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Limites do Sindicalismo: Marx, Engels e a Crítica da Economia Política PDF

353 Pages·2003·1.031 MB·Portuguese
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distanciamento das questões de fundo, que Olivro “Limites do Sindicalismo”, de dizem respeito à lógica do capital e de suas Giovanni Alves, vem preencher uma formas de controle social. Só a título de lacuna na literatura brasileira sobre Ao resgatar aspectos essenciais das formulações de exemplo, podemos nos referir aqui ao culto Giovanni Alves movimentos operários e sindicalismo. Menciono exarcebado, praticado por diversos sindicatos, Marx e Engels sobre o movimento operário, e ao faze-lo apenas dois pontos que me parecem ao vislumbrarem uma política centrada nas importantes. Primeiro: trata-se de um estudo com os olhos voltados para o mundo contemporâneo, o “negociações e parcerias” entre capital e sério, criterioso e bem realizado, sobre trabalho, numa fase em que o capital nunca foi livro rigoroso e sério de Giovanni Alves é uma feliz dimensões essenciais do pensamento de Marx tão destrutivo em relação ao próprio mundo do s Limites do Sindicalismo (e também de Engels) sobre a temática sindical. contribuição teórica e que, por certo, será de grande e trabalho. O desemprego estrutural e a O estudo faz uma recuperação abrangente, v precarização sem limites do trabalho, em todo auxílio para a luta dos trabalhadores. l mostrando, por um lado, como era rica e profícua A o mundo, são expressões claras do que aqui a leitura marxiana e engelsiana sobre o estamos nos referindo. Talvez seja uma RICARDO ANTUNES i Marx, Engels e a Crítica da Economia Política movimento operário e sindical e de como essa n expressão da nossa época o fato de que a concepção foi se consolidando, ao longo da n profunda dominação ideológica do capital se experiência do proletariado europeu, a expresse na vigência da tese sobre o fim das particularmente durante a vigência da v ideologias. E se o mundo do trabalho sabe da O livro de Giovanni Alves vem à luz oportunamente, o Associação Internacional dos Trabalhadores. falsidade desta mistificação, muitos dirigentes i Giovanni Alves faz um resgate amplo desta G sindicais, que dizem representar a classe numa positiva tentativa de afrontar as questões reflexão, mostrando, por um lado, como ela trabalhadora, ao recusarem a luta ideológica, estava fortemente respaldada nas mutações que essenciais que atingem o movimento dos trabalhadores ao abandonarem o universo da independência vinham ocorrendo no interior do mundo do de classe, acabam sendo complacentes ou até contemporâneo. Assentando-se no corpo categorial da trabalho e do capitalismo da segunda metade do mesmo coniventes com esse ideário do fim das século passado. E por outro lado, como ela ontologia marxiana, Alves demonstra-nos que a ideologias ou de subordinação ideológica do o preservava a sua essencialidade ou, dizendo de trabalho ao capital. chamada “crise do sindicalismo” é apenas um dos m outro modo, como conservava um traço Ao resgatar aspectos essenciais das essencial de continuidade, qual seja, a de formulações de Marx e Engels sobre o aspectos componentes de uma crise mais ampla, que s entender o experimento dos sindicatos como movimento operário, e ao faze-lo com os olhos i momento importante de mediação no complexo abrange a forma societal capitalista em sua totalidade. A l voltados para o mundo contemporâneo, o livro a movimento das formas de ser da consciência de rigoroso e sério de Giovanni Aves, apresentado crise de longue durèeem que a sociabilidade burguesa c classe do proletariado europeu. Não é demais como Dissertação de Mestrado em Sociologia i acrescentar que se trata ainda de um livro está imersa não poderia deixar incólume o movimento d no IFCH-UNICAMP, é uma feliz contribuição pioneiro, publicado em nosso país por um autor n teórica e que, por certo, será de grande auxílio sindical e a clássica forma-sindicato, isto é, o outro lado brasileiro, cuja temática é inteiramente destinada para a luta dos trabalhadores. Si ao estudo da obra de Marx e Engels, sobre a da medalha da organização produtiva do capitalismo questão sindical. RICARDO ANTUNES industrial. Alves, vigorosamente, demonstra-nos esta o O segundo ponto diz respeito ao seu d