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Linux: Comece Aqui PDF

262 Pages·2005·60.914 MB·Portuguese Brazilian
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Linux comece aqui ANDRÉ MACHADO • AROALDO VENEU • FERNANDO DE OLIVEIRA Linux comece aqui © 2005, Elsevier Editora Ltda. Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610 de 19/02/1998. Nenhuma parte deste livro, sem autorização prévia por escrito da editora, poderá ser reproduzida ou transmitida sejam quais forem os meios empregados: eletrônicos, mecânicos, fotográficos, gravação ou quaisquer outros. Copidesque Elisa Rosa Alencar Capa Sérgio Campante Editoração Eletrônica Diagrama Ação – Produção Editorial Revisão Gráfica Marco Antônio Corrêa Projeto Gráfico Elsevier Editora, Ltda. A Qualidade da Informação Rua Sete de Setembro, 111 – 16º andar 20050-006 – Rio de Janeiro – RJ – Brasil Telefone: (21) 3970-9300 Fax: (21) 2507-1991 E-mail: [email protected] Escritório de São Paulo Rua Quintana, 753/8º andar CEP 04569-011 – Brooklin – São Paulo – SP Telefone: (11) 5105-8555 ISBN 85-352-1690-1 Muito zelo e técnica foram empregados na edição desta obra. No entanto, podem ocorrer erros de digitação, impressão ou dúvida conceitual. Em qualquer das hipóteses, solicitamos a comunicação à nossa Central de Atendimento, para que possamos esclarecer ou encaminhar a questão. Nem a editora nem o autor assumem qualquer responsabilidade por eventuais danos ou perdas a pessoas ou bens, originados do uso desta publicação. Central de atendimento Telefone: 0800-265340 Rua Sete de Setembro, 111, 16º andar – Centro – Rio de Janeiro e-mail: [email protected] site: www.campus.com.br CIP-Brasil. Catalogação-na-fonte. Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ M129L Machado, André Linux : comece aqui / André Machado, Aroaldo Veneu, Fernando de Oliveira. - Rio de Janeiro: Elsevier, 2005 il. ISBN 85-352-1690-1 1. Linux (Sistema operacional de computador). I. Veneu, Aroaldo. II. Oliveira, Fernando de. III. Título. 05-1692. CDD – 005.43 CDU – 004.451.9 A Waleska Machado, a melhor companheira que se pode ter, na maré baixa ou na tsunami. A minhas filhas Jessica e Rebeca Machado, as verdadeiras professoras do novo, todos os dias. A minha irmã Anna Carla Machado, a voz da razão todos esses anos. E em memória de Roberto Bussinger de Figueiredo, um homem maior que muitos grandes homens. André Machado Dedico este livro a meus pais, Antonio e Edy, e a meu tio David Corrêa – responsáveis diretos pela minha formação acadêmica. E a todos os profissionais com os quais trabalhei. Os bons profissionais, que me ensinaram muito, e os maus profissionais, que me mostraram como não fazer as coisas. Todos foram muito importantes no processo de criação deste livro. Fernando de Oliveira Aroaldo Veneu é um ogro e não dedica este livro a ninguém. Prefácio Era o início do ano 2000 e os incautos respiravam aliviados com a não-confirma- ção das previsões apocalípticas de con$ultores relacionadas ao bug do milênio (lem- bram?). O mundo estava de pé, era preciso continuar a vida. Eu trabalhava como editor-assistente do caderno “Informática Etc.”, no jornal O Globo, e tinha de es- calar um repórter para cobrir a divulgação de uma pesquisa mostrando os avanços do uso de Linux entre os servidores de grandes empresas. Na hora pensei no André Machado. Quem melhor para entender o espírito do GNU/Linux do que um repór- ter que, nas horas vagas, estuda música e diverte os amigos tocando violão e can- tando rock? Ou que alimenta com prosa e poesia um blog chamado “Comentários e versos do cadafalso”? E que não perde a oportunidade de refrescar uma reporta- gem, sobre qualquer tema, com citações de Oscar Wilde? Como repórter do cader- no de tecnologia de O Globo, André entusiasmou-se de cara com a pauta e consta- tou desde cedo que há, sim, uma certa poesia num sistema operacional que tem