Mestrado em Construções Civis Condensações Superficiais em Edifícios – Estudo Prático António Coelho Matias outubro | 2016 Escola Superior de Tecnologia e Gestão Escola Superior de Tecnologia e Gestão, Engenharia Civil Mestrado em Construções Civis RELATÓRIO DE ESTÁGIO PROFISSIONALIZANTE Condensações Superficiais em Edifícios – Estudo Prático António Coelho Matias RELATÓRIO PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CONSTRUÇÕES CIVIS outubro / 2016 RESUMO As novas edificações têm vindo a ser objeto de melhorias nas técnicas construtivas em que um dos objetivos é o de lhe conferirem melhores condições de conforto e funcionalidade. A preocupação com o meio ambiente e a pegada ecológica do homem, a legislação comunitária e nacional tem surgido com tal frequência que temos assistido nos últimos anos a várias iniciativas legislativas e outras de alteração com vista a correções e aperfeiçoamentos da existente por forma a minimizar a fatura energética. No campo da térmica dos edifícios, a legislação atual é exigente e se forem atingidos os objetivos nela indicados, o custo com a energia irá reduzir significativamente, sendo necessário produzir construções com excelente isolamento térmico e utilização de equipamentos mais eficientes. A legislação também preconiza a utilização de equipamentos destinados à utilização de energia “limpa”, ou de origem renovável. Porém, o nobre objetivo de se construírem ou reconstruírem edifícios bem isolados termicamente para minimizar consumos energéticos tem colocado no mercado imóveis “doentes”, isto é, imóveis que, devido à grande preocupação em garantirem um bom desempenho térmico com recursos ao isolamento da envolvente opaca e envidraçados, foi descurada uma vertente essencial: a ventilação dos espaços. Foram edificados edifícios cuja envolvente não facilita e mais, dificulta a renovação do ar e por vezes com envolvente de fraca permeabilidade ao vapor de água e ainda com caixilharia de grande estanquicidade ao ar, resultando em espaços sem ventilação para garantir a qualidade mínima do ar interior (QAI) necessária à vida humana. A falta de ventilação dos espaços não permite a renovação do ar, potenciando a humidade relativa interior e provocando com muita frequência o fenómeno da condensação, em especial nas pontes térmicas e, por vezes, nas caixilharias (vidros e perfis). Sempre que a condensação ocorre em superfícies, esta é visível e de fácil remoção, bastando para tal proceder à sua limpeza. Contudo se nada se fizer, pode originar bolores, fungos e danificar os revestimentos. Para além das condensações superficiais, existem as condensações internas (no interior da envolvente). Estas são de difícil deteção e quando se denunciam, já poderá ter causado grandes estragos, pois o dano surge no interior dos elementos da construção e progride para as faces. Na zona da Guarda, sendo uma zona fria onde surgem temperaturas negativas, a água oriunda das condensações internas pode congelar e aumentar o seu poder destrutivo. A condensação é de difícil eliminação pois é um fenómeno que depende de vários parâmetros, uns controlados pelo utilizador do espaço e outros que lhe são alheios, como são as condições climáticas, em especial, a temperatura e humidade exteriores, vento, entre outros. Assim sendo, as condensações em edifícios são um fenómeno físico complexo, que deve merecer especial atenção na fase de projeto, construção e utilização dos edifícios, com vista à garantia de envolventes cada vez mais saudáveis e eficientes. Palavras-chave: condensação; humidade; isolamento, ventilação; temperatura ABSTRACT The new constructions buildings have been becoming the main subject of constructive technical improvements to achieve and confer the best conditions of comfort and functionality. The concern with the environment and the ecological footprint led to increasing EU and national legislations and we have witnessed, in recent years, to a lot of legislation improvements and other significate changes and progresses in order to minimize energy bill of the final consumer. In the field of thermic, the existing legislation is very demanding but if the objectives contained therein are met, the cost of energy will significantly reduce, the reason why its necessary to construct buildings with excellent thermal insulation and use more efficient equipment. The legislation also pleas for the use of equipment that employ "clean" energy or renewable sources. However, the main goal to build or rebuild well insulated buildings to minimize energy consumption, has placed on the market "sick" buildings, in other words, buildings that due to great concern in ensuring good thermal performance in the isolation of the facade and glazing, it was neglected an essential part: the ventilation of the spaces. They were built buildings which surround facades difficult the air renovation, have low permeability to water vapor and great impermeability to air glazing frames, resulting in spaces without the necessary ventilation to ensure the essential indoor air quality needed to human life. The lack of spaces ventilation does not allow