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O Atlântico negro PDF

219 Pages·2012·8.874 MB·Portuguese
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· ., Paul o ATLÁNTICO NEGRO Modernidade edupla consciencia Traducáo CidKnipel Moreira UniversidadeCandidoMendes CentrodeEstudosAfro-Asiáticos PracaPioX, 7-7°andar Centro CEP20040-020 Rio dejaneiro-RJ Brasil Te!. (21) 516-2916 Fax (21) 516-3072 UCAM [email protected] UNIVERSIDAOE CANDIOO MENDES Cc:ntro de Estud05 Afro_Asiáticos Diretot: CandidoMendes Yice-DíretorTécnico Científico: LivioSansone Coordenaiáo do Projeto: Márcia Lima Apoio: FundacáoFord EDITORA34 Editora34Ltda. RuaHungria, 592 ]ardimEuropa CEP01455-000 SaoPaulo-SP Brasil TellFax(11)3816-6777 [email protected] Copyright©Editora 34Ltda. (edicác brasileira),2001 The black Atlantíc©PaulGilroy,1993 o ATLÁNTICO NEGRO AFOTOCÓPIADEQUALQUERFOLHA DESTE LIVRO ÉILEGAL, ECONFIGURAUMA Modernidade edupla consciencia APROPRIAc;:AüINDEVIDA DOSDIREITOSINTELECTUAISEPATRIMONIAISDO AUTüR. Capa, projetográficoeeditoracáo elerrónica: Prefácio aedicáo brasileira . 9 Bracber & Malta Producáo Gráfica Prefácio . 27 Revisáo técnica: Denise Ferreirada Silva 1. O Arlánrico negro como PatriciaParías contraculturada modernidade . 33 Preparacáo de texto: 2. Senhores, senhoras, escravos Sandra Brazíl eas antinomias da modernidade . 101 a Traducáo do Prefacio edicáo brasileira: 3. "Jóias trazidas da servidáo": Patrícia Parias música negra e a política ~a autenticidade . 157 Revisáo: Alexandre Barbosade Souza 4. "Anime o viajante cansado": W. E. B.Du Bois, a Alemanha e a políticada (desjterritorializacáo ... 223 I" Edicáo -2001 5. "Sern o consolo das lágrimas": Richard Wright, a Franca ea ambivalencia da comunidade . 281 Caralogacáo na Ponte do Departamento Nacional do Livro 6. "Urna história para nao sepassar adiante": (Fundacáo BibliotecaNacional,R], Brasil) a mernória viva e o sublime escravo . 351 Gilroy, Paul, 1956- G588a OAtlánticonegro: modernidadeedupla consciencia IPaulGilroy;traducéodeCidKnipel Agradecimentos . 417 Moreira.- SaoPaulo: Ed.34;Riodejaneiro: índice onomástico . 421 UníversidadeCandidoMendes,CentrodeEstudos Afro-Asiáticos,2001. 432 p. ISBN85-7326·196-X Traducáode:The blackArlanríc 1.Negritude. 2.Modernidade. 3.Diáspora. 4.Culturacontemporánea. I.Título. CDD -305.896 ParaCora Hatsbeput eminha máe PREFAcIO AEDI(:ÁO BRA5ILEIRA Parece adequadoiniciar esta edicáode O Atlánticonegroin dicandoo impactocausadopelos movimentosnegros do Brasile desuas históriasdeluta. Elesrecenternenteconseguiramforcar o reconhecimento do racismo como uroaspecto estruturante da sociedadebrasileira,urnaconquistaqueéaindamaisnotávelpor que ocorreu ero meío a celebracóes oficiais. Entretanto, seu pa dráodeatitudespolíticasfornecemaisdo que apenasum eixo útil decornparacác.'Em primeirolugar,eleajudaaconterosdesejos románticos deempregaraculturabrasileiracomo urosigno úni-[( co que antecipa apossibilidade de uromundo sernrac;as.(Ém se gundo lugar, dentro da perspectivaanalítica fornecida pela idéia da diáspora, a história e os reconhecidos sucessos deste movi- mento local inevitavelmente levantam questóes sobre o escopo e / o alcance da política negra. Atradutibilidade eo alcance de mo-:'¿' delos políticos baseados exclusi~a~~~t~-~¡¡¡j~tótiados-Estados Unidos térn sido ultimamente muito questionados. Esta linha de investigacáo nos estimula a perguntar como, a esta altura, no início do século XXI, um século após a famosa "linhadecor" deW. E.B.Du Bois,devemoscompreender,etal vez mesmo se estamos preparados para re-articular, as