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Matrix: bem-vindo ao deserto do real PDF

280 Pages·2005·1.76 MB·Portuguese
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WILLIAN IRWIN MATRIX: BEM-VINDO AO DESERTO DO REAL A GRADECIMENTOS Sou muito grato aos autores que contribuíram com seu intenso trabalho, produção pontual e uma magnífica visão. O pessoa! fantástico da Open Court, principalmente David Ramsay Steele, Marc Aronson, Kerri Mommer, Lisa Morie e Jennifer Asmuth me deu sábios conselhos, assistência sempre oportuna e grande apoio. Minhas estudantes assistentes, IrishaAllen e Jennifer O'Neill, fizeram a revisão dos originais e me pouparam de gafes e falhas. As que escaparam da revisão são de minha responsabilidade. E finalmente, não menos importantes, recebem meus agradecimentos os amigos, colegas e estudantes com quem discuti o filme Matrix e filosofia, que contribuíram para que este livro fosse possível e ofereceram valioso feedback sobre o trabalho em andamento. Uma lista de todos os nomes seria inevitavelmente incompleta, mas entre aqueles a quem muito devo estão: Rich Agnello, Adam Albert, Mark Conard, BUI Drumin, Robert Guldner, Peg Hogan, Megan Lloyd, Henry Nardone, a Sociedade Socrática de King's College, Aeon Skoble, Nick Tylenda e Joe Zeccardi. Dedicado a Peter H. Hare, Morpheus para muita gente I À E B NTRODUÇÃO DIÇÃO RASILEIRA "L !" IBERTE SUA MENTE Para começarmos a entender Matrix é fundamental que façamos a pergunta essencial do filme: O que é a Matrix? Nas telas do cinema, Matrix é um mundo de sonhos gerado por computador, o qual, por meio de uma realidade virtual, simula o nosso mundo como é hoje. O fenômeno Matrix pode ser compreendido, se considerarmos as influências dos temas que aparecem, direta ou indiretamente, no roteiro do filme. Citarei alguns exemplos: distopia, esperança, filosofia, 1984 de George Orwell, artes marciais, cybercultura, agentes secretos, conspirações, romance, Alice no País das Maravilhas de Lewis Carroll, messianismo, mitologia grega e céltica. Admirável Mundo Novo de Aldous Huxley, ficção científica e assim por diante. Poderia começar pelo messianismo — crença na vinda do Salvador, Jesus, Messias, Buda, Krishna, Noé, rei Artur... Mas começarei pela Filosofia, que, segundo o Aurélio: Filosofia 1. é o estudo que visa compreensão da realidade, no sentido de aprendê-la na sua totalidade: 2. Razão; Sabedoria. Vamos a Matrix! Morpheus tem aspectos diferentes: algumas vezes o relaciono com o "Mestre" da Grande Fraternidade Branca, que tem de ensinar o seu discípulo, Neo, a vencer a ilusão (Maya) para desta forma, enfrentar a Matrix. Para que isso aconteça, Neo tem de transformar-se em Mestre, por meio dos softwares (programas) que começa seu aprendizado. Por outro lado, Morpheus é um deus da mitologia grega, filho da noite e do sono, deus dos sonhos, filho de Hypnos. Deus que proporciona o repouso necessário ao homem fatigado para que este possa, por meio dos sonhos, libertar o adormecido de seus pesares. Em sua missão, Morpheus leva Neo para conhecer o "Oráculo", que logo lhe mostra a frase "Conhece-te a ti mesmo", que no Templo de Delfos assim aparece inscrito: "Conhece-te a ti mesmo e conhecerás o Universo e os deuses". Pítia (ou pitonisa) era um "título" muito antigo e designava a sacerdotisa de Apolo que, no Oráculo de Delfos, entrava em transe para receber as profecias e as respostas do deus. O nome, talvez relacionado ao antigo nome de Delfos, Pito, remonta, provavelmente, à época em que o oráculo era consagrado a Gaia e guardado pela serpente Píton, morta por Apolo. No interior do santuário, a pergunta do consulente era então transmitida à Pítia que, sentada sobre a trípode sagrada e com um ramo de loureiro (um dos atributos de Apolo) nas mãos, inalava os vapores de uma fenda, entrava em êxtase e transmitia a resposta de Apolo. A profecia, sempre enigmática e ambígua, era registrada pelos demais sacerdotes, interpretada por eles entre versos hexâmetros. A cidade de Delfos fora consagrada a princípio à Terra, em seguida a Têmis (justiça), depois a Febe (a Lua mediadora), por fim a Apolo, o deus solar, o verbo solar, a palavra universal, o grande mediador, o Vishnu dos hindus, o Mithras dos persas, o Horus dos egípcios, o Logos da Teosofia. Aliás, Logos significa "espírito", "razão" ou "linguagem". Na Bíblia, o Logos aparece no Evangelho de João, no qual é traduzido como "Verbo", e é um dos atributos de Deus; "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus". Os gnósticos interpretavam o Logos como uma denominação do verdadeiro Deus. Durante uma visão, o líder gnóstico Valentino viu o Logos sob a forma de um menino não muito diferente do órfão que fala a Neo a respeito da colher em Matrix. No Gnosticismo, o Arquiteto assemelha-se ao Demiurgo, um deus falso. Os gnósticos acreditavam que todos viviam em um mundo material e que despertaríamos para a realidade verdadeira. Matrix também nos faz lembrar de Sócrates, esse sábio que mudou o panorama da Filosofia e da humanidade, fundador da ética ou filosofia moral. Por sua causa, as pessoas passaram a se interessar e a estudar, não apenas a realidade exterior, mas a interior. Sócrates, em sua época, também procurou o "Oráculo", e este vaticinou ser ele o homem mais sábio dos homens. Todas as pessoas achavam isso, menos Sócrates. No filme, todos acham que Neo é o "Escolhido", menos ele. Para Sócrates, a sabedoria consiste no reconhecimento da própria ignorância, o que envolve o abandono de idéias preconcebidas. Isso tem uma profundidade imensa. As pessoas não questionam, são ignorantes (não conhecem). Elas buscam um caminho um tanto controverso, sem nenhum fundamento, baseiam- se em livros sem começo e sem fim de autoria desconhecida e com traduções duvidosas. Em Matrix, algumas coincidências com as religiões são fáceis de serem percebidas. A ligação de Neo com o Messias é óbvia, tanto em sua ressureição como nas profecias da vinda do Salvador, que é preparada por Morpheus (na Bíblia, por João Batista); Nabucodonosor é a nave com o mesmo nome do rei babilônico responsável pela destruição do Templo de Jerusalém; na nave de Matrix existe a inscrição Mark III nº 11, em referência ao Evangelho de Marcos 3:11, que diz: "E quando os espíritos impuros o viam, se jogavam gritando: 'Tu és o Filho de Deus'". Já que mencionei o número 11, voltemos ao início do filme, quando deixa gravado na tela por alguns instantes o número 506, que em sua soma tem como resultado o número 11. Este é considerado um número "mestre". O 11 é o despertador para a consciência Divina, um portal dimensional, o fogo sagrado presente em nosso ser. Este número está associado à carta "força" do Taro, que representa a vitalidade, a força e o brilho de todos os seres. Indica energia transbordante. O 11 é o número de Nuit (Deusa Noite). Os maçons representam esse número com o Hexagrama Pentáfico, o pentagrama inscrito no Hexagrama. Para a tradição chinesa, o 11 é o número pelo qual se constitui, na sua totalidade, o caminho do Céu e da Terra, Tcheng. É o número do Tao. No hebraico, está relacionado à letra Teth, que significa serpente. É o asilo do homem, seu escudo e proteção. No caminho cabalístico, a letra Teth une e equilibra Chesed (a misericórdia) com Gueburah (a severidade). É a ponte que integra a polaridade da construção e da destruição. Diz Robert Wang: "É o caminho em que o fogo se torna Luz'. Sua atribuição astrológica é leão, signo do fogo e regido pelo sol. No Sepher Yetzircih está escrito: "O décimo-primeiro é o número da consciência desejada e procurada (Sephel Hachafutz Ve Ha Mevukash), e é assim chamado porque recebe o influxo Divino para outorgar sua bênção a tudo o que existe". Podemos ainda relacionar o número 11 a Lúcifer, o portador da Luz, phosphóros (do grego), Vênus, a estrela matutina e vespertina, a luz mais brilhante. No Hinduísmo, a figura da mulher é supervalorizada e há a união entre o masculino e o feminino, o yin e o yang. Na Antigüidade, a figura feminina era ligada à Deusa. Era à mulher que os deuses faziam as revelações (como à Pítia, por exemplo). Em Matrix, temos a figura de Trinity, que representa o número 3 e que, em português, significa Trindade — Pai, Filho e Espírito Santo — Brahma, Vishnu e Shiva, e assim por diante. Existe aqui, portanto, um outro ponto, um tanto menos masculino. Trinity é uma mulher e representa a Grande Mãe-Filha e o Espírito Santo. Outra vez o filme faz menção à Grande Fraternidade Branca, na qual a mulher é representada pela Mãe-natureza. Segundo o pitagorismo, a essência de todas as coisas é o número, ou seja, as relações matemáticas, que afirmam poder