O ATLAS DO CÂNCER Segunda edição Ahmedin Jemal Paolo Vineis Freddie Bray Lindsey Torre David Forman Publicado pela American Cancer Society, Inc. 250 Williams Street Atlanta, Geórgia 30303, EUA www.cancer.org Direitos autorais© 2014 The American Cancer Society, Inc. Todos os direitos reservados. Sem prejuízo dos direitos autorais garantidos acima, nenhuma parte da presente publicação pode ser reproduzida, armazenada ou incluída em sistemas de recuperação ou transmitida por qualquer meio (eletrônico, mecânico, fotocópia, registro ou outro) sem a prévia aprovação por escrito do editor. ISBN-10: 1-60443-228-4 ISBN-13: 978-1-60443-228-2 Impresso no Brasil 1 2 3 4 5 14 15 16 17 18 DADOS DE CATALOGAÇÃO NA FONTE – BIBLIOTECA DO CONGRESSO NORTE- AMERICANO The cancer atlas / Ahmedin Jemal [and four others]. — Second edition. p. cm. Inclui referências bibliográficas. ISBN 978-1-60443-228-2 (livro impresso) — ISBN 1-60443-228-4 (livro impresso) 1. Cancer--Atlases. 2. Cancer—Epidemiology. I. Jemal, Ahmedin. RC262.C274 2015 616.99’4--dc23 2014032148 Editor-chefe: John M. Daniel Design: Departamento de Linguística (www.languagedept.com) Redator: Kimberly D. Miller CITAÇÃO SUGERIDA: Jemal A, Vineis P, Bray F, Torre L, Forman D (Eds). The Cancer Atlas. Second Ed. Atlanta, GA: American Cancer Society; 2014. Disponível também no endereço: www. cancer.org/canceratlas. As definições empregadas na presente publicação e a apresentação de material que ela contém não implicam a expressão de nenhuma opinião de qualquer natureza, por parte da Sociedade Americana de Câncer, sobre o estatuto jurídico de qualquer país, território, município ou área sob sua autoridade, ou sobre a demarcação de suas fronteiras ou limites. A menção de empresas específicas ou dos produtos de determinados fabricantes não implica que sejam aprovados ou recomendados pela Sociedade Americana de Câncer em detrimento de outros de natureza semelhante que não sejam mencionados. Salvo no caso de erros e omissões, os nomes de produtos exclusivos são diferenciados por letras maiúsculas. A Sociedade Americana de Câncer não garante que as informações contidas na presente publicação sejam completas e corretas e não poderá ser responsabilizada por danos oriundos do seu uso. Os autores são, individualmente, os únicos responsáveis pelas visões aqui expressas. O Atlas do Câncer está disponível on-line no endereço www.cancer.org/canceratlas. A versão on-line do Atlas contém recursos adicionais e informações exclusivas da edição on-line interativa. Apresentação 06. Radiação ultravioleta John R. Seffrin, CEO, Sociedade Americana de Câncer Lindsey Torre, Sociedade Americana de Câncer Cary Adams, CEO, União Internacional para Controle do Câncer Adele Green, Universidade de Manchester Christopher Wild, Diretor, Agência Internacional para Pesquisa em Câncer Bruce Armstrong, Universidade de Sydney p. 6 p. 26 07. Fatores reprodutivos e hormonais Sobre os editores Paolo Vineis, Imperial College London p. 10 p. 28 Agradecimentos 08. Poluentes ambientais e p. 13 exposições ocupacionais Elizabeth Ward, Sociedade Americana de Câncer 01. Introdução p. 30 Ahmedin Jemal, Sociedade Americana de Câncer Lindsey Torre, Sociedade Americana de Câncer 09. Carcinógenos humanos identificados pelo p. 14 Programa de Monografias da IARC Beatrice Lauby-Secretan, Agência Internacional para Pesquisa em Câncer Kurt Straif, Agência Internacional para Pesquisa em Câncer p. 32 FATORES DE RISCO p. 16 A CARGA 02. Visão geral dos fatores de risco p. 34 Paolo Vineis, Imperial College London p. 18 10. A carga do câncer 03. Riscos do tabagismo David Forman, Agência Internacional para Pesquisa em Câncer Lindsey Torre, Sociedade Americana de Câncer Freddie Bray, Agência Internacional para Pesquisa em Câncer Judith MacKay, Fundação Mundial do Pulmão p. 36 Ahmedin Jemal, Sociedade Americana de Câncer p. 20 11. Câncer de pulmão David Forman, Agência Internacional para Pesquisa em Câncer 04. Infecções Freddie Bray, Agência Internacional para Pesquisa em Câncer Edgar Simard, Sociedade Americana de Câncer p. 38 Silvia Franceschi, Agência Internacional para Pesquisa em Câncer p. 22 12. Câncer