UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE ANTROPOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ANTROPOLOGIA SOCIAL JORGE MAURICIO HERRERA ACUNA Maestrias de Mestre Pastinha: um intelectual da cidade gingada São Paulo 2017 JORGE MAURICIO HERRERA ACUNA Maestrias de Mestre Pastinha: um intelectual da cidade gingada Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Antropologia Social do Departamento de Antropologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, da Universidade de São Paulo, como parte dos requisitos para obtenção do título de Doutor em Antropologia. Orientador: Profa. Dra. Lilia Katri Moritz Schwarcz São Paulo 2017 2 Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte. 3 ACUNA, Jorge Mauricio Herrera. Maestrias de Mestre Pastinha: um intelectual da cidade gingada. Tese (Doutorado) apresentada à Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Doutor em Antropologia. Aprovado em: Banca Examinadora Prof. Dr. ______________________________ Instituição_________________________ Julgamento____________________________ Assinatura__________________________ Prof. Dr. ______________________________ Instituição_________________________ Julgamento____________________________ Assinatura__________________________ Prof. Dr. ______________________________ Instituição_________________________ Julgamento____________________________ Assinatura__________________________ Prof. Dr. ______________________________ Instituição_________________________ Julgamento____________________________ Assinatura__________________________ 4 Para mi madre, E todos os que lutam, dançam e jogam. 5 AGRADECIMENTOS Esta pesquisa carrega consigo, ao longo das páginas que seguem, infindáveis colaborações, contribuições e gestos de pessoas e instituições. Um grande jardim de caminhos que se bifurcam, em direção a vários pontos do passado, poderia ser uma imagem apropriada. Abrem-se em direção à arquivos físicos e virtuais, a acervos particulares e públicos, às pequenas ou grandes mensagens eletrônicas, aos livros emprestados e outros escaneados, às reuniões de trabalho, às acolhidas em Princeton, à amizade nas viagens de campo para Bahia, e aos tantos cafés, almoços e jantares em família, além da paciência infinita daqueles de que mais a pesquisa nos impõe uma sofrida distância. Inicio por um obrigado à professora Dra. Lilia Katri Moritz Schwarcz, oficialmente minha orientadora desde 2008, no mestrado. Desconheço, porém, se algum dia me dirigi a ela pelo nome completo ou pelos títulos, mantendo na memória desta longa amizade a irretocável delicadeza, compromisso, inteligência e bom humor que caracterizam seu nome verdadeiro: lili. As histórias e aprendizados são muitos desde 2005, quando a conheci na graduação, mas me atenho apenas a um exemplo: o inconteste estímulo à elaboração do projeto de doutorado e suas mudanças, somado ao absoluto apoio à aventura (ou loucura?) de realizar o doutorado duplo. Loucura responsável de lili, tão capaz de dar suporte ao trânsito entre a Universidade de São Paulo e a Universidade de Princeton quanto de demandar o diálogo com os dois lugares, ensinando o delicado respeito às tradições intelectuais que fazem o chão e o desterro nosso de cada dia. Os caminhos que derivam da gratidão me levam diretamente à Universidade de São Paulo, alma mater nascente desde 2001. Durante o doutorado, algumas pessoas foram fundamentais e, acredito, representam professores e funcionários da instituição em sua missão de construir as condições para um ambiente intelectual de excelência e cada vez mais comprometido com os desafios destes tempos de uma cidadania pelas pedras: Laura Moutinho, Fernanda Peixoto, Kely Martins Mendonça, Celso Cunha, Guilherme Magnani, Júlio Simões, João Gonçalves, Edinaldo Faria Lima, Antônio Sérgio Guimarães. Meu abraço também aos funcionários que se aposentaram ou foram transferidos, mas com quem convivi desde 2008: Soraya Guebara, Ivanete Ramos e Rose de Oliveira. Aos funcionários da Biblioteca Florestan Fernandes, por facilitarem o acesso aos materiais e por tornar o espaço cada vez melhor. 