx,naturalmente,des宙 ou―se de maneira consideravel. Os pnmeiros quatro capr恒10s de O Capitalismo Tard,o demarcam o campo global de refettncia para o livTo.Eles tratam respecivamente do problema preliml― nar do motodo(capitu10 1); da relacao entre O desenvolvimento do modo de pЮ ― ducaO capitalsta, com suas contradicoes intemas, c a criacao de um me10 s6cio― geografiCo adequado a suas necessidades― ―isto O, o mercado mundial(caprtu10s 2e3);e da conexao entre O desenvol宙rnento da tecnologia capitalista c a valoriza― 9aO dO pbpno capital(capitulos 3 e 4).Os leitores menos familiarizados ou menos interessados enl teotia podem deixar de lado o pFimeiro cap■ ulo ou reserv6‐lo pa― ra o final do livrO. Os nove caprtu10s analiticos seguintes ocupam― se dos tra9os fundamentais do capltalismo tardlo,numa ordem 16gico‐ hist6rica:seu porlto de pattda onglnariO__ a melhona radical nas condig6es para a valorizacao do capital que resultOu das der― rotas hisbricas da classe trabalhadora frente ao fascismo c a guerra (caprtu10 5); seu d“enυo′υimento subseqJen″ atravOs da Terceira Revolucao Tecn016gica(ca_ p■ulo 6);seuS tracos dis,ntiυ os como uma nova fase no desenvolvimento do capl― tal――a reducao do cic10 vital do capital fixo,a aceleracao das inovac6es tecno16gi‐ CaS(geradOras de rendas que se tomam a pHncipal folllla dos superlucros monopo― listas sob o capitalismo tardio)e a abSorcao do capital excedente pelo rea111lamen‐ to ininterrupto(capitulos 7,8e9);sua pattculcr inte卜 κlaca(cid:631)o ao mercado mundiar ――a concentacao e centralizacao internaclonais do capital que d6 origem a cmpre_ sa mulunac10nal como a mais importante folllla fenomenica dO capital, c a troca desigual ente nag6es produtoras de mercadorias a niveis diferentes de produti宙 da― de mOdia do trabalho,que domina o mercado rnundial(capFtulos 10 e ll);e suas noυas/o″I,aS C`Ъοluc6“"para o problema da realレ acaO__a inlacaO pellllanen― te ao ciclo econOnllco caracteristico do capitalismo tardlo,que combina urn ciclo in― dustrial classicO a urn ``conttaciclo" de expansao do c"dito e contracao do crё ditO sob o signo da innacaO(capitulos 12 e 13). Os iltimos cinco capitulos, ao contano, 桜)rn carater sintetizador. Procuram aproxirnar os resultados da analise precedente, e mostrar os melos pelos quais as leis fundamentais de movirnento c as contradi96es inerentes do capital n5o apenas continuam a operar, mas na realdade encontram sua cxpressaO mais extrema no capitalismo tardio(capitulos 14 a 18). Nesse ponto, 壺o neces“rias duas advertOncias. Em primeiro lugar, o tellllo “capitalismo tardlo" nao sugere absolutarnente que o capitalismo tenha mudadO em essencia, tOmando ultrapassadas as descobertas analiticas de O Capitat dc Marx,e de O rmperialisrno, de LOnin.Assim como LOnin s6 consegulu desenvol― ver sua descFicaO dO irnperialismo apolando― sc ern O Capital, como confillHacao das lcis gerais, folllluladas por Marx, que govemam todo o decorrer do modO de RODUcA0 5 lN「 producao capitahsta, da mesma maneira, atualrnente, s6 podemos intentar uma anttse marxsta do capitalismo tardio com base no estudo de LOnin de O rmpeだ a_ lismo.A era do capitalismo