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Manual operacional de bombeiros - guarda vidas PDF

196 Pages·8.637 MB·Portuguese
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MANUAL OPERACIONAL DE BOMBEIROS GUARDA VIDAS 2 MANUAL OPERACIONAL DE BOMBEIROS GUARDA-VIDAS Comandante Geral Cel QOC Carlos Helbingen Júnior Comandante da Academia e Ensino Bombeiro Militar Cel QOC Sérgio Ribeiro Lopes Comissão de Elaboração do Manual Cap Josef Patrick Nowak da Cunha 1º Ten Higor Mendonça 2º Ten Sanjay Narendrakumar Babulal Comissão de Colaboradores do Manual Cap Tiago Costa Chaves 1º Ten Leonardo de Castro Oliveira 1º Ten Adão Januário da Rocha 2º Ten Thiago Wening Barbosa 2º Sgt Marcos Lima e Silva 3º Sgt Renato de Faria Rezende Cb Anaise Laurene de Paula Moreira Cb Gustavo Rosa Morais Cb Max Lânio de Lima Maggi Cb Luna Figueiredo Ferreira Roriz dos Santos Cb Mônica Barbosa Rodrigues Cb Renata Medeiros Costa Sd Gustavo Sousa Gimenes Fotógrafo 1º Sgt Dennis Silva dos Santos Participação nas Fotografias 1º Ten Higor Mendonça 2º Ten Sanjay Narendrakumar Babulal Cb Gustavo Rosa Morais Cb Renata Medeiros Costa Cb Mônica Barbosa Rodrigues Cb Pedro Paulo de Aquino Moura Morais Sd Marcelo Mariano Araújo Pinheiro Sd Gustavo Sousa Gimenes Goiânia - GO 2017 M294 Manual operacional de bombeiros : guarda-vidas / Corpo de Bombeiros Militar. – Goiânia : - 2017. 191 p. : il. Vários colaboradores. 1. Riscos decorrentes da água. 2. Afogamento. 3. Guarda-vidas. 4. Primeiros socorros. I. Goiás (Estado) - Corpo de Bombeiros Militar. CDU: 614-81 3 APRESENTAÇÃO O bombeiro militar, pela natureza de suas ações, atua onde quer que a população dele precise, seja na terra, na água ou no ar. E para que isso seja possível, o aprimoramento técnico-profissional nas mais diversas áreas deve ser uma constante, com atenção especial àquelas missões nas quais o meio de atuação não é o nosso habitat natural. Nesta seara destacam-se as atividades aquáticas, nas quais as ações dos bombeiros militares são realizadas na zona limítrofe entre a diversão e a tragédia. O alto nível de responsabilidade demandada exige-nos um treinamento e preparação em igual proporção, para que o saudável hábito da população em frequentar rios, lagos, cachoeiras e piscinas não seja pontuado por traumas e perdas humanas. Ao longo dos anos a prática demonstrou que a melhor forma de evitar afogamentos é a prevenção. Em razão disso o CBMGO, tem estado presente nos principais balneários de Goiás durante as operações que realiza ao longo do ano. Além disso vem trabalhando com as mais diversas formas de prevenção: palestras, vídeos, workshops, folders, dentre outras. Este Manual pretende fomentar no bombeiro militar o entendimento da complexidade das atividades de Guarda-Vidas, desde a manutenção do condicionamento físico, passando pelas atividades diárias do serviço, ressaltando a importância das atividades preventivas para, por fim, chegar às técnicas e mecanismos envolvidos no resgate de vítimas em meio aquático. Esta obra é uma ferramenta cujo propósito é despertar a discussão, incrementando o conhecimento acerca das práticas desenvolvidas no âmbito do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás, sempre em prol de uma sociedade mais segura. Carlos Helbingen Júnior – Cel QOC Comandante Geral do CBMGO _ 4 PREFÁCIO “Evitável em 99% das vezes, o afogamento é chamado erroneamente de acidente e com isto nos remete a uma ideia de ser um acaso da natureza e algo inevitável. A Cura do incidente AFOGAMENTO é a PREVENÇÃO”. Szpilman, 2013. Situações de catástrofe familiar podem ser observadas quando famílias inteiras se afogam juntos, por desconhecimento, ou pela tentativa infrutífera de salvar uns aos outros. A perda que ocorre por afogamento é sempre de forma inesperada, provocando um desastre emocional familiar sem precedentes – uma ferida sem cicatrização. O trauma, diferentemente de outras doenças, ocorre inesperadamente na grande maioria das vezes, principalmente em crianças, o que gera invariavelmente uma situação caótica dentro do âmbito familiar. Dentre todas as possibilidades de trauma, o afogamento é sem dúvida o de maior impacto familiar, social e econômico, tendo um risco de óbito 200 vezes maior quando comparado aos eventos de trânsito. A Organização Mundial da Saúde estima que 0,7% de todas as mortes no mundo - ou mais de 500 mil mortes a cada ano - são devido ao afogamento não intencional. Como um enorme número de casos de óbitos não é documentado, este número subestima a realidade mesmo em países de alta renda, e não inclui situações como inundações, acidentes de navegação e tsunamis. O afogamento é uma das principais causas de morte em crianças e adultos jovens no mundo, embora estejamos quantificando apenas 6% do problema. Ou seja, 94% do problema não são contabilizados, pois não chegam ao óbito ou a rede hospitalar do SUS. Incidente silencioso, cercado de mistérios indecifráveis e muitas vezes atribuídas a uma fatalidade inevitável do destino ocorrem no ambiente extra- hospitalar em sua grande maioria, e por ter pouca ou nenhuma repercussão, não ganha a notoriedade e a atenção que necessita. Para a sociedade em geral, a palavra “afogamento” remete ao salvamento e as medidas de primeiros socorros como as mais