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Mas afinal- o que é mesmo documentário? PDF

201 Pages·2008·27.356 MB·Portuguese
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Fernão Pessoa Ramos MAS AFINAL. . � O QUE É MESMO DOCUMENTÁRIO? Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Ramos, Fernão Pessoa Mas afinal... o que é mesmo documentário?/ Fernão Pessoa Ramos. -São Paulo : Editora Senac São Paulo, 2008. Bibliografia. ISBN 978-85-7359-684-7 1. Filmes documentários -História e crítica 2. Vídeos 11111111111111111111111111111 778.534 -Produção -História e crítica L Título. R147m 1010769624 IA 08-03107 CDD-778.534 Índices para catálogo sistemático: 1 . Documentários : Produção : Cinematografia 778.534 2. Filmes documentários : Produção : Cinematografia 778.534 fÍNSTITUTO DE. /;RTÉ$1 \ 8!8UOTECA \ !IMíC:AMP ADMINISTRAÇÃO REGIONAL DO SENAC NO ESTADO DE SÃO PAULO Presidente do Conselho Regional: Abram Szajman Diretor do Departamento Regional: Luiz Francisco de A. Salgado Superintendente Universitário e de Desenvolvimento: Luiz Carlos Dourado EDITORA SENAC SÃO PAULO Conselho Editorial: Luiz Francisco de A. Salgado Luiz Carlos Dourado Darcio Sayad Maia Lucila Mara Sbrana Sciotti Marcus Vinicius Barili Alves Editor: Marcus Vinicius Barili Alves ([email protected]) 9 Nota do editor Coordenação de Prospecção e Produção Editorial: Isabel M. M. Alexandre ([email protected]) Supervisão de Produção Editorial: Izilda de Oliveira Pereira ([email protected]) 11 Prefácio I Miche/ Marie Edição de Texto: Léia M. F. Guimarães Revisão Técnica: Luiz Felipe Miranda 15 Agradecimentos Preparação de Texto: lsabe!la Marcatti Revisão de Texto: Edna Viana, Ivone P. B. Groenitz Projeto Gráfico e Editoração Eletrónica: Fabiana Fernandes 17 Introdução Capa: Fabiana Fernandes Fotos da Capa: fotogramas dos documentários "Õnibus l 74", "Maioria absoluta" e "Santiago" Impressão e Acabamento: Salesianas entário Geréncia Comercial: Marcus Vinicius Banli Alves ([email protected]) Supervisão de Vendas: Rubens Gonçalves Folha ([email protected]) ) Coordenação Administrativa: Carlos Alberto Alves ([email protected]) 21 Mas afinal. .. O que é mesmo documentário? r, ,-,.. 22 ' As asserções o Mas ... qual a diferença entre documentário e ficção? 24 A ficção ...... Mas ... e a ficção, não estabelece igualmente asserções sobre o mundo? r, 26 A indexação Mas. .. como saber se o que estou assistindo é realmente Proibida a reprodução sem autorização expres,a. um documentário? Todos os direitos desta edição reservados à Editora Senac São Paulo Rua Rui Barbosa, 377 -l' andar-Bela Vista-Cl::P 01326-010 29 A verdade Caixa Postal 1120 -CEPO1 032-970 -São Paulo -SP Mas ... est� filme não é um documentário, ele manipula a Tel. {11) 2187-4450-Fax (11) 2187-4486 realidade! E-mail: [email protected] Home pagc: hnp://www.edít0rasenacsp.com.br 33 A ética © Fernão Vítor Pessoa de Almeida !<.amos, 2008 Mas. .. se um documentário pode mentir, como valorar sua ética? 39 A encenação Mas ... como este filme é um documentário se ele foi encenado? 11 li Mas afinal . o que é mesmo d()('umentário? Sumário 48 As fronteiras 163 O presente reduzido Mas ... podemos falar em fronteiras do documentário? 164 O mestre de imagens 51 O docudrama Mas ... por que uma narrativa baseada em fatos históricos 171 Bazin espectador seria um docudrama e não um documentário? IMM 55 A reportagem Mas ... como distinguir reportagem de documentário? Cinema documentário no Brasi 61 A propaganda, a publicidade 205 O horror, o horror! Representação do popular no documentário Mas. .. este filme não é documentário, é mera propaganda 1 brasileiro contemporâneo 64 O experimental Mas ... podemos chamar de documentário uma instalação 249 Mauro documentarista de videoarte? 269 O documentário novo (1961-1965): cinema direto no Brasil 71 A animação (> Mas ... um documentário não deixa de ser documentário 269 O conceito de "direto" quando usa imagens animadas7 280 A máquina, o estilo, alguns diretores 76 A imagem-cãmera 280 As novas máquinas Mas ... por que o documentário usa imagens-câmera se pode 289 Alguns autores no início do direto fazer asserções com todo tipo de imagens? 