tardio nao o uma nova Opoca do desenvol宙Inento capl― talista;constitui unicamente um desenvolvimento ultenor da opoca impenalista,de capitalismo monopollsta.Por implicac5o,as caracterisicas da era do impenalismO enunciadas por LOnin pellllanecenl, assinl, plenamente validas para o capitalismo tardio. Em segundo lugar, devemos exprimir nosso pesar por nao sellllos capazes de propor uma denonlinagaO mais apta para cssa Opoca hist6rica do quc``capitalismo tardlo''―― um tellllo insatsfabno porque ё de ordem cЮno16gica,e nao sinに uca. No capFtulo 16 deste hvro explicamos por quc motivo ele C mais adequado quc o conceito de ``capitalismo monopolista de Estado". Sua superioridade sobre o ter― mo “neocapitalismo" O e宙 dente, dada a ambigiildade deste■lumo, que pode ser interpretado como trazendo implfcita tanto uma continuidade basica quanto uma desconinuidade em relaφo ao capitalsmo tradiclonal.Talvez num futuro pる 対mo a discussao nOs fOmeca um inelhor tell1lo de Srntese. Por enquanto, conservamos o conceito de ``capitalismo tardio", considerando―o a mais itil expressao disponf― vel, c, acirna de tudo, conscientes de que o realrnente importante nao O nOmear, mas sirn explicar o desenvolvimento hisbrico quc tem ocorndo em nosso tempO. O Capitalismo Tardio tenta esdarecer a his6na dO mOdO de pЮ ducao capita_ lista no p6s― guerra de acordo com as lcis bお icas de mo宙mento do capitalismo,re― veladas por Marx em O Capital.Em outras palavras,esforga― se por demonstrar quc as leis ``abstratas'' de moⅥ rnento desse modo de producao pellHanecem opo― radonais e venicaveis no desdobramento,e mediante o desdobramentO da hisb― ria “concreta'' do capitalismo contemporaneo. Nesse processo, contraria direta― mente duas tendencias basicas nO pensarnento s6clo― econOmico atual. Por um la― do,n5o aceita a suposicaO daqueles quc acreditam― ―scia cm Crrcu10s acadomicos ou maEttstas――que aS 10cnicas,cokeynesianas, a intervencao do Estado,o podor dos monop61ios, o “planeiamentO'' piblico ou pnvado ou qualquer combinacao desses elementos preferida por um autor ou escola especifica sciam capazes de neutralizar ou cancelar as icis de movirnento a longo prazo do capital. E nern acei― ta,por outro lado,a tese oposta(mas,na realidade,convergente),de quc essas leis econOmicas de movimento senam五 0“abstratas''quc absolutamente nao po― deriam se manifestar na``hist6ria real'',c que,portanto,a inica funcaO de um ecO― nomista seria mostrar como e por quc elas se tomam distorddas ou s5o desviadas por fatores acidentais em scu desenvol宙 mento efeuvo_e naO a de mOstrar como essas leis se manifestarn e confil11larn em processos concretos e lЛ s,veis. A reanimacao recente da economia politica marxista(quC haviamos predito al― gum tempo antes)tem sido um fenOmeno especialmente graticante dos■1lmos anos. Deve‐se adrnitir,cntrotanto,quc a atual reapropriacao da hist6ria passada da teOna marxista por uma geracaO mais,ovem dC estudiosos e tabalhadores socialis― tas consutui uma tarefa difFcil e e対 gente.Isso C especialmente verdadeiЮ para os leitores do mundo anglo―saxao, de quem algumas das autoridades classicas discuti― das neste livro―一por