Manual de Matemática para o 12º ano Matemática A NIUaleph 12 VOLUME 1 Jaime Carvalho e Silva Joaquim Pinto Vladimiro Machado 2012 Título NiuAleph 12 - Manual de Matemática para o 12º ano de Matemática A Autores Jaime Carvalho e Silva Joaquim Pinto Vladimiro Machado Capa e Design Elisa Silva Conceção Técnica Vítor Teodoro João Fernandes Imagens e fontes As imagens utilizadas neste manual pertencem ao domínio público ou, nas situações indicadas, aos respetivos autores, sob as Licenças Creative Commons Attribution-ShareAlike 3.0 http://creativecom- mons.org/licenses/by-sa/3.0/) ou Creative Commons Attribution 3.0 http://creativecommons.org/li- censes/by/3.0/ As fontes utilizadas neste manual pertencem às famílias Latin Modern e Latin Modern Math, desenvol- vidas pela GUST http://www.gust.org.pl/projects/e-foundry/lm-math/index_html ISBN 978-989-97839-0-4 Edição 1.ª edição/versão 1 Data 2012 © Este ficheiro é de distribuição livre mas os direitos permanecem com os respetivos autores. Não é permitida a impressão deste ficheiro. Índice geral Volume 1 Capítulo 1 – É possível? É provável? Capítulo 2 – Probabilidade Capítulo 3 – Probabilidade condicionada Capítulo 4 – Distribuição de probabilidades Volume 2 Capítulo 5 – Análise Combinatória Capítulo 6 – Triângulo de Pascal e Binómio de Newton Capítulo 7 – Função exponencial Capítulo 8 – Função logarítmica Volume 3 Capítulo 9 – Teoria de Limites Capítulo 10 – Cálculo Diferencial Capítulo 11 – Aplicações do Cálculo Diferencial Capítulo 12 – Teoremas elementares do Cálculo Diferencial (*) Volume 4 Capítulo 13 – Funções trigonométricas Capítulo 14 – A História dos números complexos Capítulo 15 – A Álgebra dos números complexos Capítulo 16 – A Geometria dos números complexos Capítulo 17 – Demonstrações de Geometria usando números complexos (*) Índice Capítulo 1 - É possível? É provável? 6 História(s) – Galileu e o jogo dos dados 16 Leitura(s) – Como o acaso comanda as nossas vidas 24 Síntese – O essencial passado em revista 25 Lição de Lógica Matemática n.º 7 – Leis de De Morgan 26 Exercícios globais 28 Conselhos para os exames - n.º 1 33 Itens de exames 35 Prova global 36 Capítulo 2 - Probabilidade 38 História(s) – Pierre Simon Laplace (1749-1827) 50 Leitura(s) – Bomba no avião, Certezas e incertezas no jogo das probabilidades 58 Síntese – O essencial passado em revista 60 Lição de Lógica Matemática n.º 8 – O que é uma axiomática? 60 Exercícios globais 62 Conselhos para os exames – n.º 2 68 Itens de exame 68 Prova global 74 Capítulo 3 - Probabilidade condicionada 76 História(s) – Jogos de azar 89 Leitura(s) – ADN identifica assassino – Vida, morte e probabilidade condicional 93 Síntese – O essencial passado em revista 94 Exercícios globais 95 Conselhos para os exames – n.º 3 100 Itens de exame 101 Prova global 105 Capítulo 4 - Distribuição de probabilidades 106 História(s) – Louis Bachelier – o início da matemática financeira 120 Modelo Binomial 121 Modelo Normal 124 Leitura(s) – A Matemática do azar 128 Síntese – O essencial passado em revista 129 Exercícios globais 131 Conselhos para os exames – n.º 4 134 Itens de exame 135 Prova global 138 1. É possível? É provável? A sorte grande sai sempre aos outros. Popular O que há em mim é sobretudo cansaço. Álvaro de Campos Há sem dúvida quem ame o infinito, Há sem dúvida quem deseje o impossível, Há sem dúvida quem não queira nada — Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles: Porque eu amo infinitamente o finito, Porque eu desejo impossivelmente o possível, Porque quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser, Ou até se não puder ser... Na linguagem corrente encontramos frequentemente expressões como “é provável que”, “é impro- vável que”, “tenho a certeza”, “raramente”, “é impossível”, “isso é muito aleatório”. Nos jornais muitos títulos e notícias se baseiam em tais expressões: O despiste do carro é a causa mais provável do leia com atenção artigos na imprensa sobre a acidente, segundo a GNR. JN, 10-04-2010. companhia em causa. Dinheiro Vivo, 13-04- 2012. Iate russo desaparecido nos mares da Antár- tida. Segundo a porta-voz, a causa mais pro- Sinto que a teimosia raramente é uma virtude. vável da falta de comunicação é uma avaria Palavra de Teimoso! Embora eu seja daque- na antena provocada pela tempestade. JN, les teimosos que só teimo quando tenho a 06-04-2012. certeza de alguma coisa... Largo da