324 Dois precursores brasileiros: Aruanda e Arraial do Cabo 82 A tomada, o sujeito-da-câmera, a fõrma-câmera, a 330 Panorama da chegada do direto no Brasil montagem, o espectador 330 A idéia do direto no Brasil Mas ... além da voz que assere, que outros elementos 341 A chegada do direto estruturais compõem a narrativa documentária? 345 Joaquim Pedro 90 Imagem-intensa e imagem-qualquer 353 Hirszman Mas ... por que a presença do sujeito-da-câmera na tomada é 362 Saraceni tão intensa e comove de tal maneira o espectador? 366 Jabor 376 Farkas ,..j r 93 Tipologia da presença do sujeito-da-câmera na tomada: a ocultação, a ação, a encenação e a afetação 421 Índice remissivo Mas ... através de quais modalidades o sujeito-da-câmera se faz presente no mundo, pelo espectador? 127 Sobre a imagem-câmera e sua tomada 159 O mestre de imagens e a carne do mundo 161 O mundo - - . __________ _ -- Mas afinal. .. o que é mesmo documentário? As fronteiras do documentário compõem um horizonte de difícil defini­ ção. A qualificação de uma narrativa como documentária, até bem pouco tempo, era negada por parcela de nossos críticos, seguindo al mas for­ gu mulações próprias à semiologia dos anos 1960.1 A falta de conceitos especí­ ficos provocou dificuldades no desenvolvimento de ferramentas analíticas, comprometendo o horizonte da produção não ficcional. Se o documentário não existe, quem faz documentário faz o quê? Muitas vezes o conceito do­ cumentário confunde-se com a forma estilística da narrativa documentária em seu modo clássico, provocando confusão. Alguns autores se referem a documentário em geral, mas têm no horizonte o documentário clássico, confundindo a parte com o todo. Predominante nos anos 1930/1940, o documentário clássico enuncia baseado em voz O'Ver,2 fora-de-campo, de­ tentora de saber sobre o mundo que retrata. Na medida em que a ideologia dominante contemporânea foi criada na descónfiança da representação ob­ jetiva do mundo -e na desconfiança da espessura do sujeito que assume a voz de saber sobre o mundo -, a narrativa que se locomove com natu­ ralidade nesse meio sofre carga crítica. Nos anos 1990, aos poucos, foi se criando um consenso de que o documentário é um campo que existe para além de sua narrativa mais clássica. Uma vez expandido o campo, jovens em sintonia com seu tempo podem dizer, sem constrangimento, que fa­ zem documentário, apresentando narrativas diversas como resultado de seu trabalho. Incorporando procedimentos abertos pela revolução estilística chamada cinema direto/verdade, trabalhando com imagens manipuladas digitalmente, tomadas com câmeras minúsculas e ágeis, o documentário contemporâneo possui uma linha evolutiva que permite enxergar a tota­ lidade de uma tradição. Uma totalidade que tem a origem de sua concei­ tualização nas formulações griersonianas e que sofre as inflexões de seu tempo. -----.-.. ,�, ,v, pv1 cxcrnpro, aesde seus li Fundamentos para uma teoria do documentário Mas afinal. .. o que é mesmo documentário? Tanto em sua versão de grande produção das televisões a cabo quanto queremos pensar a produção cultural de nosso tempo, temos de lidar com nos formatos mais alternativos, nos quais o horizonte da primeira pessoa • conceitos, com palavras mais ou menos precisas que designem o univer O a ocupa espaço, a narrativa do�umentárià possui traços estilísticos recorren­ que estamos nos referindo. Na tradição narrativa4 documentária podemos tes e um nome (documentário), abrangendo a diversidade. A principal van­ vislumbrar umá história na qual alguns traços estruturais são recorrentes ' ) formando períodos. A repetição de conjuntos, mais ou menos homogêneos, tagem do nome é termos um conceito carregado de conteúdo histórico, podemos dar nomes. Documentário é um desses nomes. Designa um con­ movimentos estéticos, autores, forma narrativa, transformações radicais, mas em torno de um eixo comum. /pentro desse eixo comum, podemos junto de obras que possuem algumas características singulares e estáveis, que as diferenciam do c"onjunto dos filmes ficcionais. afirmar que o documentário é uma narrativa basicamente composta por ima­ gens-câmera, acompanhadas muitas vezes de imagens de animação, carre­ As proposições, as