de mama David Forman, Agência Internacional para Pesquisa em Câncer 05. Dieta, massa corporal e atividade física Freddie Bray, Agência Internacional para Pesquisa em Câncer Lindsey Torre, Sociedade Americana de Câncer p. 40 Marji McCullough, Sociedade Americana de Câncer Ahmedin Jemal, Sociedade Americana de Câncer 13. Câncer infantil p. 24 Eva Steliarova-Foucher, Agência Internacional para Pesquisa em Câncer Charles Stiller, Childhood Cancer Research Group, Universidade de Oxford p. 42 14. Transições no Índice de Desenvolvimento Humano 22. O câncer na Oceania Freddie Bray, Agência Internacional para Pesquisa em Câncer Helen Farrugia, Victorian Cancer Registry, Cancer Council Victoria Graham David Forman, Agência Internacional para Pesquisa em Câncer Giles, Cancer Epidemiology Intelligence Division, Cancer Council Victoria p. 44 p. 60 DIVERSIDADES REGIONAIS 23. Sobrevivendo ao câncer David Forman, Agência Internacional para Pesquisa em Câncer Freddie Bray, Agência Internacional para Pesquisa em Câncer 15. Visão geral das diversidades geográficas p. 62 Isabelle Soerjomataram, Agência Internacional para Pesquisa em Câncer Freddie Bray, Agência Internacional para Pesquisa em Câncer David Forman, Agência Internacional para Pesquisa em Câncer p. 46 16. O câncer na África Subsaariana Freddie Bray, Agência Internacional para Pesquisa em Câncer David Forman, Agência Internacional para Pesquisa em Câncer p. 48 MEDIDAS ADOTADAS 17. O câncer na América Latina e no Caribe Luiz Antonio Santini, Instituto Nacional do Câncer do Brasil (INCA) p. 64 Alejandro Mohar, Instituto Nacional do Câncer do México (INCan) Walter Zoss, Red de Institutos Nacionales de Cáncer Rede 24. O espectro do câncer: visão geral das de Institutos Nacionais do Câncer intervenções e potencial de impacto p. 50 Ahmedin Jemal, Sociedade Americana de Câncer Kimberly Miller, Sociedade Americana de Câncer 18. O câncer na América do Norte Lindsey Torre, Sociedade Americana de Câncer Ahmedin Jemal, Sociedade Americana de Câncer p. 66 Lindsey Torre, Sociedade Americana de Câncer Otis Brawley, Sociedade Americana de Câncer 25. Promoção da saúde: Uma abordagem p. 52 populacional e sistêmica 19. O câncer no Sul, no Leste e no Sudeste Asiático Ahmedin Jemal, Sociedade Americana de Câncer Kimberly Miller, Sociedade Americana de Câncer Rakesh Gupta, Sociedade Americana de Câncer – Índia Lindsey Torre, Sociedade Americana de Câncer E. Ulysses Dorotheo, Southeast Asia Tobacco Control Alliance p. 68 Isabelle Soerjomataram, Agência Internacional para Pesquisa em Câncer Prakash Gupta, Healis - Sekhsaria Institute for Public Health p. 54 26. Controle do tabagismo Evan Blecher, Sociedade Americana de Câncer 20. O câncer na Europa p. 70 Anne Lise Ryel, Norwegian Cancer Society (Sociedade Norueguesa de Câncer) (Kreftforeningen) 27. Vacinas Ole Opdalshei, Norwegian Cancer Society (Kreftforeningen) Lauri Markowitz, Centro de Controle e Prevenção de Doenças (EUA)* Freddie Bray, Agência Internacional para Pesquisa em Câncer Francisco Averhoff, Centro de Controle e Prevenção de Doenças (EUA)* Isabelle Soerjomataram, Agência Internacional para Pesquisa em Câncer Iacopo Baussano, Agência Internacional para Pesquisa em Câncer Stefano Rosso, Piedmont Cancer Registry, Centro di Prevenzione Oncologica p. 72 p. 56 28. Detecção precoce 21. O câncer no Norte da África, na Ásia Central e no Rengaswamy Sankaranarayanan, Agência Internacional Oeste da Ásia para Pesquisa em Câncer Sultan Eser, Izmir Cancer Registry Kunnambath Ramadas, Regional Cancer Centre, Trivandrum, Isabelle Soerjomataram, Agência Internacional para Pesquisa em Câncer Estado de Kerala, Índia Mohamed Shaalan, Breast Cancer Foundation of Egypt Lynette Denny, Groote Schuur Hospital, África do Sul p. 58 p. 74 29. Gerenciamento e tratamento APÊNDICE Rolando Camacho, Agência Internacional de Energia Atômica Ahmed Elzawawy, Universidade de Port Said, Egito História do câncer Joanna Izewska, Agência Internacional de Energia Atômica p. 94 Diogo Neves, Agência Internacional de Energia Atômica Nellie Enwerem-Bromson, Agência Internacional de Energia Atômica p. 76 Tabelas mundiais p. 102 30. Controle