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Meus Grandes Predecessores PDF

391 Pages·2016·18.47 MB·Portuguese
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GARRY KASPAROV MEUS GRANDES PREDECESSORES VOLUME 1 Segunda Edição 2016 © Garry Kasparov 2002 Primeira edição em português: agosto de 2004 © Editora Solis 2004 Segunda edição em português: junho de 2016 © Editora Solis 2016 Editores: Francisco de Assis Garcez Leme e Jussara Chaves Garcez Leme Impresso no Brasil ISBN: 9788598628158 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Kasparov, Garry Meus Grandes Predecessores: uma história moderna sobre o desenvolvimento do uogo de xadrez/Garry Kasparov; com a contribuição de Dmitry Plisetsky; tradução da 1a edição de Giovanni Portilho Vescovi - 2a edição Santana de Parnaíba, SP; Editora Solis 2016 Título original: Maí Velikiye Predschestvenniki: Tom 1 Conteúdo: V1 Steinitz, Lasker, Capablanca e Alekhine 1. Xadrez 2. Xadrez História I Plisetsky, Dmitry li. Título 04-5156 CDD -794.12 As fotografias e ilustrações incluídas neste livro procedem dos arquivos da revista "Shajmaty URSS" e do Museu do Xadrez da Rússia, assim como dos arquivos pessoais do autor e dos arquivos da Editora So/is, além de diversas colaborações de Jean-Michel Pechiné, Jsaak Linder, Jgor Botvinnik, Valter Heuer, Sergei Voronkov e Boris Turov. Direitos exclusivos para Brasil e países de expressão em língua portuguesa. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, annazenada ou transmitida em qualquer forma, nem por qualquer meio, seja eletrônico, químico, mecânico, ótico, de gravação ou de fotocópia, sem autorização prévia e por escrito do editor. A infra- ção dos direitos do autor e do editor pode constituir delito contra a propriedade intelectual. A Editora Solis dedica a publicação da segunda edição deste livro à memória dos Mestres Internacionais Alexandru Sorin Segai e Hélder Câmara do Brasil e do Mestre Internacional Joaquim Durão de Portugal. EDITORA SOLIS Alameda Itanhaém 810 06542-140 - Santana de Parnaíba - SP - Brasil www.editorasolis.com.br contatos: comercial@editoraso)is.com.b r SUMÁRIO Introdução O xadrez antes de Steinitz Wilhelm Primeiro Emanuel Segundo J ose Raul Terceiro Alexander Quarto , Indice de Partidas INTRODUÇÃO OS CAMPEÕES COMO SÍMBOLO DE SEU TEMPO Há algum tempo desejava escrever um livro sobre a história moderna do xadrez. E além disso, desviando do enfoque tradicional, demonstrar o progresso contínuo do jogo através das partidas dos campeões mundiais, já que este é um grupo de elite de superestrelas (apenas 14 em 117 anos!) que fize ram as maiores contribuições ao xadrez: para conquistar o título supremo, tiveram que superar os melho res dos melhores, descobrir algo novo, e pegar desprevenidos adversários altamente experientes e talen tosos. De acordo com a lenda mais aceita, um lento jogo de guerra semelhante ao xadrez foi criado há aproximadamente dois mil anos na Índia, que a sofrer leves alterações, fez a longa e infindável jorna da através do sul da Ásia Central, Pérsia, países árabes do oriente médio para a Península Ibérica. No entanto, a versão hindu da origem do jogo de xadrez tornou-se conhecida dos europeus somente ao final do século XVII. Apenas uma coisa pode-se afirmar com certeza: o xadrez moderno originou-se no sécu lo XV no Mediterrâneo. E esta já é uma invenção puramente européia - um jogo intelectual, nos mol des de uma guerra psicológica. Os melhores mestres de xadrez de cada época estão intimamente ligados aos valores das socie dades em que viveram e trabalharam. Todas as mudanças de fundo cultural, político e psicológico são refletidas no estilo e nas idéias de seus jogos. Essa profunda conexão pode ser acompanhada através do tempo. Não parece lógico que na era do Renascimento, nos séculos XV-XVII, o xadrez tenha se desen volvido mais rapidamente na Espanha e na Itália? Teria sido casualidade o fato de o primeiro mestre a tentar criar uma teoria de jogo posicional, o grande François-André Philidor (casualmente um famoso compositor e amigo de Diderot) ter vivido na época do Iluminismo e da filosofia do racionalismo? E quanto ao slogan que formulara em meados do século XVIII: "Os peões são a alma do xadrez!" Não escutamos aí ecos da vindoura Revolução Francesa? Mais tarde, na primeira metade