exemplo, nos capFtulos l e 4-― ainda podem ser em boa parte desconhecidas, No entanto, a referOncia a csses debates “mais velhos", da こpoca antenOr a 1939, nao o feita absolutarnente por sirnples devo9ao ou erudi_ 95o. Pois as grandes controvOrsias daquele tempo estavam diretarnente relaё lona― das aos problemas fundamenた ぉcolocados para a teona marxlsta pelas contradi― 96es basicas e tendencias a 10ngo prazo da sociedade burguesa,problemas quc ain― da hOie se c01ocam vivamente para n6s.PostenoIIliente,o fascismo e o stalinismo sienciaram praticamente todos os te6FiCOS do apogeu anterior do debate econOFni― co maEttsta ―― mas nao puderam suprimir o seu legado intelectual. Seria muito 6 1ヽTRODUcAO mais diffcil dirnensiOnar os problemas centrais do capitalismo da atualidade sem a devida retomada dessa heranca. Na nluma docada, o renascirnento da teoria cconOrnica marxista coincidiu com uma ofensiva neo― ricardiana contra o marginalismo ``neocldssico", conduzido pela chamada Escola de Cambndge inspirada por Picro Sraffa. Embora deva ser saudada qualquer reablitacaO da teoria do valor do trabalho,ainda que numa ver― _marxista, de nossa parte perrnanecemos convencidos de que nenhuma srn― saO prё tese rea1 0 possivel entre o neo ncardianismo e o marxismo Os mar対 stas contem― pOraneOs tom o dever de sustentar todos os progressos decisivos conseguidos por Marx frente a Ricardo, c quc os te6Hcos nco―ricardianos estao agOra procurando anular O presente trabalho naO diz respeito ao problema da relac5o entre os dois sistemas,cxceto ern um pontol a controvё rsia especrfica quanto ao papel da produ― caO de armas na formacao da taxa mё dia de lucro――em outras palavras,o proble― ma da transformacao de va10res em precos de prOducao, quc ё rapidamente anali― sado no capFtulo 9. A mais sOria dificuldade com quc me defrontei ao escrever este livro fOi o fato de Roman Rosdolsky,o cconomista pollico mais pr6対mo de rnim te6FiCa C politi― camente em nosso tempO,ter rnorndo antes quc eu pudesse comecar a c,creve― lo. As lembrancas de nossas discussOes em comum e o estudo de sua grande obra p6stuma, Zur En奏 〕″chungsgcschichιe des Marxschen `lKapital'', tiverarn, portanto, na medida do possivel, de servir de substituto para as criticas construtivas desse ta― lentoso te6rico Os estudantes e professores assistentes socialistas da Faculdade de CiOncias Polfticas da Universidade Livre de Bcrlirn Ocidental,quc rne convidaram a ser pro― fessor visitante no Semestre dc lnverno de 1970/71, forneceram a “pressaO exter― na"一一tantas vezes necessana a um autor一 ―quc me levou a claborar rninha vis5o te6nca do capitalismo tardio da forrna sistematica cm quc esta apresentada aqui. Eles tarnbOm me proporcionaram o tempo livre para esse prop6sito. Portanto,dedico cste trabalho a meu falecido amigo e camarada Roman Ros― dolsky,quc aludou a fundar o Partido Comunista da Ucrania Ocidental e foi um in― tegrante de scu ComitO Central,quc audou a criar o movimento trotskista na Ucra― nia Ocidental, que durante toda a sua vida perrnancceu ficl a causa da cmancipa― caO dO proletanadO e da revolucao socialista internacional e quc protegeu, nos anos