Metafísica do Amor Metafísica da Morte Metafísica do amor, Metafísica da morte 00016200 ~ 1111111111111 ISBN 85-33b-1249-4 I I I 9 788533 612495 Martins Fontes Com a Metaflsica do Amor e a Metaflsica da Morte - sobre a morte e sua relação com a indestrutibilidade de nosso ser em si, Schopenhauer pretende solidificar, por um lado, a concepção do amor sexual enquanto manifestação a mais direta da .; essência do mundo, a Vontade cega de METAFISICA DO vida, sedenta por existência, por outro, a AMOR morte enquanto mero desaparecimento METAFI.; SICA DA do organismo gerado no ato sexual, con cernindo apenas ao fenômeno, não ao MORTE ser intimo de cada particularidade. Em realidade, vida e morte, num jogo inces sante, são ~manações dessa única e mes ma Vontade como coisa-em-si, da qual o mundo multifacetado djante de nós é mero espelho. Embora o ponto de partida teórico do filósofo seja pessimista, o objetivo de suas exposições, por vezes demasiado cruas, é, por assim dizer, terapêutico, ou seja, trata-se de um pensamento trágico no sentido aristotélico do termo. A filosofia de Schopenhauer, ao conceber tragicamente a existência, coloca ao mes mo tempo como objetivo o provocar uma espécie de catarse diante dela. Dai po dermos denominá-la uma filosofia do consolo, a oscilar entre pessimismo teóri co e otimismo prático, o que o leitor po derá averigu~_ nos dois textos desta edi ção ora oferefida ao público brasileiro. CAPA Projeto gráfico Katia Harumi Terasaka Com a Metaflsica do Amor e a Metaflsica da Morte - sobre a morte e sua relação com a indestrutibilidade de nosso ser em si, Schopenhauer pretende solidificar, por um lado, a concepção do amor sexual enquanto manifestação a mais direta da .; essência do mundo, a Vontade cega de METAFISICA DO vida, sedenta por existência, por outro, a AMOR morte enquanto mero desaparecimento METAFI.; SICA DA do organismo gerado no ato sexual, con cernindo apenas ao fenômeno, não ao MORTE ser intimo de cada particularidade. Em realidade, vida e morte, num jogo inces sante, são ~manações dessa única e mes ma Vontade como coisa-em-si, da qual o mundo multifacetado djante de nós é mero espelho. Embora o ponto de partida teórico do filósofo seja pessimista, o objetivo de suas exposições, por vezes demasiado cruas, é, por assim dizer, terapêutico, ou seja, trata-se de um pensamento trágico no sentido aristotélico do termo. A filosofia de Schopenhauer, ao conceber tragicamente a existência, coloca ao mes mo tempo como objetivo o provocar uma espécie de catarse diante dela. Dai po dermos denominá-la uma filosofia do consolo, a oscilar entre pessimismo teóri co e otimismo prático, o que o leitor po derá averigu~_ nos dois textos desta edi ção ora oferefida ao público brasileiro. CAPA Projeto gráfico Katia Harumi Terasaka ,; METAFISICA DO AMOR METAFÍSICA DA MORTE Arthur Schopenhauer Tradução JAIR BARBOZA Revisão técnica MARIA LÚCIA MELLO OLIVEIRA CACCIOLA Martins Fontes São Paulo 2000 1ndice Título do original alemão: MEFAPHYSIK DER GESCHLECHTSUEBE e . ÜBER DEN TOD UND SEIN VERHALTNISS ZUR UNZERSTORBARTEIT UNSERS WESENS AN S/CH. Copyright ©Livraria Martins Fontes Editora Lida., São Paulo, 2000, para a presente edição. 11 edição junho de 2000 Tradução Prefácio...................................................................... VII .. JAIR BARBOZA Introdução ................................................................. XXV Revisão técnica e da tradução Bibliografia sumária ................................................ XLIX Maria Lúcia Mello Oliveira Cacciola Cronologia................................................................. LI Revisão gráfica Solange Martins Eliane Rodrigues de Abreu Produção gráfica Metafísica do amor ................................................... . 1 Geraldo Alves Metafisica da morte .................................................. . 57 Paginação/Fotolitos Studio 3 Desenvolvimento Editorial (6957-7653) Dados Int.macionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Bl"ll'iileira do Livro, SP, Brasil) Schopenhauer, Arthur, 1788-1860. Metafísica do amor, metafísica da morte f Arthur Schopenhauer ; tradução Jair Barboza; revisão técnica Maria Lúcia Mello Oliveira Cacciola.