ISSN 0872 - 671X Medicina Interna LIVRO DE RESUMOS VOL.25 Edição REVISTA DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE MEDICINA INTERNA Especial Portuguese Journal of Internal Medicine MAI/JUN 2018 A Revista está conforme os princípios e procedimentos ditados pelo Committee on Publication Ethics (COPE) www.publicationethics.org This journal subscribes to the principles and guidelines of the Committee o2n4 Pº uCbolicnagtrieosns Eot hNicasc (iCoOnaPlE )d we wMwe.dpuicbilnicaa tIniotneernthaics.org1 Medicina Interna REVISTA DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE MEDICINA INTERNA Portuguese Journal of Internal Medicine Director | Director Ad Médic, Lda. Luís Campos, Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental Calçada de Arroios, 16 C. Sala 3. 1000-027 Lisboa – Hospital São Francisco Xavier, Lisboa, Portugal Tel.: 218 429 710 Fax: 218 429 719 Editor-Chefe | Editor-in-Chief Paula Cordeiro - [email protected] João Sá, Hospital da Luz, Lisboa, Portugal www.admedic.pt Editores Associados | Associated Editors Propriedade, Edição, Publicidade e Administração Property, Editing, Advertising and Management Lèlita Santos, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Coimbra, Portugal Sociedade Portuguesa de Medicina Interna Vasco Barreto, Hospital de Pedro Hispano, Matosinhos, Portugal Rua da Tobis Portuguesa, nº 8, 2º sala 7 1750-292 Lisboa Filipa Malheiro, Hospital da Luz, Lisboa, Portugal Tel.: 217520570 Fax: 217520579 [email protected] | [email protected] Conselho Editorial | Editorial Board http://www.spmi.pt Ana Borges, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Coimbra, Portugal Assistentes Editoriais | Editorial Assistants Bebiana Gonçalves, Hospital da Luz, Lisboa, Portugal Cristina Azevedo Cristina Rosário, Hospital Pedro Hispano, Matosinhos, Portugal Ana Silva David D’Cruz, St. Thomas Lupus Unit, UK Registo | Register Emilio Casariego Vales, Presidente da Sociedade Española de Isenta de registo por não estar à disposição Medicina Interna, España do público em geral (Despacho da ERC em 05/12/2012) Frank Bosch, Dutch Society of Internal Medicine, European Federation of Internal Medicine, Netherlands Periodicidade | Periodicity João Ascensão, Faculty of Medicine, George Washington University, Trimestral (4 números por ano) USA Luís Duarte Costa, Hospital da Luz, Lisboa, Portugal Tiragem | Edition Mafalda Santos, Hospital São Sebastião, Santa Maria da Feira, Portugal 3000 exemplares Marco Fernandes, Hospital São Sebastião, Santa Maria a Feira, Impressa em papel ecológico e livre de cloro, papel Portugal não ácido/Printed in acid-free paper Maria João Lobão, Hospital de Cascais, Cascais, Portugal Depósito Legal | Legal Deposit Nuno Bernardino Vieira, Hospital de Portimão, Portimão, Portugal 175 203/02 Patrícia Dias, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Coimbra, Portugal Indexada: IndexRMP | Indexed in: IndexRMP Ramon Pujol, Faculty of Medicine, Universitat Barcelona, España Journal Following the ICMJE Recommendations (5/7/15) Sofia Lourenço, Hospital Prof. Doutor Fernando da Fonseca, Portugal Normas de Publicação | Instructions for Authors Zélia Lopes, Hospital Padre Américo, Centro Hospitalar do Tâmega e http://revista.spmi.pt/site/normas_publicacao.php Sousa, Penafiel, Portugal Editor Técnico | Technical Editor Assinatura anual | Annual Subscription João Figueira €15 Consultora de Estatística | Statistical Consultant Preço por número | Price per number Margarida Rebelo €5 Consultora Técnica | Technical Consultant Helena Donato Consultora de Lingua Inglesa | English Language Consultant Marisa Manteigas Open Access A Revista está conforme os princípios e procedimentos ditados pelo A Revista Medicina Interna está licenciada com