6 Uma segunda ponta da experiência de doutorado passa inevitavelmente pelo professor Dr. Pedro Meira Monteiro e a Universidade de Princeton. Já vão quase cinco anos desde o primeiro contato que culminaria com o convite para adentrar outra instituição, departamento, país e modo de vida. Muitos agradecimentos seguem se acumulando sob o cuidado e a atenção que, desde o início, foi dado em boas doses diante de todas as incertezas familiares, profissionais, acadêmicas duplicadas. Ao lado de lili, a dupla perfeita de orientadores, cada um com suas questões, com pontos de convergência e divergência, com muita simpatia e curiosidade sobre os caminhos tortos desta investigação. Pedro promovendo a errância, as derivas, lili pacientemente ponderando, ora com rigor, ora com curiosidade, ambos, quase sempre, com leveza. Andrea Melloni, querida amiga a ensinar os modos leves de viver com saudade do Brasil, e que segue ensinando o português com os sorrisos mais pedagógicos que já conheci. Por meio do Department of Spanish and Portuguese Languages and Cultures, descobri outro universo de pessoas, das mais variadas procedências, e que me ensinaram novas e desconhecidas faces da convivência e da colaboração (e competição) acadêmica. O Program in Latin American Studies (PLAS) e o Princeton Institute for International and Regional Studies (PIIRS) foram apoiadores importantes ao financiar a realização das pesquisas de campo e por proporcionar inúmeros seminários ao longo dos anos, permitindo o contato com um conjunto único de pesquisadores e professores dos mais variados campos. Gostaria de agradecer a todos os professores, estudantes e funcionários dos departamentos mencionados, dos quais menciono apenas alguns: Silvana Bishop, Karen Gonzalez, Nikki Woolward, Bruno Carvalho, Eneida Toner, Damaris Zaya, Carole Frantzen, Fernando Acosta-Rodríguez, Serge Gruzinski e Esther da Costa Meyer. A mi querido profesor Germán Labrador, por todos los retos asumidos y el labor compartido entre cursos, seminários y viaje. Agradeço também todo apoio recebido da interminável biblioteca de Princeton e suas conexões com as grandes bibliotecas universitárias dos Estados Unidos. Em termos do apoio financeiro expresso, também minha gratidão à FAPESP, pela concessão de bolsa de pesquisa no início do doutorado. Certas conversas em torno da pesquisa, tanto em seu começo, quanto em suas páginas finais foram muito inspiradoras e dedicadas, e faço menção diretamente a alguns interlocutores com quem o debate cativou novas leituras e promessas de capítulos futuros: João Biehl, professor de antropologia em Princeton que, logo de minha chegada à universidade, leu o projeto e se interessou em acompanhar os caminhos de Pastinha com sua escuta sensível e sugestões que estimulavam a 7 curiosidade. Gustavo Rossi, de quem venho me aproximando desde 2011, quando ele terminava a tese brilhante de Edison Carneiro, foi leitor assíduo da versão final da tese, e muito antes já vinha entrando na roda de Pastinha, indicando leituras e colocando-me em linha com as contribuições do campo de estudos da questão racial. Arcadio Díaz-Quiñones é a planta mais robusta, frondosa e fresca que conheci na ilha de Princeton, levado para lá por alguma das tempestades que passaram por sua querida Rio Piedras em Puerto Rico. Leituras, conversas, aulas, viagens, sorrisos, erudição, sentimento. Sem mais. Existem diversos apoios acadêmicos e afetivos fundamentais nas duas pontas do continente que gostaria de mencionar, confiando