reivindi cacóes políticasque embasaram eorquestraram aprópria nocáo-, desolidariedadenegra. Aafinidadeextra-nacionalque caracteri- zou os movimentos negros do século XX foi frágil eesteve longe deserautomática.Elasetornoumenosatraente hoje emdiapor que nao éfocalizada, ou está sincronizadacom o tempodacolo nizacáo ou comos conflitos militares que almejaram assegurara libertacáo nacional ea autonomia pós-colonial. a Prefácio edíceo brasileira 9 A solidariedade translocal que aquelas reivindicacóes pro social e económica e a hierarquia racial. Esta é apenas urnadas rnovem parece ser ainda mais preciosa a partir do momento ero várias maneiras pelas quais os argumentos críticos baseados na que sua vulnerabilidade aos poderes destrutivos da globalizacáo história do desenvolvimento brasileiro apontam para relacóes se tornou mais óbvia. Ela também deve conter pistas significati políticas, sociais e culturais que sao parte do futuro dos países vas para as implicacóes resultantes das formas políticas e cultu desenvolvidos. rais da globalizacáo, Os sentimentos de inibicáo que descrevi se devem acom Falardo Brasil produz,corretamente,hesitacáo,Tudoo que preensáo de o quanto a história brasileira tem sido marginaliza eu normalmente quera dizer sobre a cultura e a mistura, a diás da mesmo nos melhores relatos sobre a politica negra centrados pora,ahistória easocialidadetrans-africanaterournaressonán na Américado Norteeno Caribe. Hoje,esperoque anovatenden ciadiferentequandoserefere aumlugartaopróximodo epicentro cia sobre a idéia da diáspora possa ajudara acabarcomtal mar da escravidáoracialmoderna. Os pontoscríticosque recentemente ginalizacáo. No espírito doquel'0de ser chamado de história dominaram as lutas políticas dos europeus negros - como for "heterológica"",go~-que considerásse~os o c~ráter cultu~al car governos relutantes areconhecerem o enraizamento e a mis easdimensóespolíticasde u~anarrativa emergentesobreadiás tura ecomo defender a diferenca que eles provocam em termos pora que possarelacionar,senáocombinare_unificar,a_sexperién de cidadania- parecem ser irrelevantes num lugar onde o pre éiás'mo"dernai,-'aas'comunidadeseinteressesnegrosemvárias par judicial ideal de pureza terourosentido muito mais frouxo ero tesdo-~d? Isto"deveri;'-'ser feito de forma que soubéssemos, ! a relacáo políticaculturaleurna relacáototalmentediferentecom tantoquantopossível,o que realmente aconteceu,mas seriatam as idéias de raca ede identidade nacional. bém urnaforma deadquirirurnaperspectivamaiscomplexasobre Reconhecoque ninguémno Brasilprecisade licóes deestran amodernidadeeurnacornpreensáomais rica, pós-antropológica, geirossobre os absurdosbásicosdo racismo,sobre asrelacóesteó de suas culturas coloniais e pós-coloniais. ricas e políticas entre raca e classe, sobre as possíveis conexóes Osistemadeescravidáoracialeseulugarno desenvolvimen entre o anti-racismopolíticoeaconsolidacáodademocraciaeda to do comércio global forneceram bases fortes para a análise da sociedadecivil.Eoleitorbrasileironecessitamenosaindadepales escravidáo, da plantation e de outras modernidades coloniais. tras académicas sobre a natureza do hibridismo, do sincretismo Histórias sobre o empreendimento capitalista em suas primeiras ou da crioulizacáo, pontos que estáo implicitamente conectados fases, comoaqueéprodutivamenteesbocadanoscapítulosiniciais adebates anteriores na história e nas ciencias sociais brasileiras. do Robinson Crusoé de Daniel Defoe, sugerem maneiras impor Aquelesprocessosao mesmotempotrans einterculturaissao im