Endereço: PENNIATCEINOCNIAÁLRIO Esplanada dos Ministérios, Anexo II, 6º Andar, Sala 621 CEP: 70.064-900, Brasília – DF, Brasil. Coordenação Geral do Programa de Telefone: +55 (61) 2025.3570 Fomento às Penas e Medidas Alternativas – CGPMA Fax: +55 (61) 2025.9347 Página: www.mj.gov.br/depen Distribuição Gratuita Editado e Impresso pela Gráfica Alvorada Tiragem: 1.000 exemplares Esta edição foi patrocinada pelo Ministério da Justiça com os recursos do Fundo Penitenciário Nacional – FUNPEN. 1ª edição A publicação foi organizada pela Coordenação-Geral de Fomento às Melhores Práticas Penas e Medidas Alternativas com base nos trabalhos apresentados e premiados na Feira do Conhecimento de Penas e Medidas Alternativas, de Penas e Medidas realizada em abril de 2010. Alternativas Revisão: Valdirene Daufemback 1. Penas e Medidas Alternativas 2. Execução Penal. A transcrição e a tradução desta publicação são permitidas, desde que citadas a autoria e a fonte. REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL Dilma Vana Rousseff Presidenta da República José Eduardo Martins Cardozo Ministro da Justiça Augusto Eduardo de Souza Rossini Diretor-Geral do Departamento Penitenciário Nacional Alexandre Cabana de Queiroz Andrade Diretor-de Políticas Penitenciárias Heloisa Helena Pires Adario Coordenadora-Geral de Fomento às Penas e Medidas Alternativas SUMÁRIO Apresentação ...................................................................... 09 Bahia ................................................................................ 11 Ceará ............................................................................... 37 Distrito Federal ................................................................... 47 Espírito Santo ................................................................... 63 Minas Gerais ...................................................................... 67 Paraná ............................................................................. 79 Pernambuco ....................................................................... 89 Rio de Janeiro .....................................................................101 Rio Grande do Norte ..............................................................123 Rio Grande do Sul .................................................................129 São Paulo ...........................................................................145 APRESENTAÇÃO E m 2010, o Ministério da O objetivo fundamental da Feira de Justiça, através do Depar- Conhecimento foi o de criar um espa- tamento Penitenciário ço de divulgação e troca de experiên- Nacional e com o apoio da Comissão cias e informações entre os vários Nacional de Penas e Medidas Alterna- atores envolvidos com a política de tivas – CONAPA, publicou Edital de alternativas penais do país, com o convocação a instituições responsá- estabelecimento de parcerias ou veis pela execução de experiências intenções de cooperação entre as equipes e estimulando o debate na área de penas e medidas alterna- sobre o desenvolvimento da política. tivas, para seleção de programas e ações a serem apresentados na Feira Entre os vários projetos inscritos, de Conhecimento no VI Congresso enviados por quase todos os estados Nacional de Execução de Penas e do país, foram selecionadas as 15 Medidas Alternativas - CONEPA, Melhores Práticas de Penas e Medidas realizado em Salvador, em abril Alternativas do Brasil, que compôs a daquele ano. agenda brasileira sobre a temática Apresentação | 09 1ª edição | Melhores Práticas de Penas e Medidas Alternativas 2011 de alternativas penais apresentada Alternativas, de Fortaleza, com seu posteriormente no XII Congresso programa de escolarização dos pres- Mundial de Prevenção ao Crime e tadores de serviço à comunidade. Justiça Criminal. Nos últimos 10 anos, constatou-se Para viabilizar a publicação dessas um aumento significativo na aplica- boas práticas num livro e distribuí-lo ção de penas e medidas alternativas a todos os interessados e envolvidos no país. Para que esse fenômeno com o tema das alternativas penais, possa, de fato, contribuir para a foram compilados aqui apenas os redução dos índices de violência e capítulos referentes à descrição encarceramento e