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Marcelo Romani Peccioli PDF

154 Pages·2011·0.53 MB·English
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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC-SP Marcelo Romani Peccioli Micropolítica dos Corpos. As drogas como linhas de fugas. Mestrado em Ciências Sociais São Paulo 2011 1    PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC-SP Marcelo Romani Peccioli Micropolítica dos Corpos. As drogas como linhas de fugas. Dissertação apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial para obtenção do título de Mestre em Ciências Sociais (área de concentração: Ciência Política), sob orientação da Profa. Dra. Silvana Tótora. São Paulo 2011 2    Banca examinadora ____________________________________ ____________________________________ ____________________________________ 3    À saúde de minha mãe, Eliane. Boa recuperação! 4    Agradecimentos Ao meu pai, Silvio, por todas as oportunidades concedidas. Ao Programa de Estudos Pós-Graduados em Ciências Sociais da PUC-SP e ao CNPq, que viabilizou a pesquisa por meio de uma bolsa de estudos. À Silvana Tótora, minha orientadora, pela acolhida, pela liberdade e confiança durante o desenvolvimento da pesquisa, assim como as orientações ricas e precisas, que contribuíram para a conclusão deste trabalho. Ao professor Henrique Carneiro, pela problematização e indicação bibliográfica feita durante o processo de qualificação deste mestrado, contribuindo para o enriquecimento da pesquisa. Ao professor Miguel Chaia, pela objetividade e precisão no processo de qualificação, destacando os objetivos da pesquisa e a possibilidade de uma discussão mais profunda. Ao esquizo-analista Rafael Adaime, pelo trabalho desenvolvido comigo, além de suas indicações bibliográficas para a pesquisa. Ao Gabriel Kolyniak, pela excelente revisão da dissertação. As grandes amizades feitas na Universidade: Bruno Menna, Denis Plaper, Davi Moreira, Felipe Brotto, Fábio Lacerda, Fernanda Cernea, Fernando Pozzetti, Flávio Fraschetti, Francine Modesto, Isla Nakano, Jaqueline Pino, Leonardo Garin, Luciana Longobardi, Maria Maroto, Priscilla Branco e Rodrigo Moraes. Vivências ricas e intensas, que de alguma forma contribuíram para a elaboração dessa pesquisa. A todos os demais amigos, por todas as experiências, intensidades e, principalmente, pelo companheirismo e paciência! 5    RESUMO A presente dissertação pretende problematizar estéticas de existência propostas pelos escritores Aldous Huxley e William Burroughs, as quais têm no uso de drogas um elemento central. Para isso, a pesquisa retoma a discussão feita por Friedrich Nietzsche, Michel Foucault, Gilles Deleuze – especialmente como leitor de Espinosa –, assim como os dispositivos de controle lançados pelo Estado desde o advento da sociedade disciplinar, visando ao adestramento dos corpos. Desdobrando esses dois eixos temáticos – experimentação e controle –, a pesquisa aborda os corpos e o agenciamento drogas, fazendo um breve relato sobre a sua disseminação na sociedade urbana e a caracterização do drogado como um anormal que requer cuidados médicos e atenção policial. Por fim, a dissertação discorre sobre as obras de Aldous Huxley e William Burroughs no que concerne às drogas, seus experimentos, suas produções e seus enfrentamentos, por meio dos conceitos desenvolvidos por Deleuze e Foucault, que fazem referência a uma estetização de si. Palavras-Chave: Micropolítica, linhas de fuga, drogas. 6    ABSTRACT The following dissertation intends to problematize the aesthetics of existence, the ones which have as central element the use of drugs, proposed by the writers Aldous Huxley and William Burroughs. . In order to address the problematization, the research goes back to the threaded discussion of Friedrich Nietzsche, Michel Foucault and Gilles Deleuze – especially as a Spinoza reader -, as well as the control devices launched by the State since the disciplinary society’s emergence, aiming the bodies’ docilization. To unfold these two thematic axes – experimentation and control -, the research approaches the bodies and by doing a brief report on its dissemination in the urban society and the categorization of the drugs’ user as an abnormal who requires medical caring and police surveillance. Lastly, the dissertation approaches the works of Aldous Huxley and William Burroughs on the matters regarding drugs, their experiments, creations and confrontations. It is all brought up by the concepts developed by Deleuze and Foucault referencing one’s aestheticization. Keywords: Micropolitics, lines of escape, drugs. 