tantesdepensarregionalmenteetranslocalmente,epodemainda portantese urgentes demaispara serem discutidos por nós, para serusadasparauniroqueparecem sertendenciasdistintas. Aparte que permitamosque eles caiamna árida poesiadeurnaacademia o comércio global, a resistencia aescravidáo também teve sig desinteressada. Na medida em que os contaros heteroculturais, nificativasdimensóestranslocaisque os historiadoresnem sempre interculturaisetransculturaisseespalhamesetornammaisdesa se sentiramavontade para descrever. O Haiti éaqui,como diza fiantes,deveriaseróbvioque aanálisepolíticaconduzida apartir cancáo, e devemos lembrar que isto marcou o edifício da euro de dentrodasfortificacóes dospaísesdesenvolvidosdeveriaestar modernidade de forma muitomaisprofunda do quesetem reco ouvindo com muito cuidado os debates brasileiroscontemporá nhecido. Sabemos há décadas como os interesses económicos e neos sobre a extensáo de seu fracasso em abalar a desigualdade políticos europeus e norte-americanos colaboraram e prolonga- 10 oAtlántico negro Prefácio aedicáo brasileira 11 ramaescravidáo no Brasil.Maistarde, o clássico estudo deJoa bem-remunerada parasercolocada ao lado das variedades mais quim Nabuco sobre as lutas anti-escravagistas brasileiras (aliás, antigas emais familiares. escritoquandoeleestavaexiladoemLondres) lancoualgumaspis Areorientacáoconceitualpropostaaquinecessitadeuroen tas a mais sobre o impacto de figuras comoJohn Bright, Harriet contro maiorcom asteoriasdaculturaesuaintegridadeterritorial Beecher StoweeFrederickDouglasssobreo movimentoabolicio ecorporal.Arelacáoda culturacomolugar,suasimplícitas "eco nista brasileiro. A longa e específica história do Brasil sobre os logias depertencimento" [ecologiesofbelonging]esua persistente continuos contatoscom aÁfrica deveria também serprodutiva dinámicaimperial,colonialepós-colonialestáotodassobumnovo mente acrescentada as narrativas fundamentais da história do escrutínio-Noentanto,este interesse renovado nao implica fazer ( "Atlántico negro". A história do futebol, que setransformou de aculturategredir ao culturalismo nem a outras celebracóes pre- maneira tao bonita aqui, após sua apresenracáo aelite brasileira maturas ou permanentes. Utilizei o modelo do Atlántico negro pelos ingleses, fornece algumas instigantes possibilidades ana ,'¡- para identificar outras possibilidades e interpretacóes, !:;.S cultu liticas. De imediato,a paixáoduradourade BobMarleypelotime ras do Atlánticonegrocriaramveículosde consolacáoatravésda a ñredül~i~ do Santos e seu encontro em 1978 com Paulo Césarassomam do sofrimento.Elas especificamformas estéticasecon mente. Estes pontos importantes, mas normalmente deixados de tra-estéticas eurnadistintadramaturgiadarecordacáoquecarac lado, afetaram minha própriavida, quandoeu erajovern, e, igno teristicarnente separam a genealogía,da geografía, e o ato de li rando o terror sustentado pelo Estado, que havia investido o fu dar com o de pertencer. Tais culturas da consolacáo sao signifi tebol de novossignificados,era um dos dissidentes pós-coloniais cativasemsimesmas, mastambémestáo carregadasecontrapostas que sem nenhuma vergonha, entusiasticarnente, escolheu torcer a urnasombra: a consciencia oculta e dissidente de um mundo pelo Brasil na Copa do Mundo de 1970, quando eles tiraram de transfigurado que tem sido ritual e sistemáticamente conjurado um time ingles formado apenas por brancos aquilo que acredi porpessoasque agememconjunto eseabastecerncom aenergia távamos serurnaposicáo totalmente imerecida: o título de cam fornecida porurnacomunidademais