mais negros de nOsso sOculo tempestuoso, a contihuidade da tradi95o te6rica do mar対smo revoluclonariO; c aos estudantes e professores assistentes socialistas da【」niversidade Livre de Berlirn Ocidentat ctta inteligencia crrtica c cnativa preser― vara c arnpliard essa trad195o As Lcis dc MOυ irnento c a ffisttδ riα do Capiral Ad∝ 50 enttc as bs"as de mO聖 『鶴ょ 意 ЪFi貯 Marx__c a hist6ria do modO de produく :品iⅧ :∬ 『 : plexos problemas da teOria marxista. Sua dificuldade pode ser avaliada pelo fato de iamais ter havidO,attt agora,uma clarificacao satisfat6na desta relacao. Tomou―se lugar comum repetir quc a descoberta,por Marx, das leis de desen― volvirnento do capitalismo foi o resultado de uma andlise dia10tica que progredia do abstratO para o concreto: “Os economistas do scculo XVH,por exemplo,comecam sempre pelo todO vivO:a popula95o, a nacaO, O EstadO, vanos Estados e assirn por diante, mas terrninam sem― 五 爵獲き鳶 轟 静蠅」鰐驚 菫憾 l補 r轟 l獲 fど ongem aos sistemas econOnlicos que, a pa面 r de relacoes sirnples―_trabalhO, divisao do trabalho, necessidade, valor de trOca― ―, clevam―se atl o Estado, a troca entre na― C5eS e O mercado mundial Esse c, manifestamente, o mOtodo cieniicamente correto O concretO o concreto porque C a slntese de muitas determinagOes, isto ё, a unidade do diversO Por isso,aparece no pensamento como um processo de slntese, cOmo um resultado e nao como ponto de pa地da, ainda que saa o pOnto de panda na realda― de e,portanto,tambё m o pOnto de partida para a intuic5o e a representa95o Polo p● ― meiro caminho, a representa95o plena evaporava― se em deteminacoes abstratasi cOm o segundo motOdO, as detenninac5es abstratas conduzem a roprOducao dO concreto por melo do pensamento Porisso ё quc Hegel caiu na ilus5o de conceber O real cO_ mo resultante dO pensamento quo sintetiza a si mesmo, explora suas pr6prias profun― dezas e se desdobra a parlir de si mesmo e por si mesmo,enquanto O mOtodo de ele― :L=器 馳晋:ti鑑 鳳ξ ぷ器,Th qud° pensamenb se apro― c:1]&ξ No entanto, eduzir o mOtodo de Marx a uma``progressao dO abstratO ao cOn― creto" irnplica ig“norar a sua riqucza total. Em primeiro lugar, essa incompFeenSaO desconsidera O fato dc quc, para Marx, O cOnCreto era tantO O “ponto de partida cfeivo''quanto o obieiVO inal do conhecimento,que ele宙 a cOmo um processo l MARX,Karl Gnlnd,se Londres,1973p10X1101 8 ASLEIS DE MOヽlMENTO E A HISTORIA DO CAPITAL ativo e praticO: a “reproducaO dO cOncreto no decorrer do pensamento''. Em sc― gundo lugar, ela csqucce quc uma progressao do abstrato para o concreto O neces― sanamente precedida, como observOu Lenin, pOr uma progress5o do concreto pa― ra o abstrato2__pOis o abstrato ia O o resultado de um ttabalho pro宙 O de analisc, quc procurou separar o concreto em suas ``relac6es determinantes''. Enl terceiro lugar,esse erro destr6i a unidade dos dois processos, dc andlise e de sintese;o re― sultado abstrato serd verdadciro apenas se tiver exitO em reproduzir a “unidade dos diversOs elementos'' presentes no concreto S6 a totalidade O verdadeira, diz Hcgel, c a totaldade O a unidade do abstrato e do concreto― ―unidade dc opos‐ tos,c nao a sua identidade. Em quarto