da dor Meg O’Brien, Sociedade Americana de Câncer GLOSSÁRIO p. 78 p. 118 31. Registros de câncer David Forman, Agência Internacional para Pesquisa em Câncer FONTES E MÉTODOS Freddie Bray, Agência Internacional para Pesquisa em Câncer p. 121 p. 80 ÍNDICE 32. Pesquisa Richard Sullivan, Institute of Cancer Policy, King’s Health p. 133 Partners Integrated Cancer Centre Ajay Aggarwal, Institute of Cancer Policy, King’s Health *As descobertas e conclusões da presente publicação são de responsabilidade de seus autores, e não representam necessariamente a posição oficial do Partners Integrated Cancer Centre Centro de Controle e Prevenção de Doenças. Ophira Ginsburg, Faculdade de Medicina, Escola de Saúde Pública Dalla Lana, Universidade de Toronto p. 82 33. Investimentos na prevenção do câncer Michal Stoklosa, Sociedade Americana de Câncer Jeffrey Drope, Sociedade Americana de Câncer p. 84 34. Potencialização da infraestrutura existente Rachael Joseph, Centro de Controle e Prevenção de Doenças (EUA)* Jeffrey Glenn, Centro de Controle e Prevenção de Doenças (EUA)* Mona Saraiya, Centro de Controle e Prevenção de Doenças (EUA)* p. 86 35. União de organizações Julie Torode, União Internacional para Controle do Câncer Brenda Edwards, Instituto Nacional do Câncer (EUA) Rebecca Morton Doherty, União Internacional para Controle do Câncer p. 88 36. Global Relay for Life Iris Pendergast, Sociedade Americana de Câncer Ann McMikel, Sociedade Americana de Câncer p. 90 37. Políticas e legislação Nils Daulaire, Secretaria de Assuntos Globais, Ministério da Saúde e de Serviços Humanos dos Estados Unidos Gabrielle Lamourelle, Secretaria de Assuntos Globais, Ministério da Saúde e de Serviços Humanos dos Estados Unidos Ann McMikel, Sociedade Americana de Câncer p. 92 APRESENTAÇÃO O Brasil é o quinto país em extensão territorial no tende a aumentar em diversos países de renda mundo e o maior da América Latina, contando média e baixa. Nas últimas décadas, o Brasil com uma população aproximada de 210 milhões alcançou significativa redução do tabagismo após de habitantes. Assim como em outros países a implantação da Política Nacional de Controle de renda média - alta, as doenças crônicas não do Tabaco. Os dados mais atuais apontam que transmissíveis representam um importante cerca de 16% dos homens e 11% das mulheres são ônus para a sociedade, sobretudo as neoplasias tabagistas no Brasil. Embora essas taxas sejam malignas, que são responsáveis por pouco mais bem inferiores às observadas em outros de países, de 15% de todas as mortes no país. Com cerca como a Rússia e a China - com taxas de 51% e de 600 mil novos casos por ano estimados pelo 45% entre os homens, respectivamente - ainda INCA (Instituto Nacional do Câncer, Brasil) assim não são desprezíveis, se considerarmos para 2016, o câncer compreende a segunda os números absolutos e a extensão territorial do causa de morte na população brasileira, ceifando Brasil. Não é confortável reconhecer que cerca a vida de 225 mil indivíduos anualmente. A de 28 milhões de cidadãos brasileiros estão em estimativa é que até os 75 anos de idade, um em risco para o desenvolvimento de câncer e de cada cinco brasileiros desenvolva algum tipo de outras doenças crônicas por causa do tabagismo. câncer. Pelo cenário apresentado, entende-se Isso corresponde, aproximadamente, a toda a responsabilidade dos gestores públicos e de população da Arábia Saudita ou a pouco mais da nós mesmos, como cidadãos, no controle desta australiana. O investimento maciço em políticas doença. de combate ao tabagismo para a prevenção de Os tumores de mama, do colo do útero doenças crônicas não transmissíveis é uma e colorretal são os mais incidentes entre as necessidade premente e constante para o Brasil e mulheres brasileiras, enquanto nos homens para o mundo. destacam-se o câncer de próstata, de pulmão O Hospital de Câncer de Barretos, com e colorretal. Mais recentemente, em algumas mais de 50 anos de existência e um reconhecido regiões do Brasil, o câncer colorretal tornou- programa de prevenção de câncer no Brasil, teve se o segundo tumor mais incidente entre as o privilégio de ser convidado