substantivamentedemocrá peóes do mundo. tica do que a raca jamáis permitirá existir. Podemos encontrar Asiniciativasarqueológicasquepodem iluminartais conver prazernesta históriaderesistencia,mas,maispolernicamente,acho genciaseintersecóes,alémdenumerosasoutras,saotodas necessá que deveríamostambém estar preparados para lé-la políticaefi- rías, mas nao sao, claro, suficientes. A correcáo proporcionada 110soficamente nos momentos em ~ue ela incorporou e manifes pela idéiadeum "Atlánticosul negro" écertamente precisa, mas " tou críticas ao mundo talcomo f!i'As extraordinárias conquistas acimadestaimportantemeta, urna abordagemda culturada diás musicais do Atlántico negro exemplificam largamente este pon I pora é necessária, urnaabordagem que seja capaz de mapear as U tooÉcomelas que autopiado sublimeescravo* ganhaum corpo condicóeseas delicadas conseqüénciasda influencia mútua edo l.--verdadeiro. Sou testemunha disso, na medidaem que atrilha so- queEdouardGlissantchamade"relacáo",Issosetornaparticular menteimportanteedesafiadorao longodo séculoXX. O período "Oconceitodesublimeescravo (slavesublime)édeautcriadeGilroy. noqual apolíticanegraemergeemsuaformaconsciente devepro Refere-se asdiscussóes anteriores sobre o sublime, e,mais especificamente, vocadoramente se iniciar com a abolicáo formal da escravidáo acombinacáodedareprazerqueo autorconsidera urnacaracterística dis racialeterminar com a apresentacáo de Ronaldo num uniforme \, tinriva dos modos decomunicacáo próprios dasculturas construídaspelos l fornecidopelaNikeCorporation:urna forma diferentedeservidáo escravos eseus descendentes. (N. do R.) ¡ o 12 Atlánticonegro Prefácio aedicáobrasileira 13 norade minha juventudefoi enriquecidapelas vozes exiladasdos pensadas, sobre urnatrans-cultura negra. Como tentei demons abordage~o"5mopolita:' tropicalistas que seguiramos passos de Nabucona Europa. Meu trar, esta nosleva necessariamente nao a próprio mundo atlánticotrianguloumomentáneamentepelas as só tena, onde encontramos o solo especial no qual se diz que a sinaturassónicasdeRauldeSouza, FredWesleyeRico Rodriguez, asculturasnacionaisrém suas raízes, mas ao mare vida maríti- que nos levavam ao Rio, a Chicago ea Kingston. , ma, que se movimenta e que cruza o oceano Atlántico, faz.,g¡do. Naosabemosaindacomoestetipodeabordagempoderees s,«: surgirculturas planetarias mais fluidas e menos fixas, -, liquid~"do' envolv~~~to crevera história das insurgentesculturas negras brasileiras, suas -"-AContamTna¡;ao mar mistura batalhas contra a escravidáo e as extensas contribuicóes as cul quanto movimento. Dirigindo aatencáo repetidamente as expe turas translocais de oposicáoaengrenagem da hierarquia racial. riencias decruzamentoeaoutras históriastranslocais,a idéiado Écerro que rais forrnacóes oposicionistas e tais energias críticas Atlántico negro pode nao só aprofundar nossa compreensáoso térn fornecido rnuito do divertido padráo do qual o desenvolví breo podercomercialeestatalesua relacáocom o território eo mentodeurnacosmo-políticanegra serornoudependente:Ácar espa~o, mas também resume alguns dos árduos problemas con tografiadesses movímentosdemanda uma historia descentradae ceituaisquepodemaprisionarouenrijeceraprópriaidéia decultu talvezexcentrica. Ela propóe urnahistoriografia que nao tentará ra. Os ganhos potenciais aqui podern ser vislumbrados até mes , forcar a integracáo, mas secontentará, ao invés disso erntentar mo atravésdeumcontrastesimplificadoentrenacóesestabelecidas ,':,,'!' e em relacionar (em ambos os sentidos da palavra- ' no de