lugar,a reproducao bern_sucedida da totali― dade concreta s6 se toma con宙 ncente pela aplicacao na pratica lsso significa, en― trc outros aspectos――cOmO Lenin enfatizou expressamente――, quc cada cstagiO da analise deve ser submetido a“controle,saa pelos fatos,seia pela prltica"・ 3 Por sua vez,entretanto,os“cOnCeitos abstatos mais simples''(as categonas) naO saO unicamente o resultado da ``compreensao pura", mas espelham as on― gens do desenvolvimento hisbnco real: “I)esse ponto de vista pode― se dizer quc a catego● a mais sirnples pode exp● mir as relacoes dominantes de um todo menos desenvolvido, ou rela95es subordinadas de um todo mais desenvolvido,relacOes quc histoncamente,a existiam antes que o todo se desenvolvesse na dire95o que se expressa por uma categoria mais concreta. Nessa medida, o curso do pensamento abstrato,elevando― se do sirnples ao composto,corres― pondena ao prOcesso hist6nco real"4 Desse rnodo,a dia10ica de Marx,para rnais uma vez citar Lenin,lmplica``uma and― lise em dois niveis, deduiva c indutiva,16gica c hist6rica".5 Ela representa a unida‐ de desses dois motodos. Uma analisc ``indutiva'' nao pOde ser,nesse quadro, mais quc uma``inducao hist6rica",pois Marx considerava cada relacaO cOmO detemina― da pela hist6na e sua dia10tica requcna,por issO,uma unidadc entre a teoria c o fa― bhぎ 寵λⅧ 鵬 i a afirlla゛o dc MaⅨ de quc a dOnda ca n∝∝ na cxね mente pelo fato de essOncia c apattncia lamais coincidirem diretamente.7 E“le nao via como funcao da cioncia apenas a descoberta da essOncia de relacOes obscureci― das por suas aparOncias superficiais, mas tambOm a cxplicacao dessas aparencias ――em outras palavras, a descoberta dos elos interinediariOs, Ou mediac6es, quc permitem quc a cssOncia c a aparOncia sc reintegrem novamente numa unidade.8 QuandO essa reintegracao deixa de Ocorrer,a teoria se ve reduzida a construcao es― peculativa de “mode10s'' abstratos desligados da realidade emprnca, c a dialこ tica regnde dO materialsmo ao idealismo: ``Urna analise materialista n50 sc harmoniza 23LfЁbiNdI Nv C3ο8,〃pe c3t2e0d Ⅳo「魅v38,p 171 :麗駄留鵬 跳rピλ38,p320 6 MORF,Otto G‐chichた und Dialettk in der po″tlschen Oたοnοmie Frankfurt,1970p 146 KaJ Marx:``Esse slste ma organico, como uma totalidade, tem scus pressupostos, c seu desenvolΨ imento no sentdo dessa totalidade consis― te precisamente em subordinar´a si mesmo todos os elementos da sociedade,ou em crlar, a pa滝 r da sociedade,os 6r‐ gura‐Oas‐ sdeer qeuses aa itontdaal indeacdees sciotnsai tEu‐i umα ,m ohmlsetnοt"oc adren asneたu p,r ∝α,ηaneeisrsao ,pdeel as eguu ●dels eenlveo ls宙e tommeαn tuoma" GtmotladlindsαSed e pO 2p7r8o(cOesss og nde fOssaO nOssos E M) 7“Toda ciancia sena supernua se a aparancia extenor e a essoncia das coisas coincidissem diretamente=Ⅳ LへRX Capi Londres,1972 v 3,p 797 t8o′ MarX: ``As v`nas fOrmas do capital,assim desenvolvldas neste livro,apro史 mam―se,portanto,passo a passo da forma que assumem na superlicie da sociedade, na acao recrprOca dos diferentes capitais, na concorrOncia e na percepcao habitual dos pr6pios agentes da produc5o'' Cα pital v 3,p 25 AS LEIS DE MOⅥMENTO E A HIS“RIADO CAPITAL 9 a uma dialCtica idealista,mas