pela American mulheres, superando os casos de câncer do colo Cancer Society a participar da revisão do Atlas do útero. Este cenário traz novos desafios para do Câncer (2ª edição) na sua versão para a língua os gestores públicos, haja vista que o Brasil, Portuguesa. Para nós, foi empolgante rever o embora recomende o rastreamento do câncer material e perceber o quão rico e inspirador colorretal, não tem um programa consolidado e é o conteúdo do Atlas, trazendo informações organizado para a prevenção dessa doença. Nos objetivas, impactantes e em linguagem acessível, próximos anos, se nenhuma medida for adotada sem contar a beleza de sua iconografia. Os para fortalecer as estratégias de rastreamento do principais fatores de risco para o câncer são câncer colorretal, veremos aumentar rapidamente discutidos de forma precisa e abrangente. O Atlas sua incidência e mortalidade no país. Torna- evidencia ainda, de maneira contundente, o se ainda mais preocupante esse panorama impacto do câncer para a sociedade em diversos ao se constatar que pouco mais da metade da cenários pelo mundo, incluindo o panorama população brasileira encontra-se com sobrepeso na América Latina, além de discutir medidas ou obesa, mais precisamente, 53% dos homens e para o controle da doença. Esta é, sem dúvida, 52% das mulheres. A obesidade é um importante uma publicação inovadora, de alta qualidade e fator de risco não só para o câncer colorretal, mas rigor, que servirá como obra de referência e de também para outros tumores, como de mama, consulta não apenas aos profissionais dedicados de endométrio, de rim, de esôfago e de pâncreas. à prevenção, ao diagnóstico e ao tratamento das Esse é um problema mundial de saúde pública, neoplasias malignas, mas também aos gestores que assola não apenas os países de alta renda, públicos, aos pesquisadores, à imprensa e a todos mas também os de baixa e média. aqueles que almejam compartilhar da incansável O tabagismo é um fator de risco conhecido luta contra o câncer. para o desenvolvimento de doenças crônicas Por fim, é necessário frisar que essa versão, cardiovasculares e pulmonares, e também de em língua Portuguesa, não se aplica somente neoplasias malignas, incluindo-se o câncer ao Brasil, sendo de grande valia e amplamente de pulmão, de esôfago, de boca, de faringe, de voltada a todos os países lusófonos, onde o câncer laringe, entre outros. O consumo de tabaco vem é um ônus significativo para a sociedade. diminuindo nos países de renda elevada, mas 6 É possível que não tenha existido outro momento Na sociedade, acreditamos que essa tão empolgante quanto o atual para fazer parte publicação fundamental será um recurso JOHN R. da luta contra o câncer. Não houve outra ocasião essencial e acessível para todos os envolvidos em que enfrentamos um desafio tão grande, nem na luta contra o câncer — dos apoiadores e das em que tivemos uma oportunidade tão grande de agências aos legisladores e aos pacientes, e combater a doença no mundo todo para controlá- todos os que estiverem entre eles. Esta oportuna SEFFRIN la de uma vez por todas. publicação, baseada em evidências, oferece uma Nos últimos anos, tivemos progresso notável riqueza de dados contundentes para auxiliar no contra o câncer em muitos países. Nos EUA, por combate ao câncer nas comunidades e nações exemplo, vimos 20 anos seguidos de declínios nas do mundo todo. A informação é uma ferramenta taxas de mortalidade do câncer, o que se traduz poderosa nas mãos de indivíduos apaixonados em um total de mais de 1,3 milhão de mortes por e dedicados, e este livro consiste em um recurso Diretor Executivo, Sociedade câncer evitadas. incomparável para munir e informar todos que Americana de Câncer Ainda assim, como você verá nas páginas estejam comprometidos com essa luta. deste Atlas, o câncer ameaça como nunca a vida e Esta edição do Atlas do Câncer é única porque a sobrevivência em muitos cantos do mundo. reúne opiniões de especialistas de todo o globo, A África, por exemplo, está prestes a se tornar o contando com a contribuição de mais de 40 epicentro de uma pandemia de tabagismo que autores e pareceristas. Assim como foi