pa- eessencialmentesedentarias- baseadasnum únicocentro, mes rentesco eno de narracáo) as culturas negras do século XX com mo que seustentáculos imperiaisseestendarn rnuitomais- eos o nómos do pós-moderno planetário. padróes de fluxo e mobilidade que caracterizam a aventura ex Esteprojetocríticoestabelecerá,esperemos,que ascomple tra-nacional eacriatividade inter-cultural. '~ xas afinidades translocais nao precisam trivializar a solidarieda Referencias adicionais paraeste ambicioso projeto sao for- de cosmo-polírica. Penso que ela pode ser produtivamente co necidas por algumas reivindicacóes controversas sobre as "con nectada como queconsidero os melhores esforcos de Boas, Bas traculturas da modernidade" que foram iniciadas eespetacular tide e muitos outros, Podemos seguir seus espíritosnos pantanos mente reproduzidas pelos escravoseseus decepcionados descen dacrioulizacáoparadescobrirmososcomplexosculturaisquepo dentes.Urnavezqueamulti-culturaemergiucomoumobjetoético dem apenas sermal-descritoscomo a "rnútuainterpenetracáode epolíticocontestado, esta instancia nao só geraargumentos que civilizacóes". Hoje, estas diííceis quesróes podem ser abordadas devem desafiarassuposicóesda teoriapolíticaliberal,porapontar num nível diferente: um níve1que nao coincida com os padróes continuamente para aquele ponto ande o poder corrosivo e ex ultrapassadosdeumahistóriameramentenacional. Os problemas cludente do pensamento racial tem prejudicado e reestruturado políticos que repousam aqui nao devem ser entendidos apenas suasinocentesnocóesde justicaedemocracia. Ela tambémsuge como dificuldades transientes no trabalho de edificacáo de uma re que as dúbias, mas sem dúvida atraentes, promessas de urna cultura nacional coesa, ou seja, como aspectos contingentes de perspectiva liberalsó podemser consideradas sese prestar aten a urnahegemoníafechada, ou, maistécnicamente,comoobstáculos cáo de forma consistente brutalidade da história da raciologia rernovíveis pelas máos satisfeitas tanto de urnahomogeneidade eseus efeitos excludentes, controlada como de um pluralismo habitáveI. Eles fornecem re Além disso, esta contra-história levanta a instigante possi cursos para que se escrevam histórias, ainda nao escritas nem bilidade de que enfocar, em nossa defesa da democracia para o l 14 oAtlánticonegro Prefacioaedicáo brasileira 15 ~ século XXI, aobstinadapersistenciado racismopode emsimes estratégias de auto-construcáo social que reivindicaram o carpo ) mo levar a redefinicóes enriquecedoras e produtivas de o que o do mundo do trabalhoeofizeram ao invésdisso olocusdo jogo, . liberalismo foi e o que ele será. Estas operacóes traicoeiras tém daresistencia edo desejo,Tal repúdiofoimuitasvezescombinado sempre seu melhorguia no espirito popular. Eleseafasta da ou corn algumascomplexasdenúnciasdainjustaligacáoentreomun- tra premissa, mais impopular, e éenergizado pela idéia de que o dodas leiseasformas dedorninacáoracial queeramoficialmente fimdahegemoniaintelectualepolíticaeuropéiaenorte-americana legais,mas moraleespiritualmenteilegítimas.Asirracionalidades neste planetaestá acaminho. Estesconflitosculturaispodem en racionalizadas do pensamento racial e a aplicacáo racional do tao ser interpretados como sintomasde um longo legado de tais terror racial damesmaforma levaramosprocedimentostécnicos ordenamentos políticos e económicos. da razáo européia ao descrédito. Reconhecer tal transformacáo irreversível poderá também Ésignificativo, parameus objetivos,que onde querque eles ""K-- acarretar novasformasdepensar,particularmenteem relacáoao s~rgissem,est~s ins~ghts opos~cionistase os movimentos que eles - 7l~ sistema deEstados-nacáo e governos nacionais que tem sido do ajudaramaCnar¡¿tlveramarticuladoscomfortes versóesdecons- --- minante por muito ternpo, mas que está agora cornecando a se ciencia histórica O dinámico trabalho de memóriaque éestabe-· ..