raiz na pluralidade. Tanto que passou a acompanhar de perto a evolução do siste- ma, tanto do ponto de vista estritamente tecnológico quanto político e comercial. O Linux nasceu e criou-se em guetos, mas isso não foi impedimento para que sua fama se espalhasse. Poucos usam Linux, mas fala-se muito de Linux. (O que não chega a ser uma contradição nestes tempos em que todos usam um único sis- tema operacional, um único programa para chegar à Internet, um único site para fazer pesquisas na rede.) É por estas e outras que este livro é bem-vindo. Nesta segunda incursão ao mundo dos títulos de tecnologia, André Machado retoma sua parceria com o veterano dos sons digitais Aroaldo Veneu. E traz a expe- riência do jornalista e micreiro de longa data Fernando de Oliveira. Juntos, eles descrevem as aventuras do Silva, um sujeito que, depois de uma overdose de “pro- gramas de grife”, decide curar-se instalando um “software aberto”. O trio faz isto como se estivesse contando histórias aos amigos na mesa de um bar. E que lugar poderia ser mais adequado para discutir as reuniões do grupo de apoio Tecnólatras Anônimos (vocês já vão entender do que estou falando)? Um brinde ao Silva! Marcelo Balbio Editor-assistente no jornal O Globo e colunista do caderno “Informática Etc.” Apresentação O sistema operacional GNU/Linux ainda é relativamente desconhecido das massas. Talvez por ser, em sua essência, um sistema comunitariamente desenvol- vido, ele ainda se esconde um pouco dentro de suas próprias comunidades, embo- ra já esteja bem presente no mundo do back-end, dos servidores que gerenciam ambientes corporativos. Mas ainda não chegou aos desktops dos usuários finais. Por quê? Ainda hoje se escuta, mesmo das bocas de analistas de sistemas e estu- dantes de informática: o Linux é difícil, sua instalação uma via-crúcis, seu acesso a periféricos deficiente etc. Entretanto, nos últimos anos a comunidade de desenvolvedores do sistema sim- bolizado pelo pingüim Tux vem se esforçando para elaborar uma interface mais amigável para a turma que está chegando agora ao computador: há pré-instaladores gráficos, interfaces avançadas como KDE e Gnome, gravação rápida de CDs de dados e aplicativos para tudo, de processamento de texto a reprodução de vídeo. Já passou da hora de aparecer um livro de Linux realmente voltado para a com- putação pessoal e não com todas as firulas que vemos nas bíblias tecnológicas do sistema, como configuração de redes, comandos complexos e uma infinitude de detalhes que só fazem a alegria de heavy users. Os integrantes de uma grande banda de rock americana sempre dizem que, ao bolar sua apresentação pirotécnica e teatral, nos anos 70, queriam criar o show que eles nunca tinham visto. E torná-lo bem popular. Da mesma forma, quisemos apre- sentar aqui o livro que nunca encontramos: um guia leve e divertido sobre as pri- meiras experiências com o Linux. Mas como fazê-lo? Como nos colocarmos na mente de alguém que está vendo o Linux pela primeira vez e no máximo ouvira falar dele en passant? Foi quando deci- dimos que a melhor maneira de abordar o tema era inventar um personagem comple- tamente viciado em software proprietário, e cuja paixão obsessiva o leva a procurar ajuda e alternativas. Assim nasceu o Silva, que faz um livro técnico meio em forma de diário e vai aprendendo a mexer no Linux na base da tentativa e erro. Afinal, as- sim é a nossa experiência mesmo com as novas versões do Windows, que costumam mudar coisas em relação às anteriores e precisam ser igualmente exploradas. Por falar em alternativas, esta é outra razão premente para este livro. Num mun- do globalizado e com fronteiras cada vez mais tênues, alternativas precisam exis- tir; e o Linux, com seu código-fonte aberto e regulado pela licença GPL (General Public License) de software livre, é uma alternativa ao mundo fechado do software proprietário. Seu