uma Licença Creative Commons Committee on Publication Ethics (COPE) www.publicationethics.org - Atribuição-Não Comercial-Sem Derivações 4.0 Internacional. This journal subscribes to the principles and guidelines of the Committee A Revista Medicina Interna is licensed under a Creative Commons Attribution-Non on Publication Ethics (COPE) www.publicationethics.org Commercial-No Derivatives 4.0 International License. Paginação | Publishing Indexada na SciELO ISSN 0872 - 671X Medicina Interna 2 REVISTA DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE MEDICINA INTERNA ÍNDICE GERAL Listagem dos Revisores 04 Comunicações Orais 07 Imagens em Medicina 109 E-Posters 173 Índice de Autores 592 24º Congresso Nacional de Medicina Interna 3 LISTAGEM DE REVISORES Listagem dos Revisores que participam na classificação dos Abstracts Abílio Gonçalves Cristina Duarte Adriano José Carvalho Rodrigues Cristina Rosári Aida Cordero Diana Leite Alexandra Reis Diogo Cruz Ana Alexandra Duarte Martins Domitília Faria Ana Campar Duarte Silva Soares Ana Catarina Pereira Edna Gonçalves Ana Catarina Rodrigues Elena Pirtac Ana Fernandes Grilo Elisa Tomé Ana Filipa Carvalh Estevão Pape Ana Gomes Fátima Campante Ana Isabel de Sá Pimenta de Castro Fátima Guedes Ana João Sá Fátima Lampreia Ana Luísa Rodrigues Maia Patrocínio Cruz Fausto Roxo Ana Paiva Nunes Fernando Frioes Ana Rita Fernandes Fernando Salvador Ana Rita Sanches Filipe Perneta Ana Sofia Pinto Basto Teixeira Filomena Esteves Ana Sofia Silva Francisca Delerue Ana Tornada Francisco Araújo Ana Glória Fonseca Francisco Gonçalves Silva Ana Luísa Broa Francisco San Martin Anabela Barros Helena Cristina Teixeira Anabela Raimundo Helena Sarmento António H. Carneiro Hugo Martins Avelino Ferreira Inês Antunes Bruno Grima Inês Palma dos Reis Carlos Manuel Alves Cabrita Isabel Maldonado Carlos Vasconcelos Isabel Maria Azevedo Madruga Carmélia Rodrigues Isabel Martins Carolina Guedes Ivone Ferreira Catarina Bekerman Jaime Louro Catarina Conceição Joana Mascarenhas Catarina Mota Joana Moreira Catarina Valadão João Araújo Correia Cesar Lourenço João Madaleno Cláudia Rodrigues João Namora dos Santos Conceição Escarigo João Pessoa Cruz Conceição Pires Jorge Poço Cristiana Batouxas José Barata MMeeddiicciinnaa IInntteerrnnaa 44 RREEVVIISSTTAA DDAA SSOOCCIIEEDDAADDEE PPOORRTTUUGGUUEESSAA DDEE MMEEDDIICCIINNAA IINNTTEERRNNAA LISTAGEM DE REVISORES José Bernardes Correia Pedro Caiano Gil José Manuel del Águila Pedro Costa José Pereira de Moura Pedro Marques da Silva Juan Manuel Urbano Gálvez Pedro Miguel Guerra Ribeiro Júlio Oliveira Pedro Von Haffe Karolina Ewa Godula Sodré Aguiar Raquel Calisto Luis Brito Avo Raquel Faria Luis Val Flores Raquel Lopez Luís Pedro Alves Tavares Ricardo Louro Luís Francisco Alvarenga Varela Rita Jorge Luisa Fonseca Rita Nortadas Luisa Pinto Rogério Vicente Ferreira Luisa Rebocho Rosas Vieira Luísa Azevedo Rubina Miranda Luísa Eça Guimarães Rui Barros Luísa Pereira Rui Carneiro Madalena Lisboa Rui Rodrigues Manuel Calzado Criado Rute Caçola Márcia Ribeiro Sandra Mafalda Marques Santos Margarida Coelho Sara Croca Celeste Guedes Sara Rocha Maria do Céu Dória Sílvia Rodrigues Maria do Céu Rocha Sofia Margarida Ribeiro Amálio Maria João Lobão Sofia Mateus Maria João Regadas Susana Bastos Heitor M. Teresa Cardoso Susana Coelho Mário Amaro Susana Livramento Martins Baptista Susana Marques Melanie Ferreira Suzana Calretas Miriam Cimbron Teresa Fonseca Nuno Cardoso Teresa Souto Moura Nuno Bernardino Vieira Teresinha Ponte Patrícia Aguiar Tiago Judas Patrícia Monteiro Umbelina Caixas Paula Dias Vanda Spencer Paula Felgueiras Vera Salvado Paula Lopes Vitor Fagundes Paulo Carrola Vitória Cunha Pedro Correia Azevedo Wildemar Costa Pedro Beirão Zélia Lopes 24º