concebido ameaça matar 1 bilhão de pessoas neste século, para ser um recurso para grupos diversos, os se não for contida — muitas dessas mortes como especialistas que contribuíram também têm resultado do câncer. Outras regiões também são históricos variados, indo de centros da academia ameaçadas por esse flagelo. Em todo o globo, a instituições governamentais e organizações nações de renda média e baixa estão lutando não governamentais. A acessibilidade do Atlas para efetivamente virar o jogo contra a ameaça também é única, pois ele será disponibilizado, crescente do câncer e de outras doenças crônicas, pela primeira vez, em uma edição on-line gratuita as quais sobrecarregam igualmente os sistemas de e interativa. saúde mal preparados e as economias emergentes. A Sociedade Americana de Câncer tem o Se desejamos controlar o câncer como um compromisso de trabalhar sem descanso para grande problema de saúde pública, é preciso que salvar mais vidas do câncer, tanto no nosso país todos nos esforcemos, trabalhando em conjunto. como no mundo, e de, um dia, encerrar essa Devemos trabalhar em todos os setores e aprender guerra com um resultado positivo. Acreditamos uns com os outros, compartilhando as estratégias que esta segunda edição do Atlas do Câncer comprovadas e as que tivermos desenvolvido será uma ferramenta valiosa para nos ajudar no combate à doença. Participar desta segunda a caminhar coletivamente rumo a essa meta edição do Atlas do Câncer é uma satisfação para louvável e alcançável. Tenho certeza de que você a Sociedade Americana de Câncer, porque ela concordará assim que percorrer as páginas que se incorpora o espírito da colaboração e da franca seguem. troca de informações que devem existir se desejamos salvar mais vidas. “ [Atlas do Câncer] reúne O opiniões de especialistas, contendo a contribuição de mais de 40 autores e pareceristas. Assim como foi concebido para ser um recurso para grupos diversos, os especialistas que contribuíram também têm históricos variados. 7 APRESENTAÇÃO Em setembro de 2011, na Organização das como a atenção primária informa e envolve os Nações Unidas, em Nova Iorque, todos os países pacientes, para que a doença seja identificada CARY adotaram em conjunto uma declaração política mais cedo. Essas etapas não dependem de sobre doenças não transmissíveis (DNT), a qual ciência de ponta para serem efetivas. Elas muitos comentaristas acreditam ter colocado, demandam a aplicação de intervenções bastante pela primeira vez, o câncer na agenda de saúde conhecidas e efetivas em todas a situações, ADAMS global. Essa foi apenas a segunda reunião de alto assim como a transferência de conhecimento, nível da Organização das Nações Unidas sobre para que o desafio do câncer se torne questões de saúde — a anterior dedicara-se ao administrável nas mentes de muitas pessoas. tema HIV/AIDS em 2001 —, e havia grandes O Atlas do Câncer é uma importante expectativas de que esse evento significativo ferramenta na nossa ambição de nos envolver fosse um ponto de inflexão no modo como o com as comunidades do mundo todo para Diretor Executivo, câncer e outras DNT seriam abordadas nos informar sobre uma doença que é mal União Internacional para anos seguintes em todos os países. compreendida por muitos dos que esperamos A partir de então, a Organização Mundial ver comprometidos com o enfrentamento da Controle do Câncer da Saúde, durante um processo que durou três doença em seus países. O Atlas informa de forma anos, fez a orientação dos estados-membros, muito clara e concisa os desafios enfrentados o que resultou em um acordo com meta global no combate ao câncer em todo o mundo. É um para reduzir as mortes prematuras por câncer acréscimo valioso aos recursos dos apoiadores e por outras DNT em 25% até 2025 (em um da causa, à biblioteca dos oncologistas, ao revigorado Plano de Ação Global em DNT) e em conhecimento dos pacientes, à fonte de um número maior de metas e indicadores a serem informação do jornalista e ao banco de dados adotados pelos países para medir a mudança de autoridades públicas e cientistas. A União substancial da morbimortalidade do câncer em Internacional