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O Agente Secreto PDF

282 Pages·2012·1.07 MB·Portuguese
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Joseph Conrad O agente secreto Tradução Paulo Cezar Castanheira Nota do autor A história de O agente secreto, seu assunto, tratamento, objetivo Editora Revan Copyright © 2002 by Editora Revan Todos os direitos reservados no Brasil pela Editora Revan Ltda. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida, seja por meios mecânicos, eletrônicos ou via cópia xerográfica, sem a autorização prévia da Editora. Revisão de tradução e notas Sergio Luis Mansur Revisão Vanessa Salustiano da Silva Roberto Teixeira Capa Cristina Rebello Ilustração da capa “The Thames by Moonlight”, 1884, de John Atkinson Grimshaw. Impressão (em papel Pólen-soft 80g, após paginação eletrônica em tipo Garamond, c. 11/13) Divisão Gráfica da Editora Revan CIP-Brasil. Catalogação na Fonte Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ. C764a Conrad, Joseph, 1857-1924 O agente secreto ; Joseph Conrad; tradução de Paulo Cezar Castanheira. - Rio de janeiro: Revan, 2002, 1a reimpressão, agosto de 2010 256p. Tradução de: The secret agent ISBN 85-706-240-4 1. Ficção inglesa. I. Castanheira, Paulo Cezar. II. Título. 02-0112. CDD 823 CDU 820-3 23.01.02 24.01.02 000223 Nota do editor A ideia de editar O agente secreto me veio com a leitura de dois artigos publicados logo após os atentados de 11 de setembro em Nova York, um de Edward Saïd, na Folha de S.Paulo, outro de Daniel Piza, no Estado de S.Paulo. Ambos lembraram esta obra de Joseph Conrad como ajuda para entender o que se estava passando no mundo: é um estudo que vai longe na tentativa de iluminar a mente ao mesmo tempo insana e terrivelmente lógica de um terrorista. Mas o livro é isto e muito mais do que isto. É um painel incrivelmente bem registrado da promiscuidade sórdida entre ministros, diplomatas, espiões, policiais e mercenários que desde sempre vem produzindo uma das piores modalidades correntes de terrorismo de Estado – no caso, aquela que se destina a provocar atos que justifiquem, diante da opinião pública, uma repressão mais violenta aos movimentos de trabalhadores e, particularmente, aos que ousam sonhar com um mundo sem as perversidades do capitalismo. Outros já trataram do tema. Dostoievsky, especialmente, deixou obras de extraordinário brilho ao lidar com este mundo tenebroso. Mas ninguém que eu saiba foi tão feliz e tão abrangente nessa tentativa quanto Conrad, neste livro. Apesar de impressionar pela lucidez e pelo caráter quase profético, O agente secreto paga porém um preço pelo fato de Conrad ser filho de sua época e súdito adotivo mas orgulhoso, embora crítico, do Império Britânico. A imagem dos ativistas revolucionários que ele passa ao leitor é envenenada pelos preconceitos que foi buscar na mesma classe dominante cujos vícios e crimes ele tão bem denuncia. Para ele, longe de associar-se à ideia de altruísmo, o revolucionário é sem exceção um ser nocivo, senão abjeto: um farsante, um biltre ou, no melhor dos casos, um maluco. Há, digamos, atenuantes para essa visão distorcida. Conrad escreveu sua obra num momento de depressão dos movimentos políticos de trabalhadores na Europa e no restante do mundo. Desde a derrota da Comuna de Paris, em l870, estes movimentos entraram em declínio, que a crise econômica agravava ao transferir para a emigração e para o sonho da América a energia dos jovens descontentes, condenados ao desemprego. Em 1905, dois anos antes de O agente secreto vir à luz, uma tentativa de revolução proletária na Rússia fora sufocada em sangue. Seria necessário esperar pela grande crise do capitalismo e a catástrofe da I Guerra Mundial para que surgissem as condições de um novo surto revolucionário, a culminar com a Revolução Russa de l917. Esse é, aliás, outro ponto de contato entre O agente secreto e este esquisito início do Século XXI, em que nos é dado viver. Também agora, num momento de depressão e angústia, os intelectuais de modo geral, mesmo os mais brilhantes e férteis, preferem confinar-se no campo especulativo e não raro olham com desdém para os que, tanto ontem como hoje, assumiram a missão de lutar com ações práticas e ambição revolucionária por uma sociedade mais justa, não obstante as incertezas, os perigos, os sacrifícios e até os riscos de erro dessa luta. Essa falha de O agente secreto, conquanto peça uma leitura com lente corretora, não diminui a grandeza desta obra, que se inclui entre as mais luminosas do autor. Além de grande escritor, que encanta pela vibração