Congresso Nacional de Medicina Interna 5 COMUNICAÇÕES ORAIS COMUNICAÇÕES ORAIS 02 DE JUNHO DE 2018 Sala Portimão 09:00 - 10:00 Sala Silves VI 09:00 - 10:00 CO002 422 UM CASO RARO DE ENDOCARDITE FÚNGICA Doença Infecciosa e Parasitárias COM EMBOLIZAÇÃO SISTÉMICA: A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO Francisco Teixeira Da Silva, Fernando Rocha Correia, Ana CO 001 Sofia Costa Matos, João Pedro Pais, Rosana Maia, Miguel 383 QUANDO A PNEUMONIA SE COMPLICA Romano, Manuel Ferreira, Diana Guerra, Carmélia Rodrigues Vilma Laís Grilo, Ana Glória Fonseca, Francisca Delerue ULSAM, Viana Do Castelo, Portugal Hospital Garcia de Orta, Almada, Portugal Introdução Introdução A endocardite infecciosa (EI) fúngica é uma infeção rara, com A pneumonia necrotizante (PN) e o abcesso pulmonar (AP) são incidência estimada de 2,9% nas 2 últimas décadas. Os agen- complicações raras da pneumonia da comunidade (PC) bacte- tes fúngicos mais frequentes são da família Candida [C.], sendo riana, mas que condicionam elevada morbilidade e mortalidade. os mais frequentes a C.albicans e a C. parapsilosis. Os principais microorganismos associados a PN e AP são Sta- Descrição phylococcus aureus, Klebsiella pneumoniae e Pseudomonas CASO CLÍNICO: Apresenta-se o caso de um homem de 81 aeruginosa. Dada a gravidade das complicações, a cirurgia é anos, portador de bioprótese aórtica e com internamento re- frequentemente essencial para o sucesso terapêutico. cente para gastrectomia subtotal por adenocarcinoma gástrico, Descrição complicado por infeção nosocomial associada a catéter venoso Homem de 57 anos, com antecedentes de cardiopatia valvular central com fungemia por C. parapsilosis. Admitido no Serviço e tabagismo activo. Admitido por toracalgia pleurítica à direita, de Urgência por febre, astenia e anorexia com 1 mês de evo- tosse e expectoração muco-purulenta com 5 dias de evolução. lução. Ao exame físico apresentava sopro sistólico aórtico grau À admissão encontrava-se febril, polipneico, com murmúrio ve- II/VI e esplenomegalia. Do estudo realizado, foi documentada sicular diminuído e fervores crepitantes na base direita. Apre- bicitopenia, enfarte esplénico, massa aderente à face ventricu- sentava parâmetros inflamatórios aumentados, insuficiência lar da valva protésica “coronariana direita” no ecocardiograma respiratória parcial e hipotransparência da base direita na ra- transesofágico (ETE) e isolamento de C. parapsilosis nas he- diografia de tórax. Admitiu-se PC hipoxemiante e iniciou amo- moculturas. Iniciada terapêutica antifúngica com anfotericina B xicilina/ácido clavulânico e claritromicina, isolando-se Klebsiella lipossómica, suspensa por reação anafilática grave. Opção por pneumoniae em hemoculturas. Apesar da terapêutica dirigida caspofungina, suspensa após documentação de resistência manteve febre diária, toracalgia e expectoração hemoptóica. A in vitro em teste de susceptibilidade; iniciou terapêutica com reavaliação imagiológica mostrou abcesso lobar inferior direito fluconazol. Foi recusado para cirurgica de substituição aórtica, de grandes dimensões, condensação da base direita quase di- considerando risco anestésico elevado. Evolução favorável nos fusa e empiema loculado. Alargado espectro de antibioterapia, ETE sucessivos. Teve alta com terapêutica supressora com flu- sem melhoria clínica, analítica e imagiológica após 26 dias de conazol oral. Readmitido posteriormente com dor lombar, febre terapêutica dirigida, pelo que foi submetido a descorticação e vómitos, tendo sido diagnosticada espondilodiscite séptica pulmonar/lobectomia. lombar. Desenvolvimento de resistência ao fluconazol, com evo- A evolução desfavorável da PC apesar do tratamento é um lução desfavorável, tendo sido verificado