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Marlon Brando: a face sombria da beleza PDF

169 Pages·2014·0.93 MB·Portuguese
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Copyright © Éditions Albin Michel, 2012 Todos os direitos desta edição reservados à EDITORA OBJETIVA LTDA. Rua Cosme Velho, 103 Rio de Janeiro – RJ – CEP: 22241-090 Tel.: (21) 2199-7824 – Fax: (21) 2199-7825 www.objetiva.com.br Título original Un si beau monstre Capa Adaptação de Barbara Estrada sobre design original Imagens de capa Hulton Archive Stringer Getty Images Revisão Taís Monteiro José Grillo Cristiane Pacanowski Coordenação de e-book Marcelo Xavier Conversão para e-book Freitas Bastos CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ F798m Forestier, François Marlon Brando [recurso eletrônico] : a face sombria da beleza / François Forestier ; tradução Clóvis Marques. - 1. ed. - Rio de Janeiro : Objetiva, 2014. recurso digital Tradução de: Un si beau monstre Formato: ePub Requisitos do sistema: Adobe Digital Editions Modo de acesso: World Wide Web 217 p. ISBN 978-85-390-0576-5 (recurso eletrônico) 1. Brando, Marlon, 1924-2004. 2. Atores e atrizes de cinema - Estados Unidos - Biografia. 3. Livros eletrônicos. I. Marques, Clóvis -. II. Título. CDD:14-10510 CDD: 927.9143025 CDU GEE: 929:791 Para Anne Ford e seu cão zarolho Sumário Capa Folha de Rosto Créditos Dedicatória Introdução 1. 1990: Murder one Ascensão 2. Um rei sem coroa 3. Boemia 4. O pretendente 5. Desejo em cena 6. Desejo-sobre-o-Sena 7. Desejo em 35 mm 8. Rio Grande 9. Finalmente Shakespeare! 10. O rebelde 11. A dor do rio 12. Désiré(é) Decadência 13. Anna K. 14. Um belo casamento 15. O Taiti à noite 16. Candy 17. Gritos e sussurros 18. O coração das trevas 19. This is the end... 20. A morte do rei 21. 2012: destinos Bibliografia Agradecimentos Introdução Eu gosto dos detestáveis. Em março de 1985, estava meio perdido no Canadá, em algum lugar próximo de Toronto. Buscava uma casinha de madeira onde, segundo me haviam dito, o ator Peter Coyote rodava um filme. Queria encontrá-lo, pois estava interessado por esse filho de um criador de gado que botava bois charoleses para atravessar o rio Grande maquiados. Como é que se teria transformado em ator? Fazia frio, uma névoa espessa umedecia pinheiros, pinheiros e mais pinheiros. De repente, fui abordado por um barbudo: — Procurando alguma coisa? — Sim. Peter Coyote. — Sou eu. Ele estava caracterizado como guarda florestal. Tinha um livro na mão. — Está lendo o quê? — perguntei a ele. — Uma biografia de Marlon Brando. Caminhamos na direção da cabana, onde, terminado o dia, a câmera era desmontada pelos técnicos. Ouvia-se um ronco surdo, vindo de uma autoestrada invisível. — Eu queria entender como é que um gênio desses se transformou em zepelim — disse ele. — É como se quisesse se suicidar. Tornar-se detestável. Nos anos 1960, Peter Coyote fizera parte dos Diggers, uma companhia teatral que pregava a liberdade — e a gratuidade — total. Free teatro, free cinema, free love, free jazz, free tudo. Para ele, Brando era o deus dos rebeldes, o King do Free. A carreira de Brando era bem conhecida. Seu rosto, seu corpo também. Aquela beleza, aquele magnetismo, aquela incrível presença... “O maior ator do mundo”, com toda certeza. Mas quando e por que ele tinha abdicado? Até que, um belo dia, ele apareceu. De passagem por Paris, Marlon Brando visitou a redação da L’Express para encontrar seu velho amigo Philippe Grumbach, na época diretor de redação. E lá estava ele, diante de mim. Encantador, mais gordo, desinibido. Tinha um sorriso enternecedor, uma vibração mágica. E também algo de perigoso, uma espécie de perfume negro que emanava dele. Detestável? Não. Pelo contrário, sedutor, atraente. Ele tinha a beleza do diabo. Por trás da beleza, o diabo. Não vou contar aqui a vida de Brando. Vou contar a fabricação de um monstro. Je n’ai plus un ami qui de moi se souvienne, Tout me