memória, Luís Eme. Apesar da marca X admitir que esta é uma questão sensível, em que não existem certe- Investigadores de Aveiro aperfeiçoam ‘dete- zas, o consenso geral é que é altamente im- tor de mentiras’. Posteriormente, e já liga- provável que os telemóveis causem quedas de dos ao polígrafo, observaram todas as cartas aviões. JN, 18-01-2012. apresentadas aleatoriamente em ecrã de com- putador e tiveram que dizer ‘não’ a todas Dez formas de estragar uma entrevista de elas, incluindo a que escolheram previamen- trabalho: (1) não investigou a empresa. Du- te, quando questionados sobre a carta que rante uma entrevista de emprego vão de cer- tinham escolhido. JN, 11-04-2012. teza perguntar-lhe se tem alguma questão a colocar. É a oportunidade perfeita para sa- Já Tomás Silva, ex-hacker e consultor de se- ber algo mais sobre a posição que pretende gurança, acredita que os piratas tentaram ocupar. Por isso, antes de uma entrevista, atacar organismos públicos e empresas du- consulte o website da empresa e analise com rante o dia de ontem, embora de forma “de- cuidado o anúncio de emprego. Se os houver, sorganizada” e “aleatória”. JN, 10-12-2011. Estamos aqui perante situações muito diferentes: numas é perfeitamente previsível o resultado e 6 1. É possível? É provável? noutras a incerteza sobre o resultado é total. Naqueles em que esdteatmeroms ipneísrtainctoes fenómenos previ- síveis, embora possam não ser totalmente conhecidos, chamamos não det,e er mnoins íosutticrooss em qauleea ntãóor itoesmos de todo a certeza do que é que se vai observar, chamamos ou . T r Tarefa resolvida 1 fenómeno determinístico Pfeanróa mcaednao u aml edaotsó freinoómenos seguintes indica se se trata de um ou um : a) Largar um pêndulo e observar o seu movimento; b) Lançar um dado comum e observar o número que sai. resolução a) Qampueanartneedc iood oqs eun eloa arecgnoaun nutecmcia epd: êopn rddimau letoia rr(oen fcuaam)i, aaa tssé i ltaeuitasi nçfãgísoiir c caaos mp qouusmeiç ,ãr eosge q eamu es ioot u saeçuã mo ofovsisme eenstpoe cdieatle traml idneavme rtiao ttaelr- N00/6153399105 @ catoreopeeomtu arsétmtriibe rtosampooitrrtêrr,; pi iannemdao cgmpat ieiaiqsor nn u sstdgucseeoiaoagm n ruddddaaaieoerodc m,mc t a efeapo iorrrcorotíreaa sanapqtb rtieaupa octm neasoef sdsau o icozoiçf adt ee ãmsodironone a togó te pemvauvmmvêilriam etneapéiazdn se v op upone meeal tellordmoe ream vf enetepeatoiiin adetntsdterara gea mom ei e rq plu i eemuntodmnvaeíreaets l epi dtaslop aieo oc cop disoaiass oom limdc sçceoiuãeboç bovlnpiãáei itoal(vdnii mreznotaalaeu a n r)aaàos-., Péndulo de Foucault por Javi Masa, http://www.flickr.com/photos/93875434 Estamos pois perante um . b) Quando se larga um dado comum, ele rebolará na superfície onde o largarmos e poderemos dizer que o resultado final fica- rá perfeitamente determinado pelas leis físicas que regem o movimento dos corpos e dos choques. Contudo, a complexida- de do movimento é tal que, em tempo útil (menos de um ano...), é impossível na prática prever que face vai estar para cima quandof eon dóamdoe npoa raalre. aPtoódreiomos assim dizer que estamos perante um . 1. É possível? É provável? 7 e xercícios 1. deterministas aleatórias Classifica as experiências seguintes em ou : 1.1 Largar uma bola e observar se cai no chão. 1.2 Atirar verticalmente uma bola e observar se cai no chão. 1.3 Lançar 2 vezes uma moeda e registar a face que fica virada para cima. 1.4 Lançar 10000 vezes uma moeda e registar a face que fica virada para cima. 1.5 De uma caixa com 2 bolas brancas e 2 bolas pretas, retiraram-se, sem olhar, duas bolas. Registar a cor das bolas retiradas. 1.6 Aquecer água acima dos 144� C e registar o que acontece. 1.7 Aquecer água acima dos 92� C e registar o que acontece. 1.8 Deitar uma esfera metálica num copo de água e verificar o que acontece. 1.9 Deitar uma bola de ping pong num copo de água e verificar o que acontece. 1.10 Tirar duas cartas, à sorte, de um baralho de 52 cartas que foi previamente bara- lhado e registar todas as cartas saídas. 1.11 Tirar 52 cartas, à sorte, de um baralho de 52 cartas que foi previamente baralha- do e registar todas as cartas saídas. 