asserções, do documentário são enunciadas através gadas de ruídos, música e fala (mas, no início de sua história, mudas), para de estilos diversos, variando historicamente@á sempre uma voz que enun­ as quais olhamos (nós, espectadores) em busca de asserções sobre o n:iundo cia no documentário, estabelecendo asserções. o documentário clássico, que nos é exterior, seja esse mundo coisa ou pessoa. Em poucas palavras, até o final dos anos 195 O, predomina a locução fora-de-campo ( a voz O'Ver documentário é uma narrativa com imagens-câmera que estabelece asser­ ou voz de Deus). É uma voz que possui saber sobre o mundo, enunciada, ções sobre o mundo, na medida em que haja um espectador que receba essa em geral, por meio de tonalidades grandiloqüentes. A produção brasilei­ narrativa como asserção sobre o mun�A natureza das imagens-câmera e, ra do Ince (Instituto Nacional do Cinema Educativo) em seus primeiros principalmente, a dimensão da tomada através da qual as imagens são con - anos (1937 /1945) pode _ser citada como exemplo característico. A voz que nos acompanha em Why v¼ Fight, série norte-americana de documentários tituídas determinam a singularidade da narrativa documentária em meio a dirigida por Frank Capra ( 1942-194 5), pode ser outro bom exemplo. A outros enunciados assertivos, escritos ou falados. escola documentarista inglesa produz diversos filmes nessa linha, embora a flexão poética da voz O'IJer (trabalhada, entre outros, pelo brasileiro Alber­ As asserções to Cavalcanti) deva ser considerada como diferenciada. Alguns exemplos Mas ... qual a diferença entre documentário e ficção? contundentes do documentário clássico britânico, como Night Mail [Cor­ reio noturno], 1935, Coai Face· [Cara de caruão], 1935 e Industrial Britain, Ao contrário da ficção, o documentário estabelece asserções ou proposições 1933, trabalham de modo inovador a voz O'IJer ( ou locução), distendendo-a sobre o mundo histórico.3 São duas tradições narrativas distintas, embo­ com vozes múltiplas, enunciadas por corais, flexionando-a por meio de ra muitas vezes se misturem. O fato de autores singulares explicitamente melodias com atonalidades de vanguarda. romperem os limites da ficção e do documentário não significa que não A partir dos anos 1960, com o aparecimento da estilística do cinema possamos distingui-los. Em nossa abordagem, o trabalho de definição do direto/verdade, o documentário mais autoral passa a enunciar por asser­ documentário é conceituai. Estamos trabalhando com ferramentas analíticas ções dialógicas. Assemelha-se, então, ao modo dramático, com argumentos que têm por trás de si uma realidade histórica. Não se trata aqui de esta­ sendo expostos na forma de diálogos. O mundo parece poder falar por belecermos uma morfologia do documentário, com a mesma metodologia si, e a fala do mundo, a fala das pessoas, é predominantemente dialógica. que cerca, por exemplo, definições nas ciências naturais. Diferenças entre A tendência mais participativa do cinema direto/verdade introduz no do­ documentário e ficção, certamente, não são da mesma natureza das que cumentário uma nova maneira de enunciar: a entrevista ou o depoimen- existem entre répteis e mamíferos. Lidamos com o horizonte da liberdade o. As asscr ões continuam dialógicas, ma' são provocadas pelo cineasta. criativa de seres humanos, em uma época que estimula experiências ex­ No documentário contemporâneo mais criativo, há uma forte tendência tremas e de confia de definições. Artistas não querem se sentir classifica­ em se trahalhar cc m a enunciação em primeira pessoa. É geralmente o dos e são estimulados por nnssa sociedade nessa postura. No entanto, se "eu" que fala, estabeler er, , ·,e . obre sua própria vida. O filme de Fundamentos para uma teoria do documentário Mas afinal. .. o que é mesmo documentário? depoimentos caminha nessa linha mesmo quando as falas são articuladas documentário). O artista é livre para trabalhar embaralhando fronteiras, mas pela presença do diretor (caso de Eduardo Coutinho, por exemplo). o parece evidente que esse fato não impede que elas existam, inclusive por documentário contemporâneo clássico, o qual denomino documentário cabo, fornecerem a