óbito. problema comum, podendo estar relacionada com factores do DISCUSSÃO hospedeiro e suas comorbilidades, resistências antibióticas, e São fatores de risco para EI fúngica a cirurgia valvular, antibiote- desenvolvimento de PN e AP. Na presença de complicações rapia prévia, dispositivos intravasculares e imunossupressão. O com perpetuação de alterações estruturais pulmonares, o tratamento recomendado inclui intervenção cirúrgica precoce e prognóstico é desfavorável mesmo com a instituição precoce curso longo de antibioterapia antifúngica. A EI fúngica de válvula de antibioterapia dirigida, carecendo de intervenção cirúrgica protésica apresenta mau prognóstico e uma taxa de mortalida- mutilante para adequado controlo do foco infeccioso, como se de elevada; mesmo no tratamento combinado, a taxa de mor- verificou neste caso clínico. talidade é cerca de 40% em séries recentes. 24º Congresso Nacional de Medicina Interna 7 COMUNICAÇÕES ORAIS 31 DE MAIO 02 DE JUNHO Sala Portimão 14:00 - 15:30 Sala Portimão 09:00 - 10:00 CO003 CO004 630 SÍNDROME HEMOFAGOCÍTICO 678 KALA-AZAR E COLANGITE BILIAR PRIMÁRIA – - UM SUSPEITO A CONSIDERAR UMA ASSOCIAÇÃO DUPLAMENTE RARA Sara Vilas-Boas, Inês Bargiela, Tiago Tomás, Luísa Mónica Dinis De Mesquita, Ana Oliveira E Costa, Rita Rei Figueiredo, Luísa Leal Da Costa, Maria João Gomes, Queirós, Ana Isabel Barreira, Paulo Carrola, Paula Vaz Ana Sofia Ventura Marques Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca, Amadora, Portugal Centro Hospitalar de Trás-os-montes e Alto Douro, Vila Real, Portugal Introdução Introdução A síndrome hemofagocítica (SHF) é rara e potencialmente fatal, A leishmaniose é uma doença parasitária que pode ter atingi- sendo causada por uma resposta imunológica descontrolada e mento cutâneo, mucocutâneo e visceral. A leishmaniose vis- ineficaz. As formas adquiridas ocorrem associadas frequente- ceral (LV), ou Kala-Azar, é uma forma rara, disseminada e po- mente a infeções, neoplasia e doenças autoimunes. Pela apre- tencialmente fatal. Algumas das manifestações clínicas estão sentação inespecífica e pelo diagnóstico diferencial com as pró- associadas a uma resposta imune do hospedeiro, podendo prias patologias que a podem desencadear, é necessário um mimetizar doenças autoimunes. elevado nível de suspeição para o diagnóstico. Descrição Descrição Mulher de 43 anos, com antecedentes de asma brônquica. Epi- CASO CLÍNICO: Mulher de 89 anos, sem antecedentes rele- demiologicamente, a referir convivência com 3 cães vacinados. vantes, internada por quadro consumptivo com 1 mês de evo- Recorreu ao serviço de urgência por hipersudorese noturna e lução e tosse produtiva. À observação, mucosas descoradas astenia com 4 meses de evolução, febre de aparecimento na e auscultação pulmonar com roncos à direita. Analiticamente última semana e dor na fossa ilíaca esquerda contínua com ir- com bicitopénia (Hemoglobina 6,2 g/dL, plaquetas 70000 µL) e radiação ao quadrante superior do abdómen de início no pró- elevação da proteína C reativa (PCR 9,53mg/dL). prio dia. Objetivamente apresentava hepatomegalia ligeira e es- plenomegalia exuberante. Analiticamente com citocolestase e Iniciou antibioterapia empírica, admitindo-se infeção respirató- pancitopenia. No decurso da investigação apresenta evolução ria. Apesar de descida da PCR, manteve febre e agravamento clínica desfavorável com disfunção hepatocelular crescente, da bicitopénia. Pelo quadro constitucional, foi pedida tomogra- agravamento da pancitopenia e discrasia da coagulação asso- fia axial computorizada que mostrou esplenomegalia (17cm). ciadas a epistáxis e hematomas dispersos, com necessidade Perante a bicitopénia a agravar, fez mielograma e biópsia óssea de suporte transfusional e introdução de