O Canis lupus já foi muito difamado na tradição literária ocidental. Sua própria sobrevivência como espécie foi colocada em risco por conta disso. Superstições e medos criaram uma fera fictícia à qual sempre cabe o papel de vilão nos contos europeus. De acordo com a historiadora Beryl Rowland, “a antiguidade e a longevidade dessa crença estabelecem o lobo como uma fera assassina e contribuem para que esse simbolismo pejorativo persista” (162). Este artigo visa justificar tal declaração ao demonstrar sua persistência através de evidências de como o lobo é continuamente representado de forma pejorativa e analisar os vários gêneros literários europeus nos quais esse animal desempenha papel de destaque. Embora o escopo da análise seja limitado a um contexto ocidental, há exemplos da literatura oriental — em especial a russa — que corroboram essa opinião.Ilustração: Rijksmuseum (1655-1740)