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O amor segundo Buenos Aires PDF

273 Pages·2016·3.26 MB·Portuguese
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O AMOR SEGUNDO BUENOS AIRES FERNANDO SCHELLER » » » » Se você já amou demais Brigou e perdoou E conseguiu esquecer um grande amor Mas ainda se lembra dele quando ouve aquela música (E é uma lembrança doce) Se de vez em quando se permite mais do que o necessário Se não resiste a um chocolate Se já encontrou Jesus Ou o deus das pequenas coisas Se já se revoltou e renegou o divino Só para se arrepender no momento seguinte Se acredita que todo amor vale a pena Que todos têm o direito de amar Que cada um é de alguma forma especial E percebe detalhes bonitos Mesmo em um mundo que pode ser muito feio Se acredita que as pessoas são iminentemente boas Se teve a coragem de se desculpar com um beijo Ou de se abrir ao poder de um abraço E já sentiu tanto amor que teve vontade de chorar Se pensou sobre todas essas coisas Em muitas delas, em algumas delas ou mesmo em uma só delas Este livro é pra você Ele foi feito com amor e é sobre todas as formas de amor FOLHA DE ROSTO » MÍDIAS SOCIAIS » DEDICATÓRIA » LEONOR, SEGUNDO HUGO » 1 HUGO, SEGUNDO CAROLINA » 2 HUGO, SEGUNDO EDUARDO » 3 PEDRO, SEGUNDO HUGO » 4 DANIEL, SEGUNDO EDUARDO » 5 EDUARDO, SEGUNDO HUGO » 6 MARTÍN, SEGUNDO CAROLINA » 7 HUGO, SEGUNDO PEDRO » 8 MARTA, SEGUNDO HUGO » 9 CHARLOTTE, SEGUNDO PEDRO » 10 ERNESTO, SEGUNDO HUGO » 11 CAROLINA, SEGUNDO MARTÍN » 12 EDUARDO, SEGUNDO DANIEL » 13 HUGO, SEGUNDO LEONOR » 14 IVAN, SEGUNDO EDUARDO » 15 MAR, SEGUNDO HUGO » 16 O AMOR, SEGUNDO BUENOS AIRES » 17 AGRADECIMENTOS » CRÉDITOS » SOBRE O AUTOR » LEIA TAMBÉM » LEONOR, SEGUNDO HUGO » 1 ORQUESTRA EL AFRONTE EM FRENTE À IGREJA NOSSA SENHORA DE BELÉM HUMBERTO I, 340 LEONOR está dormindo e eu não consigo parar de olhar para ela. Como sempre, dorme gentilmente, o ar entrando e saindo de suas narinas, estufando o peito em movimentos suaves e cadenciados. Leves gemidos de vez em quando. Onde começa o amor? Quando comecei a amá-la, não sei. Ou melhor, sei. Foi no primeiro dia. Agora, enquanto a estudo em detalhes, acho que Leonor é a mulher mais linda que vi na vida. No entanto, ao olhá-la de longe, andando em direção a mim, não foi exatamente esse o sentimento que tive: lembro-me de pensar que ela era um tanto estranha, angulosa, alta demais. Nós nos encontramos em um café, em um sábado, depois de muita insistência de amigos que não podiam entender como é que nós dois, com tantas conexões, nunca havíamos nos visto pessoalmente. Ela chegou atrasada, mais de meia hora, mas ligou antes para avisar que havia tido um imprevisto. Ponto positivo. Fiquei ali naquela mesinha na calçada, vendo as pessoas passarem, sem saber o que fazer nem o que esperar. Tomei dois cafés, sabendo que a insônia com certeza me rondaria aquela noite. Devorei uma cestinha de pães. Impaciente, cruzei os braços atrás da nuca e olhei para o início da rua. Será que era ela? Era. A primeira impressão, repito, não foi de arrebatamento. Se essa sensação tivesse durado mais tempo, tudo teria sido mais fácil. Mas assim que senti aquele leve toque de seus dedos na manga da camisa xadrez que eu usava para ter certeza de que ela me reconheceria, seguido de um “desculpe te fazer esperar” meio tímido, tudo mudou. E, três anos depois, estou aqui nesta cidade estrangeira, para onde a segui, e só o que penso é em decifrar esse rosto que não consigo deixar de adorar. Afinal, o que se passa na cabeça dela? O que se passa na cabeça de Leonor? Quando me disseram que eu tinha que conhecer “a Leonor” — toda vez que alguém citava o nome dela parecia que havia uma pausa para preparar o interlocutor —, eu imaginei uma senhora de sessenta e quatro anos. Quem usa o nome Leonor hoje em dia? Contudo, vinte e seis anos atrás, nascia Leonor, fruto de mãe brasileira e pai argentino, o que explica o fato de atualmente morarmos em Buenos Aires. Um belo dia, seis meses depois de me conhecer, Leonor anunciou com um sorriso nos lábios que voltaria para suas origens, se aproximaria do pai, com quem não se encontrava havia anos. A última vez que se falaram ao telefone, ela me contou, sentiu que era a coisa certa a fazer. Não me convidou para ir junto. Eu disse que ia. Que, se pensasse demais, nunca sairia do lugar. Respondi ainda que os planos dela agora eram meus. Eu daria um jeito na universidade. Quem sabe poderia dar aulas por lá, achava que sim. A ideia de deixá-la partir sozinha não me ocorreu, era impensável. Ela não se manifestou em contrário. Apenas sorriu. E estou aqui, nesta manhã fria e sonolenta de domingo, olhando-a dormir. Não é a primeira vez que faço isso e me sinto sufocado, como se não fosse mais possível ignorar uma verdade. Tenho de perder o medo e admitir: ela não me ama. Eu já me disse isso mentalmente milhares de vezes, mas não consigo reunir forças para ir embora. Não arrumei as malas, não fiz planos para acabar com tudo. Ela se move na cama, não vai demorar muito para acordar. Como é possível ter certeza de que alguém não ama você? Ela não me falou nada diretamente, na verdade, só diz o necessário. É uma questão de encarar os fatos. Com Leonor, as respostas estão nas pequenas coisas, nos gestos discretos de afeto que não podem ser expressos em palavras. Ou, para ser mais exato, na falta deles. Puxando pela memória, não consigo encontrar motivo algum para ficar: um presentinho bobo, o sanduíche para levar ao trabalho cortado na diagonal, aquela peça qualquer de brechó que alguém comprou porque se emocionou ao se lembrar de você ou a garrafa de seu vinho preferido na mesa em uma noite fria de inverno. Leonor nunca fez nada disso, apesar de todos os meus sinais, das indiretas e súplicas silenciosas. Nenhuma reciprocidade ao alfajor deixado no criado-mudo, à presilha com pedrinhas brilhantes comprada em uma esquina na feira de San Telmo, ao CD do músico vagabundo gritando uma

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