que cada um se lembre de me cobrar em cervejas e mais sorrisos pelas tantas dádivas recebidas: meu mestre, Mauricio Germano, um dos melhores capoeiristas que vi jogar, um dos melhores professores que ouvi ensinar. Bernardo Fonseca Machado, cuja afinidade intelectual, admiração e amizade cresce dia após dia. Meu amigo de longa data, Luís Felipe Hirano, construindo antropólogxs e antropologia no cerrado e mundo afora. Vários outros cederam tempo, informações, documentos e atenção em diferentes momentos, e gostaria de deixar registrado seus nomes: Mathias Rohrig Assunção (Universidade de Essex), Antoniete Nunes (Arquivo Público do Estado da Bahia), Mestre Gildo Lemos Couto (in memoriam), Lucas Lemos Couto, Cândida Yara Silva Couto, Mestre João Grande, Andrea Rastinha, Fábio Mello, Dele, Mestre Zumbi, Agulha, Sapulha, Mestre Pelé da Bomba, Mestre Ciro dos Anjos, Verônica de Albuquerque Lins, Cláudio Maia, Genésio Lemos Couto, Solange Carybé, Paloma Amado, Pedro Abib Junger, Edilza Sotero, Matheus Gato, Flávia Rios, André Botelho, Antônio Nóbrega, José Miguel Wisnik, Camila Valdés y Zuleika Romai, Luciano Milani, Maria Isabel Decânio, Nani de João Pequeno, Thaís Brito, Raul Barreto Neto...e falta gente. Deixo aqui meu obrigado ao profissionalismo, ensinamentos e conselhos das revisoras Ana Godoy e Renata Querino. Na Bahia, muitas instituições abriram suas portas e colocaram à disposição seus acervos, mantidos com cuidado e apreço. Agradeço ao Arquivo Público do Estado da Bahia e seus funcionários Elza Maria de Jesus, Manoel Camuruge Filho, Migue Angelo Assunção, Antonio Carlos Moraes. Ao Museu Afro-Brasileiro de Salvador, pela imensa simpatia e interesse da diretora e professora Maria das Graças de Sousa Teixeira, Maria Emilia Valente Neves, Kim Sampaio Valadares. À Fundação Casa de Jorge Amado: Marina Ramos Amorim (arquivista), Karina barbosa (bibliotecária), Bruno Fraga (arquivista). Ao IPAC-BA: Nonato Matos 8 (supervisor), Edinaldo Santos Costa (biblioteca), Raimundo Jorge Kalile (arquivista). À Fundação Pierre Verger, Biblioteca Pública de Salvador, Academia de Letras da Bahia, Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, Fundação Gregório de Matos (em particular à José Antonio Santana do Nascimento), Conselho Regional de Medicina da Bahia, Santa Casa de Misericórdia, Abrigo Dom Pedro II, Convento Nossa Senhora da Piedade e Corpo de Bombeiros Militar da Bahia. No Rio de Janeiro, ao Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular-IPHAN: Isaura Lima Maciel Soares (chefe da biblioteca Amadeu Amaral), Francisco Moreira da Costa (fotógrafo), Juliana Ribeiro (acervo sonoro e visual). Ao Departamento de Pesquisa Histórica do Arsenal da Marinha: Wagner Luiz Bueno dos Santos (Aj. da Div. de Hist. Mar. e Naval) e Sousa Lima (Ajudante da seção de Consulta). Também a outras entidas que apoiaram pontualmente as consultas: IPEAFRO, MIS – RJ, Instituto Moreira Salles (em especial Andrea Wanderley, pesquisadora e editora assistente do portal “Brasiliana Fotográfica”). Em Brasília, sou grato à Coordenação-Geral de Documentação Diplomática do Itamaraty. Nos Estados Unidos, foram fundamentais as consultas ao Schomburg Center for Research in Black Culture (Nova Iorque) e Smithsonian Institute (Washington D.C.). Na França, tive acesso a importantes documentos na Biblioteca da Unesco (Paris). A los hermanos que conoci en las latitudes gringas, caminantes de muchas tierras, mi más cálido saludo. Começo por Liz Hochberg, quem apoiou minha chegada a Princeton, no verão de 2013, e a Diego Vicentin, que por lá me deu o primeiro abraço amigo. Deixo meu forte abraço ainda para André Bittencourt, Sowmya Ramanathan, Jorge Gaupp, Berta Del Río, Miguel Dominguez, Sophia Nunez, Marina Bedran, Marcelo Noah, Nathaniel Wolfson, Diego Vicentin, Ana Flávia (lili), Marilia Giesbrecht, Jorge Quintana, Maria Helena, Flávia Maria, Miguel Caballero, Jonathan Aguirre, Christina Gonzalez-Aguirre, Jennifer Rodriguez, Enzo Vasquez Toral. Boas lembranças do parceiro Marcelo Diego, com quem dividi o privilégio de passar um ano lendo Sérgio Buarque de Holanda para realizar uma edição crítica. Abraços mais que especiais para dois companheiros com quem pude compartir o apê e que, mesmo depois de deixar a vila pela cidade grande, continuaram a me receber carinhosamente: Mauricio Matsumoto e Vinicius Furuie. Benjamin Fogarty, com seu jeito tranquilo, sua disposição para conversar e ensinar a cozinhar vegetais maravilhosos é um desses grandes amigos que não descolam mais da vida. Tiaraju Pablo D’Andrea, companheiro antigo das Ciências Sociais e de outras utopias, me recebeu em Paris por alguns dias e sempre serei grato pelas poucas horas bem perdidas que compartilhamos na cidade. 9 Rodrigo Jorge, meu xará carioca, outro responsável por sorrisos, comentários, sugestões e aprendizados inesquecíveis que faz crescer nossa camaradagem fiel e alegre. Com Ingrid Brioso Rieumont a gratidão também é muita, e se desdobra em uma amizade especial, com vivas às inquietações, compromissos intelectuais, brilhantismo acadêmico e tudo somente começando. Aos queridos amigos do etno-história, família intelectual sempre em expansão, deixo meu abraço fraterno para aqueles com quem mantive mais contato, e com desejo de conhecer os demais: Lais Miwa Higa, Claude Guy Papavero, Lúcia Klück Stumpf, Caio Dias, Juliana Sampaio, Hélio Menezes, Eduardo Dimitrov. Meu imenso carinho e respeito pelos camaradas do Programa de Pós- Graduação em Antropologia Social (ou apenas “Pêpêgás” para os íntimos), inspiração garantida pelas excepcionais pesquisas e por um labor antropológico comprometido: Thaís Waldman, Edson Cabelo Matarezio, Luísa Valentini, Majoi Guarani Kaiowá Gongora, Olavo Souza, Maria Isabel Zanzotti, Guilhermo Aderaldo, Denise Pimenta, Rafael Noleto, Glebson Vieira, Giovanni Cirino, Yumei Morales, Rodrigo Gomes Lobo, Gleicy Mailly Silva, Helena Manfrinato, César Assis, Luiza Ferreira Lima, Bia Accioly Lins, Rosenilton Oliveira. Aquele abraço mais que especial para Jacqueline Moraes Teixeira, amiga querida e exemplo singular da combinação do trabalho acadêmico e da sensibilidade antropológica. Especialmente grato também pela batalha dos colegas da comissão para implementação de cotas no programa, dialogando incansavelmente com a burocracia secular da nossa universidade. Abraços muitos para as velhas e boas alegrias de quintal, sempre por perto nos sossegos e desassossegos: Gel, Fábio Lyra, Juliana Coelho, Carlitos, João Marcelo, Daniel Ribeiro, Samanta Cristina, Tatiana Lotierzo, Julio Mardones. À família Herrera Acuña. Família de alguns bons homens e muitas grandes mulheres. À mi madre, la gratitud infinita por la comprensión, el apoyo y la paciencia del dolor y de la distancia. Gracias à minha irmã Lilian, por todo cuidado com a família e pelos invisíveis laços que nos afeiçoam. Obrigado à Ully, pela imensa responsabilidad de crescer tanto e madurar com doçura – segue na fronteira latinoamericana os seus sonhos e com fôlego de sobra pra encher a todos de orgulho. Também agradeço seu apoio com a pesquisa, interessada e curiosa me ajudando a organizar dados. Agradeço muito também às queridas Maria de Lourdes, Toti Guilherme e Rosa Aparecida pela ajuda inestimável ao longo dos últimos quatro anos. Um longo abraço para minha irmã Ana Cristina, outra figura admirável, inventando a vida ao lado de meu cunhado Moacir e sempre cuidando com apreço da querida Baldrez. Para meu pai, o carinho e afeto inesgotável de quem também reclamou com razão da saudades. Aos Ribeiro Rosa vão muitos outros 10
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