a uma dia10tica materialista;ela lida com fatores empi― ricamente verificaveis".9 otto Morf observOu com justeζa: ``O processo pelo qual a mediacao entre essencia c apattncia se apresenta nessa unidade dc uma dualda― de identica e oposta C,necessariamente,um processo dia10tico".10 Mais ainda, nao ha divida de quc Marx considerava de quc a assimilaca(cid:631)o em‐ prrica dO material deveria preceder o processo analrticO de conhecirnento,assirn co‐ mo a verificacao emprrica deveria conclur-lo prOvisoriamente― ―isto O, clev6-lo a um n"el superior. Desse modo,cm seu Poshclo a 2.a cd195o dc O Cap"α l,Marx escreveu: “E claro quc o mOtodo de exposi950 deve difenr formalrnente do mOtodo de invesu― gac5o Esta ilima deve assimilar em detalhe o matenal, analisar suas diferentes for― mas de desenvolvirnento, descobrir suas conexё es internas S6 depoiS de tenη inadο 鰯 θ trabα′h90 que o movimento real pode ser adequadamente descrito E se for des― cntO cOm e対tO, se a vida da ma峰 na reneur_se idealrnente como num espelho, poderd parecer que temos,diante de n6s,uma sirnples construcao a pガ 。万''11 Poucos anos antes,Engels afirmara praticamente o rnesmo,ao escrever: ``E evidente que o sirnples palavreado vazio n5o pode realizar coisa alguma nesse contexto, e que apenas um grande volume de matehal hisbnco crlicamente exanlina― do, que tenha sido completamente assirnllado, pode tornar possfvel a resolucao desse upO de prOblema"12 E Marx frisou rnais uma vez esse ponto numa carta a Kugelrnann・ “Lange O ingenu。 。bastante para dizer que eu me movo conl rara liberdade nO ma― tenal empFnco Ele nao tem a menOr idёia de quc esse `rno宙 rnento livre na matOna' n5o O senao uma parafrase para o mι ttOdο de lidar com a maセna――isto C,o mιιodο diaた,co".13 Portanto,Karel Kosik esta ccrtO aO enfatizar quc: “A progress5o do abstrato ao concreto C sempre,de iniclo,um movimento abstrato; sua dia10tica consiste na superacaO dessa abstraca(cid:631)ο. Portanto, enl termos bastante ge― rais, trata― se de um mo宙rnento das partes para o todo e do todo para as partes, da aparOncia para a essencia e da essOncia para a aparOncia,da totalidade para a contradi― 95o e da contradicao para a tOtalidade,do o切 eto para O stteitO e dO suleito para o ob― jeto".14 Em resumo, podemos sugerir uma articulac5o em seis nfveis do mCtodo dialoticO de Marx,definida aproxirnadamente nos seguintes termos: 1)Assimlacao pOrmenorizada do material emprrico e dOmfn10 desse material (aparOncias superficiais)em todo o seu detalhe historicamente relevanセ . 9 RAPllAEL,Max ZurErセ 10 MORF Op c″ nntnlsthaοガe dar Konkたten Di。た妊,た Frankfurt,1962 p 243 ,p lll げE獣POlit歴iCαf′鋼Ecοn電οbmy燎 Lo雪n質drとe認s,″19」71 危『p221研里11轟 驚:鷺f:WS品 調 Maunce ttd)A Cοnttbu"οnゎ めeC蘭9υ● 13 “MaⅨ tO Kugelmann in Hanover' Inl MARX e ENGELS Seた cted Corropοndencc (edicao re宙sta)Moscou, 1965 p 240 14 KOSIK,Karel Die Dioた趙kd‐Kοnた″たn Frankfurt,1967 p31 0 autorso゛ ёico llyenkOv dedicou um livro inte― ressante a relacao entre(c a uni5o de)o abstrato e o concreto em O Cα pitαl de Marx VerILYENKOV,E : Lo di。た ca de〃'astrato e del concにto nel Cap“αle di MaⅨ Mib。