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Marx e Engels: luta de classes, socialismo científico e organização política PDF

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Sandra M.M. Siqueira Francisco Pereira Marx e Engels Luta de Classes, Socialismo Científico e Organização Política Sandra M. M. Siqueira Professora Adjunta da Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia (FACED/UFBA) Membro do Laboratório de Estudos e Pesquisas Marxistas (LEMARX) Francisco Pereira Professor de Direito, membro Membro do Laboratório de Estudos e Pesquisas Marxistas (LeMarx) MARX E ENGELS Luta de classes, Socialismo Científico e Organização Política LeMarx Salvador-BA, 2015 SIQUEIRA, Sandra M. M. PEREIRA, Francisco. Marx e Engels: Luta de classes, Socialismo Científico e Organização Política. Salvador- BA: Lemarx, 2014. Dedicatória Aos marxistas revolucionários. Sumário I – Introdução II – Encontro para uma obra comum III – Os jovens hegelianos e a Gazeta Renana IV – O movimento socialista e o materialismo histórico V – A crítica da sociedade burguesa e o partido político proletário VI – O exílio em Londres, a Economia Política e O Capital VII – A Primeira Internacional e a Comuna de Paris de 1871 VIII – Os últimos combates de Marx e Engels Conclusões Bibliografia Dá-se com a doutrina de Marx, nesse momento, aquilo que, muitas vezes, através da História, tem acontecido com as doutrinas dos pensadores revolucionários e dos dirigentes do movimento libertador das classes oprimidas. Os grandes revolucionários foram sempre perseguidos durante a vida; a sua doutrina foi sempre alvo do ódio mais feroz, das mais furiosas campanhas de mentiras e difamação por parte das classes dominantes. Mas, depois da sua morte, tenta-se convertê-los em ídolos inofensivos, canonizá-los por assim dizer, cercar o seu nome de uma auréola de glória, para “consolo” das classes oprimidas e para o seu ludibrio, enquanto se castra a substância do seu ensinamento revolucionário, embotando-lhe o gume, aviltando-o. A burguesia e os oportunistas do movimento operário se unem presentemente para infligir ao marxismo um tal “tratamento”. Esquece-se, esbate-se, desvirtua-se o lado revolucionário, a essência revolucionária da doutrina, a sua alma revolucionária. Exalta-se e coloca-se em primeiro plano o que é ou parece aceitável para a burguesia (V. I. Lênin, O Estado e a Revolução) I - Introdução Os filósofos apenas interpretaram o mundo de diferentes maneiras; o que importa é transformá-lo (Marx, Teses ad Feuerbach). No presente texto disponibilizamos uma síntese dos aspectos mais importantes da vida e da obra de Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels (1820- 1895), para os leitores interessados no estudo do marxismo e na militância socialista. O núcleo do estudo é a relação entre o desenvolvimento do marxismo (socialismo científico) e a atividade revolucionária de Marx e Engels, isto é, a busca por constituir o proletariado em partido político independente da burguesia, do Estado e dos governos capitalistas. O estudo foi realizado a partir da obra e do contexto histórico em que viveram os fundadores do marxismo e de textos publicados sobre os dois pensadores, remetendo os leitores particularmente às fontes e aos textos de Marx e Engels. Trata-se de uma síntese ligeiramente modificada de dois textos redigidos para o Curso de Introdução ao Marxismo para estudantes, professores e militantes, promovido pelo Laboratório de Estudos e Pesquisas Marxistas (LeMarx), sediado na Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia (FACED/UFBA), publicados pela primeira vez no site do mesmo grupo com os títulos Aspectos da vida e da obra de Marx e Engels; Marx e Engels: síntese de uma trajetória teórico- política. O texto sintetiza os estudos no âmbito do LeMarx e reflete necessariamente a militância socialista dos autores fora e dentro da educação. Em virtude da riqueza de acontecimentos da vida revolucionária e intelectual dos dois pensadores alemães, muita coisa relevante foi preterida. O leitor pode, não obstante, aprofundar os conhecimentos, fazendo o estudo das biografias existentes e de obras especializadas sobre os debates no âmbito do pensamento marxista. Neste texto, centraremos a análise no desenvolvimento da teoria revolucionária marxista em sua necessária articulação com a luta de classes e a organização política do proletariado. O marxismo (ou socialismo científico) é uma concepção de história e sociedade elaborada a partir das condições materiais de existência econômico- sociais e da dinâmica da luta de classes. Os fundadores do marxismo forjaram e empregaram o método do materialismo histórico e dialético para investigar as formações econômico-sociais pré-capitalistas, desvelar o conteúdo de classe e o processo de exploração do proletariado no capitalismo e defender a organização política da classe operária, a estratégia da revolução proletária e os métodos da luta de classes. Portanto, o marxismo necessariamente está vinculado à luta de classe do proletariado e demais explorados pela superação do capitalismo e constituição do socialismo, como via para a sociedade sem classes, o comunismo. Para Lênin, o marxismo é “o sistema das ideias e da doutrina de Marx”1. Trotsky, por sua vez, concebeu o socialismo científico como “a expressão consciente do processo histórico inconsciente, ou seja, a tendência elementar e instintiva do proletariado de reconstruir a sociedade sobre princípios comunistas”.2 Aqui, o marxismo ou socialismo científico comparece como expressão do desenvolvimento histórico concreto, que, além de constituir um método capaz de possibilitar