-São Paulo: Martins Fontes, 2000.-(Clássicos) Título original: Metaphysik der Geschlechtsliebe. ISBN 85-336-1249-4 I. Amor 2. Filosofia alemã 3. Morte 4. Pessimismo 5. Schopen hauer, Arthur, 1788-1860 -Metaffsica I. Título. 11. Série. 00-1859 CDD-193 Índices para catálogo sistemático: I. Filosofia alemã 193 2. Schopenhauer : Filosofia alemã 193 Todos os direitos para a língua portuguesa reservados à Livraria Martins Fontes Editora Lida. Rua Conselheiro Ramalho, 3301340 01325-000 São Paulo SP Brasil Te/. ( 11) 239-3677 Fax ( 11) 3105-6867 e-mail: [email protected] http://www.martinsfontes.com 1ndice Título do original alemão: MEFAPHYSIK DER GESCHLECHTSUEBE e . ÜBER DEN TOD UND SEIN VERHALTNISS ZUR UNZERSTORBARTEIT UNSERS WESENS AN S/CH. Copyright ©Livraria Martins Fontes Editora Lida., São Paulo, 2000, para a presente edição. 11 edição junho de 2000 Tradução Prefácio...................................................................... VII .. JAIR BARBOZA Introdução ................................................................. XXV Revisão técnica e da tradução Bibliografia sumária ................................................ XLIX Maria Lúcia Mello Oliveira Cacciola Cronologia................................................................. LI Revisão gráfica Solange Martins Eliane Rodrigues de Abreu Produção gráfica Metafísica do amor ................................................... . 1 Geraldo Alves Metafisica da morte .................................................. . 57 Paginação/Fotolitos Studio 3 Desenvolvimento Editorial (6957-7653) Dados Int.macionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Bl"ll'iileira do Livro, SP, Brasil) Schopenhauer, Arthur, 1788-1860. Metafísica do amor, metafísica da morte f Arthur Schopenhauer ; tradução Jair Barboza; revisão técnica Maria Lúcia Mello Oliveira Cacciola.-São Paulo: Martins Fontes, 2000.-(Clássicos) Título original: Metaphysik der Geschlechtsliebe. ISBN 85-336-1249-4 I. Amor 2. Filosofia alemã 3. Morte 4. Pessimismo 5. Schopen hauer, Arthur, 1788-1860 -Metaffsica I. Título. 11. Série. 00-1859 CDD-193 Índices para catálogo sistemático: I. Filosofia alemã 193 2. Schopenhauer : Filosofia alemã 193 Todos os direitos para a língua portuguesa reservados à Livraria Martins Fontes Editora Lida. Rua Conselheiro Ramalho, 3301340 01325-000 São Paulo SP Brasil Te/. ( 11) 239-3677 Fax ( 11) 3105-6867 e-mail: [email protected] http://www.martinsfontes.com Prefdcio Uma filosofia do consolo Contexto Publicado em 1818, O mundo como vontade e re presentação é a obra máxima de Arthur Schopenhauer. Este fllósofo alemão, nascido em Danzig em 1788, po de ser considerado o autor de uma obra só. O restan te de sua produção intelectual é como que comentá rios e desenvolvimentos de temas já lá abordados. É o caso do volumoso conjunto de suplementos publi cados em 1844, que incluem a Metafisica do amor (número 44) e a Metafísica da morte-sobre a morte e sua relação com a indestrutibilidade de nosso ser em si (número 41). Com elas pretende solidificar, por um lado, a concepção do amor sexual enquanto mani festação a mais direta da essência do mundo, a Von tade cega de vida, sedenta por existência, por outro, a morte enquanto mero desaparecimento do orga nismo gerado no ato sexual, concernindo apenas ao fenômeno, não ao ser íntimo de cada particularidade. Em realidade, vida e morte, num jogo incessante, são emanações dessa única e mesma Vontade como coisa- VII --------ArthurSchopenhauer_ _______ ----------Prefácio_ _________ em-si, da qual o mundo multifacetado diante de nós é ocupam principalmente com a descrição do amor mero espelho. As metafísicas do amor e da morte entre os sexos. No entanto, este tema quase não foi apresentam-nos filosoficamente a trama conceitual trabalhado pelos filósofos, e, embora Platão o abor do grande drama cósmico que é a existência, pois a de com certa extensão, especialmente no Banquete Vontade é intrinsecamente uma autodiscórdia consi- e no Fedro, o que ele diz se circunscreve "ao domí go;o:c --m·-~e -sm-a-, -o- -qu-e- f-az- -d-o -e-n-re.d-o- d-e.ss-a- p-eça algo nio dos mitos, fábulas e