quitte, il est temps qu’à la fin ton tour vienne, Car je dois être seul. Fuis ma contagion. Ne te fais pas d’aimer une religion! Oh! par pitié pour toi, fuis! — Tu me crois, peut-être, Un homme comme sont tous les autres, un être Intelligent, qui court droit au but qu’il rêva. Détrompe-toi. Je suis une force qui va! Agent aveugle et sourd de mystères funèbres Une âme de malheur faite avec des ténèbres! Où vais-je? je ne sais. Mais je me sens poussé D’un souffle impétueux, d’un destin insensé. Je descends, je descends, et jamais ne m’arrête. Si parfois, haletant, j’ose tourner la tête, Une voix me dit: Marche! et l’abîme est profond, Et de flamme ou de sang je le vois rouge au fond! Cependant, à l’entour de ma course farouche, Tout se brise, tout meurt. Malheur à qui me touche!1 Victor Hugo, Hernani 1 Eu não tenho mais um amigo que de mim se lembre, Tudo me foge; já é sabido que, no fim, tua hora vai chegar, Pois eu tenho que ficar só. Foge do meu contágio. Não faças do amar uma religião! Ó! por pena de ti, foge! — Tu me crês, talvez, Um homem como são todos os outros, um ser Inteligente, que corre em busca do que sonhou Não se engane! Eu sou uma força que vai! Agente cego e surdo de mistérios fúnebres Uma alma de tristeza feita de escuridão! Para onde vou eu? eu não sei. Mas me sinto empurrado Por um sopro impetuoso, por um destino insensato. Eu desço, desço, e jamais paro. Se talvez, arfando, ouso virar o rosto, Uma voz me diz: Anda! e o abismo é profundo, E de fogo ou de sangue vejo um vermelho no fundo! Entretanto, em volta do meu curso feroz, / Tudo se quebra, tudo morre. Coitado seja quem me toca! 1 1990: Murder one A bala de calibre 45 põe-se em movimento. As partículas de pólvora se acendem, os gases se liberam violentamente na câmara de combustão e, dilatando-se, propulsionam a bala full metal jacket. Ela sai pela extremidade do cano da Sig-Sauer P220 à velocidade de 260 metros por segundo. Ondas de choque concêntricas se propagam, os gases refluem, a arma recua. Os seis sulcos no interior do cano, voltados para a direita, provocam a rotação da bala, aumentam sua velocidade e contribuem para a estabilidade numa distância de mais de 8 metros. O cartucho é expelido num ângulo lateral de 45 graus à direita. A distância, aqui, é de alguns centímetros, e os sulcos de nada servem. A bala atinge o rosto de Dag Drollet uma fração de segundo depois de disparada. Exerce uma pressão de 50 quilos por milímetro quadrado, o que se costuma chamar de “força esmagadora”. A superfície do projétil é de 10,2 milímetros quadrados, e a pressão total, de 510 quilos. O detalhe é que, a tão pouca distância, os gases liberados pelo cano acompanham a bala, dilatando-se no interior do corpo. Antes disso, queimam a pele da vítima: é a “tatuagem”. A força esmagadora, aqui, não vem ao caso, pois a bala nada encontra de muito sólido. Quanto maior a resistência, maior o estraçalhamento. Mas o cano da Sig- Sauer está apontado para a face esquerda de Dag Drollet. A bala penetra num ângulo de 45 graus em relação ao solo e abre caminho em diagonal na direção da base do crânio e do cerebelo. Ela atravessa o assoalho craniano, destrói a parte pétrea e timpânica do osso temporal, rompe a artéria vertebral, o que em geral provoca a morte em dez a doze segundos. Dag Drollet, sentado no sofá com o controle remoto da TV na mão, cai ligeiramente para trás, sua cabeça tomba no encosto do sofá. Ele não sentiu nada: o nervo olfativo, o nervo ótico, o nervo trigêmeo, o nervo facial, o nervo vago e os outros oito pares de nervos foram rompidos. Um pouco de sangue

Description:
Marlon Brando, "o maior ator do mundo", um monstro sagrado. Desde sua estreia em Nova York em Um bonde chamado desejo à sua última aparição em A cartada final, ele teve um destino fora do comum. Como o homem de uma beleza inimaginável, de uma sedução extraordinária, de um talento sem igual p
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