uma maior pacifi- objetiva das experiências e dos cação social, é importante alimen- resultados obtidos, eliminando todo tarmos os debates sobre a amplia- o material ilustrativo como fotos ou ção dos horizontes da política de gráficos, que, embora muito ricos, alternativas penais em âmbito nacio- dificultariam a produção desse mate- nal, a fim de que esta possa se forta- rial. lecer na promoção da segurança pública e da justiça, com respeito Cada uma dessas experiências, com suas especificidades, extrapola a aos direitos da vítima e dos autores questão do controle social ao traba- da infração penal. As equipes multi- Programa de Penas e Medidas lhar valores como a solidariedade e a disciplinares, responsáveis pela Alternativas do Estado da Bahia cidadania, como o projeto Vida Segu- condução dos programas das alterna- ra, de Minas Gerais; ao reforçar prin- tivas penais no país, são atores deci- cípios fundamentais para a pacifica- sivos no aprofundamento desse deba- 1 – DADOS GERAIS DA EXPERIÊNCIA que se pretende apresentar para a ção social, como a Central de Penas e te. seleção de propostas constantes do Medidas Alternativas de São Vicente, Edital de Chamada Pública n. 1.1. Nome: Programa de Penas e com seu trabalho sobre a violência Medidas Alternativas do Estado da 003/2009, intitulada: “O Programa intrafamiliar; ao defender as ativida- Bahia de Penas e Medidas Alternativas do des educativas como estímulo à Estado da Bahia”, refere-se a responsabilização do indivíduo em programa instituído e executado pelo HELOISA ADARIO 1.2. Estado: Salvador relação à sociedade, como a Central Governo do Estado da Bahia, através de Apoio à Execução das Penas e Coordenação Geral do Programa de da Secretaria da Justiça, Cidadania e 1.3. Data de Início: 5/2/2002 Medidas Alternativas, de Pernambu- Fomento às Penas e Medidas Alter- Direitos Humanos, especificamente co ou a Vara de Execução de Penas nativas pela CEAPA – Central de Apoio e 2 – DADOS SOBRE O Acompanhamento às Penas e Medidas FUNCIONAMENTO DA EXPERIÊNCIA Alternativas da Bahia, coordenação integrante da Superintendência de 2.1. Introdução Assuntos Penais daquela Secretaria. 1- Embora fosse necessária a seleção de 15 Melhores Práticas, foram muitas as boas A experiência da Bahia revela a trans- práticas enviadas pelos estados. A experiência promissora e inovadora formação de uma ação governamen- 10 | Apresentação Programa de Penas e Medidas Alternativas do Estado da Bahia | 11 1ª edição | Melhores Práticas de Penas e Medidas Alternativas 2011 1ª edição | Melhores Práticas de Penas e Medidas Alternativas 2011 tal isolada em política pública priori- Humanos do Estado da Bahia, através taria da Justiça, Cidadania e Direitos aparato de pessoal necessário à inte- tária de Estado, que se traduz em de convênio firmado com o Conselho Humanos do Estado da Bahia, o que riorização do programa, sendo: 10 menor violência, mais respeito aos Arbitral da Bahia, o que garantiu sua representou a transição para uma cargos de coordenador técnico, direitos humanos do sentenciado e a implantação e funcionamento até política pública de penas e medidas símbolo DAS-2D; 30 cargos de busca mais próxima pela pacificação 31/07/2002. alternativas no Estado. assessor técnico, símbolo DAS-3, sendo 04 cargos por núcleo. social e difusão de uma cultura de Desde o término do convênio para a Com a Lei nº 10.693/2007 foram paz. implantação e aplicação dos recursos criados os seguintes cargos: 01 cargo As inovações continuaram, tendo em A sinergia das ações permitiu tornar o disponibilizados para os seis primei- de coordenador técnico, símbolo vista que a CEAPA passou a incorporar Estado da Bahia referência de boas ros meses de atuação, a CEAPA foi DAS-2C; 03 cargos de assessor o rol de ações prioritárias governa- práticas na estruturação do apoio e mantida com recursos exclusivamen- técnico, símbolo DAS-3; 03 cargos de mentais, sendo monitorada mensal- acompanhamento às penas e medi- te estaduais, através de convênios assessor administrativo, símbolo DAI mente pela Casa Civil do Estado da das alternativas. Constitui pontos fun- realizados entre a Secretaria da IV; 03 cargos de secretário adminis- Bahia, em relatórios detalhados, damentais desse Programa