desenvolvimento comunitário e a interminável sucessão de ver- X Apresentação sões e correções na trilha do aperfeiçoamento são saudáveis. É claro que não existe software perfeito, e o mundo das janelas tem seu valor, até porque criou um paradigma em termos de ambiente de trabalho. Mas, ao mesmo tempo em que aponta para um futuro mais solidário, o GNU/Linux também honra uma tradição: a da época em que programas de computador eram passados livremente de mão em mão e não tinham mais-valia. Ou valor agregado, como gostam de dizer hoje os gerentes de marketing. Por tudo isso, é igualmente uma honra para nós publicar a corajosa experiência do Silva e proporcionar a vocês o mergulho na terra inexplorada do Pingüim. Embarquem conosco nesta incrível jornada. OS AUTORES Leia isto antes de fazer qualquer coisa A distribuição GNU/Linux usada para teste neste livro foi o Fedora Core, com o ambiente gráfico Gnome. Trata-se de apenas um dos muitos sabores de Linux: há diversas distribuições do Pingüim (Mandriva, Suse, Debian, Slackware etc.) e di- versos ambientes gráficos (o KDE costuma ser o default em muitos sistemas, por exemplo). Portanto, muitos dos resultados aqui obtidos podem ser específicos desta configuração e do tipo de instalação escolhida – a desktop, que é fechada e bem básica, ideal para um usuário completamente neófito, e não para a turma dos bambambãs open-source que já escovam bits. Por exemplo, a instalação que usa- mos não tem suporte nativo a Java nem MP3 e, embora trabalhe normalmente com arquivos, não permite instalar com simplicidade programas baixados da Internet (só metendo a mão no código). Também apresenta problemas na gravação de CD- RWs. De qualquer modo, nosso objetivo aqui foi apresentar o mundo Linux a quem nunca o viu antes e pretende experimentá-lo nas tarefas básicas do cotidiano – e para isso tal instalação basta. De nada adiantaria interromper a narrativa para ensi- nar 1.001 comandos de programação que só poderiam ser implementados por pro- fissionais. Isso seria inclusive um contra-senso, pois os usuários que tivessem ní- vel para levar a cabo tais manobras dificilmente precisariam consultar uma publi- cação do tipo Linux: comece aqui. Em suma, este é um livro de usuários para usuários, e procuramos ser fiéis ao objetivo até a última linha. Recomendamos com a máxima veemência que o sistema seja experimentado em um computador à parte. Não ponha o Linux lado a lado com o Windows, porque eles “se pegam” feio e há risco de perda de arquivos preciosos – como aconteceu com um dos autores. Prólogo – Olá, meu nome é Silva e eu sou um viciado em software proprietário – me ouvi dizendo. – Olá, Silva – respondeu o grupo, em uníssono. Assim começou minha primeira reunião nos Tecnólatras Anônimos. Eu final- mente me rendera aos apelos de minha mulher e procurara ajuda para minha situa- ção. As histórias dos meus colegas de infortúnio presentes, que tivera chance de ouvir até chegar minha vez de falar, eram bastante parecidas com a minha e, na maioria das vezes, começavam com uma visita à casa de um amigo mais experi- mentado no mundo techie – um graduado, como costumamos chamar. Depois de uns 15 minutinhos de enrolação, vinha o fatídico convite para visitar o micro, um “olha que interessante”, um “clica aqui” e, sem que pudéssemos perceber, não podíamos mais viver sem o tal computador. A diferença entre mim e os outros viciados é que eu sentia um prazer inenarrável ao usar os programas e ver a máquina obedecendo aos meus comandos (na maio- ria das vezes, claro). Para que vocês tenham uma idéia, minha mulher quase pediu divórcio nessa época: na cama eu sussurrava coisas como “você executou uma operação ilegal e será beijada” ou “tem certeza de que deseja efetuar logoff?”