ditos espirituosos, e concer muitas vezes trágico, traduzido na famosa frase ne na maior parte das vezes apenas ao amor grego schopenhaueriana alies Leben Leiden ist (toda vida é pelos rapazes" (MA, p. 6)1. Ainda segundo Schopen- sofrimento). No entanto, embora o ponto de partida hauer, Rousseau escreveu falsidades, Kant foi su teórico do filósofo seja pessimista, o objetivo de suas perficial e Spinoza, ingênuo, a ponto de ter afirmado: exposições, por vezes demasiado cruas, é, por assim "O amor é uma cócega acompanhada da idéia de uma dizer, terapêutico, ou seja, trata-se de um pensamen causa exterior": sentença que merece mais o nosso to trágico no sentido aristotélico do termo. Aristóteles regozijo, em vez de poder ser considerada uma con define a tragédia como a encenação de uma ação de tribuição importante ao estudo do assunto. De modo caráter elevado que, despertando o terror e a pieda que o filósofo se sente pioneiro nessa matéria. Antes de, conduz à catarse dessas emoções, por ele consi de mais nada, ele afirma:jk_amqt:k.Jlllla,~tºªsk~ deradas ruins. Ora, a filosofia de Schopenhauer, ao gana-se Como, pergunta-se, gy~-o.c.ontrário. conceber tragicamente a existência, coloca ao mesmo Úm sentimento que coloca de lado todas as conside tempo como objetivo o provocar uma espécie de ca rações, move o indivíduo para enfrentar todos os obs tarse diante dela. Daí podermos denominá-la uma fi táculos, mesmo se à custa da própria vida, seria uma losofia do consolo, a oscilar entre pessimismo teóri quimera? Não, o amor existe; e bem o demonstram a co e otimismo prático, o que o leitor poderá averiguar literatura e a cotidianeidade. Uma investigação mais nos dois textos desta edição ora oferecida ao públi apurada revelará: ~-~nada mais é_ ~9-q11e_ ~--'11!1-P_~lsg co brasileiro. sex~!_:-CG esch/echtstrieb) ~-ÇQQ!)mas "gradaçõ~s parte e nuanças", oq..I_p_a a maior do pensamento dos iovens, coloca em confllsã_Q as mais sérias cabeç<I;s, A verdade do amor inuscui-se na ciência, na_ QQlít!~a, na arte, e é, ao lado âoâmorà"vkfã;-a-:rn.a~ Í.C?.I!e e ativa das molas impulso- O autor de O mundo como vontade e representa - --~ . ~~--·~-...... -~---- < ~-' ção observa que em geral os poetas e ficcionistas se 1. MA = Metaftsica do amor, MM = Metaftsica da morte. VIII IX \ --------ArthurSchopenhauer_ _______ ----------Prefácio_ _________ em-si, da qual o mundo multifacetado diante de nós é ocupam principalmente com a descrição do amor mero espelho. As metafísicas do amor e da morte entre os sexos. No entanto, este tema quase não foi apresentam-nos filosoficamente a trama conceitual trabalhado pelos filósofos, e, embora Platão o abor do grande drama cósmico que é a existência, pois a de com certa extensão, especialmente no Banquete Vontade é intrinsecamente uma autodiscórdia consi- e no Fedro, o que ele diz se circunscreve "ao domí go;o:c --m·-~e -sm-a-, -o- -qu-e- f-az- -d-o -e-n-re.d-o- d-e.ss-a- p-eça algo nio dos mitos, fábulas e ditos espirituosos, e concer muitas vezes trágico, traduzido na famosa frase ne na maior parte das vezes apenas ao amor grego schopenhaueriana alies Leben Leiden ist (toda vida é pelos rapazes" (MA, p. 6)1. Ainda segundo Schopen- sofrimento). No entanto, embora o ponto de partida hauer, Rousseau escreveu falsidades, Kant foi su teórico do filósofo seja pessimista, o objetivo de suas perficial e Spinoza, ingênuo, a ponto de ter afirmado: exposições, por vezes demasiado cruas, é, por assim "O amor é uma cócega acompanhada da idéia de uma dizer, terapêutico, ou seja, trata-se de um pensamen causa exterior": sentença que merece mais o nosso to trágico no sentido aristotélico do termo. Aristóteles regozijo, em vez de poder ser considerada uma con define a tragédia como a encenação de uma ação de tribuição importante ao estudo do assunto. De modo caráter elevado que, despertando o terror e a pieda que o filósofo se sente pioneiro nessa matéria. Antes de, conduz à catarse dessas emoções, por ele consi de mais nada, ele afirma:jk_amqt:k.Jlllla,~tºªsk~ deradas ruins. Ora, a filosofia de Schopenhauer, ao gana-se Como, pergunta-se, gy~-o.c.ontrário. conceber tragicamente a existência, coloca ao mesmo Úm sentimento que coloca de lado todas as conside tempo como objetivo o provocar uma espécie de ca rações, move o indivíduo para enfrentar todos os obs tarse diante dela. Daí podermos denominá-la uma fi táculos, mesmo se à custa da própria vida, seria uma losofia do consolo, a oscilar entre pessimismo teóri quimera? Não, o amor existe; e bem o demonstram a co e otimismo prático, o que o leitor poderá averiguar literatura e a cotidianeidade. Uma investigação mais nos dois textos desta edição ora oferecida ao públi apurada revelará: ~-~nada mais é_ ~9-q11e_ ~--'11!1-P_~lsg co brasileiro. sex~!