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Mitos, projetos e práticas políticas: memória e historiografia PDF

535 Pages·2009·18.497 MB·Portuguese
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1 * ■ í-: "A noção de cultura histórica tem se revelado útil para a compreensão das operações sociais que constroem sentidos de v - £ 5; tempo e de história, por meio de dispositivos variados, entre os quais se destacam, nas sociedades contemporâneas, 0 ensino, a historiografia e a memória. Por sua vez, a noção de cultura política engloba as linguagens, os ritos, os mitos, os ideais, os projetos, as identidades, as práticas políticas de indivíduos, "famílias", grupos de dimensão variável que compõem uma sociedade. Cultura política e ccuullttuurraa hhiissttóórriiccaa ssee aarrttiiccuullaamm nnaa mmeeddiiddaa eemm qquuee aass rreepprreesseennttaaççõõeess drlon pnaacscsaaHdon são enscscennncriiaaiics nnaa crnonncsftnru içrããno drlces iimmaagniinnáárriinocs ea driae •Ã projetos que orientam as ações coletivas. Atores coletivos e individuais recorrem e estabelecem usos mais ou menos conscientes da história e do tempo passado, presente e futuro, conforme as demandas de seu próprio tempo." Este é o quarto livro do Núcleo de Pesquisas em História Cultural (NUPEHC), que é vinculado à Universidade Federal Fluminense e pioneiro no Brasil no campo da História Cultural. Desde 1992, seus integrantes buscam a construção de um espaço de reflexões sobre história e historiografia, reunindo pesquisadores de diferentes níveis, professores e alunos da pós-graduação e da graduação. Organizadores Rachel Soihet, Maria Regina Celestino de Almeida, Cecília Azevedo e Rebeca Gontijo Matos, projetos e práticas políticas: memória e historiografia CIVILIZAÇÃO BRASILEIRA Rio de Janeiro 2009 Copyright © Rachel Soihet, Maria Regina Celestino, Cecilia Sá c Rebeca Gontijo, 2009 CIP-BRASIL CATALOGAÇÃO-NA-FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ M67 Mitos, projetos e práticas políticas : memória e historiografia / organização Rachel Soihet... [et al.J. - Rio de Janeiro : Civilização Brasileira, 2009. Inclui bibliografia ISBN 978-85-200-0910-9 1. Cultura política. 2. Historiografia. 3. Civilização - História. 4. História - Estudo e ensino. 5. Memória coletiva. 6. Intelectuais. I. Soihet, Rachel, 1938-. II. Título. 09-0450 CDD: 306.2 CDU: 316.74:32 Texto revisado segundo o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução, armazenamento ou transmissão de partes deste livro, através de quaisquer meios, sem prévia orroax ahuaoa autorização por escrito. Direitos desta edição adquiridos pela EDITORA CIVILIZAÇÃO BRASILEIRA Um selo da JOSÉ OLYMPIO EDITORA Rua Argentina 171 - 20921-380 Rio de Janeiro, RJ - Tel.: 2585-2000 PEDIDOS PELO REEMBOLSO POSTAL Caixa Postal 23.052 - Rio de Janeiro, RJ - 20922-970 Impresso no Brasil 2009 Sumário Homenagem a Maria de Fátima da Silva Gouvêa (in memoriam) 9 Rachel Soihet Apresentação 11 PARTE I MEMÓRIA E HISTORIOGRAFIA 19 Nos compassos do tempo. A história e a cultura da memória 21 Margarida de Souza Neves Jango e a República de 1945-64: da República Populista à Terceira República 35 Angela de Castro Gomes Memórias de presidente: reflexões acerca da construção do legado de FHC 51 Luciana Quillet Heymann PARTE II MEMÓRIAS, MITOS E HERÓIS 67 Os funerais de D. Pedro II e o imaginário republicano 69 Lucia Maria Paschoal Guimarães A abolição da escravidão: história, memória e usos do passado na construção de símbolos e heróis no maio de 1888 83 Renata Figueiredo Moraes Os índios e a história argentina: as iniciativas para a heroificação de Andresito Artigas (c. 1990-2008) 103 Elisa Frúhauf Garcia MITOS, PROJETOS E PRÁTICAS POLÍTICAS: MEMÓRIA E HISTORIOGRAFIA PARTE III INTELECTUAIS, MEMÓRIAS E PROJETOS POLÍTICOS 723 O eclipse do Império sob a “pena da galhofa”: a crítica política de Angelo Agostini em A Revista Illustrada e em O Mosquito 125 Maria da Conceição Francisca Pires «Memória e história da historiografia no Brasil: a invenção de uma moderna -tradição, anos 1940-1960 141* «Fábio Franzini e Rebeca Gontijo Um possível diálogo entre (e com) os intérpretes do Brasil 161 Maria Stella Martins Bresciani A América Latina em foco: política externa e debates intelectuais nos Estados Unidos 185 Cecília Azevedo PARTE IV ETNICIDADE, MEMÓRIAS E DIREITOS POLÍTICOS 207 O lugar dos índios na história entre múltiplos usos do passado: reflexões sobre