para Controle do Câncer e seus todo o mundo. Uma combinação de apoio efetivo, associados em mais de 150 países garantirão que a liderança dinâmica de alguns países e a injeção o Atlas esteja disponível para todos que estejam de grandes dados e evidências nas conjunturas comprometidos com a melhora do planejamento apropriadas lograram colocar o câncer no mapa nacional do controle do câncer. É uma satisfação da saúde global pela primeira vez. ter sido capaz de compilar, mediante o trabalho A União Internacional para Controle do conjunto com nossas parceiras Sociedade Câncer acredita que nós temos o conhecimento Americana de Câncer e Agência Internacional suficiente em prevenção do câncer, detecção para Pesquisa em Câncer, uma publicação tão precoce e serviços de tratamento para a cura e a impressionante para informar o mundo. melhora da qualidade de vida, de modo a alcançar as metas determinadas pela Organização das Nações Unidas, as quais estão agora incluídas em uma revigorada Declaração Mundial do Câncer, “ lançada na Cidade do Cabo, em novembro de 2013. O que nós precisamos é o envolvimento O Atlas do Cânceré uma dos governos e dos líderes nacionais em câncer de todo o mundo para colocar esse conhecimento importante ferramenta em em prática: enfrentando, resolutamente, os nossa ambição de nos envolver fatores de risco do câncer, como o tabagismo, com as comunidades do mundo implementando a vacinação das populações e os programas de rastreamento, reduzindo os todo para informar-lhes as mitos, os equívocos e os estigmas frequentemente verdades sobre uma doença que associados ao câncer, por meio de programas é mal compreendida por muitos educacionais abrangentes, e aprimorando o modo dos atores que esperamos ver comprometidos com o enfrentamento da doença em seus países. 8 Não há tratamento fácil para o problema do prevenir ou tratar e administrar efetivamente a câncer. Mesmo nos países mais ricos, a carga doença. Essa desigualdade é vista entre países e CHRISTOPHER social e econômica do câncer tem um custo que também dentro de um mesmo país, além de ser não pode ser pago apenas pelas melhoras nas visível em todos os aspectos relacionados com terapias, independentemente do quanto sejam o controle e o tratamento do câncer. No que diz direcionadas e refinadas para explorar a base respeito ao câncer, o local em que você vive afeta WILD molecular da doença. Essa ênfase necessária nos o risco de desenvolver a doença, o modo como cuidados clínicos deve ser complementada por você vive com a ela e, em última instância, a medidas de saúde pública, incluindo a prevenção possibilidade de sobreviver à doença. Um dos do câncer, a detecção precoce e o diagnóstico. grandes desafios para o controle do câncer no A segunda edição do Atlas do Câncer serve como século XXI é levar os benefícios das intervenções uma referência notável, tanto em termos de efetivas ao maior número possível de pessoas, Diretor, Agência Internacional conteúdo como de forma, proporcionando um inclusive nos países de média e baixa renda. para Pesquisa em Câncer embasamento confiável para as condutas em todo O câncer é uma barreira para o o espectro das medidas de controle do câncer. desenvolvimento humano sustentável. Essa A primeira etapa da prevenção é a importante conclusão está agora sendo compreensão das causas, e, nesse contexto, o reconhecida em nível nacional e internacional, Atlas do Câncer apresenta um resumo valioso dos principalmente devido à ênfase dada pela principais fatores de risco do câncer, enfatizando Organização das Nações Unidas às doenças não a variação geográfica das suas prevalências. Esse transmissíveis (DNT). Esse reconhecimento tema da heterogeneidade é retomado nas político deve ser traduzido na mudança de descrições das variações regionais da carga do prioridades, particularmente em relação aos câncer. Um quadro claro da incidência, da gastos em assistência ao desenvolvimento mortalidade, da sobrevida e da prevalência do da saúde, em que os doadores não têm, até o câncer nos níveis regional e nacional é uma momento, prestado muita atenção ao câncer e a plataforma vital para o planejamento