_:-CG esch/echtstrieb) ~-ÇQQ!)mas "gradaçõ~s parte e nuanças", oq..I_p_a a maior do pensamento dos iovens, coloca em confllsã_Q as mais sérias cabeç<I;s, A verdade do amor inuscui-se na ciência, na_ QQlít!~a, na arte, e é, ao lado âoâmorà"vkfã;-a-:rn.a~ Í.C?.I!e e ativa das molas impulso- O autor de O mundo como vontade e representa - --~ . ~~--·~-...... -~---- < ~-' ção observa que em geral os poetas e ficcionistas se 1. MA = Metaftsica do amor, MM = Metaftsica da morte. VIII IX \ _______ Arthur Schopenhauer _______ _ ________ Prefácio _________ ras do homem, onipresente em qualquer vida, seja n~ xonado é sentido, à seriedade com a qual ele entra de um aldeão ou na de wn chefe de Estad~~-No_f!.!g5.!~ em cena, e à importância que atribui até às mais in apesar de todos esses desvios (sublimações, diriam os significantes ninharias que o cercam e ocasionam" psicanaliSt:ãSY-;,trata-se-aq~lmplesmente de cada João (MA, p. 11). encontrar a sua Maria", y(;lle.dizer,.d.ewn.par.d.eama.n Muitas vezes o indivíduo é um vaso por demais frágil para carregar uma tão pungente Vontade, e que tes se unir pela g~fli!<llidade para, então, darem_()ri~ ã" umnôvo-ser-que ~Jerá as suas caraf(erísticas, her bra-se. Foi o caso do Werther, personagem de Goethe que se apaixonou por uma mulher casada, a qual não Ciãri'aoclo§aiavo~tade, da mãe o intele~~-,É acha- . ~-...-~ -----·--·- "f podia corresponder-lhe, pois não era uma Bovary mada "composição da próxima geração". /pronta para o adultério: como desenlace, o suicídio. O que se vislum12@nor_tfás_ _d e_cad,a__disP'Ita amo Se a Vontade não podia ser satisfeita no peito de um rosa, de cada __ ~gQEÇQ..QQl".Ynüio_cQJn_o sexo oposto, é > mortal (Werther), não havia mais lugar para a subsis à Vontáde. de vida, cuja prinçipa] manifestação é..exa tência de uma vontade individual ineficiente em favor tãménté a sexuaÍid<!de. do biológico. E, como o sofrimento foi grande demais, O amor também é para ser chamado de ilusão, a única saída foi Werther colocar fim ao viver. A não pois o indivíduo pensa perseguir fins próprios, ima ser que intetviesse a loucura, a qual, quando ocasiona gina procurar um gozo particular, quando em verdade da por amores infelizes, significa um mecanismo uti trabalha para algo universal, a espécie. A prova des lizado pela natureza para proteger do mal maior. se laborar em favor do biológico é o fato de o essen cial no envolvimento entre duas pessoas não ser a sim ples correspondência, a afinidade de almas, mas a Motivações inconscientes e sexualidade posse, o gozo físico. O fim de todo impulso sexual é a cópula. Ora, aqui, talvez alguns críticos julgassem Na Metafísica do amor é digna de nota a noção uma tal visão por demais áspera e realista; diante dos de motiv~ção incoris.cieri~iima-êõnceTiúaÇão tão cara. quais Schopenhauer se defenderia: "Pois não é a de à psicanã.Üse.l~so ~e perce~ ql1ando nos é expos~9 terminação precisa das individualidades da próxima um leq~~-v~~do d~ fat~_9ue~~~!?~~!~· _s ~m geração um fim muito mais elevado e mais digno que consciência (fQ_~!l~9.. La_ttvam o tmpulso sexual em aqueles seus sentimentos extremados e bolas de sa t_a\7o~-~~-~cie e _t9rnam éféti.va a inclinação en~e bão supra-sensíveis? Sim, pode mesmo haver, entre os ~ua~. . P~ssoas. Por exemplo, os homens dão preferên fins terrenos, um mais importante e elevado? Apenas cia às mulheres entre os 18 e 28 anos, pois estas se ele corresponde à profundeza com a qual o amor apai- encontram no melhor do seu período fértil, enquanto X XI
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