a incorpo- Justiça e Direitos Humanos do Estado trativo I, símbolo DAI V. lançados em sistema e-car de infor- ração da Central já existente à estru- da Bahia e Conselho Arbitral da mações, de responsabilidade do Em 2008 o processo de inovação teve tura do Estado e não mais a sua manu- Bahia, durante o período de agos- gerente da ação e coordenador insti- continuidade com o início do tenção de forma precária através de to/2002 a maio/2003. Novo convênio tucional especialmente destacados processo de interiorização do convênios; o início do processo de para manutenção da Central, com para tal tarefa, com correspondente programa de penas e medidas alter- interiorização, entendendo que a recursos estaduais e federais, possi- acompanhamento junto à Casa Civil, nativas, marco histórico do Bahia não se resume a sua Capital ape- bilitou seu funcionamento de o que permite o permanente acesso programa, uma vez que este teve nas, mas a toda sua dimensão territo- junho/2003 até a primeira quinzena das informações respeitantes à como desafio um Estado com imensas rial, comparável a de alguns países; e de setembro/2003. Desde outu- implantação, consolidação e dimensões territoriais. Assim, com a a diversidade de seu povo. bro/2003, ainda na qualidade de pro- fomento das ações de penas e Lei 11.042 de 09/05/2008, a estru- medidas alternativas diretamente, a jeto, a CEAPA passou a ser foi manti- tura de monitoramento da CEAPA foi qualquer hora, pelo Gabinete do da com recursos exclusivamente esta- ampliada para mais 10 Núcleos de 2.2. Programa de Penas e Medidas Governador do Estado. duais, viabilizados através de convê- Apoio e Acompanhamento às Penas e Alternativas do Estado da Bahia e o nios estaduais. Medidas Alternativas, vinculados à Tal estratégia permite a resolução de preenchimento dos critérios de A grande inovação se deu, porém, em CEAPA, nas cidades-pólo de Barrei- pendências e/ou diálogo com outros seleção 2007, quando tal estrutura, até ras, Bom Jesus da Lapa, Feira de atores institucionais, necessários à então sustentada através de projetos Santana, Ipirá, Ilhéus, Jequié, Juaze- implementação das ações progra- 2.2.1. Inovação e convênios, já então de custeio iro, Teixeira de Freitas, Valença e madas ou com setores diversos, tais totalmente estadual, passou a ser Vitória da Conquista, com abran- como a sociedade civil / sociedade garantida por lei. A CEAPA foi incor- gência dos 167 municípios dos Terri- civil organizada, no sentido de O Estado da Bahia implantou, em 05 porada à estrutura do estado, tórios de Identidade que integram. promover um ambiente favorável à de fevereiro de 2002, a sua primeira quando, em 06 de setembro de 2007 Neste sentido, para o cumprimento aplicação das penas e medidas alter- Central de Apoio e Acompanhamento é publicada a Lei nº 10.693 de 05 de da finalidade institucional de acom- nativas. às Penas e Medidas alternativas, a setembro de 2007, criando a Central panhamento da execução das penas e A relação que o Programa de Penas e CEAPA, que iniciou suas ações medi- de Apoio e Acompanhamento às medidas alternativas, foram criados Medidas Alternativas do Estado da ante parceria firmada entre o Penas e Medidas Alternativas da 40 cargos em comissão, vinculados à Bahia estabelece neste ponto com as Ministério da Justiça com a Bahia na estrutura da Superinten- CEAPA, de forma a garantir, de Regras Mínimas de Tóquio é verifi- Secretaria da Justiça e Direitos dência de Assuntos Penais da Secre- maneira consistente e permanente, o cada logo nos objetivos gerais, 12 | Programa de Penas e Medidas Alternativas do Estado da Bahia Programa de Penas e Medidas Alternativas do Estado da Bahia | 13 1ª edição | Melhores Práticas de Penas e Medidas Alternativas 2011 1ª edição | Melhores Práticas de Penas e Medidas Alternativas 2011 quando estes encorajam a promoção de um Sistema de Penas e Medidas social, seja através do(a) próprio(a) Municipais do interior do Estado – fez do emprego de medidas não priva- Alternativas, cuja importância não cumpridor(a), das parcerias com os com que a CEAPA tivesse de desenvol- tivas de liberdade, bem como na poderia estar delegada a projetos, atores institucionais e parcerias para ver, de forma criativa, novas habili- Seção