antibioterapia de largo que mostraram medula reativa, com histiócitos e hemofagos- espectro por neutropenia febril. Do estudo realizado apresenta- somas. Pela suspeita de SHF, pedido restante estudo, salien- va serologia positiva para leishmânia (com pesquisa negativa do tando-se ferritina 1494mcg/L, hipertrigliceridemia (575mg/dL), parasita na medula óssea). Iniciou anfotericina B lipossómica, assumindo-se assim o diagnóstico pelo cumprimento de 6 dos com evolução posterior favorável. Apresentou também positi- critérios (febre, bicitopenia, hiperferritininémia, esplenomegália, vidade de anticorpos anti-mitocôndria (anti-M2 +). Iniciou ácido hemofagossomas no mielograma e hipertrigliceridemia). Iniciou ursodesoxicólico 15mg/kg/dia na presunção de colangite biliar pulsos de metilprednisolona. Manteve agravamento clinico, ve- primária (CBP). Após 4 meses de “follow-up” apresenta-se as- rificando-se o óbito, ao 3º dia de corticoterapia endovenosa. sintomática sem citopenias e melhoria significativa da colestase. DISCUSSÃO: O diagnóstico atempado do SHF é essencial para Conclusão: iniciar a terapêutica antes que o dano provocado por citoqui- nas seja irreversível. Este caso mostra que esta síndrome pode O presente caso clínico corresponde a uma apresentação de ocorrer mesmo em doentes muito idosos e que a suspeita clini- uma doença rara e potencialmente fatal (LV) concomitante com ca é fundamental para o diagnóstico, uma vez que o quadro é o diagnóstico de outra entidade incomum (CBP). Apesar de a frequentemente inespecífico, com formas de apresentação que LV poder ser responsável pela positividade de determinados au- se assemelham a patologias mais comuns e com tratamentos to-anticorpos na fase aguda, no presente caso essa positivida- potencialmente diferentes. de, assim como a colestase, manteve-se. MMeeddiicciinnaa IInntteerrnnaa 88 RREEVVIISSTTAA DDAA SSOOCCIIEEDDAADDEE PPOORRTTUUGGUUEESSAA DDEE MMEEDDIICCIINNAA IINNTTEERRNNAA COMUNICAÇÕES ORAIS 01 DE JUNHO 31 DE MAIO Sala Lagos III 09:00 - 10:30 Sala Portimão 14:00 - 15:30 CO005 CO006 750 LEUCOENCEFALOPATIA MULTIFOCAL 899 TÉTANO GENERALIZADO COMPLICADO PROGRESSIVA: A MESMA DOENÇA, 3 DE COMA SECUNDÁRIO A INTOXICAÇÃO POR APRESENTAÇÕES DIFERENTES BACLOFENO Andreia Machado Ribeiro, Carla Tonel Tania Afonso1, Andreia Diegues1, Rui Terras Alexandre2, Diana Fernandes1, Tiago Ceriz Mata1, Domingos Fernandes2 Hospital de Vila Franca de Xira, Vila Franca De Xira, Portugal 1Serviço de Medicina Interna, ULSNE, Bragança, Portugal Introdução 2Serviço de Medicina Intensiva, ULSNE, Bragança, Portugal A leucoencefalopatia multifocal progressiva (LEMP) é uma Introdução doença desmielinizante do sistema nervoso central causa- O tétano é uma doença rara, potencialmente fatal, causada por da pelo vírus JC, que ocorre em indivíduos imunodeprimidos, uma neurotoxina produzida pelo bacilo Clostridium tetani. O nomeadamente com infecção pelo vírus da imunodeficiência diagnóstico é clínico e o prognóstico depende da precocidade humana (VIH) ou neoplasias hematológicas. Apresentam-se 3 da intervenção. O baclofeno intratecal é uma das terapêuticas casos clínicos de LEMP observados num serviço de Medicina usadas com sucesso no controlo da tetania. Interna dum hospital distrital no ano de 2017. Descrição Descrição Descreve-se o caso de uma mulher de 69 anos, sem antece- Casos clínicos dentes patológicos conhecidos ou medicação habitual, não ha- Caso 1: Homem, 54 anos, antecedentes irrelevantes. Trazido ao vendo registo de imunização antitetânica. Admitida no serviço serviço de urgência (SU) por disartria, desequilíbrio da marcha de urgência vigil, apirética, hipertensa, taquicárdica, polipneica, e agitação psicomotora com heteroagressividade com 2 meses diaforética, com