medida do trabalho transgressor. as vozes aparecem misturadas na maneira de postular. A voz do saber, em O campo ficcional clássico no cinema se define a partir da estrutura sua nova forma, perde a exclusividade da modalidade O'Ver. Ainda temos narrativa (c hamada de narrativa clássica) construída nos anos 191 O, cen­ a voz O'Ver, mas os enunciados assertivos são assumidos por entrevistas, trada em uma ação ficcional teleológica encarnada por entes co� persona­ depoimentos de especialistas, diálogos, filmes de arquivo (flexionados para lidade que denominamos personagens. Tipicamente, a ação ficcional estru­ enunciar as asserções de que a narrativa necessita). O documentário, por­ tura-se em trama que se articula através de reviravoltas e reconhêcimentos. tanto, se caracteriza como narrativa que possui vozes diversas que falam A estruturação espaço-temporal das imagens em movimento, através de do mundo, ou de si. unidades que chamamos planos, é basicamente motivada pela estrutura da trama. A grande conquista da narrativa clássica (a inda nos anos 191O ) foi aprender a narrar a trama, abandonando a necessidade de uma voz over ou A ficção da locução da ação.6 Através de procedimentos como montagem paralela,pla­ Mas ... e a ficção, não estabelece igualmente asserções nos ponto-de-vista, estrutura de campo/contracampo,r accords de tempo e espa­ sobre o mundo? ço motivados pela ação, o cinema ficcional aprendeu a narrar, compondo a ação ficcional em cenas ou seqüências. Aprendeu a levar o espectador pela Não da mesma forma que o documentário e, principalmente, não para o mão, atravts da trama, sem que um meganarrador com sua voz em O'Ver mesmo espectador. Quando vemos um filme de ficção, nos propomos a ( ou incorporada através de letreiros) tivesse de enunciar monologicamente nos entreter com um universo ficcional e seus personagens, levando adiante a informação ficcional (a ção da trama, e personalidade dos personagens). uma ação ficcional. Não vemos Star Wars [Guerra nas estrelas J ,1977-2004, A utilização da voz O'Ver, ou locução, não é, portanto, uma característica La notte [A noite J, 1961,À bout de soujjle [O acossado J, 1960, Goldfinger [007 estilística central no cinema ficcional. Pode eventualmente estar presente contra Goldfinger J; 1964, ou Central do Brasil em busca de asserções sobre o em formas clássicas com narrativa emjlashback, ou, mais comumente, em mundo. Vamos ao cinema para nos entreter com um universo ficcional, con­ procedimentos estilísticos marcados pela modernidade. forme nos é proposto pela narrativa. Entreter-nos deve ser entendido em seu Em sua forma de estabelecer asserções sobre o mundo, o documentá­ sentido amplo, não exclusivamente de entretenimento. Entreter-nos com um rio caracteriza-se pela presença de procedimentos que o singularizam com universo ficcional significa estabelecermos (entretermos) hipóteses, rela­ relação ao campo ficcional. O documentário, antes de tudo, é defmido pela ções, previsões sobre os personagens, suas personalidades e as ações veros­ intenção de seu autor de fazer um documentário (intenção social, manifes­ símeis que lhes cabem, e com eles estabelecer empatias emotivas (emoções). ta na indexação da obra, conforme percebida pelo espectador). Podemos, Em qualquer definição da narrativa cinematográfica é importante termos iguaÍmente, destacar como próprios à narrativa documentária: presença de claro que a narrativa é feita para alguém, o espectador, e que se efetiva na locução (voz O'Ver), presença de entrevistas ou depoimentos, utilização de forma de recepção deste. Na maioria dos casos, o espectador sabe de ante­ imagens de arquivo, rara utilização de atores profissionais (não existe um mão estar vendo uma ficção ou um documentário e estabelece sua relação star system estruturando o campo documentário), intensidade particular da com a narrativa em função desse saber. O fato de alguns documentaristas e dimensão da tomada. Procedimentos como câmera na mão, imagem tremi­ documentários se proporem a enganar explicitamente o espectador ( o que da, improvisação, utilização de roteiros abertos, ênfase na indeterminação os norte-americanos chamam de mockumentary ),5 fazendo-o assistir a do­ da tomada pertencem ao campo estilístico do documentário, embora não ex­ cumentários que são na realidade ficções (ou o inverso), em nada diminui clusivamente. Alguns Ôütros ele;;.;-entos -estilísticos da narrativa docum a espessura histórica dos campos que estamos abordando (cinema de ficção e tária são comuns com a ficção. O documentário, por exemplo, desde s Mas afinal. .. o que é mesmo documentário? Fundamentos para uma teoria do documentário nição fica simples. Em geral, a narrativa documentária chega já classificada primórdios, com Grierson, utiliza-se da t,ncenafão (ver adiante) na tomada. 