explicar a variedade do mundo mediante o concurso dos opostos, que são: o limitado e o ilimitado, o par e o ímpar, o perfeito e o imperfeito. Como a filosofia da natureza, assim a astronomia pitagórica representa um progresso sobre a jônica; afirmam a esfericidade da Terra e dos demais corpos celestes, denominando o conceito de harmonia, logicamente conexo com a filosofia pitagórica, as práticas ascéticas e abstinenciais com relação à metempsicose e à reencarnação das almas. ''Simbolismo dos Números Pitagóricos: um é a razão, dois a opinião, quatro a justiça, cinco o casamento, dez a perfeição, etc. Um é o ponto, dois é a linha, três é a superfície, quatro é o volume. Cosmogonia. O Universo e os Planetas esféricos. A Harmonia das Esferas." Existem muitas divergências a respeito da verdadeira nacionalidade de Pitágoras, pois uns afirmam ter sido ele de origem egípcia; outros, síria ou, ainda, que ele seja natural de Tiro. Porém, o mais aceito por todos que estudam sua vida é que Pitágoras nasceu em Samos, entre 520 e 570 antes de nossa era. Na mesma época de Gautama — Buda, Zoroastro (Zaratustra), Confúcio e Lao Tse. Seus Mestres foram Hennodamas de Samos, até os 18 anos; depois, Ferécides de Siros; foi aluno de Tales, em Mileto, e ouvinte das conferências de Anaximando. Foi discípulo de Sanchi, sacerdote egípcio, tendo também conhecido o assírio Zaratustra, na Babilônia, quando de sua estada na Metrópole da Antigüidade. O hierofante Adonai aconselhou-o a ir ao Egito, recomendado ao faraó Amon, onde foi iniciado nos Mistérios Egípcios, no Santuário de Mênfis, Dióspolis e Heliópolis. Eis o significado do nome Pitágoras (Píton - serpente; Agora - espaço aberto onde os gregos se reuniam para conversar e mercadejar). A Serpente representa sabedoria e Agora a "boca". Em resumo, seu nome significa a "VOZ da Sabedoria". Pitágoras ostentava em sua coxa esquerda uma grande marca dourada que os céticos julgavam ter sido um sinal de nascença, mas os iniciados sabem que se trata do sinal de Apolo. "A ciência dos números e a arte da vontade são as duas chaves da magia, diziam os sacerdotes de Mênfis; o sono, o sonho e o êxtase são as três portas abertas do além, de onde nos vem a ciência da alma e da arte da adivinhação. A evolução é a lei da vida. O número é a lei do Universo. A unidade é a lei de Deus." Não poderíamos falar em Matrix sem mencionarmos a figura de Icarus, um havercrafts que, como Nabucodonosor, de Morpheus, percorre os túneis subterrâneos em busca de um local para transmitir um sinal pirata para dentro da Matrix. Na mitologia grega Ícaro era filho de Dédalo, o artesão que construiu o Labirinto do Minotauro Creta, aquele com corpo de homem e cabeça de touro, que devorava os prisioneiros do rei. Dédalo e seu filho foram vítimas dessa prisão e sabiam que só conseguiriam sair dali se fosse pelo alto. Dédalo, então, confeccionou asas para ambos, coladas com cera de abelha, e conseguiram fugir. Mas Ícaro se embriagou pela sensação de voar e aproximou-se demais do Sol, que derreteu a cera de suas asas fazendo com que ele se despedaçasse de encontro ao solo. Os gregos passaram a ter Ícaro como símbolo do pior pecado que um humano possa cometer, Hybris, a tentação de igualar-se aos deuses. A magnífica obra 1984, de George Orwell, escrita em 1948, fala de um mundo dominado pelo socialismo stalinista em 1984 (o inverso dos números do ano em que foi escrita). Em um mundo onde o Estado domina e nada é de ninguém, mas tudo é de todos, tudo o que resta de privado são os poucos centímetros quadrados do cérebro. E é aí que a batalha se desenvolve, entre o indivíduo e o Estado, lutando na tentativa de controlar a mente. "Obediência não é o suficiente. A não ser que uma pessoa esteja sofrendo, como você pode ter certeza de que ela está obedecendo à sua vontade e não à dela? O poder está em infringir dor e humilhação. O poder está em rasgar mentes humanas em pedaços e colocá-las juntas de volta em novas formas escolhidas por você mesmo. Você começa a enxergar agora o tipo de mundo que estamos criando? (...) Não haverá lealdade, a não ser lealdade ao partido. Não haverá amor, a não ser amor ao Grande Irmão. Não haverá riso, apenas o riso de triunfo sobre um inimigo derrotado. Não haverá arte, literatura ou ciência. Quando formos onipotentes, já não haverá mais necessidade