do século XIX, em total concordância com a realidade geopo- Garry Kasparov - Meus Grandes Predecessores lítica, o xadrez foi a arena para batalhas entre os melhores jogadores da Inglaterra e da França: McDonnel-LaBourdonnais, Staunton - Staint-Amant. .. Nos meados do século, o ilustre romântico do xadrez Adolf Anderssen era o principal jogador. Seu estilo era aquele de ataques destemidos ao rei, com sacrifícios intrincados, personificando o triunfo da mente sobre a matéria (totalmente típico de um ale mão instruído e não alienado às idéias de Hegel e Schopenhauer). Também lembramos o brilhante vôo do gênio norte-americano Paul Morphy, que em um par de anos (1857-59) conquistou ambos, o Novo e o Velho Mundo. Ele revelou ao mundo uma estrondo sa mistura de pragmatismo, agressividade e precisão de cálculo - qualidades que permitiram à América realizar um poderoso salto na segunda metade do século XIX. O torneio internacional de Londres em 1883 intrigou o público -quem era de fato o mais forte: Wilhelm Steinitz ou Johann Hermann Zukertort? E em 1886 (somente após a morte de Morphy!) eles finalmente se encontraram num match oficial pelo título de "Campeão do Mundo". Foi assim que este título surgiu, fruto do reconhecimento público do resultado de um confronto entre os dois melhores jogadores do planeta. Passando pela lista dos catorze campeões do mundo, novamente observamos um inseparável vínculo entre o xadrez e o ambiente social. Wilhelm Steinitz (campeão mundial 1886-1894) Steinitz dominou de forma efetiva o cenário enxadrístico a partir do início da década de 1870. Era um ardente seguidor do método científico, que em sua opinião podia prover a chave para a resolução de qualquer problema que surgisse sobre o tabuleiro. Foi o primeiro a dividir a posição em seus elementos, a captar seus fatores mais importantes e a estabelecer os princípios gerais de estratégia. Essa foi uma grande descoberta, um ponto de virada na história do xadrez! Mas na prática Steinitz com frequência superestimava a importância da teoria de jogo posicional que havia criado e confiava de forma excessi va em princípios abstratos. Bem, foi uma verdadeira criatura de sua época materialista, quando prevale cia a ingênua crença na onipotência da ciência e na inevitabilidade de que todos os processos naturais logo seriam completamente compreendidos. Emanuel Lasker (campeão mundial 1894-1921) Nascido na Alemanha, doutor em filosofia e matemática, Lasker foi o primeiro, e até então o único joga dor a considerar a importância de fatores psicológicos. Excelente tático e estrategista, ao mesmo tempo percebeu que a arte de explorar as deficiências do adversário era às vezes muito mais importante que a habilidade de fazer os lances corretos. Um profundo conhecimento da psicologia humana e uma com preensão do valor relativo da estratégia no xadrez ajudaram-no a vencer quase todos os eventos em que competiu, e a manter seu título de campeão por 27 longos anos. Um recorde absoluto! E quem eram naquele tempo os mestres do pensamento? Einstein e Freud, é claro. Como dizem, comentários são supérfluos ... José Raúl Capablanca (c ampeão mundial 1921-1927) ''A máquina de xadrez", como o gênio cubano era chamado devido à pureza do seu estilo de jogo. Um favorito do público, uma pessoa de maneiras refinadas e um homem do mundo. O grande Capa esma gou seus adversários aparentemente sem o menor esforço, com formidável facilidade e elegância. Também era cativante o fato de conquistar suas brilhantes vitórias aparentemente sem qualquer traba lho sério de preparação. Mas agora recordemos aquela época, os anos da esperança e do otimismo, quan do o mundo gozava a paz e a tranqüilidade após os horrores da Primeira Guerra Mundial. Foi naquela época que a exportação global dos valores culturais americanos começou, dos bestsellers literários às pro duções de Hollywood. Histórias envolvendo heróis de sucesso, com sorrisos deslumbrantes e invariáveis finais felizes curavam as feridas da guerra recente. E Capa, como um desses heróis do mundo escolhido pelo destino, correspondeu exatamente ao espírito da época. Alexander Alekhine (campeão mundial 1927-1935, 1937-1946) Filho de uma familia nobre e rica, e ao mesmo tempo o primeiro campeão da Rússia Soviética! Antes 6 Introdução disso conheceu muito sofrimento