1 ao espectador, seguindo a intenção do autor. ão costuma fazer parte de Querer negar estatuto documentário a uma narrativa, alegando existência de encenafão, é desconhecer a tradição documentária. A decupagem espa­ nosso prazer espectatorial ir ao cinema para tentar descobrir se uma nar­ rativa é ficção ou documentário. Ao entrarmos no cinema, na locadora ou cial do documentário também se assemelha bastante àquela do classicismo quando sintonizamos o canal a cabo, sabemos de antemão se o que vemos narrativo ficcional: articulação de planos com angulaçõcs díspares, mas é umaficfão ou um documentário. A intenção documentária do autor/cine­ convergentes, buscando unidade espacial; utilização intensa da contraposi­ asta, ou da produção do filme, é indexada através de mecanismos sociais ção campo/contracampo; corte em planos ponto-de-vista; raccords de mo­ diversos, direcionando a recepção. Em termos tautológicos, poderíamos vimento, olhar ou direção. A decupagem espacial e temporal docurnentária dizer que o documentário pode ser definido pela intenção de seu autor em possui, no entanto, a especificidade de articular-se na exposição do argu­ fazer um documentário, na medida em que essa intenção cabe em nosso mento ou da asserção (Bill Tichols nomeia essa particularidade montagem de evidência ).7 Já a decupagem espaço-temporal da narrativa clássica ficcio­ entendimento do que ela se propõe. Ao recebermos a narrativa como docu­ mentária, estamos supondo que assistimos a uma narrativa que estabelece nal articula-se em função da demanda espaço-temporal da trama. asserfÕes,postuLados, sobre o mundo, dentro de um contexto completamente Outro campo comum, entre ficções e documentários, é a utilização de distinto daquele no qual interpretamos os enunciados de uma narrativa fic­ personagens. Documentários os utilizam, dt' n ,, lo intenso, para encarnar as cional. O homem que copiava, 2003, de Jorge Furtado, por exemplo, é uma asserções sobre o mundo. Já a ficção trabalha cum personagens como entes narrativa sabidamente ficcional. A utilização criativa da voz fora-de-cam­ que levam adiante a ação ficcional, temperando-os com v Tossimilhança (d e­ po, ou da voz em primeira pessoa, não levará ninguém a assistir a O homem terminados personagens abrem espaço para um leque determinado de ações que arpiava supondo tratar-se de um documentário sobre um operador de verossímeis, sempre tendo no horizonte a abertura indispcnsavcl para revira­ xerox. O fato, no entanto, não deve nos impedir de dizer que ficções, em voltas e reconhecimentos da trama). O documentário, desde seus primórdios, sua generalidade, não trabalham com locufão, e que a voz fora-de-campo, trabalha com personagens (o pioneiro de peso, que funda a descendência, é fazendó asserções no modo over, possui um aspecto estrutural na história Nanook ofthe North [Nanook, o esquimo1, 1922, de Robert Flaherty). Pode­ da tradição narrativa chamada documentán"o. Aspecto estrutural que nã9 mos mesmo dizer que o documentário aparece quando descobre a poten­ tem a mesma dimensão m história da tradição narrativa chamada.ficcional. cialidade de singularizar personagens que corporificam as asserções sobre o A indexação social de um filme determina de modo inexorável sua fruição mundo. Se a narrativa ficcional se utiliza basicamente de atores para encarnar .. _ e seu pertencimento ao campo ficcional ou documentário, interagindo com personagens, a narrativa documentária prefere trabalhar os próprios corpos os procedimentos propriamente estilísticos que já mencionamos. Podemos que encarnam