trismo, hiperextensão cervical, espasmos mus- de evolução. Serologia para VIH positiva, carga viral 114.400có- culares generalizados caracterizados por flexão e adução dos pias e CD4 172células. Ressonância magnética (RM): lesão da membros superiores com os punhos cerrados, e extensão dos substância branca subcortical hemisférica cerebelosa bilateral. membros inferiores associados a períodos de apneia. A salien- Punção lombar (PL): vírus JC positivo. Iniciou antirretrovíricos e tar ainda a presença de lesão traumática infetada no 1º dedo teve alta referenciado à consulta. da mão direita. Analiticamente com leucocitose e neutrofilia, Caso 2: Homem, 41 anos, antecedentes de infecção VIH não PCR de 0.99 mg/dL e rabdomiólise (CK 3651 U/L). TC CE e medicada e toxicofilia activa. Trazido ao SU por disartria com líquor sem alterações. Assumido o diagnóstico de tétano gene- início 4 dias antes. RM: lesão subcortical frontal esquerda com ralizado. Fez 3000 UI de imunoglobulina antitetânica, a vacina extensão à região parietal, coroa radiária e cápsula interna e le- contra difteria/tétano e iniciou antibioterapia com metronidazol são subcortical frontal direita. Carga viral VIH1 147500cópias e e ceftriaxona. Foi admitida em UCI por necessidade de suporte CD4 42células. PL: vírus JC positivo. Iniciou antirretrovíricos, ve- ventilatório invasivo e disfunção autonómica grave. A rigidez e rificou-se agravamento clínico progressivo tendo vindo a falecer. espasmos musculares foram controlados com sedoanalgesia, Caso 3: Mulher, 63 anos, antecedentes de linfoma não Hodgkin bloqueio neuromuscular e baclofeno intratecal. No 24º dia de folicular. Trazida ao SU por febre, desorientação temporoespa- internamento, já sem sedoanalgesia, constatado coma (ECG cial e hemiparésia esquerda. RM: lesões infiltrativas da região 3T) e ausência de reflexos do tronco cerebral, com BIS entre lateral e anterior do tálamo esquerdo e lenticular posterior; lesão 60 – 90. Na ausência de distúrbios metabólicos ou outros que cortical e subcortical frontal bilateral. Biópsia cerebral: tecido pudessem justificar o quadro, equacionada a possibilidade de cerebral com macrófagos, linfócitos reactivos e células gliais, intoxicação por baclofeno. Fez-se washout do fármaco com re- sugestivo de LEMP. A doente faleceu poucos dias após o diag- cuperação. nóstico. Discussão: Apesar de raro em Portugal, o tétano continua a re- Discussão presentar um problema de saúde pública sobretudo em franjas da população com menor cobertura vacinal. O caso apresen- Não existe tratamento específico para a LEMP, é uma doença tado alerta para a importância da suspeição diagnóstica e para progressiva e frequentemente fatal. O prognóstico é mau com uma complicação infrequente do tratamento. uma sobrevida média de 1,8 anos nos doentes com VIH e ape- nas 3 meses em doentes não VIH. 24º Congresso Nacional de Medicina Interna 9 COMUNICAÇÕES ORAIS CO007 02 DE JUNHO 915 SÍNDROME INFLAMATÓRIO DE Sala Silves VI 09:00 - 10:00 RECONSTITUIÇÃO IMUNE NA TUBERCULOSE Margarida Xavier, Maria Eduarda Lourenço, Glória Nunes Da Silva CO008 995 TUBERCULOSE DISSEMINADA E Serviço de Medicina III, Hospital Pulido Valente - Centro Hospitalar Lisboa Norte, Lisboa, Portugal MANIFESTAÇÕES ATÍPICAS – COINCIDÊNCIA OU Introdução CONSEQUÊNCIA? Daniela Soares Santos, Ana Luísa Nunes, Jandira Lima, O síndrome inflamatório de reconstituição imune na tuberculo- Rui M. Santos, Armando Carvalho se, resulta de uma resposta imune excessiva contra o Myco- bacterium tuberculosis, na sequência de terapêutica antibacilar Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Coimbra, Portugal eficaz (em doentes não infectados por Vírus da Imunodeficiên- Introdução cia Humana - VIH) ou de terapêutica