significado e a sua referência ao mundo conexão ao vincular as novas formas organizativas da contemporâneo. Nesse sentido, o livro de s Giovanni Alves produção capitalistas, e do novo escopo produtivo do e Gmioomvaennntoi . APlvreesse nncãiaom poos duemria p evriíro deom m amrecalhdoor Professor de Sociologia da UNESP/Campus capital, com a crise da tradicional forma-sindicato. it por forte crise no interior do mundo do trabalho, de Marília e Doutor em Ciências Sociais pela m onde a parte que tem sido mais afetada é o ANTONIO CARLOS MAZZEO UNICAMP. Coordenador-geral do Projeto próprio movimento sindical. E, se múltiplas são NEG – Núcleo de Estudos da Globalização Li as dimensões desta crise, que tanto afetou a (http://globalization.cjb.net). É autor de materialidade quanto a subjetividade da classe- “Trabalho e Mundialização do Capital” que-vive-do-trabalho, não é menos importante (Editora Práxis, 1999); “O Novo e Precário Mundo do Trabalho” (Editora Boitempo, 2000) reter e enfatizar a sua dimensão teórica e e “Dimensões da Globalização – O Capital e ideológica. A ausência ou insuficiência de um Suas Contradições” (Editora Práxis, 2001). E- ideário apropriado – que a reflexão marxiana- mail para contato: [email protected] engelsiana nos oferece em abundância - tem desarmado ainda mais muitos sindicatos, numa ação que cada vez mais os tem levado ao triste Editora Editora Praxis Praxis Limites do Sindicalismo Marx, Engels e a Crítica da Economia Política Projeto Editorial Praxis http://editorapraxis.cjb.net Trabalho e Mundialização do Capital A Nova Degradação do Trabalho na Era da Globalização Giovanni Alves Dimensões da Globalização As Contradições do Sistema Orgânico do Capital Giovanni Alves Dialética do Ciberespaço Giovanni Alves e Vinício Martinez (Org.) La Globalización (des)Controlada - Crisis Globales, Desajustes Económicos e Impactos Locales Jorge Alberto Machado Série Risco Radical 1 - “O Outro Virtual - Ensaios sobre a Internet” Giovanni Alves, Vinicio Martinez, Marcos Alvarez, Paula Carolei 2 - “Democracia Virtual - O Nascimento do Cidadão Fractal” Vinicio Martinez 3 - “Leviatã - Ensaios de Teoria Política” Marcelo Fernandes de Oliveira 4 - “Trabalho e Globalização - A Crise do Sindicalismo Propositivo” Ariovaldo de Oliveira Santos Pedidos através do e-mail [email protected] Limites do Sindicalismo Marx, Engels e a Crítica da Economia Política Copyright © do Autor, 2003 ISBN 85-901933-3-0 A474 Alves, Giovanni. Limites do sindicalismo - Marx, Engels e a crítica da economia política. -- Bauru: Giovanni Alves, 2003. 360 p.; 21 cm. ISBN 85-901933-3-0 1. Sindicalismo. 2. Capitalismo. I. Autor. II. Título. CDD 331.88 Projeto Editorial Praxis Free Press is Underground Press http://editorapraxis.cjb.net Impresso no Brasil/Printed in Brazil 2003 À Valéria Apresentação A Atualidade da Concepção Marxista de Sindicalismo O novo livro de Giovanni Alves, Os limites do sindical- ismo, que apresenta os “fragmentos” das idéias de Karl Marx e Friedrich Engels sobre a estratégica temática sindical, não pode- ria ser publicado em melhor hora. Afinal, o mundo e o Brasil atravessam profundas mutações, de natureza objetiva e subjetiva, que colocam novos desafios para o movimento sindical, ao mesmo tempo em que desnudam as fragilidades e as potenciali- dades desta forma específica de organização dos trabalhadores. Apesar dos arautos do capital insistirem na caducidade das idéias marxistas, o rigoroso inventário das formulações de Marx e Engels, efetuado pelo autor, só confirma o vigor deste pensamen- to e, mais ainda, a sua impressionante atualidade. Num dos seus textos mais fecundos abordando o tema, Salário, preço e lucro, Marx já havia advertido sobre os limites endógenos da ação sindical puramente economicista, reformista. Para ele, toda a luta sindical sem uma perspectiva de classe, de superação da escravidão assalariada, teria efeitos parciais e tem- porários, corroídos pela própria lógica do capital, e contribuiria somente para deseducar a classe. “Os operários não devem super- estimar o resultado final dessa luta cotidiana. Não podem esque- cer que lutam contra os efeitos e não contra as causas desses efeitos, que o que fazem é refrear o movimento descendente, mas não alterar o seu rumo; que aplicam paliativos, e não a cura da doença”. Um século e meio