cultura histórica e cultura política 207 Maria Regina Celestino de Almeida Usos do passado: a questão quilombola entre a história, a memória e a política 231 Vânia Maria Losada Moreira Da memória cabocla à história indígena: o processo de mediação entre conflito e reconhecimento étnico (Xocó, Porto da Folha/SE) 249 José Maurício Arruti PARTE V GÊNERO, MEMÓRIAS E PRÁTICAS POLÍTICAS 277 As armadilhas da memória: relatos de uma ex-militante 273 Rachel Soihet Relações de gênero e usos do passado na escrita autobiográfica 291 Elizangela Barbosa Cardoso 6 SUMÁRIO A “Pira da Fé”: mulheres, memórias e ação política em Juiz de Fora, anos 1960 311 Rita de Cássia Vianna Rosa Memória e representações de gênero no cinema brasileiro dos anos 1980 331 Flávia Cópio Esteves Culturas políticas e sensibilidades: pedagogias feministas, Rio de Janeiro, anos 1970-80 351 Suely Gomes da Costa PARTE VI CIDADE, CORTE, CAPITAL: ENTRE MEMÓRIAS E HISTÓRIAS 373 Cultura política e sociedade de corte. O vice-reinado no Rio de Janeiro: um estudo de caso (1779-90) 375 Maria Fernanda Bicalho De vice-rei a rei — 1808-18: Marcos históricos na transformação do governo do Brasil 393 Maria de Fátima Silva Gouvêa O Rio capital: autonomia versus intervenção 409 Marcelo de Souza Magalhães Notas 431 7 Homenagem a Maria de Fátima da Silva Gouvêa (in memoriam) Rachel Soihet Maria de Fátima da Silva Gouvêa, uma das autoras deste livro, não mais se encontra entre nós. Explicando melhor, não se encontra fisicamente, mas ela está cada vez mais presente, através de seus trabalhos e das lem­ branças deixadas pela sua energia, pelo seu dinamismo, sua firmeza de posições, seu carinho para com os colegas e alunos que muito a admira­ vam. Conheci Fátima, como a chamávamos, em fins dos anos 1970, como minha aluna no curso de graduação em História da América. Corajosa, “guerreira”, como bem a qualificou um de nossos colegas, o professor Daniel Aarão Reis, embarcou para Londres, de onde voltou como douto­ ra. Estava eu começando meu trabalho no curso de pós-graduação da UFF em 1987, no qual desenvolvemos uma série de discussões sobre História Cultural, naquela época, uma novidade. Não tardou para que Fátima participasse como ouvinte de um desses seminários. Seu interesse somou-se ao de um grupo de alunos e alunas, alguns deles professores de nosso departamento, os quais decidiram pela criação de um espaço visan­ do ao aprofundamento do debate teórico metodológico e de apresenta­ ção e discussão das pesquisas desenvolvidas naquele campo. Surgia, assim em 1992, o NUPEHC — Núcleo de Pesquisas e Estudos em História Cultural, do qual Fátima não mais se ausentou. Dele foi coordenadora nos anos 1990, voltando a partilhar da coordenação mais recentemente. Por outro lado, cabe ressaltar o crescimento acadêmico por ela viven- ciado. Autora de uma tese sobre as instituições do Brasil Imperial, recen­ temente publicada, enveredou nos estudos sobre a formação da América Ibérica, assim como das redes imperiais portuguesas, assumindo posições teóricas das mais inovadoras. Valendo-se das contribuições de Michel Foucault, em particular com relação aos micropoderes, passou a questio- MITOS, PROJETOS E PRÁTICAS POLÍTICAS: MEMÓRIA E HISTORIOGRAFIA nar posições consagradas na historiografia, acerca de uma dicotomia opondo de forma irremediável as duas partes do binómio dominador/ dominado. A partir dessas contribuições, vislumbrou dinâmicas de con­ flito, mas também de negociação, sofisticando suas perspectivas no que tange à História Política. Destaque-se sua incorporação do conceito de cultura política, tão bem trabalhado por ela em uma de suas publica­ ções. Realmente, há que se lamentar uma saída de cena tão prematura de uma das nossas mais competentes e corajosas pesquisadoras, como tam­ bém uma professora das mais queridas, como bem se manifestou uma de suas alunas: “Fiquei impactada com o falecimento da Fátima. Foi minha professora em América I. Guardei dela uma excelente impressão.” Sem dúvida, além de perda irreparável de nosso departamento, de nossa pós- graduação, mais ainda de nosso NUPEHC, no qual, como registrado aci­ ma, teve uma atuação marcada pela força de suas opiniões e pela perma­ nente busca de inovação, Fátima deixa imensa saudade, apenas suavizada pela consciência de que nos foi concedido o privilégio de conviver com pessoa tão querida e valorosa. 10

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