as personalidades no mundo, ou utiliza-se de pessoas que ex­ dizer que a definição de documentário se sustenta sobre duas pernas, estilo perimentaram de modo próximo o universo mostrad 1. e intenfão, que estão em estreita interação ao serem lançadas para a fruição espectatori.al, que as percebe como próprias de um tipo narrativo que pos­ sui determinações particulares: aquelas que são características, em todas as A indexação suas dimensões, do peso e da conseqüência que damos aos enunciados que Mas ... como saber se o que estou assistindo é realmente chamamos asserfões.8 um documentário? Há autores, como Abbas Kiarostami, Michael Winterbottom e Jean Muito simples: pergunte a você mesmo. Em 99% dos casos você já está �ouch, que diluem de modo radical definições mais claras dos campos, informado da indexação do filme a que assiste como espectador. E, na simplesmente fazendo oscilar a ·intenção documentária. La pyramide hu­ mesma propo ção dos casos, você está certo. Se retirarmos do campo do maine [A pirâmide humana], 1960, e La punition, J 963, são dois bons exem­ e ob "etivida.de, realidade, a defi- plos de como o p�1 do ci, ,·r• ·reto e do do umentário etnológico trabalha - li Fundamentos para uma teoria do documentário Mas afinal.. . o que é mesmo documentário? a tomada explorando o fechamento dramático da.trama, numa proposta forma documentária estilo verdade com pano de fundo "jovem e sua colega inicial de ação predefinida que se abre à irrupção da intensidade e à inde­ fazendo um filme amador". O documentário, na realidade, foi inteiramente terminação da tomada. Dentro de outro tipo de proposta, o de fazer expli­ encenado a partir de uma idéia original de seu diretor, Mitchell Block.9 citamente um filme que mostre os limites ficção/não-ficção, Jorge Furtado, Seria essa obra a prova concreta, a prova que faltava, de que as fronteiras em O sanduíche, 2000, articula uma narrativa em cascata onde alteramos entre documentário e ficção, na medida em que podem ser manipuladas, não nossa percepção sobre o estatuto da narrativa a que assistimos. Seguida­ existem? Seriam O sanduíche e No Lies espécies de ornitorrincos do cinema, mente, o filme define-se enquanto narrativa ficcional ou documentária, mostrando a inutilidade de classificações em face da espessura da liberdade instaurando propositadamente a oscilação e o questionamento do campo. autoral? Mas por que razão a existência de alguns filmes com a proposta de Podemos dizer que O sanduíche é um documentário sobre tomadas de uma iludir ou brincar com o espectador deveria nos levar ao questionamento da ficção, buscando refletir sobre o estatuto das filmagens da ficção, através definição do campo documentário como um todo? A metodologia do histo­ de procedimentos estilísticos reflexivos (mostrar a câmera filmando, por riador do cinema e do analista de filmes não pode ser a mesma do botânico exemplo). Em alguns momentos é nítida a intenção de pregar uma 'peça ao lidar com exceções para classificar espécies vegetais. no espectador (procedimento muito apreciado pela sensibilidade estilística contemporânea), levando-o a tropeçar em suas crenças sobre o fundo de realidade do enunciado. A verdade Mas. .. este filme não é um documentário, ele manipula a Em No Lies, o diretor do filme, Mitchell Block, revela-se um cineas­ ta trapaceiro, enganando propositadamente o espectador, inclusive com o realidade! título irônico do filme. Filmado no estilo verdade, filme curto, de 16 minu­ O fato de asserções documentárias sobre o mundo serem falaciosas, ou sim­ tos, No Lies é apresentado na forma narrativa de um documentário. Aquele plesmente tendenciosas (dependendo do ponto de vista 1e quem as analisa), que supomos ser seu diretor, um jovem cinegrafista (Alec Herschifeld, que também costuma provocar debates acalorados sobre os limites do campo do­ também fotografa o filme), entrevista uma amiga (a atriz Shelby Levering­ cumentârio. Meu ponto é que a qualidade das asserções que o documentário ton),_ que está saindo para a noite de Nova York. Conforme a entrevista nos propõe não incide sobre a definição do campo çomo um todo. É im­ avança, Alec descobre que, recentemente, Shelby foi vítima