anti-retroviral. Manifesta-se O espetro clínico da tuberculose é vasto, particularmente na tu- por agravamento de lesões iniciais ou por novas manifestações berculose dissemidada ativa que se associa a condições raras: de tuberculose. líquen scrofulosorum, tuberculide por reacção de hipersensibi- A frequência do síndrome em doentes não infectados por VIH lidade a antigénios de Mycobacterium; tromboembolismo ve- é avaliada entre 2 e 23% e a mortalidade cerca de 3%. A corti- noso(TEV) para a qual existe maior propensão, apesar de não coterapia tem impacto positivo na sintomatologia, morbilidade existir correlação documentada. e qualidade de vida, mas não na mortalidade. Descrição Descrição Mulher, 20 anos, admitida por anorexia, astenia, perda pon- Homem de 22 anos, guineense, seronegativo para VIH, com deral, tumefação cervical esquerda dolorosa e exantema do tuberculose extra-pulmonar – ganglionar retroperitoneal con- tronco há um mês. Medicada com antibiótico sem melhoria. fluente, em extensas colecções nos psoas e espondiscite de Febre vespertina desde há uma semana. Contacto três anos L4, com múltiplos abcessos perivertebrais e intramusculares antes com doente com tuberculose e intradermorreacção(IDR) regionais. Foi efectuada drenagem percutânea das colecções positiva, recusando tratamento. Objetivadas adenopatias cer- retroperitoneais e identificado DNA de Mycobacterium tubercu- vicais e exantema micropapular abdominal e dorsal sugestivo losis no material aspirado. de líquen scrofulosorum confirmado por biópsia cutânea. IDR No 5º dia de terapêutica anti-bacilar documentou-se pericardite positiva, desencadeando no local lesões de líquen. Pesquisa sintomática (espessamento pericárdico persistente), pelo que de micobactérias na expetoração com exame direto negativo. foi instituída corticoterapia. No 36º dia de terapêutica foi docu- IGRA positivo. No internamento inicia dor torácica súbita, eleva- mentado aumento da extensão das coleções retroperitoneais e ção do segmento ST em V1-V4 e dos marcadores de necrose extensão de espodilite a L3 e L5. miocárdica, com derrame pericárdico. Por miopericardite aguda inicia ácido acetilsalicílico com melhoria progressiva, substituído Verificou-se melhoria sintomática e laboratorial nas primeiras por colchicina por hepatite tóxica. TC exclui outras adenopa- semanas de terapêutica e posteriormente, resolução de colec- tias e revela tromboembolia pulmonar bilateral e trombo na veia ções retroperitoneais e melhoria de espondilite. ilíaca esquerda. Inicia anticoagulação terapêutica. Anatomopa- Discussão: tologia do gânglio cervical excisado com inflamação granulo- Tanto o envolvimento pericárdico sintomático "de novo" como matosa com necrose caseificada. Culturas do gânglio cervical e a recrudescência paradoxal de lesões de tuberculose já identi- expectoração identificam Mycobacterium tuberculosis complex. ficadas, são diagnósticas de síndrome inflamatório de reconsti- Inicia antibacilares com ajuste da isoniazida por hepatite toxica tuição imune neste doente. e acetilação intermédia gene NAT2. Salienta-se a importância de considerar este fenómeno perante DISCUSSÃO: Trata-se de um caso de tuberculose disseminada agravamento inesperado de tuberculose em doentes sob tera- ativa anos após exposição, que alerta para manifestações me- pêutica anti-bacilar. nos frequentes.O líquen scrofulosorum permite forte suspeita diagnóstica, como o caso demonstra. Apesar de não correla- cionados, o desenvolvimento de TEV realça a necessidade de profilaxia atempada e início precoce de antibacilares. MMeeddiicciinnaa IInntteerrnnaa 1100 RREEVVIISSTTAA DDAA SSOOCCIIEEDDAADDEE PPOORRTTUUGGUUEESSAA DDEE MMEEDDIICCIINNAA IINNTTEERRNNAA
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