the renewal of air, enhancing the inside relative humidity and causing very often the phenomenon of condensation, especially in thermal bridges and sometimes in the glazing frames. Whenever condensation occurs on surfaces it is visible and easily removed by simply cleaning. However, if nothing were done, it can lead to mold, fungi and damage the coatings. In addition to the surface condensation, there are internal condensations. These are difficult to identify and when they are seen, it may have already caused great damage, since it arises in the interior of the building elements and progresses to the faces. In Guarda, a cold zone with negative temperatures, the water coming from internal condensation may freeze and increase their destructive power. The condensation is difficult to eliminate because it is a phenomenon which depends on various factors, some controlled by space users and others that are unrelated, like weather conditions, especially the temperature and outdoor humidity, wind and others. Thus, the condensation in buildings are a physical complex phenomenon that deserves special attention in the design phase, construction and use of the buildings, ensuring increasingly healthy and efficient facades. Keywords: condensation; humidity; insulation, ventilation; temperature ABREVIATURAS ANSI – American National Standards Institute ASHRAE – American Society of Heating, Refrigerating and Air-Conditioning g/mol – gramas por mole DGEG – Diretor-Geral da Energia e Geologia ETICS - External Thermal Insulation Composite Systems ISO - International Organization for Standardization PFT – Perfluorcarbon tracer Ppm – Partes por milhão QAI – Qualidade do Ar Interior RCCTE – Regulamento das Características de Comportamento Térmico de Edifícios REH – Regulamento de Desempenho Energético dos Edifícios de Habitação RECS – Regulamento de Desempenho Energético dos Edifícios de Comércio e Serviços SCE – Sistema de Certificação Energética dos Edifícios RSA – Regulamento de Segurança e Ações para estruturas de em edifícios e pontes Rph – Renovação por hora PPT – Ponte Térmica Plana PTL – Ponte Térmica Linear 2 U - Coeficiente de Transmissão térmica (W/(m .ºC)) 2 Uref - Coeficiente de Transmissão térmica referência (W/(m .ºC)) UPTP – Coeficiente de transmissão Térmica das Pontes Térmicas Planas Condensações superficiais em edifícios - Estudo prático i ------ Página deixada em branco propositadamente ------ Condensações superficiais em edifícios - Estudo prático ii ÍNDICE GERAL ÍNDICE GERAL......................................................................................................................... xv ÍNDICE DE FIGURAS.............................................................................................................. xix ÍNDICE DE QUADROS ............................................................................................ xxiii AGRADECIMENTOS.................................................................Erro! Marcador não definido. RESUMO .....................................................................................Erro! Marcador não definido. ABSTRACT.................................................................................Erro! Marcador não definido. ÍNDICE GERAL..........................................................................................................................iii 1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 12 1. 1 – Entidade acolhedora ......................................................................................... 12 1.1.1 - A empresa acolhedora ................................................................................. 12 1.1.2 - Localização da empresa ................................................................................ 2 1.1.3 - Enquadramento da empresa no seio empresarial local.................................. 3 1.1.4 - Objetivos da empresa .................................................................................... 3 1.1.5 - Portefólio da empresa.................................................................................... 3 1.2 – Enquadramento e motivação ............................................................................... 5 1.3 – Organização do trabalho...................................................................................... 5 2. VENTILAÇÃO ......................................................................................................................... 7 2.1 – Generalidades ...................................................................................................... 7 2.2 – Ventilação natural em situação de inverno.......................................................... 9 2.2.1 – Exigência da ventilação ................................................................................ 9 2.2.2 - Permeabilidade ao ar das janelas e das portas............................................. 10 2.3 – Ventilação natural em situação de verão ........................................................... 16 2.4 – Dimensionamento da ventilação de uma fração habitacional ........................... 