VIII do documento, onde se que por sua característica de necessi- estabelecimento das sedes dos dades e metodologias diversas além trata, dentre outros tópicos, da dade de renovação, carregam Núcleos no interior do Estado não são da proposta multidisciplinar de questão das políticas criminais. consigo a questão da precariedade. apenas uma necessidade do trabalho. Subsidiariamente a Central auxilia a A estrutura de cargos criada e exis- programa, mas uma forma de engajar Isso significa que novas formas de estrutura do estado no que se refere tente gera a certeza, e não apenas a toda a sociedade na questão das interação necessitaram ser criadas, a à pesquisa, planejamento, formu- confiança, na continuidade das ações alternativas penais. fim de comunicar efetivamente a lação e avaliação das políticas crimi- do programa, além de suporte para o A partir da edição de leis que criaram toda a sociedade, e não somente ao nais concernentes às penas e desenvolvimento de novos planeja- um Sistema de Penas e Medidas Alter- meio jurídico, o conceito de pena e medidas alternativas, cumprindo os mentos e ações. nativas no Estado, conforme descrito medida alternativa e desmistificar a ditames das Regras de Tóquio. em item anterior, se observou no idéia de impunidade que muitos O que se pode observar, com absoluta Estado da Bahia possibilidades ainda associavam e ainda associam às 2.2.2. Criatividade segurança, é a perfeita consonância inúmeras de atuações criativas e a mesmas. do Programa de Penas e Medidas própria criatividade do programa no Nesse sentido, entendendo desde o Alternativas da Bahia com as Regras A criatividade do programa se revela formato em que foi concebido. início a importância que as alterna- Mínimas de Tóquio, na medida em na forma como foi elaborado, ao De fato a primeira central baiana foi tivas penais proporcionam - trazem a que o Estado buscou promover e de mesmo tempo traçado enquanto implantada, ainda em caráter de comunidade para a participação da fato promoveu, as penas restritivas política pública, institucionalizado, projeto/convênio, junto ao Poder execução penal – a comunicação de direito, com ações concretas, porém sem perder de vista a Executivo - Secretaria da Justiça, criativa passou a ser trabalhada através da criação da CEAPA e de 10 premissa da humanização da Cidadania e Direitos Humanos do dentro de uma estrutura de comuni- Núcleos no interior do estado, com a execução penal, por meio da Estado da Bahia, em fevereiro de cação integrada de justiça e direitos criação, através de lei, de um total formação de redes sociais, redes de 2002. Em dezembro de 2001 fora humanos que situou o Sistema de de 50 cargos para as equipes multi- atenção e de parcerias. criada a primeira Vara Especializada Penas e Medidas Alternativas, já disciplinares dessas estruturas de Assim, a CEAPA reproduz também do de Penas e Medidas Alternativas na transformado em política pública, na acompanhamento. Com esta atua- ponto de vista do seu funcionamento Capital, a VEPMA – Vara de Execuções órbita das ações da Secretaria da ção, o Estado da Bahia deu continui- institucional a forma multidisciplinar de Penas e Medidas Alternativas, com Justiça, Cidadania e Direitos dade a uma ação de sucesso, que que é a base de sua atividade de Promotoria e Defensoria Pública, Humanos e não como algo alternativo vinha sendo mantida por projetos, acompanhamento, monitoramento e também especializadas. no sentido de estar à margem. ainda que com recursos estaduais já nos últimos anos, e ainda, promoveu fomento às penas e medidas alterna- A necessidade de não apenas moni- Vale ressaltar que a Seção III das tivas. Regras de Tóquio refere-se justa- a sua transição para uma política torar e acompanhar os(as) cumprido- mente aos relatórios sobre a investi- pública. Desta forma, mesmo com a estrutura res(as) de penas e medidas alternati- gação social fornecendo uma lista de cargos criada as redes e parcerias vas, mas de fazer real interface com Ao criar tal estrutura de cargos não exaustiva de medidas não priva- são de fundamental importância na todos os demais atores desta através de lei para os profissionais da tivas de liberdade, o que permite a equipes da Central e Núcleos de concepção do programa. Entende-se execução penal – Poder Judiciário, criatividade do Órgão Judicial, Penas e Medidas Alternativas, o que a participação da comunidade, Ministério Público, Defensoria dentro dos parâmetros e princípios Estado da Bahia inovou, demons- seja através das instituições sem fins Pública, Rede Social e Rede de Aten- gerais do Direito, ao aplicar a pena ou trando o compromisso com a criação lucrativos e com efetiva destinação ção, parcerias com as Prefeituras medida. 