após a publicação deste texto, a doença capitalista só se agravou e hoje se encontra em estado de metástase, esgarçando todo o corpo social. Em ritmo cada vez mais acelerado, o capitalismo conduz a humanidade à barbárie e atualmente passa pela fase mais destrutiva e regressiva de toda a sua história. Apesar dos apologistas do sistema terem anunciado o “fim da história”, com a vitória definitiva do mercado e da democracia liberal, o que se vê nos dias atuais é a incapacidade do capital de superar a sua própria crise estrutural, o brutal agravamento da polarização social e o uso de remédios amargos para enfrentar a doença, com a exacerbação da rapina imperialista e a iminência de guerras de extermínio. Nesta longa e deprimente trajetória, como ensinaram Marx e Engels, os sindicatos em alguns momentos demonstraram certa utilidade como “centros de resistência às usurpações do cap- ital”. Mas, por outro lado, eles deixaram patentes suas fragili- dades intrínsecas. No geral, limitaram-se à guerra de guerrilhas contra a exploração, às escaramuças cotidianas contra os efeitos perversos do capitalismo. Marx já alertava para a crônica ausên- cia de visão estratégica do sindicalismo, que usa “sua força de forma pouco inteligente”. Ao mesmo tempo, este pensador dialético indicava que os sindicatos teriam potencialidades para “servirem-se da sua força organizada como uma alavanca para a emancipação definitiva da classe trabalhadora”. Como aponta Giovanni Alves, estas limitações tornaram- se ainda mais evidentes na fase contemporânea. Se no passado, marcado pelas crises cíclicas do capitalismo, os sindicatos ainda conseguiam conquistar algumas migalhas nos períodos de expan- são da economia, agora o cenário é bem mais adverso. Hoje o capitalismo não atravessa apenas crises temporárias; está atolado numa grave crise estrutural, endêmica e prolongada. Segundo István Mészáros, vive um continuum depresso. Mais do nunca, o avanço das forças produtivas, com as inovações tecnológicas, serve apenas ao acúmulo do capital. A ciência é apropriada por uma ínfima minoria, jogando no desemprego, na miséria e no desespero milhões de seres humanos. Neste estágio, as próprias conquistas trabalhistas do pas- sado são golpeadas pelo capital, num processo de regressão social que atinge inclusive as nações do Welfare State. Estes fatores objetivos é que explicam, em parte, a profunda crise do sindical- ismo no mundo inteiro, com a queda da sua representatividade e do seu poder de interlocução. A postura negociadora, contratual- ista, dos sindicatos perde terreno num mundo sob domínio da ditadura do capital – vitima deste novo tipo de fascismo societal, segundo feliz expressão do pensador Boaventura Santos. As visões reformistas, ainda hegemônicas no sindicalismo mundial, mostram-se totalmente impotentes diante desta nova configu- ração do capitalismo. A compreensão deste cenário e de seus próprios limites de ação é hoje uma questão de vida ou morte para os sindicatos. O maior desafio da atualidade é o do fortalecimento de um sindi- calismo de marca classista, que ao travar as lutas imediatas vin- cule com os objetivos futuros, estratégicos, de classe do proletari- ado. Um sindicalismo que aborde a nova realidade do trabalho, com milhões de desempregados, precarizados e informais, visan- do “levar ao mundo inteiro o convencimento de que suas aspi- rações, longe de serem estreitas e egoístas, estão dirigidas à eman- cipação de milhões de oprimidos”, conforme ensinou Engels. Um sindicalismo que priorize o esforço pedagógico, de estímulo à consciência revolucionária da classe. Enfim, um sindicalismo que contribua para construção de um instrumento afiado de luta pela conquista do poder político, objetivando a superação da escravidão capitalista e a construção do socialismo. Neste sentido, o belo livro de Giovanni Alves dá uma inestimável contribuição ao entendimento desta ferramenta indis- pensável para a emancipação dos trabalhadores – que é o sempre atual e pujante pensamento de Karl Marx e Friedrich Engels. Altamiro Borgesé jornalista, editor da revista Debate Sindical, membro do Comitê Central do Partido Comunista do Brasil e autor, junto com Marcio Pochmann, do livro “Era FHC: A regressão do trabalho” (Editora Anita Garibaldi).

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