de um estupro. portante esclarecer essa questão. Não creio que possamos acusar al ém de O caso torna-se objeto central da entrevista do filme. Shelby inicialmente gu nazista por considerar Der Triumph Des Willens [Triunfo da vontade], 1936, tenta levar a conversa sobre o assunto tranqüilamente, mas a pressão de Alec de Leni Riefenstahl, um documentário. Trata-se de um documentário ten­ faz com que desmonte. A abordagem de Shelby por Alec é feita de modo dencioso, que pode ser questionado na qualidade das asserções apresentadas agressivo e um tanto grosseiro, praticamente acusando-a de haver provo­ sobre o fato histórico do nazismo, mas que não deixa de ser um documentá­ cado o estupro. O espectador progressivamente se identifica com Shelby e rio por isso. Vejamos mais de perto como desenvolver essa afirmação. ressente-se da forma de entrevistar de Alec, pouco sensível ao sofrimento da moça. Alec parece estar nitidamente em busca do efeito da revelação do Existem documentários com os quais concordamos, documentários ( estupro para o filme. Na discussão que se se e, Shelby sai transtornada e ' dos quais discordamos, documentários que aplaudimos e documentários gu irritada de seu apartamento para ir ao cinema, mas é obrigada a pedir que ( que abominamos. Um documentário pode ou não mostrar a verdade (se é Alec a acompanhe por motivos de segurança. No final a tela fica escura e que ela existe) sobre um fato histórico. Podemos criticar um documentá­ / aparecem os letreiros através dos quais o espectador fica sabendo (após ter rio pela manipulação que faz das asserções que sua voz (over ou dialógica) estabelece sobre o mundo histórico, mas isso não lhe retira o caráter de do­ vivido intensamente a relação entre ambos e o sofrimento de Shelby) tratar­ se de obra ficcional sobre um estupro que não houve (na carne de quem o cumentário. O fato de documentários poderem estabelecer asserções falsas \.. encenou em frente da câmera, ou no modo em que foi relatado), apesar da �-como verdadeiras (o fato de poderem mentir) também não deve nos levar a Fundampeanurtmaota se odrodi oac um�e ntar Maasf i.on.q a ulée.m esmdoo cumieonlt ár negaae rx istdêedn occiuam entdáerfiiondsio.cç aãAmo pd oo cumentário emc ascsaetomda e vicduoi dEamd 1o9.8 H9a,r lJaanc obcsroíndt,ai co pasasola a rdgaeo x istdêenn acriraad toicvuamse nqtuáaerr idaisl osamente tradirceivoinnsoatvloaa r -qiuFiinlCamo mmepnutb,l ipcealFdaia lS mo ­ ser evefliacmçe aõ oels a,rd geno a rrativas qduopeco usmseaunset­má rias ciedtoLy i ncCoelnn,t e emre ntreavodi istrtoeaorc ,o nfrcoonmut maa serçnõãveoes r dadOe miersamrsoa. c iopcoídsneeia rop liacc aodnoc eitos sérdiede a dhoiss tóproiucpcorose cdiesR oosg& e rMe [ R og&e reu ,] comreoa lioduao dbteji evidade. l9 8.911M oorree spoancdues .Ja ancdoodb ees sotna r ad ads ierreviitçao, r Umd ocumepnrteácmrioissoat a rr aera lidaMdaesd? 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u menta­ podseeo rb jeotupi ovuocc loa erc oo,n tiasn eudrao rc umentário. risptaara ea s quenrodrat e-ammearsni ãcpoaa nraada ,i reOiuté da o?­ m documenptoádcreei rot ammeonsttaerl agqrou enã éor eal cumenteamra ilsgtudane ss e ufisl m(eas quceolmoe ssq uaeiuse, s pec­ �'contais neduroa cru mentãáoér d iiof.ií mcaigli nuamrd moocsu ­ tad,co orncomradosn) ã,eom o utr(oasq udeolqseu sa eiuse, s pec,t ador mentásroibmoru el ãs-semH-ácd aebzeedçneada .os c umenstoábrrieo s discoQrudaosl)e /rop i aat admeea xra teimduã mot ,e mpao lêmpiacrooa , serdeeos u tro::. apllgaundneestf aesn,ds euneadx oi stNêãnoic mipao.r ­ filrmeec eobe esrt adtedu otcou menAt qáureisont?