2. determinista aleatória Indica um exemplo de uma experiência e de uma experiência . Muitas vezes a maior ou menor previsibilidade de um acontecimento é traduzida com a palavra probabilidade: “Alta probabilidade de ataque “Probabilidade de encontrar pe- terrorista”. JN, 25-01-2012. tróleo em Portugal é baixa”. JN, 02-02-2012. O que significa a palavra probabilidade aqui? Se é verdade que nas notícias acima não se poderá atribuir um valor numérico à probabilidade, muitas vezes conseguimos atribuir sem hesitar um valor à possibilidade de concretização de uma certa situação. Por exemplo, se nos perguntarem qual a probabilidade de exis- tir uma mosca com dois quilos, não hesitaremos em dizer que a probabilidade é zero, visto que a nossa experiência com moscas nos diz ser tal impossível. Mas se nos perguntarem qual a proba- bilidade de um macaco gostar de bananas já responderemos sem hesitar que é um. Contudo, sem uma teoria adequada já não saberemos atribuir um número a acontecimentos como “Vai chover amanhã”, “Vou ganhar o euro milhões” ou “Vai haver menos moscas este Verão”. 8 1. É possível? É provável? Teoria da Probabilidade A mod efoloi sd epsreonvboalbviidlías teixcaotsamente para nos fornecer modelos matemáticos efespneócmiaeisn, oas q aulee saet óchraiomsa va,r piáavrae icsonsegpuoirp duelsacçrõeveesr com clareza todos os . Para isso vamos estudar em : População – conjunto de elementos ou indivíduos (não necessariamen- te pessoas) com características comuns. Variável – característica comum a uma população que assume valores diferentes de indivíduo para indivíduo. Quando recolhemos uma observação de uma variável, ou quando observamos um fenómeno aleató- rio, dizemos que estamos em presença de uma experiência aleatória: Experiência aleatória – é o processo que permite obter uma observação ou resultado tal que: antes da observação do fenómeno não se tem conhecimento suficiente para dizer qual dos resultados se vai verificar; é possível fazer um grande número de realizações, independentes, da expe- riência; admite-se que é possível encontrar números entre 0 e 1, que representam a frequência relativa com que se verificam os resultados individuais de cada realização da experiência. e xercícios 1. aleatórias Indica quando estamos em presença de experiências : 1.1 Olhar para a rua. 1.2 Olhar para a rua e ver se há carros estacionados. 1.3 Encontrar um carro de que se goste. 1.4 Contar o n.º de carros estacionados, na rua, ao sairmos de manhã de casa. 1.5 Falar com as pessoas na rua. 1.6 Perguntar a uma pessoa ao acaso, da sua cidade, quantas são as pessoas do seu agregado familiar. 1.7 Medir o tempo que de manhã levamos a chegar ao emprego 1. É possível? É provável? 9 T r Tarefa resolvida 2 Constrói um modelo de probabilidade para: a) o número de pintas da face que fica virada para cima no lançamento de um dado vulgar. b) a face virada para cima num RAPA. resolução a) Trata-se de um fenómeno aleatório por ser de todo impraticável prever o resultado. Como esta- mos em presença de um dado vulgar (com a forma de um cubo perfeito – ou quase – e feito de material homogéneo), não há razão para pensar que uma face possa ter de aparecer mais vezes do que qualquer outra; assim todas as faces podem ficar viradas para cima com igual probabilidade; como há 6 faces, a probabilidade terá de ser 1/6: Número de pintas da face que fica virada 1 2 3 4 5 6 para cima Probabilidade 1/6 1/6 1/6 1/6 1/6 1/6 b) Um RAPA é um jogo tradicional em que um cubo tem uma base e um topo como a de um pião para poder rodar livremente até cair e então mostrar uma face para cima. As quatro faces do cubo com marcação têm 4 letras corres- pondentes a 4 ações: R, T, D e P, correspondentes a RAPA, TIRA, DEIXA e PÕE. No início do jogo do RAPA todos os participantes têm de possuir o mesmo número de objetos (tradicionalmente eram feijões, mas pode ser um objeto qualquer). Roda-se o RAPA e, con- forme o resultado, vão-se colocando ou retirando objetos do centro da mesa de jogo. Se o RAPA, ao parar, apresentar a letra R voltada para cima, o jogador que o lança tem direito a levantar e guardar todos os objetos inicialmente colocados. Caso seja a letra T tem direito a tirar um objeto. Se for a letra D, não coloca nem tira qual- quer objeto e, finalmente, se ficar para cima a letra P, tem de pôr um objeto na mesa. Partindo do princípio que o RAPA é feito de material homogéneo, a obtenção de qualquer das letras tem igual probabilidade. Assim o modelo de probabilidade será Letra do RAPA R T D P Probabilidade ¼ ¼ ¼ ¼ 10 1. É possível? É provável?
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