do controle outras DNTs. É neste ponto que estou convencido do câncer. Sem essas informações, há um grande de que o Atlas do Câncer mostrará o maior valor, risco de má alocação de atenção e de perda de com sua estupenda apresentação de informações investimentos. O Atlas do Câncer vale-se das confiáveis em formato acessível e aproveitável fontes disponíveis, principalmente do banco de para os responsáveis por tomar decisões, os dados GLOBOCAN da Agência Internacional apoiadores, os pacientes e o público em geral. para Pesquisa em Câncer, mas também traz o Estou, portanto, confiante de que a colaboração lembrete de quanto progresso ainda é necessário o entre a Sociedade Americana de Câncer, a União estabelecimento de registros populacionais de Internacional para Controle do Câncer e a câncer em muitos país de média e de baixa renda, Agência Internacional para Pesquisa em Câncer onde os dados ainda são escassos. A escassez de no Atlas do Câncer pode se constituir em um dados sobre a ocorrência também se estende a agente de mudanças no controle do câncer em muitos dos fatores de risco. Nesse sentido, essa escala global. publicação valiosa também pode ser vista como uma convocação à ação nessas áreas da vigilância. “ O Atlas do Câncer não só descreve o problema, como também lista algumas das soluções disponíveis, que abrangem a prevenção primária, A mensagem mais marcante não o rastreamento e a detecção precoce, o tratamento é a variação na ocorrência dos e os cuidados paliativos. Essa abordagem abrangente fornece um quadro do que já poderia fatores de risco e dos padrões de ser alcançado se as evidências científicas fossem câncer, mas as desigualdades no postas em prática. Contudo, a mensagem mais acesso às próprias intervenções, marcante do Atlas do Câncer talvez não seja a variação na ocorrência dos fatores de risco e capazes de prevenir ou tratar dos padrões de câncer, mas as desigualdades e administrar efetivamente a no acesso às próprias intervenções capazes de doença. 9 SOBRE OS EDITORES AHMEDIN PAOLO JEMAL VINEIS O Dr. Jemal é vice-presidente do programa O Dr. Vineis, Professor e Catedrático de Surveillance & Health Services Research na Epidemiologia Ambiental na Imperial College, Sociedade Americana de Câncer. Também é Londres, é um pesquisador de referência no Professor Associado Adjunto de Epidemiologia na campo de epidemiologia molecular. Suas Rollins School of Public Health, Universidade de últimas atividades de pesquisa concentram-se Emory. principalmente no exame de biomarcadores Entre seus principais interesses científicos do risco de doença, exposições complexas e estão as disparidades do câncer e os biomarcadores intermediários de plataformas determinantes sociais de saúde e também "ômicas" (incluindo a metabolômica e a pesquisa em serviços de saúde e desfechos, com epigenética) em grandes estudos epidemiológicos. foco nos principais cânceres e nos fatores de risco Tem mais de 700 publicações (muitas como autor comuns. Seu principal objetivo na Sociedade principal) em periódicos, como Nature, Nature Americana de Câncer tem sido a construção de Genetics, Lancet e Lancet Oncology. É membro de uma equipe forte de pesquisadores em vigilância inúmeros comitês internacionais científicos e de do câncer e dos serviços de saúde para promover, ética. nos EUA e no mundo todo, a prevenção e controle O professor Vineis tem ampla experiência do câncer baseados em evidências. Já publicou na liderança de projetos internacionais. mais de 150 artigos em periódicos com revisão Coordena o Projeto Exposomics financiado por pares. pela Comissão Europeia, sendo Investigador Principal/Coinvestigador de inúmeros projetos internacionais, como os projetos GENAIR, ECNIS2, Envirogenomarkers, Hypergenes, ESCAPE e Transphorm, financiados pela Comissão Europeia. Além disso, captou financiamento do Leverhulme Trust, MRC, Cancer Research UK, HuGeF Foundation e Instituto Nacional do Câncer dos EUA. É diretor da Unidade de Epidemiologia Molecular e Genética da HuGeF Foundation, Turim, Itália, e dirige o Programa Exposome and Health do MRC-PHE Centre for Environment and Health do Imperial College. 10