importantes, no entanto, a ferramenta de maior eficácia na luta contra _ 5 os afogamentos é a prevenção. Então porque é tão difícil convencer nossa sociedade e gestores públicos e privados a investir neste segmento? As maiores razões para isto são o nosso desconhecimento do tamanho exato do problema, tais como o número de pessoas que diariamente se submetem ao risco de incidentes aquáticos e os custos humanos e financeiros destas tragédias (fatal ou não). Um dos grandes desafios neste segmento é conseguir impactar a sociedade com a possibilidade desta ocorrência, que está entre todos e muita próxima de acontecer. O conhecimento destas variáveis nos permitirá fazer um balanço entre os benefícios e os custos a sociedade, e ainda, elaborar estratégias que possam mitigar o fardo elevado do afogamento, utilizando melhor os recursos disponíveis em prevenção. Campanhas de prevenção, além de poder informar e evitar o desastre de um afogamento, impactam a sociedade com a possibilidade real desta ocorrência. A realidade dos dados sobre afogamento aqui apresentados não destaca um novo problema, mas uma velha e grave endemia pouco conhecida e divulgada em nossa sociedade. A tragédia do afogamento está presente em nossos dia-a-dia como Brasileiros, com 17 mortes diárias (ano 2015). O afogamento envolve principalmente a assistência pré-hospitalar prestada por leigos, Guarda-Vidas, socorristas e profissionais de saúde. Portanto, é essencial que toda sociedade tenha conhecimento da cadeia de sobrevivência no afogamento que inclui desde a assistência pró-ativa de prevenção praticada em ambientes escolares, a identificação de comportamentos e situações de risco iminente no ambiente aquático, passando pela assistência pré-hospitalar de atender uma ocorrência em seu ambiente familiar, até finalmente a internação hospitalar se necessária. No afogamento, o resgate é um dos componentes vitais para salvar o paciente e a avaliação e os primeiros cuidados são fornecidos em um ambiente altamente hostil, a água. Ao socorrista profissional, o conhecimento da assistência reativa prestada ao afogado para ajudá-lo sem, contudo tornar-se uma segunda vítima, é fundamental. Saber como e quando realizar o suporte básico de vida ainda dentro da água e acionar o suporte avançado pode fazer a diferença entre a vida e a morte do paciente. Quando este tipo de assistência não é realizado adequadamente no local do evento, pouco se pode realizar no hospital ou em terapia intensiva para modificar o resultado final. O afogamento representa uma tragédia que geralmente pode ser evitada. A _ 6 maioria é o resultado final de violências contra o bom senso, da negligência para com as crianças e de abuso de bebidas alcoólicas. Esse cenário necessita de uma intervenção preventiva radical e imediata, para a reversão desta catástrofe diária que é o afogamento em nosso país. O Guarda-Vidas é a figura central em todo este cenário de afogamentos. Embora a maioria das ocorrências se dê em locais sem vigilância destes profissionais, e isto se deve ao fato da impossibilidade em todo mundo de dar cobertura em todos os locais, principalmente em rios onde ocorrem 75% dos óbitos em nosso país, o Guarda-Vidas tem a principal função de preparar, através da educação, seus pares e a população em geral, identificando os problemas, entendendo os riscos, e apontando soluções. Há muito tempo se substituiu o termo salva-vidas por Guarda-Vidas, e a razão para tal, é que estes profissionais não estão para salvar, mas principalmente para guardar e assegurar a vida, estão para prevenir. Um dia ótimo de trabalho na vida deste profissional, que como ninguém lida com a vida por um fio, é aquele onde nenhum socorro ocorreu e onde, portanto a prevenção prevaleceu. Este manual teve a preocupação de detalhar todo este importante conteúdo, com o simples e direto objetivo de formar este profissional que GUARDA-VIDAS. David Szpilman1 1 David Szpilman: Fundador, Ex-Presidente e atual Diretor Médico da Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático – SOBRASA; Médico da Defesa Civil da Cidade do Rio de Janeiro; Tenente Coronel Médico da reserva do Corpo de Bombeiros do Estado do Rio de Janeiro, Grupamento de Socorro de Emergência; Membro do Conselho Médico e de Prevenção da Federação Internacional de Salvamento Aquático - ILS; Membro da Câmara Técnica de Medicina Desportiva do CREMERJ; Fundador da “International Drowning Research Alliance” – IDRA. _ 7 AGRADECIMENTOS A nobreza desta profissão nos remete às nossas primeiras palavras. Agradecemos ao Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás por nos proporcionar a aquisição de conhecimentos únicos e que muito contribuíram com a nossa carreira. Cedemos um especial agradecimento à Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático - SOBRASA, pela dedicação, referência didática e pelo companheirismo mostrado ao longo dos tempos. Um agradecimento especial aos bombeiros militares, que por tamanha presteza, nos ajudaram neste trabalho. A todos que contribuíram com este trabalho, e àqueles que se lançam nas águas diariamente, para que outros possam sobreviver. “Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina” (Cora Coralina)

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