~, enfraquecer e entrar em declínio. lecido e moralizado na edificacáo da intercultura da diáspora ". r Sugiroque devemos reconsideraraspossibilidadesdeescre construiu a coletividade e legoutantouma política como urna I verrelatos nao-centrados na Europasobre como asculturas dis hermeneu~ica aos seus membros contemporáneos. Aqui também ~sl~-;-ntei~~s cont~como sidentes da modernidade do Atlántico negro tém desenvolvido e oficiaisdo que cultura foram alargadas modificado este mundo fragmentado, contribuindo amplamente erenegociadas. Aidéiadediásporasetornouagora integral aeste para asaúde de nOSSQ planeta e para suas aspiracóes democráti ernpreendimento político; hist6ri~0e filosófico descentrado, ou, cas. Estetrabalho corresponde as aflicóes da geracáo da Guerra mais precisamente, multi-Jetrado. Falaremos mais diretamente Fria,que incluem aatracáo pelo passado,a adesáo ética e políti sobre este ponto adiante. . a ca idéia de celebraraexperiencia sublime da escravidáo e urna Diria que a discussáo contemporánea sobre o conceito de disposicáogeralmentefavoráveldiante demovimentossociaisque diáspora surge como urnaresposta mais ou menos direta aos ga ~ desafiem o sistema numa insurgencia revolucionária que com nhos trans-locais advindos do movimento Black Power durante plemente,amplieeentáo repudieum Iluminismoeuropeuincorn aGuerra Fria.Primeiro,ela circuloucomo partede um argumen ~leto ecodificado racialmente. to que propunha a reconfiguracáo da relacáo entre a África eas Estasforcas revolucionáriasforamdiferentesdas mentalida populacóes parcialmente descendentes de africanos do hemisfé des jacobinas com as quais elas estiveram regularmente conju rio ocidental. Sustentada por frutíferas revisóes daidéia delíber gadas.Elaslevantaramcríticasdistintas,relacionadasaurna"du tacáo nacional, esta iniciativacadavez mais audazsedirigiucon placonsciencia" que, soborisco desimplificacáo,tocaramvários tra argumentos mais gerais que iluminaram as limitacóes políti temas centrais que coincidem com a agenda proposra pelo mar cas reveladas pelas formas essencialistas deconceituar acultura, xismo e por outros movimentos radicais e revolucionarios, mas a identidade e a identificacáo. Diferencas dentro do coletivo em I tambémseafastamdele!Ip,auto-criacáoatravésdo trabalhoesua questáo nao podem ser indefinidamente reprimidas em prol de y relacáo supostamente privilegiadacom a aquisicáo da liberdade, que se maximize as diferencas entre este grupo eroparticular e -\ por exemplo, foramenfaticamenterecusadasernfavor de outras ys outros. 16 oAtlánticonegro Prefácioaedicáo brasileira 17 Asteorías baseadasnanocáodediásporatern porvezesrea da semelhanca térn levado as pessoas a buscarseguranca eantí gidodeforma impacientecontra o podercoercitivo eautoritário dotos as suas ansiedades na santificacáo da diferenca corpori da unanimidade racial.Talessencialismo temprocurado aralhos ficada. Os racismosquecodificaramabiologiaemtermosculturáis erndirecáo aunidadeetem repousado sobreconcepcóestotalitá tém sido facilmenteintroduzidoscomnovasvariantesquecircuns riasemesmofascistassobre acomunidadepolítica,especialmente crevemocorponumaordemdisciplinarecodificamaparticulari quandotomaemprestadoteoriasalemássobre ahipersimilaridade dade