a compreensão científica da realidade, serve como guia para a ação política revolucionária da classe operária e demais explorados na luta pelo socialismo. Marx e Engels foram grandes cientistas e pensadores das Ciências Sociais. Não obstante, foram também incansáveis e decididos revolucionários socialistas que, vinculando teoria e prática política3, atuaram para organizar a classe operária internacional por meio da constituição do proletariado em partido político independente dos partidos da burguesia, como meio para defender os interesses gerais dos trabalhadores, desenvolver a sua consciência de classe e, por intermédio da luta por suas reivindicações elementares, chocar-se com os governos e Estado burguês, até a tomada do poder do Estado e a constituição por proletariado como classe politicamente dominante, apoiada na maioria explorada (campesinato, classe média arruinada). Nessa luta, Marx e Engels tiveram de travar, sem tréguas, um confronto quase permanente com as várias vertentes do socialismo utópico, com o objetivo de elevar o socialismo a uma concepção científica da história e da sociedade capitalista. Não à toa, batalharam por constituir a Liga dos Justos numa autêntica organização revolucionária, a Liga dos Comunistas. Também fundaram a Associação Internacional dos Trabalhadores (AIT), conhecida como a Primeira Internacional. Ainda em vida, lutaram no seio do Partido Operário Social- Democrata Alemão, o principal partido operário europeu da época, contra as tendências reformistas e conciliadoras, que, de uma forma ou de outra, procuravam deformar o programa do proletariado de superação do capitalismo.4 1LÊNIN, V. I. As três fontes. São Paulo: Expressão Popular, 2006, p. 15. 2TROTSKY, Leon. Em defesa do marxismo. São Paulo: Sandermann, 2011, p. 146. 3 Como advertiu Lênin, em Que fazer?, “Sem teoria revolucionária não pode haver movimento revolucionário” (2006, p. 128). A prática política sem uma delimitação teórica e programática se torna cega, sem objetivos ou uma estratégia claros, sem uma análise firme de cada situação histórica e a tática apropriada. Mas, acrescenta Lênin, sem prática revolucionária, a teoria empobrece, esvazia-se, torna-especulativa, sem nexo com a realidade viva da luta de classes. Não à toa, Lênin é um grande estrategista da luta de classes do proletariado internacional. 4 Tal como ocorre hodiernamente na esquerda brasileira e internacional, o partido operário alemão recém-fundado – Partido Operário Social-Democrata Alemão -, do qual Marx e Engels eram os inspiradores, sofria as constantes pressões sociais, políticas e econômicas da sociedade Depois da morte de Marx e Engels, muitas transformações ocorreram na economia, política, ciência, entre outros setores da vida social. No final do século XIX e, mais claramente, a partir da eclosão da Primeira Guerra Mundial, a social- democracia europeia e internacional (como eram chamados os partidos operários de influência marxista antes da degeneração social-democrata) não suportou as pressões sociais da sociedade burguesia, cindindo-se em duas alas bem diferentes: os marxistas revolucionários e os revisionistas reformistas. Entre essas duas correntes fundamentais, não deixaram de florescer tendências centristas (vacilantes entre o marxismo e o reformismo). Com a passagem completa da social-democracia internacional ao campo da burguesia e do capitalismo, o marxismo revolucionário e a social-democracia se tornaram definitivamente correntes antagônicas e inconciliáveis. V. I. Lênin, Rosa Luxemburgo, Leon Trotsky, entre outros, se destacaram por combater o revisionismo reformista no seio do movimento socialista internacional, sob a bandeira do marxismo revolucionário. No plano econômico-social, o capitalismo de livre-concorrência da época de Marx e Engels foi substituído em fins do século XIX e começos do século XX, pelo capitalismo em sua etapa Imperialista, marcada pelo domínio dos monopólios e oligopólios, que tomaram conta da economia mundial, e do capital financeiro, que passou a condicionar a dinâmica do capitalismo. Irromperam duas guerras mundiais imperialistas e conflitos regionais com milhões de mortos, feridos e mutilados. Explodiram crises revolucionárias derrotadas e revoluções vitoriosas, além da luta pela independência contra o colonialismo na África, Ásia e América Latina. Ocorreram também inúmeras crises cíclicas da economia internacional e se desenvolveu a crise estrutural do capitalismo, demonstrando o caráter decadente da sociedade capitalista em sua fase imperialista. No momento atual, marcado por uma profunda crise do modo de produção capitalista e da sociedade burguesa nele assentada, coloca-se a necessidade de superação da crise de direção política revolucionária tanto nos países como na esfera internacional, com a construção dos partidos operários revolucionários nos diversos países e de uma sólida organização internacional (em nosso caso, a IV Internacional). Para tanto, é preciso ao mesmo tempo assimilar com afinco a concepção marxista, não só nas suas fontes, isto é, Marx e Engels, mas de toda a experiência teórico-prática acumulada ao longo do século XX e início do atual. Significa também compreender os avanços e retrocessos teóricos, políticos e capitalista, que se expressavam internamente pelas tendências ao reformismo e ao revisionismo, de adaptação do programa e das ideias revolucionárias aos limites do capitalismo, da democracia e do Estado burguês, isto é, da perspectiva de melhorar, reformar e humanizar a sociedade burguesa e não de superá-la integralmente pela revolução proletária.

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