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Isso me manteve feliz em Wellesley e Cornell durante vinte períodos escolares. 1 Vladimir Nabokov chegou aos Estados Unidos em maio de 1940. Depois de proferir palestras para o Institute of International Education e de ministrar um curso de verão sobre literatura russa na Universidade Stanford, lecionou no Wellesley College de 1941 a 1948. Inicialmente, fez parte do departamento de russo, dando aulas de língua e gramática, mas também criou o curso Russo 201, em que se estudava a literatura russa em tradução para o inglês. Em 1948 foi nomeado professor assistente de literatura eslávica na Universidade Cornell, ministrando os cursos de Literatura 311- 312, Mestres da �cção europeia e Literatura 325-326, Literatura russa em tradução. A descrição no catálogo da universidade do curso de Literatura 311-312 foi quase certamente escrita por Nabokov: “Serão lidos romances e contos selecionados de autores ingleses, russos, franceses e alemães dos séculos e . Especial atenção será dada aos 19 20 talentos individuais e a questões de estrutura. Todas as obras estrangeiras serão lidas em tradução para o inglês”. Esse curso incluiu Anna Kariênina , A morte de Ivan Ilitch , Almas mortas , “O capote”, Pais e �lhos , Madame Bovary , Mans�eld Park , A casa soturna , O médico e o monstro , No caminho de Swann , A metamorfose e Ulysses . 2 Nabokov foi proibido de dar aulas sobre obras norte-americanas em Cornell porque não fazia parte do departamento de inglês. Ele ministrou palestras na Universidade Harvard na primavera de 1952. Depois que parou de lecionar, em 1958, Nabokov planejou publicar um livro com base em suas lições, mas nunca iniciou o projeto. (As lições sobre Almas mortas e “O capote” foram incorporadas à obra Nikolai Gógol [1944].) O presente livro preserva suas lições como foram dadas em sala de aula. Além da feliz circunstância de termos aqui um grande autor reagindo a obras-primas de quatro literaturas, suas lições merecem ser amplamente divulgadas porque constituem guias duradouros na arte da �cção. Desprezando a abordagem analítica baseada em escolas e movimentos, bem como os críticos que tratavam a literatura como um veículo para mensagens sociopolíticas, Nabokov buscou revelar como as obras-primas funcionam: “Em meus tempos como professor, procurei fornecer aos estudantes de literatura informações exatas sobre os detalhes e as combinações de detalhes que propiciam a centelha sensual sem a qual um livro é uma coisa morta. Nesse sentido, as ideias gerais não têm a menor importância. Qualquer idiota pode assimilar os principais elementos da posição de Tolstói a respeito do adultério, porém, a �m de apreciar sua arte, o bom leitor deve desejar visualizar, por exemplo, o interior de um vagão do trem noturno que ligava Moscou a São Petersburgo cem anos atrás. Em casos assim, os diagramas são muito úteis. Em vez de perpetuarem a bobagem pretensiosa dos títulos de capítulos homéricos, cromáticos e viscerais, os professores deveriam preparar mapas de Dublin em que estivessem claramente traçados os itinerários entrelaçados de Bloom e Stephen. Sem uma percepção visual do labirinto de lariços em Mans�eld Park , aquele romance perde parte de seu encanto estereográ�co; e, a menos que a fachada da casa do dr. Jekyll seja precisamente reconstruída na cabeça do aluno, o prazer na leitura da história de Stevenson jamais será perfeito”. 3 As aulas coligidas em Lições de literatura , sobre autores de língua inglesa, francesa e alemã, e em Lições de literatura russa correspondem à atividade de Vladimir Nabokov nas universidades Wellesley e Cornell, a que se somam quatro lições preparadas para ocasiões especiais. No interesse dos leitores, as lições foram separadas em dois volumes. Na primeira aula do curso de Literatura 311, em setembro de 1953, Vladimir Nabokov pediu aos alunos que explicassem por escrito por que haviam se inscrito. Na aula seguinte, anunciou com satisfação que um aluno respondera: “Porque gosto de histórias”. MÉTODO EDITORIAL Não se pode ou deve ocultar o fato de que os textos aqui apresentados correspondem às notas de aula escritas por Vladimir Nabokov, não cabendo considerá-las um produto literário acabado como os que ele compôs ao rever as anotações sobre Gógol para publicá-las em forma de livro. As notas de aula revelam estágios muito diferentes de preparação e polimento, quando não de estrutura. A maior parte foi escrita a mão, com trechos ocasionais datilografados por sua esposa, Vera, a �m de ajudá-lo a dar as aulas, mas algumas são totalmente manuscritas, como é o caso das aulas sobre Stevenson, Ka�a e Joyce em sua maior parte. Embora as lições sobre A casa soturna tenham de tudo, nelas predominam as notas manuscritas. Em geral, as páginas escritas a mão dão a impressão de ser apenas um rascunho e, por isso, às vezes são modi�cadas de modo substancial não somente durante a composição inicial, mas em ocasiões posteriores, quando Nabokov revisou tanto o estilo quanto o conteúdo. No entanto, as alterações, sejam elas substituições ou meras adições, nem sempre se ajustam perfeitamente ao contexto do ponto de vista sintático, ou o autor não fez, nas leituras subsequentes, os ajustes adicionais que seriam necessários. Em consequência, quando ocorreram muitas modi�cações, as partes manuscritas dos textos exigiram maior intervenção editorial, a �m de preparar para a leitura o que seria facilmente ajustável ou passaria sem ser notado em uma apresentação oral. Por outro lado, as páginas datilografadas representam uma parte considerável das aulas sobre Mans�eld Park e, em particular, Madame Bovary . O contraste frequente entre o pouco polimento da maioria do material manuscrito, mesmo quando revisado, e a relativa �uidez das páginas datilografadas sugere que, ao preparar parte das lições do marido, Vera Nabokov fez as revisões editoriais cabíveis para a apresentação na sala de aula. Não obstante, Nabokov em vários casos acrescentou novos comentários nas páginas datilografadas ou reviu frases em busca de melhor formulação. No tocante tanto à estrutura quanto ao estilo, não seria prático oferecer tais manuscritos ao público leitor de forma literal. Como as lições sobre Stevenson só existem no que poderíamos chamar de notas em estado bruto, a ordenação desse material é quase inteiramente de responsabilidade do editor. Em outras lições, contudo, a ordem geral da apresentação é inquestionável, pois segue normalmente o desenrolar da ação no livro. No entanto, certos problemas exigiram que, no processo editorial, fossem feitas sínteses e adaptações no texto. Está claro que vários conjuntos de páginas incluídas nas pastas representam meras anotações preliminares, feitas nos estágios iniciais de preparação e não utilizadas, ou, quando consideravelmente revistas, incorporadas mais tarde às aulas. Outros desses textos independentes são mais ambíguos, não sendo sempre possível determinar se re�etem ampliações feitas ao longo dos anos ou simples anotações para serem incorporadas em futura versão. Certos problemas de organização parecem resultar dos acréscimos ou alternativas em algumas lições, possivelmente destinados a plateias diferentes. Sempre que factível, esse material que não constituiu parte evidente da preparação foi preservado e incluído nos textos das aulas em lugar adequado.