humana, a graça e o talento narrativo, Conrad foi um gênio fulgurante, um visionário antecipador, cujas percepções intuitivas sobre a incerteza do conhecimento humano, o relacionamento entre as civilizações e as interações entre homem e natureza só agora, um século depois, a ciência dos sistemas complexos está alcançando. É um autor que os jovens precisam redescobrir. Se eu tiver vida e força para tanto, a Revan continuará a editá-lo até publicar toda a sua obra – o que não será fácil, porque, felizmente para a humanidade, ela é vasta e vária. Renato Guimarães Fevereiro de 2002 Nota do autor A história de O agente secreto, seu assunto, tratamento, objetivo artístico e todos os outros motivos que possam induzir um autor a tomar a pena vêm de um período de reação mental e emocional. Os fatos reais são que dei início a este livro impulsivamente e que escrevi continuamente. Quando por fim estava impresso e entregue ao exame público, senti que me censuravam por tê-lo escrito. Algumas das censuras eram severas, outras tinham um tom de pena. Não as tenho textualmente diante de mim, mas lembro-me perfeitamente do argumento geral, que era muito simples; e também da minha surpresa ante a natureza delas. Hoje tudo parece ser uma história muito velha! E não foi há tanto tempo assim. Devo concluir que eu ainda conservava muito da minha prístina inocência naquele ano distante de 1907. Parece-me hoje que até mesmo uma pessoa simples teria previsto que algumas das críticas se baseariam no ambiente sórdido e na indigência moral da história. Trata-se evidentemente de uma objeção grave. Mas não foi universal. De fato, parece até ingratidão concentrar-me em tão poucas reprovações no meio de tantas aprovações inteligentes e simpáticas; e espero que os leitores deste prefácio não o atribuam açodadamente à vaidade ou a uma disposição natural para a ingratidão. Imagino que um coração generoso poderia atribuir a escolha à minha natural modéstia. Ainda assim, não é exatamente a modéstia que me faz escolher as censuras para ilustrar o meu caso. Não, não se trata exatamente de modéstia. Não tenho certeza de ser modesto; mas os que leram até aqui a minha obra hão de me creditar decência, tato, savoir-faire, o que quiserem, suficientes para evitar que eu crie das palavras de outras pessoas uma canção para minha própria glória. Não! A verdadeira razão da minha escolha está num traço totalmente diferente. Sempre tive propensão a justificar minhas ações. Não a defendê-las. A justificar. Não a insistir em que tinha razão, mas a explicar simplesmente que meu impulso não se deveu a intenção perversa, nem a desprezo secreto pelas sensibilidades naturais da humanidade. Esse tipo de fraqueza só é perigoso por nos expor ao risco de sermos considerados maçantes; pois o mundo geralmente não se interessa pelos motivos de nenhum ato conhecido, e sim por suas consequências. O homem sorri, e sorri, mas não é um animal investigativo. Adora o óbvio. Evita explicações. Mesmo assim vou continuar a minha. É evidente que eu não precisava ter escrito o livro. Não tinha necessidade de tratar daquele assunto; uso o termo assunto no sentido da própria história e no sentido mais amplo de uma manifestação na vida da humanidade. Isso eu admito sem reservas. Mas o pensamento de acentuar a feiura apenas para chocar meus leitores, ou mesmo surpreendê-los por um cenho franzido, nunca passou pela minha cabeça. Ao fazer esta declaração espero que me acreditem, não somente com base na evidência de meu caráter geral, mas também pela razão, evidente para qualquer um, de que todo o tratamento da história, sua indignação inspiradora, a compaixão e o desprezo subjacentes provam o afastamento que impus à indigência e à sordidez, que estão simplesmente nas circunstâncias externas do cenário. O agente secreto foi iniciado depois de um período de dois anos de intensa absorção na tarefa de escrever Nostromo, aquela história remota e sua distante atmosfera latino-americana; e o profundamente pessoal Mirror of the sea. O primeiro, um intenso esforço criativo no que acredito há de ser para sempre minha maior tela; o segundo, uma tentativa de revelar por um instante a profunda intimidade do mar e as influências formadoras de quase metade da minha vida. Foi um período em que meu senso da verdade das coisas era acompanhado por uma intensa prontidão imaginativa e emocional que, absolutamente fiel aos fatos, ainda me faz sentir (terminada a tarefa) como se abandonado, sem destino entre cascas de sensações, e perdido num mundo de

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