7    SUMÁRIO   Introdução................................................................................................................. 08 PARTE I: O Estado contra o Corpo. Arenas de Combate................................ 15 Capítulo 1 – A respeito dos corpos........................................................................ 16 A redescoberta filosófica do corpo.................................................................... 16 A sujeição dos corpos................................................................................... 20 A resistência dos corpos............................................................................... 27 A batalha do corpo contra o organismo........................................................ 34 Capítulo 2 – Corpos Drogados............................................................................... 38 O Corpo sem Órgãos drogado............................................................................. 38 A ebriedade em Nietzsche.................................................................................. 44 Difusão das drogas na cultura urbana................................................................. 47 A construção da toxicomania e a proibição das drogas....................................... 52 Liberações............................................................................................................ 59 PARTE II: O Corpo como Obra. Arena para Experimentações......................... 67 Capítulo 1 – A experiência visionária como desconstrução dos estados. Aldous Huxley............................................................................................................. 68 Nobre de berço.................................................................................................... 68 Soma: A primeira fase literária de Huxley.......................................................... 76 Introdução aos psicodélicos: Portas da Percepção............................................... 82 Moksha: Liberações............................................................................................. 91 Reverberações: a explosão da psicodelia........................................................... 97 Capítulo 2: Não há literatura experimental sem vida experimental William Burroughs ....................................................................................................... 107 Introdução: Literatura desvairada....................................................................... 107 American way of life........................................................................................... 112 Geração Beat........................................................................................................ 114 Obra como vida, vida como obra......................................................................... 120 O abismo de Burroughs..................................................................................... 127 Capitulo 3: Désagues................................................................................................ 139 A singularidade dos experimentos.............................................................. 139 Referências bibliográficas .................................................................................... 146 Sites visitados............................................................................................................ 152 8    Introdução A questão das drogas tem se destacado como um dos principais problemas mundiais das últimas décadas. É discutida tanto em nível de saúde – em relação à adoção de políticas sanitárias eficientes para açambarcar um grande número de drogadictos, o que inclui redução de danos, abstenção total, internação, criação de centros psicossociais que visam a reabilitar o dependente para inseri-lo outra vez na sociedade etc. – como em nível de segurança pública: medidas austeras para combater o tráfico de drogas, enrijecimento das leis repressivas, punição para traficantes e usuários, criação de instituições repressoras especializadas, cooperação militar entre países etc. Malgrado todas essas discussões e ações, os índices1 vêm continuamente apontando o aumento do número de consumidores de drogas no Brasil; e a guerra gerada pela proibição não para de gerar baixas nos “exércitos” envolvidos, assim como entre os observadores passivos da sociedade. Atualmente, a proibição é o paradigma; algo já dado como normal ou evidente. Poucos são aqueles que, em seus trabalhos e pesquisas, ousam questioná-la. É preciso buscar compreender como certas plantas – que coexistem conosco nesse planeta há milhares de anos – adquiriram, no último século, uma valoração moral negativa, sendo vistas como pragas que deveriam ser erradicadas do globo. Para isso, também é necessário compreender como e quando o estado de ebriedade passou a ser considerado uma anomalia, algo ruim, que deve ser evitado; o Estado sequestra o controle da subjetividade daqueles que estão sob sua tutela. Micropolítica dos Corpos. As drogas como linhas de fugas percorre o caminho aberto por outros pesquisadores para investigar os processos histórico-políticos pelos quais o Estado instaurou a proibição das drogas e o sequestro da vontade desta experimentação. Acompanhar o enredo de alguns desses processos é uma forma de                                                          1 O Relatório Mundial sobre Drogas 2010, divulgado pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), mostra que o consumo de drogas está se deslocando em direção a tendências de novas drogas e de novos mercados. O cultivo de drogas está diminuindo no Afeganistão (ópio) e nos países andinos (coca), e o consumo de drogas tem se estabilizado nos países desenvolvidos. Entretanto, há sinais de aumento no consumo de drogas nos países em desenvolvimento, além de um aumento no consumo de substâncias do tipo anfetamina (ATS, na sigla em inglês) e no abuso de medicamentos sob prescrição em todo o mundo. 9    fundamentar a discussão sobre esse tema. Entretanto, o debate não se limita ao campo da legislação proibicionista, aos mecanismos de controle e repressão e aos efeitos de poder experimentados pelos indivíduos. O problema central desta pesquisa é a experimentação de si com as drogas. Sua perspectiva política se pauta pelo que Deleuze e Guattari definem como “micropolítica”, pela “grande política2” nietzschiana e pelos estudos de Foucault sobre a cultura greco- romana antiga, que resultaram em seu trabalho sobre os cuidados de si. Para os dois pensadores franceses, “um campo social não para de ser animado por toda espécie de movimentos de descodificação e de desterritorialização que afeta ‘massas’, segundo velocidades e andamentos diferentes. Não são contradições, são fugas” (Deleuze; Guattari, 1996: 99). A percepção da micropolítica implica justamente acompanhar estes movimentos, estas linhas de fuga. Em Mil Platôs, os autores fornecem indicações conceituais úteis para nossa pesquisa: Hoje, instaurou-se um discurso sobre a droga que só faz agitar generalidades sobre o prazer e a infelicidade, sobre as dificuldades de comunicação, sobre causas que vêm sempre de outra parte. Mais finge-se compreender um fenômeno quanto mais se é incapaz de captar sua causalidade própria em extensão. Sem dúvida, um agenciamento jamais comporta uma infra-estrutura causal. Ele comporta, no entanto, e no mais alto ponto, uma linha abstrata de causalidade específica ou criadora, sua linha de fuga, de desterritorialização, que só pode efetuar-se em relação com causalidades gerais ou de uma outra natureza, mas que não se explica, absolutamente por elas (Deleuze; Guattari, 1997a, p. 78). A dissertação é dividida em duas partes. A primeira parte, “O Estado contra o Corpo. Arenas de Combate”, situa a retomada do corpo como questão central no campo político e filosófico, com base nos pensamentos de Deleuze – principalmente em relação à sua leitura de Espinosa –, de Nietzsche e de Foucault. A maioria das correntes de pensamento filosófico o preteriram, pelo espírito ou pela consciência. Espinosa, que se deteve com mais atenção no tema do corpo, como destaca Deleuze (2008), define um                                                          2 “Transvalorar todos os valores, seja os de uma política de “rancor vingativo contra a vida”, provocando a disputa entre povos, raças e indivíduos – moral de escravos -, seja de um discurso da racionalidade que prioriza a verdade, a essência, a identidade, sujeito, consciência, depreciando o corpo compõe a tese da grande política para Nietzsche. Desafia, com isso, não só o seu momento histórico, mas muito milênios de história. Destruir essa herança é condição para a afirmação da vida. A grande política afirma a sua aliança com a vida instaurando uma nova hierarquia de valores e seleção daqueles dispostos a criar para além de si” (Tótora, 2008: 137).

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pelos escritores Aldous Huxley e William Burroughs, as quais têm no uso de drogas um elemento central. Lastly, the dissertation approaches the works of Aldous Huxley and William. Burroughs on the matters .. obra, A Ilha (1962), é praticamente uma grande síntese do pensamento de Huxley e das.
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