ããt ooe rme osspntoas tas ee,f etivaemxeinsdtteeen,mt ,dr oqo u dee finciommoreosa dlaide, termeomqs u ees ctoál ocMaodoaré.ue m d ocumenetfa azdr oicsutmae n­ mulas-semó-vcnoaiubes ex çpae,r idêetn rcainassf deerc êonrccpoioma tárpiootisrs,a balhat rdaednnitaçrrãoro da dotcai i vnaed moac umenet ário extrateUrmr deoscturmeesn.qt uáeern iuonc caitee goriace axmiesn­te seufisl smãeiosn dexcaodmtooas ei mss ucao locnaomç eãroc eaxddioob .ri têndceim au las-semp-ocdsaeeb urem çd ao cumenptoáurcéioto i co, Aov ermu'mof si ldmeMe o orsea,b eemsotsda ira dnetu em an arrativa manipu,sl uapdeorrstniãocobi joesteoit,vcm o.a,,sn ã doe idxesa e urm queen unacsisae sroçbõorem esu ndhoi steón rãidoce uo m an arraqtuiev a documenptoáirrs isSooev . i nculaad remfoisnd iedç oãcou menàt ário propaõn eó,se ,s pectadodrece osne,tsfata,az beerlh eicpeóntddeecos o ens­ qualiddeva edred daaad ses eqruçeeãs ot abeeslteacrere,em dousz ài dos dutapa a rdteui mra i ntrfiigcac ieoxnpaelr,i meenmtoaçcnõodemoes s sa segudienfitnei dçedã ooc umenntarárartiaiotv:ra ade v iémsa gens-câmera intrAi pgear.g ucnotrara eqtuaeq,lu paer odruezs pofsétratése:M i is­, sonoqrueaeass bt leeea cssesroçboõmr euesn dcooa msq uaciosn cTorradtoa.- se chaMeolo rpeo dseec ro nsiduemrd aodcou menéttairScieosuf?tsi a l mes certadmeeu nmtade e finfirçáqãguoioe ls cdielnatd raso i nguladrai dade sãdoo cumenqtuápero isosscu oemmp rocmoimsae s xoa t(iavd eãrodad e, crendçeca a duam1 .0 se:q uisedroeesmn )u nciaapdroess enOtuaa sdp oesq?u einmapsr ecisões factudaesi esud so cumeuctoámrpiroosmo ec taermáé tteieroc c oo nteúdo Existdeimv erssiotnsaei sn teqruneae fti rmqaumeB owlfai'rng daass serqçuõeees st abesloebocrm eeum n dEom?o utpraalsa vsrearsá, Colum[bIí'irneoems C olumb2i0n0ed2]e,M, i chMaoeolr neã,éo u m qupeo demfoesco hsao rl hàosis m precdiess eõudesos c umentários debi- documenAt dáirrieoai.rt maa menntoirsttea- ameenruimcecaronama, muictuoi daasddo i,v earfstarsm faalçsõoaeudss i stoqrucpeio ddaesm os tandàoe -satsr antaérgriaqatu vieiv asata i inrcg,o mi mpapcotloí utmi co, públmiaciooo urd ,e vecmroist icá-las? 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Flahneore tnyt,at nitnsohu,paa r ópvriisdaãoq o u eer éat ioc od ocumen­ Para fugiarrmmoasd siduleghspiasesran,oss aarn maorsr daot­iva táreinou n,c dieeaq rufeo rdmeav fiaaz ê(e- nlcoe npaonedrxo e,m plo, cumentteánrdioaa cnoalmoooe g sitaad teuu mte on saãiovo .a mopso,r costuemxetsid nemt oodsqo,u aef igurdaatç rãaodn iãçsoãep o e rdesse). exemqpuleos,t oie osntaadrteu u mte on shaiisot sóorbiGrceeot úVlairo­ A antropvoilsodugofai ilan d aosl é cXuXlp oo sssuupair ópvriisdaãa o gapse lfoad teod iscorddaai rnmtoesr pqrueoett aeçxfãtaodoz a cso n­ étidcoda o cumencteánrtinroaad, de as consdtasr uubçjãeot ividade da quisttraasb adlohv iasrtgausDi iszmeotm.ro ast daeur m-e snes caoimo voqzu een unScãidoau .av si sdõiesst dioen stpaéastç iodc aio n tervenção perspeeqcutiivvoaVc aardgnaaar.s e ,a litdearsdiieaud, mo d itaqduoer dos ujeqiusteuo s taec nâtmaen roma u,n dpoe,tl oam aNdãaoh. á p or abolliibue rdades Ddiegmaoqmcuooresp á rtoicceadsdi.em vveean ltoe r qudee idxeas ru pqourae v iséãtoid coam innaaan ntter opvoilsougaila pa:raca a ractedrani azrarçdaãotoci uvmae ens tuáarsi aa sPsoedreç­ões. contemptoerurâmánd eisaau vaa lihdiasdteó rica nuaml etsr­apassada, modsi zqeurde e termnianrarddaaot ciuvmae (nGteátrVúialargi aos ,1974, mam ediedmqa u aeé tidceFa l ahreerptrye hsoejpneat rmaau ituomsa deA naCa rolpioenrxa e,m pnlãeoos) t abaeslseecvreeç rõdeasds eoi­ras visdãemo u nddoe slocada. broep eríodo -haioas ptróersiGecenott úadlremi ood o idealizado -, maiss nsãoio n cniedcee ssasroibaorem ese tnattedu otcou mdeedn ot ário Chamadmeoé sti ucmca o njduenv taol ocroeesr,ee nnttseriqse,u e filUmmee .n soauiu om at epsoed eems tabaeslseeccreoçrõma e sqs u ais fornaev ciesd ãemo u ndqou seu staev natlao rdaaiç nãtoe rdvoes nuç­ão nãcoo ncormdaansme omsp o,ir s dseoi xdaesm e ern seat ieosP eo.d e­ jeinetsos e Om cuonrdpoo. -cao-omcm ournpd-ooa tradvamé esd iação moisg ualimmeangtuiemn d aorc umecnotmpá rroipoo spioçlõêemsi cas dac âm,·ec roanfosream berp ea roea s pecet apédo eorlr de e terminado sobarr ee alihdiasdteóA r diecfai.nd ioeç sãtoad tedu otcou mednet ário -sempforiue m aq uesptrãeom epnatrodea o cumenAté átricicooam. p õe GetiúoVl rgaasd,eA naC aroleisnteaan,rt álã ooc aleimsz uafado ar ma ohoriazpo anrtdteoqi urca iln eeae sstpae cdteabdaotreee ms-tsaeb elecem narratein vasa u ian dexean çããnooo c ,o ntedúevd eor ddaadasef irma­ suian ternaaeç xãpoe,rd iaiê mnàcgieam -câcmoenrfoarc/moseno smt ituída çõeqsu ter saozb arv ei ddeaG etúels ietoue mpo. noc orpo-ac-ocmomo urnpdono a, circduant sotmâaAnd icami.aa g em,

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