NOTAS DE AULA DE MAT-32 . EQUA˙(cid:213)ES DIFERENCIAIS ORDIN`RIAS Marcos A. Botelho 26 de junho de 2009 2 SumÆrio 7 Resolu(cid:231)ªo de edo(cid:146)s por sØries 1 7.1 Introdu(cid:231)ªo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 7.2 Resolu(cid:231)ªo na vizinhan(cid:231)a de um ponto singular regular . . . . . . . . . . . 6 7.3 Equa(cid:231)ªo de Bessel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 7.3.1 Ortogonalidade e completude das fun(cid:231)ıes de Bessel. . . . . . . . . 25 7.4 Equa(cid:231)ªo de Legendre . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26 7.5 Equa(cid:231)ªo de Hermite . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 7.5.1 A equa(cid:231)ªo de Schr(cid:246)dinger . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38 7.6 Exerc(cid:237)cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40 3 4 SUM`RIO Cap(cid:237)tulo 7 Resolu(cid:231)ªo de edo(cid:146)s por sØries AtØaqui,salvoalguma(cid:135)exibilidadepermitidapelaaplica(cid:231)ªodatransformadadeLaplace em edo(cid:146)s, as equa(cid:231)ıes de ordem 2 ou maior que pudemos desenvolver mØtodos bem sucedidos para resolu(cid:231)ªo foram aquelas com coe(cid:133)cientes constantes. Neste cap(cid:237)tulo, estaremos apresentando mØtodos para a resolu(cid:231)ªo de edo(cid:146)s cujos coe(cid:133)cientes nªo sªo constantes e sim fun(cid:231)ıes da variÆvel independente apresentando certa regularidade. A partir da(cid:237), estes mØtodos serªo utilizados na resolu(cid:231)ªo de algumas equa(cid:231)ıes notÆveis que aparecem nos estudos de Mec(cid:226)nica Celeste e nas resolu(cid:231)ıes por separa(cid:231)ªo de variÆveis de equa(cid:231)ıes diferenciais parciais em dom(cid:237)nios que apresentam algumas simetrias, tais como o c(cid:237)rculo, a esfera e o cilindro. 7.1 Introdu(cid:231)ªo MØtododeEulerpararesolveredo(cid:146)scomcoe(cid:133)cientesconstantesdaformay +by +cy = 0 00 0 , com b e c constantes: Procurar solu(cid:231)ıes na forma y(x) = e(cid:21)x Poss(cid:237)vel racioc(cid:237)nio que fundamenta o mØtodo: Equa(cid:231)ıes com coe(cid:133)cientes variÆveis de nosso interesse: 1 2 CAP˝TULO 7. RESOLU˙ˆO DE EDO(cid:146)S POR S(cid:201)RIES Equa(cid:231)ªo de Bessel de ordem p 0 x2y +xy +(x2 p2)y = 0 00 0 (cid:21) (cid:0) Equa(cid:231)ªo de Legendre de grau p: (1 x2)y 2xy +p(p+1)y = 0 00 0 (cid:0) (cid:0) Equa(cid:231)ªo de Hermite de ordem p: y 2xy +2py = 0 00 0 (cid:0) Equa(cid:231)ªo de Chebyshev: (1 x2)y xy +m2y = 0 00 0 (cid:0) (cid:0) m = 1;2;::: Equa(cid:231)ªo de Airy: y xy = 0 00 (cid:0) Equa(cid:231)ªo de Euler: x2y +(cid:11)xy +(cid:12)y = 0 00 0 (cid:11);(cid:12) constantes reais Equa(cid:231)ªo HipergeomØtrica : x(1 x)y +[(cid:13) (1+(cid:11)+(cid:12))x]y +(cid:11)(cid:12)y = 0 00 0 (cid:0) (cid:0) (ou de Gauss) (cid:11);(cid:12);(cid:13) constantes reais Equa(cid:231)ªo de Laguerre: xy +(1 x)y +my = 0 00 0 (cid:0) Equa(cid:231)ªo de Jacobi: x(1 x)y +[a (1+b)x]y +m(b+m)y = 0 00 0 (cid:0) (cid:0) Generaliza(cid:231)ªo para coe(cid:133)cientes anal(cid:237)ticos De(cid:133)ni(cid:231)ªo 1 (Fun(cid:231)ıes anal(cid:237)ticas) Mas muitas equa(cid:231)ıes do tipo y +p(x)y +q(x)y = 0 apresentam coe(cid:133)cientes dados 00 0 por fun(cid:231)ıes que nªo sªo anal(cid:237)ticas. Um exemplo de uma destas equa(cid:231)ıes foi a