14 | Programa de Penas e Medidas Alternativas do Estado da Bahia Programa de Penas e Medidas Alternativas do Estado da Bahia | 15 1ª edição | Melhores Práticas de Penas e Medidas Alternativas 2011 1ª edição | Melhores Práticas de Penas e Medidas Alternativas 2011 Da mesma forma, os diversos Da mesma forma, em Núcleos do Humanos e Assuntos Penais Calmon penas e medidas alternativas de sistemas de monitoramento e inter- interior onde o Poder Judiciário de Passos (coordenação integrante forma ampla, o emprego de medidas faces entre Cumpridor(a), Poder disponha de equipe com esta compo- da Secretaria da Justiça, Cidadania e não privativas de liberdade. Direitos Humanos), de forma que Judiciário, CEAPA, Rede Social sição, a mesma capacitação e moni- todos estejam habilitados a também requer criatividade, e essa tem sido toramento poderão ser realizados, capacitar e treinar novos profissio- 2.2.4. Sustentabilidade (Finance- alcançada com a metodologia de com disponibilização dos instru- nais em equipes técnicas nas suas ira, política, social) trabalho desenvolvida no Programa mentos utilizados, treinamentos no áreas de atuação, em seus municí- da Bahia, que é inclusiva, e desta local e na Central ou Núcleo mais pios. forma está em harmonia com a pedra próximo, onde possam ser obser- A sustentabilidade do Programa de Por sua vez, a Seção VI, das Regras de basilar das Regras de Tóquio. vadas dinâmicas já aplicadas, de Penas e Medidas Alternativas do Tóquio trata sobre os funcionários entrevistas psicossociais, grupos de Conforme ainda as bases gerais que Estado da Bahia se dá nas três que devem receber o treinamento encaminhamento e fechamento e formam o Documento internacional, vertentes indicadas. adequado para a função de acompa- abordagens diversas. previstas em sua Seção I, advoga-se a nhamento, uma vez que a qualidade Financeiramente, o Programa tem favor da promoção das medidas não E ainda, enquanto continuidade de do elemento humano utilizado no sua sustentabilidade garantida com privativas de liberdade com uma política pública, através da criação trato do “delinqüentes” é fator recursos estaduais, previstos nos finalidade construtiva e não puni- de novos cargos na estrutura do primordial no tratamento e reconhe- planos plurianuais e nos orçamentos tiva, conforme mencionado também Estado, o que garantirá maior grau de cimento dos mesmos. aprovados anualmente. Enquanto na Seção V. certeza do ponto de vista administra- ação prioritária governamental, o O interesse maior, portanto, é o de tivo. Para tanto, será necessária a Programa possui contas permanentes cada vez mais ver surgir novas estru- elaboração de nova lei, o que é total- e específicas na Superintendência de 2.2.3. Possibilidade de replicação turas de apoio, acompanhamento e mente possível, haja vista a expe- Assuntos Penais, consignadas, do fomento às penas e medidas alterna- A estrutura de apoio e acompanha- riência de criação da estrutura de ponto de vista orçamentário, em tivas, como incentivadoras da utili- mento às penas e medidas alterna- cargos da CEAPA com a Lei 10.693 de duas atividades: uma respeitante à zação das penas restritivas de direito tivas existente atualmente no Estado 05 de setembro de 2007 e a estrutura manutenção e consolidação da enquanto primeira opção de respon- da Bahia pode se multiplicar de de cargos dos Núcleos do interior, Central e Núcleos implantados e sabilização penal. diversas formas. vinculados à CEAPA, no ano seguinte, outra referente à implantação de com a Lei 11.042 de 09 de maio de Observa-se que as Regras de Tóquio novas Centrais e Núcleos. No que tange ao processo de interio- 2008. tratam em sua Seção VIII do planeja- rização dos Núcleos, caso não haja A sustentabilidade política se