. De- pois de um curto espaço de tempo, era simplesmente impensável usar a máquina sem remunerar justamente cada um dos autores daquela obra-prima. Foi então que me viciei em upgrades. Comecei com um programinha bobo de visualizar imagens e, quando fui ver, já estava gastando rios de dinheiro. Depois de alguns anos, final- mente fui à falência. Estava com o nome em todos os serviços de proteção ao cré- dito – e, além disso, perdera o emprego. Sabem como é, desgraças nunca vêm sozi- nhas. Sem dinheiro para continuar sustentando minha vida techie, enveredei pelo submundo da pirataria, desesperado. E, ao mesmo tempo em que me estressava com florestas de bugs em programas de origem obscura, morria de medo do cres- cente aperto da legislação. Eu sabia que estava fazendo uma coisa errada – mas como resolver essa sinuca de bico? – Querido, você precisa fazer uma tecno-análise, pelo amor de Deus... – desaba- fava minha mulher. Eu concordava, mas ia adiando o momento de decisão. Até que, numa noite chuvosa, tomei coragem e, pelas mãos de um amigo, fui ao grupo de ajuda dispos- to a abrir meu coração e, quem sabe, conhecer alternativas. Todos me ouviram pa- cientemente e, ao final da sessão, um homem baixo, barbudo e cabeludo (lembrando um pouco, pensei, o anão Gimli de “O senhor dos anéis”) me abordou. Prólogo XIII – Você toparia fazer um tratamento de choque para conhecer um universo de software totalmente diferente? – Como assim? Acha meu caso muito grave? – Com certeza. Você é o primeiro sujeito que usa programas piratas e tem cons- ciência ao mesmo tempo. Um caso raro. Não diria de demência, mas um caso raro ainda assim. Já ouviu falar de software livre? – Vagamente... Refere-se ao Linux? – Não apenas Linux: GNU/Linux. O Linux é o sistema operacional criado pelo programador finlandês Linus Torvalds em 1991. Mas ele se baseia na plataforma GNU, baseada em Unix, criada pelo americano Richard Stallman nos anos 80. – E qual a diferença do software livre para o proprietário? – No software proprietário, o código é fechado, ninguém tem acesso, a não ser a própria softwarehouse. No software livre, esse código é aberto a todos os que quei- ram mexer nele e contribuir para sua evolução. Além disso, ele pode ser baixado gratuitamente da Internet. Eu ouvira falar do sistema, mas muitos diziam que ele era pouco amigável, com instalação difícil e mais voltado para o uso em servidores de empresas do que em casa, num computador pessoal. Meu interlocutor, ao ouvir essas ponderações, ape- nas sorriu e me deu tapinhas nas costas, dizendo: “você precisa experimentar por si mesmo, rapaz.” Caminhamos até o bar e ele me ofereceu um drinque. Conversamos um pouco mais, e eu admiti que talvez precisasse mesmo do tal tratamento... Até que, de repente, depois do quinto drinque, me senti tonto. Olhei para o barbudo e vi que sorria de novo. Foi meu último lampejo de consciência. Logo o mundo ficou escuro. * * * Acordei num quarto desconhecido. Amanhecia e parecia haver uma multidão de pássaros nas árvores lá fora. Onde estava? Levantei-me e caminhei pelo lugar: aparentemente me encontrava num sítio, no meio do nada. Lá fora, somente árvo- res e mato a perder de vista. Fui até a cozinha beber água: a geladeira estava cheia de víveres. Havia comida para vários meses. Uma mala jazia sobre o sofá, com vá- rias mudas de roupa. E, num quarto contíguo àquele em que eu acordara, havia um computador. Uma cadeira ergonômica azul me convidava a sentar. Ao lado, numa mesinha, um telefone. Um pequeno pingüim de borracha me olhava do alto da torre do ga- binete. Sobre o teclado, um bilhete: “Prezado Silva, Este é o tratamento de que lhe falei. Você pode ficar aqui o quanto precisar para conhecer o outro lado do mundo do software. Ou simplesmente ligar para o nú- mero atrás da mesinha do telefone se não quiser participar da experiência. Nesse caso, iremos buscá-lo. O telefone também servirá para a hora da conexão do GNU/

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