equa(cid:231)ªo de Cauchy-Euler x2y +bxy +cy = 0 00 0 que, colocada na forma normal bx c y + y + y = 0 ; 00 0 x2 x2 resulta emque os coe(cid:133)cientes nªo sªo fun(cid:231)ıes anal(cid:237)ticas no ponto x = 0: Emparticular, o isto Ø o que acontece com muitas das equa(cid:231)ıes que serªo de nosso interesse. Este Ø o caso das seguintes equa(cid:231)ıes: Supor solu(cid:231)ªo formalmente representada por um sØrie de potŒncias, 1 y(x) = a (x x )n ; n o (cid:0) n=0 X tentar identi(cid:133)car os coe(cid:133)cientes a (cid:146)s e validar o resultado. n 7.1. INTRODU˙ˆO 3 (cid:151)(cid:151) Exerc(cid:237)cio 7.1 (cid:151)(cid:151)(cid:151)(cid:151) Resolva o sistema Resolu(cid:231)ªo: (cid:151)(cid:151)(cid:151)(cid:151) (cid:151)(cid:151) (cid:6) A SEGUIR, VERSˆO PRELIMINAR DO CAP˝TULO: §. CLASSIFICA˙ˆO DOS PONTOS DO DOM˝NIO DA EDO: Lembramos dos cursos de cÆlculo que dizemos que uma fun(cid:231)ªo f Ø anal(cid:237)tica em um ponto x se existir um raio de convergŒncia (cid:26) > 0 tal que vale a convergŒncia o f(x) = 1 a (x x )n = 1 f(n)(xo)(x x )n ; x x < (cid:26) n o o o (cid:0) n! (cid:0) j (cid:0) j n=0 n=0 X X De(cid:133)ni(cid:231)ªo 1. Um ponto x Ø ponto ordinÆrio da equa(cid:231)ªo o y (x)+p(x)y (x)+q(x)y(x) = 0 00 0 se p(.) e q(.) sªo fun(cid:231)ıes anal(cid:237)ticas em x . Caso contrÆrio, dizemos que x Ø um ponto o o singular. AlØm disto, x Ø chamado de ponto singular regular se x nªo Ø um ponto ordinÆrio e o o as fun(cid:231)ıes dadas por (x x )p(x) e (x x )2q(x) sªo anal(cid:237)ticas em x . Se x nªo Ø um o o o o (cid:0) (cid:0) ponto ordinÆrio e pelo menos uma destas fun(cid:231)ıes nªo for anal(cid:237)tica em x , diremos que o ele Ø um ponto singular irregular. No caso da equa(cid:231)ªo com coe(cid:133)cientes polinomiais, esta de(cid:133)ni(cid:231)ªo pode ser reformulada de maneira mais espec(cid:237)(cid:133)ca como: De(cid:133)ni(cid:231)ªo 2. Considere P(x)y (x)+Q(x)y (x)+R(x)y(x) = 0 00 0 onde P(:);Q(:) e R(:) sªo polin(cid:244)mios. (i) x Ø um ponto singular da equa(cid:231)ªo acima se P(x ) = 0: o o (ii) Um ponto singular x Ø dito regular se existem os limites o Q(x) R(x) lim(x x ) e lim(x x )2 o o x xo (cid:0) P(x) x xo (cid:0) P(x) ! ! 4 CAP˝TULO 7. RESOLU˙ˆO DE EDO(cid:146)S POR S(cid:201)RIES (iii) Se um ponto singular nªo Ø regular, dizemos que ele Ø um ponto singular irregular. §. RESOLU˙ˆO NA VIZINHAN˙A DE UM PONTO ORDIN`RIO Se os coe(cid:133)cientes sªo anal(cid:237)ticos, procurar solu(cid:231)ªo anal(cid:237)tica em torno de um ponto or- dinÆrio x , ou seja: Supor solu(cid:231)ªo formalmente representada por uma sØrie de potŒncias o 1 y(x) = a (x x )n n o (cid:0) n=0 X e tentar identi(cid:133)car os coe(cid:133)cientes a (cid:146)s e validar o resultado. n Exemplo CB Resolver a equa(cid:231)ªo de Airy y00 xy = 0 ; x R (cid:0) 2 fazendo expansªo em sØrie de potŒncias na vizinhan(cid:231)a de x = 1: o Temos: 1 y(x) = a (x 1)n n (cid:0) n=0 X 1 1 y (x) = na (x 1)n 1 = (n+1)a (x 1)n 0 n (cid:0) n+1 (cid:0) (cid:0) n=1 n=0 X X 1 1 y (x) = n(n 1)a (x 1)n 2 = (n+2)(n+1)a (x 1)n 00 n (cid:0) n+2 (cid:0) (cid:0) (cid:0) n=2 n=0 X X Substituindo na equa(cid:231)ªo, 1 1 (n+2)(n+1)a (x 1)n x a (x 1)n = 0 n+2 n (cid:0) (cid:0) (cid:0) n=0 n=0 X X Fazendo x = 1+(x 1), que Ø a sØrie de Taylor de f(x) = x em torno de x = 1, o (cid:0) 1 1 (n+2)(n+1)a (x 1)n [1+(x 1)] a (x 1)n = 0 n+2 n (cid:0) (cid:0) (cid:0) (cid:0) n=0 n=0 X X 1 1 1 (n+2)(n+1)a (x 1)n a (x 1)n + a (x 1)n+1 = 0 n+2 n n (cid:0) (cid:0) (cid:0) (cid:0) ! n=0 n=0 n=0 X X X 1 1 1 (n+2)(n+1)a (x 1)n a (x 1)n + a (x 1)n = 0 n+2 n n 1 (cid:0) (cid:0) (cid:0) (cid:0) (cid:0) ! n=0 n=0 n=1 X X X 7.1. INTRODU˙ˆO 5 Igualando os coe(cid:133)cientes de mesma potŒncia de (x 1), obtemos (cid:0) 2a = a 2 o (3 2)a = a +a 3 1 o (cid:1) (4 3)a = a +a 4 2 1 (cid:1) (5 4)a = a +a 5 3 2 (cid:1) . . . o que fornece a seguinte f(cid:243)rmula de recorrŒncia (equa(cid:231)ªo indicial): (n+2)(n+1)a = a +a ; n 1 n+2 n n 1 (cid:0) (cid:21) Resolvendo para os primeiros a em termos de a e a , resulta n o 1 y(x) = a y (x)+a y (x) o 1 1 2 onde (x 1)2 (x 1)3 (x 1)4 (x 1)5 y (x) = 1+ (cid:0) + (cid:0) + (cid:0) + (cid:0) + 1 2 6 24 30 (cid:1)(cid:1)(cid:1) (x 1)3 (x 1)4 (x 1)5 y (x) = (x 1)+ (cid:0) + (cid:0) + (cid:0) + 2 (cid:0) 6 12 120 (cid:1)(cid:1)(cid:1) (cid:218)nico senªo: estamos em di(cid:133)culdade para estabelecer (cid:151) atravØs do critØrio da razªo, por exemplo (cid:151) a convergŒncia das sØries, pois nªo temos uma f(cid:243)rmula geral para os a (cid:146)s. Isto, porØm, (cid:133)ca resolvido por causa do chamado teorema de Fuchs. n . CB Teorema 1 (Teorema de existŒncia, de Fuchs) Se p(.) e q(.) sªo fun(cid:231)ıes anal(cid:237)ticas em x , entªo a solu(cid:231)ªo geral de o y (x)+p(x)y (x)+q(x)y(x) = 0 00 0 Ø dada por 1 y = a (x x )n = a y (x)+a y (x) ; n o o 1 1 2 (cid:0) n=0 X onde a e a sªo constantes arbitrÆrias e y = y (x) e y = y (x) sªo duas solu(cid:231)ıes em o 1 1 1 2 2 sØries linearmente independentes que sªo anal(cid:237)ticas em x : o AlØm disto, o raio de convergŒncia para cada uma das solu(cid:231)ıes em sØries y e y Ø no 1 2 m(cid:237)nimo igual ao menor dos raios de convergŒncia das sØries de p(.) e q(.). Prova. (v. ref.). (cid:4) 6 CAP˝TULO 7. RESOLU˙ˆO DE EDO(cid:146)S POR S(cid:201)RIES Exerc(cid:237)cio 1 Analisar, sob o ponto de vista do teorema 2.1, a equa(cid:231)ªo y +(senx)y +(1+x2)y = 0 00 0 Este teorema nos motiva a proceder (cid:224) seguinte generaliza(cid:231)ªo da de(cid:133)ni(cid:231)ªo de pontos ordinÆrios e singulares: Exerc(cid:237)cio 2 Analisar a equa(cid:231)ªo x2y 2y = 0 00 (cid:0) 7.2 Resolu(cid:231)ªo na vizinhan(cid:231)a de um ponto singular regular Conforme desenvolvida no curso MAT-31, a resolu(cid:231)ªo de equa(cid:231)ªo de Cauchy-Euler pode ser assim resumida: Para a resolu(cid:231)ªo equa(cid:231)ªo de Cauchy-Euler x2y +(cid:11)xy +(cid:12)xy = 0 00 0 em qualquer intervalo que nªo contenha a origem, procuramos solu(cid:231)ªo na forma y = xr, para r conveniente. A(cid:133)nal, nªo seria este o tipo de fun(cid:231)ªo que se poderia esperar de maneira que a soma dela e suas derivadas, multiplicadas por polin(cid:244)mios, desse zero? Seguindo este procedimento, pudemos obter que a solu(cid:231)ªo geral da EDO Ø determinada pelas ra(cid:237)zes r e r da equa(cid:231)ªo algØbrica 1 2 r(r 1)+(cid:11)r+(cid:12) = 0 (cid:0) Se as ra(cid:237)zes sªo reais e distintas, entªo a solu(cid:231)ªo geral Ø dada por y = c x r1 +c x r2 1 2 j j j j Se as ra(cid:237)zes sªo reais iguais, entªo y = (c +c ln x ) x r1 1 2 j j j j
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