,1961 "i 10 AS LEIS DEMOⅥ MED「FO EA HISTORIA DOCAPrrAL 2)DivisaO analitica desse material segundo scus elementOs abstratos consti― hlintes(progressao do cOncreto ao abstrato).15 3)Exploracao das cOnexOes gerais decisivas entre esses elementOs, quc expli― cam as lcis abstratas de movirnento do material― ―a sua essencia, em outras pala― vras. 4)Descoberta dos elos interrnedid五 os fundamentais, quc efetuam a mediacaO entre a essOncia c a aparencia superficial da matOria (progresぬ O dO abstrato ao concreto, ou a reproducao do cOncreto pensado como uma combinacaO de milti― plas deterrninagOes). 5)VenicacaO cmprnca p“ica da analisc(2,3,4)no moumento em cursO da hist6ria concreta. 6)Descoberta de dadOs nOvOs, empiricamente relevantes, e de novas cone― x6es― Inuitas vezes atё mesrno de novas dete11llinac6es elementares abstatas ――,mediante a aplicac5o dos resultados do conhecirnento,e da pratica neles basca― da,a infinita comple対 dade do real.16 de ctte&漁 ぅ|:i::rlil:li〃鹿sム 種躙 ∬ボ 懲 異ittily認:a:I(1:c:llleTllilil: cambiO inevitavel entre Os mesmos. Desse modo, podemOs ver que o mёtOdO de Marx o muito mais rico do quc os procedirnentOs de ``concretizacaO sucessiva" ou ``aproxirnac5o sucessiva",tFpicos da ciencia acadenlica “Na medida em quc Os tracos indiuduais e particulares saO(aqui)elirninados e rein― troduzidos apenas superficialrnente― ―sem quaisquer mediagOes dialё icas, em outtas palavras__,pode facilmonte surgr a ilusao de que naO e対 ste ponte quahtativa entte o abstrato e o concreto. Desse modo,torna― se perfeitamente 16gico acreditar que O mo― delo te6rico contenha de fatO(ainda que numa forrna sirnpllicada)todos Os elementos essenciais do obiCtO COncreto sob invesigac5o, como no caso, pOr exemplo, de uma fotograta irada a grande altitude, que mostra todos os elementos fundamentais de uma paisagem, embora apenas as cadeias de montanhas, os grandes rios e os bos_ ques saam宙 s市eis''17 Pelo mesmo mo宙mento,torna―se evidentc a diferenca cntre o mOtOdo redu― clonista do materialsmo vulgar, em que desaparece a especificidade concreta dos ObiCtOS individuais, c o mCtodo materialista dialCtico 18」 indrich Zelen,cnfatiza cor― 15 Na linha do te6● co so宙ёtlco llyenkov, Enck Hahn sallentou que “a divisao do suleito concreto real em deternlina― 95es abstratas nao deve, sob quaisquer circunstancias, ser equiparada ao mo宙 mento da matこna emp〔nca para a teo‐ na o esほglo empirlco de cOnhecimento serve apenas como prepara95o para esse processo de dl宙sao'' Hlst。71sc力er r嘲 嘗写 :r『電 賀窃 :h彙 」漁」:1よ11認 ♀ふde.mco em tte eね ptt pЮpostO pdoセ6●co∞‐ 宙Ctco V A Smimov Deinicio,SmirnOv separa as``observac5es''da.`andlise das observac∞ s reglstradas'',mas des ta fonna deixa de levar em conta a mediacao cmcial entre essOncia e aparencia e redu2 0 prOblema a um confronto en― tre a teona c o matenalemp〔ncO 17 ROSDOLSKY,Roman Zur EntstehungsgOc力 icわたd“Maっochen `Kapltαl'' Frankfun,1968 v 2,p 535 Vertam― 露 郡 I奥 善f鷺 轟 鮒 翻 路 締 itcotisraS, 鍬admit‰e―se 轟que o rn鶏aο―ser獄 ou 悧0 0utr鼈o q塩ue t‰oma &o勝 seu lugar jd esteiaに α′menた α11,mas ainda nao Observavel Dessa maneira,宙 r―alser e deixar― de―ser perdem todo signil‐ `りの'p370 讐触 ギ 離 陽 鍔 :,智ナ

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