dá mento, e também neste ponto o ainda nova edição de lei com este fim A possibilidade de replicação de um através da compreensão da coisa Programa do Estado da Bahia específico, poderá se verificar junto programa como esse, ação prioritária pública, de um processo iniciado em obedece aos seus preceitos e parâ- a Prefeituras que possam, além de governamental, política pública do 2002 e que não poderia sofrer solução metros, uma vez que possui diversas ceder espaços físicos para a insta- Estado, é de extrema importância, de continuidade por mudanças de formas de planejar a continuidade da lação dos Núcleos, destinar profissio- uma vez que a continuidade de uma gestões. Desta forma, o Programa na ação, através de modalidades nais das áreas de Psicologia, Direito e atuação exitosa também deve fazer Bahia sempre teve curva ascendente, diversas de replicação do Programa. Serviço Social para a implantação de parte do seu planejamento. tendo sido iniciado enquanto projeto Núcleo. A equipe da CEAPA poderá, Da mesma forma, realiza plena- fomentado pelo Ministério da Justiça Por isso, a Central e Núcleos do neste caso, capacitar à equipe Estado da Bahia possuem suas meto- mente o objetivo número 1 do e feito a transição para política formada para habilitá-la a atuar no dologias consolidadas, suas equipes Tratado, uma vez que promove ao pública com incorporação da CEAPA à apoio e acompanhamento às penas e técnicas capacitadas na CEDHAP – planejar formas de reproduzir estru- estrutura formal do Estado através medidas alternativas. Centro de Estudos em Direitos turas de apoio e acompanhamento às de lei. 16 | Programa de Penas e Medidas Alternativas do Estado da Bahia Programa de Penas e Medidas Alternativas do Estado da Bahia | 17 1ª edição | Melhores Práticas de Penas e Medidas Alternativas 2011 1ª edição | Melhores Práticas de Penas e Medidas Alternativas 2011 Vale ressaltar que as sustentabili- Com a transição para uma efetiva restringe a aspectos relacionados a entre a CEAPA e os Órgãos Judiciais. dades anteriores não ocorreriam se política pública, esse grau de institu- viabilizar a instalação das sedes. Existe uma rotina consolidada de não houvesse a sustentabilidade cionalidade foi elevado ao seu Todo o aparato metodológico, logís- funcionamento que garante que a social. Esta foi e vem sendo cons- caráter máximo, chancelado ainda tico, e a própria relação política CEAPA atue de forma eficaz no moni- truída num processo coletivo de por ser esta uma das ações prioritá- institucional não é de forma alguma toramento das penas e medidas informação à sociedade sobre os mais rias da atual gestão. O grau de insti- delegada. Os Núcleos são unidades alternativas aplicadas e na prestação variados aspectos das penas e tucionalidade facilita o trânsito inte- da Secretaria da Justiça, Cidadania e do suporte aos respectivos Juízes, medidas alternativas. A Rede Social rinstitucional; a partir do momento Direitos Humanos. Promotores e Defensores Públicos. parceira é peça chave na multipli- em que em uma gestão, um governo Da mesma forma a parceria com as Este trabalho conjunto proporciona, cação das informações e desmistifi- assume determinada ação como instituições da Rede Social Parceira por meio da CEAPA, uma vinculação cação de aspectos antes tidos como prioritária e nesse sentido demonstra também se reveste da necessária entre o Poder Judiciário e a Socie- ocultos acerca dessa modalidade de o seu compromisso para que aquele institucionalidade; são realizados dade Civil Organizada, e tem gerado resposta do Estado na responsabili- Programa alcance suas metas, a termos de cooperação com cada uma confiança por parte dos operadores zação do infrator das regras da cole- confiabilidade horizontal e vertical das instituições, que são capacitadas do direito, pois resgata a segurança tividade, de pequeno e médio poten- com os mais diversos atores se veri- e compreendem a importância da sua de que as penas e medidas alterna- cial ofensivo. fica. participação no Programa, que gera tivas são devidamente acompanha- Nos objetivos fundamentais no item Os Núcleos do interior do Estado da para as mesmas obrigações, as quais, das, pondo fim na crença de que 1.3 das Regras de Tóquio está menci- Bahia