nos duros tempos de guerra e revolução. Veio a imigração para a França, o diploma de doutor em Direito, a grandiosa batalha com Capablanca, anos de viagens, vitórias e denotas, a Segunda Guerra Mundial, torneios na Europa ocupada, acusações de colaboração com os nazistas e a ameaça de desqualificação. .. O estilo de Alekhine foi a personificação da agressão psicológi ca. Enorme trabalho de preparação, energia explosiva no tabuleiro e uma determinação maníaca de liqui dar seus adversários, junto com uma rica imaginação combinatória. Tudo isso se assemelha de forma espantosa às devastadoras guerras que abalaram a Europa na primeira metade do século XX. Perto do fim, novo impulso foi dado ao pêndulo da vida de Alekhine: Botvinnik, o novo campeão soviético, desa fiou-o oficialmente para um match pela coroa mundial. Porém, o rei faleceu prematuramente, permane cendo dessa forma invicto. Max Euwe (campeão mundial 1935-37) Um símbolo da época de revolução científica e tecnológica, o começo da era da energia atômica e do computador. Um fervoroso seguidor e popularizador dos ensinamentos de Steinitz, "um pragmático, que estudou tudo o que havia sobre xadrez", Euwe foi também doutor em Matemática e proeminente especialista em eletrônica; em certo momento foi o presidente da comissão Euroatom de programação de xadrez. Foi o primeiro dentre os reis do xadrez a se tornar Presidente da Federação Internacional de Xadrez - Fédération Internationale des Échecs - FIDE (1970), não sem a influência de Botvinnik, que pensava que "somente um enxadrista que tenha sido um campeão mundial pode entender a importân cia da firmeza e correção das regras para a condução de um campeonato mundial." Mikhail Botvinnik (campeão mundial 1948-1957, 1958-1960, 1961-1963) Desde a juventude um comunista firme. O estilo frio e implacável do Patriarca da Escola Soviética de Xadrez, baseado em profunda preparação de aberturas e também psicológica -não é isto o símbolo do poder do regime de Stalin! Para jogar no mais alto níve~ Botvinnik estudou xadrez de forma muito séria, científica e profissional. Foi campeão nos primeiros anos da Guerra Fria, quando o esporte emergiu na ucna da política mundial, e foi transformado em um instrumento na batalha ideológica entre o Leste e o Oeste. Mas o esporte profissional estava então apenas em sua infância, enquanto a ciência era dese nhada em especulações atômicas, cósmicas e de computadores. Vale lembrar que Botvinnik era doutor cm tecnologia e um dos pioneiros na programação de xadrez. Vaaily Smyslov (campeão mundial 1957-1958) Sem dúvida um símbolo do início do degelo, a era comparativamente libertadora. A morte de Stalin, o 'lJJ" Congresso do Partido Comunista, o começo da reabilitação das vítimas da repressão, o festival mun dial de jovens em Moscou ... Ao trono do xadrez escalou um homem moderado e inteligente, possuidor de uma bela voz de baritono, que sonhava com uma carreira de cantoL Ele não era um comunista, e sua profunda religiosidade parecia pressentir o renascimento da Igreja Ortodoxa. Além disso, o estilo de Smyslov era muito mais suave e leve que o de Botvinnik, atropelante como um tanque de guerra. Esses gigantes jogaram três matche.r entre si! Lamentavelmente Smyslov, que era então claramente o melhor jogador do mundo, não manteve o título por muito tempo: a era passada não queria dar passagem. Mikhail Tal (c ampeão mundial 1960-1961) · Embora sua manutenção do título tenha sido a mais curta, Tal sem dúvida permanece como uma das mais brilhantes estrelas da história do xadrez. Seu estilo ousado e arriscado com suas surpreendentes combinações e sacrifícios, sua juventude, seu irrefreável otimismo e sagacidade, tudo isto refletia as espe ranças da sociedade soviética, a qual mal havia despertado depois da escuridão do stalinismo e ansiosa mente respirara um quê de liberdade no degelo de Krushchev. Tal tomou-se campeão em 1960, mas seu jogo fogoso havia cativado o público já em 1956. Sua vitória sobre Botvinnik foi o triunfo de um poeta incansável sobre um técnico materialista (em 1951 Bronstein esteve perto disto, mas a hora ainda não havia chegado). Porém, no match de volta realizado um ano depois o jovem romântico não teve qual quer chance contra a "muralha do sistema soviético". Casualmente, foi em 1961 que os primeiros