Maigret está recebendo a visita de um inspetor da Scotland Yard que veio para estudar os métodos franceses de investigação. Sua rotina é interrompida por uma ligação telefônica vinda da ilha mediterrânea de Porquerolles. Um velho mendigo Marcellin foi assassinado lá e, na noite anterior, escutaram ele falando a pessoas sobre “seu amigo Maigret”. – Estava sozinho na entrada do estabelecimento? – Sim, meu comissário. Era inútil corrigi-lo. Quatro ou cinco vezes, Maigret tentara fazê-lo dizer “senhor comissário”. Que importância tinha? Aliás, que importância tinha tudo aquilo? – Um carro esporte cinza parou por um instante e um homem saltou dele, quase como um acrobata de circo, foi o que você declarou, não foi? – Sim, meu comissário. – Para entrar na boate, ele teve de passar bem perto e chegou inclusive a esbarrar ligeiramente em você. Ora, acima da porta existe um letreiro luminoso em neon. – Ele é violeta, meu comissário. – E então? – Então, nada. Jules Maigret é o mais famoso personagem do escritor belga Georges Simenon (1903-1989), um dos autores mais lidos e cultuados do século XX. Reservado, generoso, amante do cachimbo e de uma boa cerveja, o inspetor Maigret conquistou – em 75 romances e várias histórias curtas – legiões de admiradores em todo o mundo. Lançando mão de sua profunda compreensão da natureza humana como principal instrumento na solução de crimes, tornou-se um marco da literatura policial, ao lado dos mais célebres investigadores, como Auguste Dupin, Sherlock Holmes, Hercule Poirot e Philip Marlowe.