já implantados, quais sejam: se não seguidas, poderão acarretar a representariam impunidade. onado que a aplicação das presentes Ipirá, Jequié, Vitória da Conquista, retirada da rede. As parcerias no interior estão sendo Regras tem em conta a situação polí- Ilhéus e Valença foram inaugurados Tal conduta, que não impede a parti- criadas através dos Núcleos, tanto tica econômica social e cultural de mediante parceria com as respec- cipação e integração dos mais com a Justiça Estadual, com as Varas cada país e os fins e objetivos do seu tivas Prefeituras Municipais, através diversos atores, é necessária para de competência para Execução Sistema de Justiça Penal. de Convênio de Cooperação Técnica validar o Sistema de Penas e Medidas Penal, quanto com os Juizados Espe- firmado entre o Governo do Estado Alternativas como legítimo a ser a ciais Criminais, bem como com as da Bahia, através da SJCDH e cada primeira opção de resposta penal do Varas da Justiça Federal compe- 2.2.5. Grau de institucionalidade uma das Prefeituras, para fins de Estado. tentes para processo e julgamento de cessão do local por parte destas da delitos de pequeno e médio potencial Ainda no aspecto da análise de grau sede dos referidos Núcleos e estabe- ofensivo. O Programa de Penas e Medidas Alter- de institucionalidade política, é lecimento das demais cláusulas entre nativas do Estado da Bahia sempre importante ressaltar também nesse Neste sentido, a Seção IV das Regras os entes convenentes. teve intenso grau de institucionali- sentido que a CEAPA é uma ação prio- de Tóquio dispõe sobre as medidas dade, uma vez que mesmo enquanto Desta forma, mesmo quando ocorrem ritária de governo na humanização do para reduzir a duração das penas de executado através de projetos, logo as necessárias parcerias, a institucio- sistema penal, com vistas ao fomento prisão, ou que oferece alternativas passou a ser custeado com recursos nalidade não se perde; os convênios da aplicação de penas e medidas para a execução de sentenças que estaduais, integrar a previsão orça- para instalação dos Núcleos no inte- alternativas enquanto instrumentos impõem pena privativa de liberdade. mentária do Estado e ter sempre rior da Bahia são feitos com a devida de pacificação social, na busca por Trata-se, portanto das medidas apli- gozado da estrutura logística da documentação (Termo de Coope- menores índices de reincidência e cáveis na fase posterior à sentença. adoção de práticas mais eficazes de Secretaria da Justiça, Cidadania e ração e Termo de Cessão de Uso) Já a Seção V afirma que as autori- responsabilização penal. Direitos Humanos, onde desde o seu entre Secretaria da Justiça, Cida- dades encarregadas da execução início, em fevereiro de 2002, tem a dania e Direitos Humanos e Prefei- O grau de institucionalidade se penal devem encarregar-se pelo sede da sua primeira Central. turas Municipais, porém a parceria se revela ainda na forma de trabalho princípio de que elas irão participar 18 | Programa de Penas e Medidas Alternativas do Estado da Bahia Programa de Penas e Medidas Alternativas do Estado da Bahia | 19 1ª edição | Melhores Práticas de Penas e Medidas Alternativas 2011 1ª edição | Melhores Práticas de Penas e Medidas Alternativas 2011 do processo de ressociabilização do cadastramento das instituições Alternativas do Estado da Bahia é cial, pois, o despertar para o exer- indivíduo, ajudando-o a não voltar a parceiras. Concluiu-se que era de formada por 201 instituições na cício da cidadania, a responsabili- cometer delitos. vital importância conhecê-las e inte- Capital e 152 instituições no interior zação e o controle social por meio da ragir de perto, saber quais as suas (porém, este é um dado variável em comunidade se faz presente de forma visões a respeito de indivíduos virtude dos novos cadastramentos e integral na execução da pena alter- 2.2.6. Existência de parcerias e submetidos ao cumprimento de eventuais descadastramentos) e nativa. O envolvimento da Sociedade mecanismos de participação social contempla uma diversidade de enti- penas e medidas decorrentes ou não Civil Organizada neste processo dades sem fins lucrativos e com de processo judicial criminal. Esse valida o fortalecimento das ações destinação