sinais 7 Garry Kasparov - Meus Grandes Predecessores do fim do degelo apareceram. Os apoiadores da linha dura haviam triunfado. .. Tigran Petrosian (campeão mundial 1963-1969) O perfeito filho da sua época, que veio substituir Botvinnik. Era o período do "início de Brezhnev", um tempo de um metódico aperto de parafusos. Os processos contra Brodsky, o julgamento de Sinyavsky e Daniel, a invasão da Tchecoslováquia, a completa asfixia da liberdade de expressão. .. A crença no comunismo diminuiu, e seu lugar foi tomado pelo conformismo, reticência, cuidado e discrição. E para Petrosian, com sua infância difícil, prudência sensata e enorme talento natural, qualidades que estavam presentes em sua totalidade. Boris Spassky (campeão mundial 1969-1972) Um tipo de dândi soviético, o mestre do ataque espetacular, um ator natural no palco do xadrez. Também um grande talento, mas ao mesmo tempo uma pessoa ousada e independente, conhecido por seus comentários cáusticos e não preconceituosos. Em contraste com outras celebridades, ele nunca se agarrou ao poder, não tentou tirar nada dele e jamais tentou retirar ganhos políticos de seu nome. O comportamento dissidente de Spassky, como o de várias figuras proeminentes nas ciências e na cultura, refletiu uma crescente hostilidade da geração pós-Stalin do povo soviético contra o regime decadente. Uma nova onda de emigração começou. .. Em 1976 Spassky também fugiu para a liberdade, casou-se com uma francesa e mudou-se para um subúrbio de Paris. Mas foi privado da bandeira vermelha e de seu salário do Comitê de Esportes da URSS somente após Linares 1983, quando o ex-campeão mundial terminou em primeiro lugar, à frente do então campeão Karpov. Robert James Fischer (campeão mundial 1972-1975) O mais incansável e ambíguo dos campeões. Ao alcançar sucesso sem precedentes tomou-se uma lenda viva. O estilo enérgico de Fischer é aquele de um "assassino no tabuleiro": dedicação monstruosa, pres são furiosa, a varrer tudo no seu caminho. .. O gênio solitário desafiou a formidável Escola Soviética de Xadrez e, para o deleite do Ocidente, venceu! Exigia de forma firme e inflexível melhorias nas condi ções de jogo e respeito ao xadrez e aos enxadristas. Fischer modernizou praticamente todos os aspectos do antigo jogo e bem poderia ter implementado a sua conversão em linhas profissionais. Mas devido a certos traços de seu caráter e ao seu individualismo extremo, ao final tomou-se um recluso e manteve se afastado do processo de desenvolvimento do xadrez. Uma pena, já que este podia ser trazido a um nível fundamentalmente diferente somente por Fischer, um proeminente contemporâneo dos Beatles, hippies e dos protestos estudantis que exigiam uma maior liberdade individual ... Anatoly Karpov (campeão mundial 1975-1985) O poderoso instinto de sobrevivência de Karpov, multiplicado pelo seu talento singular, deu origem a uma extraordinária fusão do refinamento psicológico de Lasker com a técnica impecável, quase mate mática, de Capablanca. Um favorito de Brezhnev e um símbolo vívido da "estagnação", a última déca da do regime, quando a URSS invadiu o Afeganistão, e as autoridades do partido, escondendo-se por trás da decadente ideologia, fizeram de tudo para conseguir enriquecimento pessoal. Precisamente durante esses anos a FIDE tomou-se uma organização dirigida por países do bloco socialista e do Terceiro Mundo, de forma efetiva pela União Soviética e pelo seu campeão mundial Anatoly Karpov. Corrupção, estagnação, cinismo e conformismo eram as características típicas da realidade soviética no crepúsculo da era comunista. Mas o Ocidente aceitou a idéia de uma coexistência pacífica dos dois sis temas e estava preparado para viver com dois padrões por um longo período ainda. Os dois matches pela coroa mundial entre Karpov e Kortchnoi (1978 e 1981) são uma excelente ilustração daquele período. Kortchnoi, mesmo após tornar-se um ocidental e obter o apoio do mundo livre, não foi capaz de supor tar o impiedoso poder da máquina soviética. Garry Kasparov (campeão mundial 1985-2000) Vejo meu próprio estilo como sendo um tipo de simbiose dos estilos de Alekhine, Tal e Fischer. Tomei me campeão no ano histórico de 1985, o primeiro ano da Perestroika de Gorbachev, a qual conduziu ao 8

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