17 2.4.1 Ventilação conjunta da fração ....................................................................... 17 2.5.3 – A legislação sobre as características e do conforto térmico dos edifícios – percurso .................................................................................................................. 17 2.5.4 - Decreto-Lei 118/2013 de 20 de Agosto, alterado e republicado pelo DL 251/2015 de 25 de Novembro e recentemente pelo DL28/2016 de 23 de Junho... 19 2.5.5 - Portaria 349B/2013 de 29 de Novembro..................................................... 19 2.5.6 – Despacho 15793-K/2013 de 3 de Dezembro (DGEG) ............................... 20 2.6 – Avaliação da taxa renovação horária nominal (Rph) do caudal de ventilação ... 21 2.6.1 – Métodos de avaliação do caudal de renovação horária .............................. 21 Condensações superficiais em edifícios - Estudo prático iii 3. CONDENSAÇÕES................................................................................................................. 34 3.1 – Generalidades sobre o fenómeno da condensação ............................................ 34 3.2 – Análise do fenómeno físico das condensações - O método de Glaser .............. 36 3.3 – Tipos de condensações ...................................................................................... 39 3.3.1 – Condensações superficiais interiores.......................................................... 39 3.3.2 – Condensações superficiais exteriores ......................................................... 45 3.3.3 – Condensações internas................................................................................ 47 3.4 - As condensações superficiais interiores - as causas e os elementos contribuintes para o fenómeno ......................................................................................................... 51 3.4.1 – Temperaturas .............................................................................................. 51 3.4.2 - Humidade absoluta...................................................................................... 54 3.4.3 - Humidade relativa ....................................................................................... 55 3.4.4 – Ventilação................................................................................................... 57 3.4.5 - Produção de vapor de água no interior........................................................ 57 3.4.6 - Condições climáticas no exterior ................................................................ 59 3.5 – Conceito de ponte térmica e suas consequências .............................................. 60 3.5.1 – Pontes térmicas planas (PTP) ..................................................................... 60 3.5.2 – Pontes térmicas lineares.............................................................................. 64 3.6 - As pontes térmicas e o desempenho dos edifícios ............................................. 65 3.7 – Consequências da condensação ......................................................................... 68 3.7.1 - Danos na construção.................................................................................... 68 3.7.2 - Danos na saúde............................................................................................ 68 4. CASO PRÁTICO .................................................................................................................... 70 4.1 - Fração habitacional – descrição do fogo (edifício e fração) .............................. 72 4.1.1 – Ventilação da fração ................................................................................... 74 4.1.2 – Medições..................................................................................................... 77 4.1.3 - Estudo das humidades e pressões de vapor................................................. 78 4.1.4 – Temperatura do ponto de orvalho............................................................... 78 4.1.5 - Estudo da condensação................................................................................ 79 4.2 - Fração comercial/serviços .................................................................................. 97 4.2.1 – Medições..................................................................................................... 98 4.2.2 - Estudo das humidades e pressão de vapor ................................................ 100 4.2.3 – Descrição sucinta...................................................................................... 100 4.3 – Nota conclusiva ............................................................................................... 106 4.3.1 - Soluções construtivas à época ................................................................... 106 4.3.2 - Tendência atual ............................................................................................. 107 4.3.3 – Limitações e síntese dos resultados .............................................................. 108 Condensações superficiais em edifícios - Estudo prático iv