social que atendem O Programa de Penas e Medidas Alter- aspecto norteou todo o processo de comunitárias e viabiliza o empodera- crianças e adolescentes em situação nativas da Bahia sempre priorizou a formação da Rede Social, para que mento, quando permite aos repre- de vulnerabilidade pessoal e social, atuação em rede. Nesse sentido, as ela fosse realmente formada por sentantes institucionais a sua ativa idosos, pessoas com deficiência, parcerias sempre foram de funda- parceiros que acreditassem no participação no processo. portadores de HIV, dentre outras. mental importância, seja para caráter reintegrador e de ressignifi- Trata-se de ONG’s, instituições do As parcerias, portanto, são marcadas compor o formato de trabalho de cação das penas e medidas alternati- poder público estadual ou municipal, pela troca de confiabilidade e desenvolvido, seja com foco na huma- vas. além daquelas de iniciativa religiosa compromisso, possibilitando espaços nização da execução penal, com os (católica, espírita, protestante, de participação da Sociedade Civil na Na implantação da CEAPA, ainda em mecanismos de participação social. holística ou de matriz africana) que problemática da falência do sistema caráter de projeto, em fevereiro de desenvolvem diversificadas ativida- de prisão em todo o país. Nesse 2002, a Rede Social Parceira era des, que facilitam o encaminha- sentido, a Rede Social surge como um A CEAPA e a Sociedade Civil Organi- formada por, aproximadamente, 10 mento do cumpridor de penas ou recurso decisivo no avanço da polí- zada instituições aleatórias e que ainda medidas alternativas. tica pública, contribuindo no debate conheciam superficialmente o e na construção de ações da reali- trabalho de acompanhamento e o A formatação desta rede foi sistema- A parceria com as Instituições é um dade nacional. compromisso com a causa das penas tizada aos poucos e permitiu, dos aspectos mais importantes na e medidas alternativas. enquanto aparato instrumental, a As doações destinadas às Institui- efetivação do cumprimento das construção e o fortalecimento desta ções, resultantes da aplicação de A partir da implantação da Central foi penas e medidas alternativas, pois política pública que se efetivou e se pena/medida de prestação pecuniá- realizado um trabalho amplo, de viabiliza, por meio da CEAPA, a amplia em nosso Estado, pois é o ria, materializam-se em cestas bási- caráter esclarecedor e de expansão ligação entre o Estado e a Sociedade do que seria o Programa de Penas e espaço concreto para a realização da cas, material de limpeza, constru- Civil Organizada. Esta união de forças Medidas Alternativas e da sua impor- proposta das penas e medidas alter- ção, higiene pessoal e hospitalar, ou com objetivo de tratar o problema da tância na dinâmica da comunidade nativas que possibilitam ao outros escolhidos conforme as neces- criminalidade é muito satisfatória e em toda a cidade do Salvador. Essa foi cumpridor ressignificar o ato deli- sidades de cada Instituição e após a atende às tendências mais modernas dividida em 18 regiões, abrangendo tuoso cometido, sem deixar de parti- análise da CEAPA, respeitando todos da administração pública em todo o Salvador e a Região Metropolitana, cipar das relações estabelecidas em os critérios jurídicos. mundo. dando uma maior visibilidade dos sua comunidade, na família e no Tais doações têm gerado grandes O primeiro passo para a formação da bairros e das cidades próximas que ambiente de trabalho. benefícios às instituições carentes, a Rede Social da CEAPA foi uma reunião seriam parceiras significativas para o É extremamente oportuno observar, ponto de muitas terem ampliado sua sucesso do programa. capacidade de atendimento. da equipe técnica com o objetivo de que o cumprimento da sanção penal deliberar quais seriam os pressu- Atualmente, a Rede Social Parceira extrapola a questão meramente A prestação de Serviços Gratuitos à postos fundamentais observados no do Programa de Penas e Medidas jurídica e entra no campo psicosso- Comunidade, desenvolvida pelos 20 | Programa de Penas e Medidas Alternativas do Estado da Bahia Programa de Penas e Medidas Alternativas do Estado da Bahia | 21
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