cultural em práticas corporais. As diferencas de género se racialeo absolutismo étnico. tornam extremamente importantes nesta operacáo anti-política, Estas duvidosas aquisicóes tornaram os negros nao apenas porque elassáo o signomais proeminentedairresistívelhierarquia contingentementesimilares,mas permanentementee irredutive1 natural que deve ser restabelecida no centro da vida diaria. As mente os mesrnos. (Este é um problema nao resolvido que, na forcas nada sagradas da bio-política nacionalista interferem nos minhavisáo deestrangeiro,parece terforte ressonánciaaqui com corpos das mulheres, encarregados da reproducáo da diferenca ascontrovérsias sobre a relacáo entre o integralismo de Plínio étnicaabsolutaeda continuacáodelinhagensdesangueespecífi Salgado e a Frente Negra Brasileira sob a lideranca de Arlindo cas. Aintegridade da raca Ouda nacáo portantoemerge como a Veiga dos Santos). A história destas organizacóes autoritárias e integridade da masculinidade. Na verdade, ela só pode ser uma ultra-nacionalistasaindaéimportanteparaaanáliseda diáspora nacáo coesa se aversáocarreta de hierarquiade genero foi insti sobreasculturaspolíticasnegrasno séculoXXepara otrabalho tuídaereproduzida.Afamilia éoeixo paraestas operacóestecno rnaisamplo de enriquecimento do anti-racismo políticocomuro lógicas. Elaconectaos homenseasmulheres, osgarotoseasgaro centroético que por vezes lhe falta. Lidarcom estes atalhos que tas acomunidademais amplaapartirda qualelesdevem seorien buscam urnasolidariedade mecánica nos lembra que o conceito tar se quiserem possuir urnapátria, dediáspora podeofereceralternativas reais para a inflexível dis Esta lúgubrenarrativalevadetodaforma ao fascismo, com ciplina do parentesco primordial e a fraternidade pré-política e seus distintos mitos de renascimento nacional após períodos de automática. Apopular imagem de nacóes, racas ou grupos étni fraquezaedecadencia. Queroenfatizarquea diáspora desafia isto cosnaturais, espontaneamenredotadosdecolecóes intercambiá ao valorizarparentescossub esupranacionais, epermitindo urna veis de corpos ordenados que expressam e reproduzem culturas relacáo mais ambivalente com as nacóes e com o nacionalismo. ( . absolutamente distintas é firmemente rejeitada, Como uma al 7 Apropensáonao-nacionalda diásporaéampliadaquandoocon ternativa ametafísicada "raca",da nacáo edeurnaculturaterri ceitoéanexadoemrelatosanti-essencialistasdaforrnacáodeiden torialfechada,codificadanocorpo,adiásporaéum conceitoque tidade como um processo histórico e político, e utilizado para ativamente perturba a mecánica cultural e histórica do pertenci conseguir um afastarnento em relacáo a idéia deidentidadespri mento. Uma vez que a simples seqüéncia dos laces explicativos mordiaisque seesrabelecemsupostarnente tantopelaculturacomo I entre lugar, posicáoeconscienciaé rompida, opoderfundamen pelanatureza,Aoaderiradiáspora,aidentidadepode ser,ao invés tal do território para determinar a identidade pode também ser disso, levada a contingencia, a indeterminacáo e ao conflito, rompido. Este desenvolvirnento está conectado corn a transformacáo Sea separacáo, o ternpo e a distancia do ponto de origem da idéia mais anriga,uni-direcionada,da diásporacomournafor oudocentrodasoberaniacomplicamosimbolismoda reproducáo madedispersáocatastróficamas simples,quepossuiummomento étnicaenacional,asansiedadesernrelacáoasfronteiras eos limites originalidentificávelereversivel-a sede do trauma- em algo o 18 Atlánticonegro Prefacioaedicáo brasileira 19

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