de ciência. Não haverá distinção entre a beleza e a falta dela. Não haverá mais curiosidade nem alegria no processo da vida. Todos os prazeres competitivos serão destruídos. Mas sempre — não se esqueça disso, Winston — sempre haverá a intoxicação do poder, sempre aumentando e sempre crescendo sutilmente. Sempre, a cada momento, haverá o tremor da vitória, a sensação de pisar num inimigo que já está sem esperança. Se você quer uma imagem do futuro, imagine uma bota pisando num rosto humano — para sempre "as abrem todas as portas do Universo." Lembro-me, também, de Aldous Huxley e sua obra-prima, Brava New World (Admirável Mundo Novo), escrita durante quatro meses, no ano de 1931. Os temas nela abordados remontam grande parte de suas preocupações ideológicas como a liberdade individual em detrimento ao autoritarismo do Estado. "A sobrevivência da democracia depende da capacidade de grandes maiorias de fazer escolhas de um modo realista, à luz de uma informação suficiente." É uma forma diferente de criticar a substituição das pessoas por máquinas: substituindo o lado humano, os sentimentos e emoções por sensações pré- programadas. Os seres humanos são produzidos em linhas de montagem (criadas por Henry Ford, no início deste século), como os produtos genéricos, e condicionados a aceitar uma série de dogmas sociais; são padronizados e, no entanto, continuam presos a dogmas, embora estes mudem de uma sociedade para outra, sendo atribuídos de formas diferentes: por um lado, por meio da educação infantil e, por outro, pelo condicionamento hipnopédico (em outras palavras, adestramento). Quando Trinity beija Neo, ele revive (ressurreição) e, pelo amor, é feita a penetração do fluido sutil. Vemos que não há nada mais poderoso que o Amor. Sua ressonância dissolve toda ilusão, bem como o véu da separação; sua pureza cura todas as experiências passadas e mágoas profundas, formando um invencível campo de Luz. Na grande maioria, nas iniciações das Ordens Secretas (entenda-se como secreta aquilo que não é público, não tem registro físico, jurídico, etc.), o neófito morre para o mundo profano e renasce "iniciado". Antigamente era normal batizá-lo com nome iniciático. Na Maçonaria, isso era comum também, mas os céticos, intitulados historiadores, tentam todos os dias diminuir o universo oculto e místico que estão presentes na Ordem Maçônica. Que me desculpem os Irmãos que pensam diferente, mas contra fatos não há argumentos. Nossos Templos estão lotados de alegorias e símbolos, nossos rituais não são a respeito de política, nosso livro da Lei não está ali apenas para os nossos juramentos, enfim, faço questão de lembrá-los dos Mistérios Persas e Hindus; Mistérios Egípcios; Mistérios Gregos, de Ceres ou Deméter; Mistérios Judaicos de Salomão; Mistérios Gregos de Orfeu; de Pitágoras; dos Essênios e dos Mistérios Romanos. E ainda querem argumentar... Assim como os Mistérios de Ísis, os Mistérios de Elêusis, na Grécia Antiga, também exerceram uma enorme influência no surgimento do Gnosticismo. Dedicados à deusa grega Deméter, os rituais de Elêusis rememoravam a peregrinação dessa divindade pelo mundo em busca da filha Perséfone, sequestrada por Hades, o Senhor das Almas, que a levou para o mundo subterrâneo e tomou-a por esposa. Foi da filha de Deméter que a mulher de Merovíngio emprestou seu nome, o que faz do próprio Merovíngio um equivalente do Hades grego. O mundo subterrâneo, onde se localizava o Hades, por sua vez, remete ao mundo subterrâneo onde se localiza a cidade de Zion, em Matrix. Outra coisa que nos chama a atenção no filme é Zion — Sião em português. Poderíamos ir pelo caminho do Santo Graal, pois a cidade de Zion está situada no centro da Terra, ou até mesmo citar Júlio Verne em sua obra Viagem ao Centro da Terra. Há aqui outra referência a respeito do mundo subterrâneo. O mundo de Jina ou de Duat. Agartha e Shamballah, que são reflexos do seio da Terra dos três

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Qual pílula você escolheria? A vermelha ou a azul? Se escolher a azul, saiba que sua mente continuará aprisionada, mas... se optar pela vermelha, prepare-se... pois a revelação se fará. Em Matrix - Bem-vindo ao Deserto do Real, acadêmicos experientes desvendam a Matrix. Eles decodificam os el
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